8 de ago. de 2023

Poetrix Ilustrados - Por Marilda Confortin


GRAFITRIX


Desde que conheci o Poetrix, tenho visto vários tipos de Poetrix ilustrados. Não sei quem cunhou o termo “Grafitrix”. Não encontrei nenhuma teoria sobre o assunto.

Existem estudos, artigos e cursos aprofundando a complexidade da fusão imagem-texto, mas, neste ensaio, só vou falar da minha opinião pessoal sobre os Poemas denominados por nós de Grafitrix. Também não vou analisar aqui se os poemas atendem as Diretrizes atuais da AIP. O foco é a relação imagem-texto.

Vou separar os Grafitrix em dois grupos: 1) Os que me incomodam visualmente; 2) os que são classificados como Grafitrix só porque foram salvos como imagem e no terceiro tópico irei discorrer sobre os desafios de um bom grafitrix.

1) Os que me incomodam visualmente:

Os poluídos: Grafitrix que utilizam imagens com muita informação. Em casos assim, o poetrix é um elemento secundário, além de ser um péssimo exemplo para nós, minimalistas. Nosso negócio é a poesia. Ela deve ser o destaque, o foco principal do Grafitrix. Por mais maravilhosa que seja a imagem, quando mal utilizada, como no caso hipotético abaixo, ela literalmente mata o poema.


Os ilegíveis: Grafitrix que usam fontes de letras inadequadas. Muito pequenas, caligráficas, adolescentes, rebuscadas ou na mesma cor do fundo. No Grafitrix, o leitor deve ser induzido a penetrar primeiro na leitura textual e só depois na leitura visual.



Os vaidosos: São Grafitrix cuja imagem é a fotografia do próprio autor. Pode ser útil num convite

1 de ago. de 2023

29 de jul. de 2023

Processo Criativo por Dirce Carneiro





POIESIS- PROCESSO CRIATIVO

Acadêmica Dirce Carneiro
Cadeira 26
AIP


Primeiro um lampejo, depois sentar, imagem do Pensador de Rodin, a luz, por onde começar. Mãos à obra. Sempre vale a pena tentar,insistir,pesquisar, estudar, lançar mão do nosso repertório, arcabouço particular, fruto do que somos. Uma obra tem muito da cosmologia de cada autor. Sua história, profissão, cultura.

Tenho períodos de branco, quando o impulso criador foge e isso afeta não só o ato de escrever, mas outras áreas da vida. Nesses períodos lanço mão de disciplina maior e proponho-me a escrevinhar sobre algum assunto. Mais que nunca, as habilidades aprendidas para a escrita são auxílio e recursos inestimáveis.

Sobre um período do dia preferido, eu gostava da noite, mais a madrugada, mas isto está mudando. Primordialmente, preciso de quietude, concentração e desligamento das preocupações ao redor. Isto para escrever, trabalhar a escrita. Porque poeta, observadora do mundo, eu sou o tempo todo, está no DNA.

Dito isso, como surge um texto?

15 de jul. de 2023

Coluna Literária - À LUZ DA POESIA - por Pedro Cardoso




Um grilo em casa

melodia verde
cricrila a vida e eu canto
pequena esperança na parede

Lilian Maial 


Estou sempre à procura de poetrix que me façam pensar e querer falar sobre eles. Que me encantem também e fustiguem minha cabeça inquieta e barulhenta. Hoje me vejo diante deste poetrix da poeta Lílian Maial. Eu o li e reli, algumas vezes, tentando escarafunchar suas linhas e entrelinhas. Ora de frente para trás, ora de trás para a frente. Um vaivém de deleite, nem sempre silencioso.

Minhas leituras são fatiadas.

Primeiro leio o título. Tento decifrar o que ele quer me dizer no todo. Reflito sobre as possibilidades que vão surgindo em minhas alucinações. Esqueço, a princípio, a leitura literal do texto. Para mim é o que menos importa, de início.

Vislumbrei duas premissas interessantes. Esta é uma característica marcante no poetrix: permitir várias interpretações.

Primeira: Um grilo em casa. Ele pode ser um problema, uma preocupação ou um transtorno. Isto é um fato corriqueiro em nossas vidas do dia a dia. Fiquei com ele manquitolando em minha austeridade por alguns instantes preciosos.

Segunda: Um grilo em casa. Um inseto, um pequeno animal que traz significados mais comumente ligados à boa sorte em qualquer área de nossas vidas. Representa o salto, carrega uma mensagem de mudança, revelando a necessidade de se mover, caminhar, pular em outras direções.

Pois bem, parto então para o primeiro verso que diz: "melodia verde".

Ele está diretamente ligado ao segundo e terceiro versos. Essa conexão já nos passa a informação de que o bicho não é um qualquer, mas sim, um grilo verde barulhento.

Já no segundo verso, é importante observar o que a autora diz: "e eu canto".

Sinto como se ela estivesse dizendo que "louva_a_deus" com o seu canto, em uníssono com o cricrilar do Esperança.

Não se contenta apenas com o "canto" dele. Vai além do esperado.

O terceiro verso, para mim, é o mais significativo.

A expressão "pequena esperança" é bacana. Se o leitor não estiver atento, não vai entender nada de nada, vai remar, remar e morrer na trincheira da poesia.

Ela está falando de um animal bem pequeno. Na verdade, quando entra em casa, de livre e espontânea vontade, mesmo que seja diminuto, ele pode simbolizar, para nós, prosperidade para a vida.

É intrigante observar que a autora é uma profissional da saúde, que vive e trabalha em uma metrópole. Uma cidadã urbana por excelência. Porém, o que ela nos descreve pode ser mais associado às pessoas que vivem em comunidades rurais ou em pequenos povoados.

Chego a inferir que, como o grilo que pula, ela está dando um salto triplo do urbano para o bucólico.

Quem sabe, até em busca de uma vida mais tranquila e pacata.

Assim sendo, ouso dizer que este é um poetrix extremamente simbólico.


PS: Este poetrix me fez lembrar do "putzgrila". Tão usado na minha juventude. Expressão que surgiu com o jornal O Pasquim, um dos símbolos da contracultura da época.


E viva a poesia!!!

Pedro Cardoso


13 de jul. de 2023

Poetrix de Rita Queiroz


 DO OUTRO LADO DO RIO 

Na solidão, abraço o vento 
Sinto os respingos uivarem 
Águas fogem para a foz 

Rita Queiroz 

BANHO DE LUA

Raios aquecem a alma 
Delírios plantam desejos
Bandolins me energizam 

Rita Queiroz 

AO PÉ DO OUVIDO 

Estrelas flutuam na lua
Enamorados, bailamos 
Sussurros dizem tudo

Rita Queiroz 

10 de jul. de 2023

Poetrix de José de Castro



SOPRO DA MEMÓRIA

histórias, mil e uma
contos da carochinha
inda hoje, infância conversa comigo

José de Castro


GOTAS DE INFÂNCIA

barquinhos na chuva
braçadas no rio
águas na lembrança

José de Castro


NO FIO DA LAMPARINA

a luz bruxuleava
olhos ardiam
leitura a querosene

José de Castro


DEPOIS DA CHUVA

alarido de crianças
na rua, pés descalços
correria – catar tanajuras

José de Castro


ARTES DE MENINO

pão na caneca de café
mergulho gostoso
delícia que não volta mais

José de Castro


6 de jul. de 2023

Grafitrix Dirce Carneiro


 

Poetrix de Dirce Carneiro


ELE DOBRA POR TODOS

Soa o sino do campanário 
marca a vida que passa
na rua, o mendigo e sua solidão 

Dirce Carneiro

PREGNÂNCIA

Balé na chuva
corpo-duna em coreografia
spot no monte de vênus

Dirce Carneiro

3 de jul. de 2023

ENTREVISTA COM RONALDO RIBEIRO JACOBINA, por Goulart Gomes



É com grande honra que a Academia Internacional Poetrix - AIP  recebeu, em seus quadros, o doutor Ronaldo Ribeiro Jacobina, médico, professor da Universidade Federal da Bahia e escritor, com uma obra extensa e variada, perpassando os campos da ficção, da não ficção e da ciência. Vamos conhecer um pouco mais sobre este ilustre intelectual.



AIP1: Ronaldo, como é de praxe, nos conte um pouco sobre a sua trajetória profissional e literária, destacando as obras que publicou.

RRJ: Hoje as pessoas acham seu currículo facilmente na internet. Sou médico formado pela escola mater da medicina brasileira, a Faculdade de Medicina da Bahia, UFBA. Psiquiatra por concurso público e médico sanitarista por pós-graduação (Mestrado em Saúde Comunitária na UFBA e Doutorado na Escola Nacional de Saúde Pública - ENSP-FIOCRUZ-RJ). Dirigente médico na Associação Psiquiatra da Bahia - APB (Secretário-Geral), Presidente do Centro Brasileiro de Estudo em Saúde – CEBES-BA e Secretário-Geral e 18º Presidente da Associação Baiana de Medicina – ABM (1986-87). Na vida universitária, cheguei a professor titular de Medicina Preventiva e Social, obtive o Destaque em Extensão da UFBA em 1994 pelo projeto “Rádio Saúde” no “Excelsior, Bom dia”; dois prêmios nacionais com o projeto “Educação em Saúde na Região de Subaúma”. Outra premiação destacada foi o “Prêmio Jornalista Sérgio Cardozo” (NICSA-Secretaria da Cultura do Estado da Bahia). Sou autor da Memória Histórica do Bicentenário da Faculdade de Medicina da Bahia - 2008. Em livros de não ficção sou coautor, com o psiquiatra Antônio Nery Filho,do livro Conversando sobre Drogas (1999). Os destaques mais recentes são para os livros Juliano Moreira: um intelectual de múltiplos talentos (2019), Os Bons frutos de Oitis (2021) e a série História da Medicina na Bahia, Volumes I-IV. Como escritor tenho várias obras publicadas, sendo o primeiro livro Poemas Piche, lançado pela Literarte em 1º de fevereiro de 1980, com direito a um “araponga” da ditadura presente no evento. Como Leminski lançava o dele, tivemos a presença ilustre de Caetano Veloso. Em literatura infantil publiquei o premiado livro Cantigas de Ninar A & B: até Z é com Você (1997). Depois vem Cantigas para ninar Cecília e Poemas para acordar Gente Grande (2003) e o recente Frida, Paçoca e o Poeta. Poemas para Cadelinhas e Gatinhos (2021). Tenho mais de duas dezenas de prêmios com poesias, contos e crônicas. Em literatura publiquei também  No Baú da Cafua (crônicas, 2004), Luzes Negras (contos e crônicas, 2008), O Poeta e o Lógico (poesia, 2015) e Macaquinhos de Marfim (e-book, poemas premiados, 2020). Em e-book estou publicando Coisas de Poeta. Cirandas em tercetos: poetrix, haicai e poemetos li.


AIP2: Fale-nos de suas influências, suas preferências literárias, suas referências.

30 de jun. de 2023

Poetrix de Marilia Tavernard


TODOS OS DIAS 

Dança de salão 
Pole dance sensual
Nossas almas liberais

Marília Tavernard


DESEJO

Olhos sonhadores 
Azul da cor do mar
Penso nas ondas do teu corpo

Marilia Tavernard