Mostrando postagens com marcador Dirce Carneiro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dirce Carneiro. Mostrar todas as postagens

22 de out. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


SALA DE AULA

Palavras gravadas na lousa
Saber escrito na mente
Cenas impagáveis 


AURORA-OCASO

Manhã, tarde, noite
Um dia é vida inteira
Tempo-metáfora 


AS CIRANDAS DA INFÂNCIA 

Não eram brincadeiras
Tinham muito de treino
A inocência não lia


ESPINHOS DO JARDIM

Etarismo, capacitismo, ismos
Questões nos desafiam
Achar o poema, todavia

Dirce Carneiro

16 de out. de 2025

Eu e o Poetrix de Dirce Carneiro

 EU E O POETRIX 

(Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26) 

 

Porque atraiu-me, dedico-me e escrevo Poetrix? 

A proposta acenou-me como desafio.  

Num mundo da velocidade, em que, muitas vezes, a pressa anula o intervalo entre o enunciado da mensagem e o seu fim – o raciocínio, o Poetrix, para mim, se apresentou como forma poética a romper essa bolha de clips rápidos e alienantes. 

Já disse, em outras ocasiões, que o Poetrix une o clássico e o moderno-contemporâneo, contemplando uma das mais interessantes combinações culturais. 

Clássica, porque traz, na forma, fixa, a exigência de 30 sílabas poéticas no terceto, não se considerando o título nesta contagem. 

Moderno-contemporâneo, porque no seu conteúdo, livre, cabem todos os universos de assuntos que habitam a imaginação dos poetas. 

Assim, para meu estilo dissertativo, fui desafiada a sintetizar enunciados poéticos e visões de mundo, tendo a profundidade e a máxima poeticidade (possível a cada autor), como atributos capazes de impactar o leitor. 

Um, entre outros desafios, se apresenta neste fazer poetrixta: a independência dos versos. Muito já se falou sobre isso. Não me alongarei no básico da questão. 

Só menciono a tendência de se compor tercetos sem oração (sem verbo) como artifício para fugir do chamado fatiamento. 

Em debate, sempre frutífero, com um estudioso de Língua Portuguesa e outros idiomas, que justificava a ausência de verbos nos seus poemas, veio ao contexto a citação “No princípio era o verbo” 

Sim, disse-lhe eu: 

 - O verbo estava oculto, existia no conceito, como ideia, mas na hora de se comunicar, ele se “fez carne”, materializou-se, mostrou a face do que pairava sobre a criação: 

O criador do mundo queria se comunicar, mandar sua mensagem. 

O poetrixta quer se comunicar, numa mensagem de versos com enunciados completos. 

Sem engessamentos. Nada é absoluto. 

Às vezes, também nos comunicamos apenas com gestos, olhares, algo em suspenso e/ou secreto e até mesmo símbolos. 

Clássico-moderno-contemporâneo. É o Poetrix. Certinho na forma, ousado, atrevido, lírico, poético e imprevisível no conteúdo. Tudo o que um poeta pode ser com as palavras. 

____________ 

Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26 

Outubro/25 

 

21 de set. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


VÃO 

Erguem-se muros
Arames farpados ameaçam 
Grafite fere a tirania


DESABAFO

Qual o seu lugar 
A margem é abrigo
O feio é vômito social

Dirce Carneiro

24 de ago. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


CONCISÃO

Amor ao metro comprido
Realidade pede  mini
Maximizar o miúdo 



TEMPERANÇA 

Contar até dez
Ser prudente, pensar
Ter empatia


MELHOR IGUARIA

É seiva, pão e sal
Conhecer e ensinar
Alimento dos dias

Dirce Carneiro

23 de mai. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


QUÃO BELO É MAIO

Outona-se em maio
Há chegadas e partidas
Folhas voam e renascem


MULHER DIACRÔNICA

De Eva a Maria do Sim
As faces da mulher
Perfeita tradução não há


SÍNDROME DE CINDERELA

Ela sonha
Vestido branco, flor de laranjeira
Lá vai Maria, nave da fantasia

Dirce Carneiro

13 de abr. de 2025

Duplix Marília Tavernard e Dirce Carneiro


 MINHA  ROTINA // NO LAR

Poesia na manhã chuvosa // Seguem as horas líquidas 
No bule, café perfumado // Memórias afetivas acordam 
A pressa pode esperar //  Na parede, um relógio surdo

Marília Tavernard // Dirce Carneiro

10 de abr. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


REVELAÇÃO

Um sábado atípico 
Chá de bebê na família
Heitor bate à porta do mundo


NO LAR

Seguem as horas líquidas 
Memórias afetivas acordam
Cenas de casa, retratos na parede

 
BENDITA ROTINA

Adormeço e renasço 
Milagre é ver o sol de novo
O dia segue apressado

Dirce Carneiro

1 de abr. de 2025

Duplix de Maria Correia e Dirce Carneiro


 CARTA PARA MEU JOVEM EU  // RECONTO 

Silêncios diluídos em letras // Meus espantos cravo
Entrelinhas que pesam no peito // São metáforas de mim
Sorvo meus cacos, respiro // Sublimo em prosa e verso

Maria Correia //  Dirce Carneiro

28 de mar. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


NATALÍCIO

Sou de março
Peixe fora do aquário
Celebro Áries que luta


SINFONIA
 
Águas de março na vidraça 
Chove e chama chamego
Cheiro de terra...chá 


MARCIANOS

Celebro os nascidos em março 
Povo que sonha, joga aos deuses
Lição é fazer acontecer

Dirce Carneiro

25 de fev. de 2025

Duplix de Andréa Abdala e Dirce Carneiro



ATÉ ONDE OS OLHOS ALCANÇAM // SER PODEROSO


Asas revelam o voo // Anúncio de plenitude
Revisto-me de auroras // Banho-me de amanheceres
O sol agradece brilhando // No meu céu é festa


Andréa Abdala // Dirce Carneiro


SER PODEROSO // ATÉ ONDE OS OLHOS ALCANÇAM 

 Anúncio de plenitude // Asas revelam o voo
 Banho-me de amanheceres // Revisto-me de auroras 
 No meu céu é festa // O sol agradece brilhando

Dirce Carneiro // Andréa Abdala

------------------------------------------

O Duplix acima, como observou o acadêmico Pedro Cardoso, pode ser invertido que os Poetrix dialogam perfeitamente. Esta inversão está prevista na orientação sobre o Duplix.

Notem que o Poetrix matriz aparece na segunda posição e o Poetrix inspirado ou secundário aparece primeiro.

Dirce Carneiro 

12 de fev. de 2025

Duplix de José de Castro e Dirce Carneiro


OUTRAS ÁGUAS // MESMA FONTE


Um dia, fui rio // no leito, veios ainda brilham

Hoje, palavras me navegam // deixo-me inundar

Sou poesia // deságuo em poema


José de Castro // Dirce Carneiro

20 de jan. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


OURO DE FERNANDA

Olhamos o alto de Torres
Contemplamos a Arte
É cinema, a tela da vez



AQUI-PRESENTE!

Olho passado 
Esperançava futuro 
Sempre foi agora



À SOMBRA DOS PEQUIZEIROS
 
Janeiro é recomeço 
Criança veio à luz
Vida sob signo de pequi

Dirce Carneiro

15 de dez. de 2024

Poetrix de Dirce Carneiro



FRESCA MANHÃ

Abro a janela
Vento estapeia face
Mimo do dia: acorda!


FESTA DE TERROR

Dezembro começa bruto
Guardas não guardam, matam...
Farda faz fato fardo


DATA REVERSA

Logo vem o bom velhinho
Vestiremos capinha de feliz
Em tantas casas, velam


NATAL

Feliz é casa cheia
Paz temporária
O mundo em trégua



Dirce Carneiro

23 de nov. de 2024

Poetrix de Dirce Carneiro



NOVEMBRO

Prenuncia o novo
Dá sugestão: lembro
Quase devir, logo o passado


VIAS

Caminhos percorridos
Artérias e veias pulsam
Aqui fora, louvo a vida


BANCO ABERTO

Sou da noite
O silêncio dos boletos inspira
Poesia não dorme


FRACTAIS

Eu, tu, ele
Espelhos de nós
Cacos dispersos


Dirce Carneiro

16 de out. de 2024

Poetrix de Dirce Carneiro


SENTIDOS PLENOS

Experimento da cegueira 
Venda nos olhos, noite eterna
Ver é tateio, além do olhar


AMIGAS DO PEITO

Mulheres se tocam
Uma chama a outra
Corrente da vida


NA URNA

Gota a gota, o voto cai
A vontade se materializa
O povo decreta o futuro


WESTERN

Consolida-se o vale tudo
O faroeste é tupiniquim
Justiça elástica 


DJ, AUMENTA O SOM

Há espaço para canções 
Toco em frente, ainda bem
Se duvidar, tango
 
Dirce Carneiro