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16 de abr. de 2025

Poetrix de José de Castro


RIO DE TERNURAS

Piscam-me teus olhos de estrela 
Luar me abraça e sorrio 
Na memória, teu retrato 


LUMIARES

O sol desfia fios de espanto
Lua lunera enfeitiça o luar 
Eu poeta me “vagalumo”

 
PENITÊNCIA DE CADA DIA
 
Escrita é tentação 
Sou vate pecador 
Rezo Ave-poesias


IDENTIDADE

Sou jade amarela 
Sou pedra e aresta 
Sou dor que resta na flor do cristal

José de Castro

1 de abr. de 2025

Duplix de Valéria Pisauro e José de Castro


SONHO SEM FIM // ÁGUAS ETERNAS 

Rio adormecido // Serpenteio entre montanhas
Caminhante de desatinos // Reflexos ao luar contemplo
Sonha amar o mar! // Águas fecham o verão

Valéria Pisauro      //      José de Castro 


28 de mar. de 2025

Poetrix de José de Castro


LEMBRANÇA MINEIRA 

Carro de bois canta na estrada 
Entre os cafezais, escorre a tarde 
Viola triste plange nas Gerais


NA BATEIA, PALAVRAS

Louvo os poemas de cada dia
Precioso veio mina da alma
Garimpo versos como quem (ch)ora


DISTANTE A FOZ? 

Rio poesia em mim
Entre versos, rio da vida 
À frente navego, mesmo sem rimas 


PARADOXOS 

Infinito cego me espreita 
Tateio ilusões 
Versos gritam em vão 

José de Castro

24 de fev. de 2025

Poetrix de José de Castro


NOSTÁLGICA ALEGRIA

Canoa de lua me leva
Céu afora, conto estrelas
Fio luz, tear de solidão


LÚMEN

A lua brinca de esconde-esconde
As estrelas, de apaga e acende
Noite traz luz de alegria


ARREPIO BOM

No colo da noite, histórias
À luz da fogueira, trancoso
Nos olhos, acende-se o espanto


ALEGRIAS SÃO FILHAS DA NOITE

Acariciam-me versos de lua
Rimo belas estrelas amarelas
Madrugada me poesia



José de Castro

12 de fev. de 2025

Duplix de José de Castro e Dirce Carneiro


OUTRAS ÁGUAS // MESMA FONTE


Um dia, fui rio // no leito, veios ainda brilham

Hoje, palavras me navegam // deixo-me inundar

Sou poesia // deságuo em poema


José de Castro // Dirce Carneiro

28 de jan. de 2025

Poetrix de José de Castro


CASULO 

No inverno, recolho-me
Poesia me abriga 
Dormem as palavras


ETERNITUDE

Outonos e verões vão e vêm
Invernos passam 
Poesia primavera


OUTRAS ÁGUAS 

Um dia, fui rio
Hoje, palavras me navegam 
Sou poesia 


VIDA BOÊMIA

Tu vinhas
Eu te trago
Nus, embebedamo-nos

José de Castro

24 de jan. de 2025

E Nunca Mais... por José de Castro


E NUNCA MAIS...

Por José de Castro


Ela era a mais linda mulher que eu jamais vira em minha vida. Como num sonho, contemplei-a deslocando-se etérea como um anjo, a desfilar toda a sua graça pela praia. Ondas preguiçosas lambiam seus pés, seus cabelos voavam à brisa daquele fim de tarde. Um halo de luz dançava nos seus longos caracóis dourados.

Aquela mulher era tudo o que um homem sonhou ou imaginou. Tudo o que um homem espera contemplar em uma mulher. E algo mais. Trazia um ar enigmático, um quê de princesa e fada.

Como o vento, passou. Deixou apenas aquela imagem nítida, marcada para sempre na minha retina. Nunca mais a vi. Até hoje, ainda fico pensando: teria sido realidade ou sonho?

Por isso, volto àquela praia quase todos os finais de tarde, sempre naquele mesmo horário. Quem sabe os desígnios que o destino me reserva? A esperança, dizem, é a última que morre.

Eu só não entendo uma coisa: por que eu não tive coragem de abordá-la, de dizer um “olá, boa-tarde... Posso caminhar um pouco ao seu lado?”

Ah, se arrependimento matasse! Mas, fazer o quê? Penso que tive medo de desfazer a magia daquele instante. Na verdade, eu não queria descobrir ou perceber algo que não combinasse com o mistério que a envolvia.

É isso: eu não quis estragar o encanto que me alumbrava naquele momento. Assim, poderia guardá-la intacta em minha mente, como num cofre para sempre selado: uma deusa sem mácula, um anjo de beleza infinita desfilando ao pôr do sol, uma recordação perfeita, feito uma dama eternizada numa tela de Édouard Manet.


José de Castro, cadeira 11 AIP





18 de dez. de 2024

Poetrix de José de Castro



LÚMEN

A lua brinca de esconde-esconde
As estrelas, de apaga e acende
Noite traz luz de alegria


ARREPIO BOM

No colo da noite, as histórias
À luz da fogueira, trancoso
Nos olhos, acende-se o espanto


DESCAMINHOS

Anos de ternura.
Os beijos, o tempo engoliu.
Para onde viajou nosso amor?


ENTRE METÁFORAS, MORRO

Aos versos peço socorro
Ao longe, viaja o meu grito
No infinito se perdem as rimas




José de Castro

25 de nov. de 2024

Poetrix de José de Castro



PÁSSAROTRIX

(Para Guilherme de Almeida)


Manhã estival
Franzino, o teu guilhermino
Contemplo-o pousado no varal



FRAGILIDADE

No frio da noite, confesso-me
Sou ave ferida, sem voo
Empresta-me tua asa


CAMINHOS DE LUZ


A noite se veste de estrelas
Beija-me um fio de luar
Pirilampo eu me confesso


EM BARCO DE PALAVRAS


Março já se abriu
Abril se desmaiou
Junho que amo você



José de Castro

2 de nov. de 2024

Poetrix de José de Castro



CONFISSÃO
 
Sou culpado de palavras 
Sou viciado em versos  
Minha droga é a poesia 


ENTRE AZUIS E LILASES

Prisioneiro me confesso
Algemas de infinito 
Celas de amplidão


CONFISSÃO POÉTICA

Antes que a noite me abrace 
Enquanto bebo primaveras  
Agora que sonho acordado, poemo
 

CONFESSO O ETERNO EM NÓS 

Fiz uma canção para você  
Uma balada de eternitude
No azul, retine 

José de Castro

30 de set. de 2024

Poetrix de José de Castro



TATIBITATI EM TRAVA-LÍNGUAS

Troa tarol, taroleia
Trombeta toca, trompete troa
Tuba da tua tia titubeia

 
ANAGRAMAS E PALÍNDROMO SURREAL

Amora em rama
Amar-me aroma
A grama amarga?


ENGOMA_DOR

Tempo quente
Ferro em brasa
Passa­_tempo


DÚVIDA CELESTE

Céu da boca
Língua enluarada
Lambe estrelas?

José de Castro

6 de set. de 2024

Poetrix em FliGostoso - RN





O poeta e acadêmico José de Castro esteve presente no Festival Literário de São Miguel do Gostoso - FLIGOSTOSO - RN onde ministrou uma oficina sobre Poesia Minimalista: Haicai, Poetrix e Aldravia para professores presentes. Segundo o poeta " os participantes ficaram encantados com o Poetrix e vão usá-lo em sala de aula com seus alunos" 


2 de set. de 2024

Poetrix de José de Castro



ESTRELA DA SORTE


na rede contigo, ternura
na boca da noite, sussurros
tuas carícias ao luar


José de Castro



MARGARITA AO LUAR


o meu vício é você
bebo essa paixão louca
nos teus beijos, embriago-me


José de Castro



TEU BEIJO


ternuras de estrela
sabor de infinito
pétala de luar


José de Castro



CONTEMPLAÇÃO


eis a flor do tempo
despetala-se ao vento
perfume de eternidade



José de Castro

31 de jul. de 2024

Poetrix de José de Castro



O ARCO-ÍRIS NA VISÃO POÉTICA DE JOSÉ DE CASTRO




VISÃO SUBLIME


Paira no céu arco de chuva
Bebe-me os olhos
Deslumbres de água e luz


CANÇÃO DE ARCO-ÍRIS

Sinfonia ao longe
Sete notas, sete cores
Uma clave de sol, outra de chuva


NA BALANÇA

Gramaturas parcas de luar
Arco-íris, leveza de sonho
Intangíveis cores a brunir


ISMÁLIA NA TORRE A SONHAR

Queria a chuva, queria o sol
Cavalgou um arco-íris
No lusco-fusco se evolou


José de Castro

30 de jun. de 2024

Poetrix de José de Castro


AUGÚRIOS 

Ser águia das montanhas 
Barco e remo pelos rios 
Leveza pássara no ar


A FLOR NO ESPELHO 

Mirou-se, sorriu pétalas 
De perfumes brincou pela tarde
Primaveras inaugurou

RELEMBRANDO BANDEIRA

Sigo descaminhos da poesia
Andarilho, peregrino sou  
Meu destino, Pasárgada

NO GUARDA-ROUPAS DA INSÔNIA

Mil trajes etéreos flutuam
Noite se veste de lua e estrelas 
Cinjo poemas pra saudar o novo dia

José de Castro


Desafio: Na Asa do Vento - José de Castro

 

DESAFIO: NA ASA DO VENTO

           

            Por José de Castro

 

“Deu meia-noite, a lua faz o claro
Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste.”
(Na asa do vento: João do Vale/Luiz Vieira)

 

            Viver é um desafio. A cada manhã, ao acordarmos, precisamos traçar o roteiro do filme a ser rodado no dia; e a trilha sonora, com músicas a ouvir enquanto atendemos a um extenso ritual:   roupas, comida, atenção à família, sair para o trabalho; visitas a amigos, shows a assistir, livros a ler, textos a escrever; pagar contas; responder e-mails e mensagens do zap; tempo para atividades físicas e também para estar em silêncio; meditar e refletir sobre a vida; expressar gratidão pela saúde, pelos amigos e pela oportunidade de contribuir para a recriação de um mundo melhor. Se aposentados, usar criativamente o tempo que agora nos desafia; tempo e saúde, dois bens preciosos. É recomendável traçar uma linha de ação e de condutas que expressem a complexidade do que somos, imaginamos ou precisamos ser. Viver é gerir o tempo com sabedoria.

            Um dos grandes desafios é seguir sempre em frente, faça chuva ou faça sol, sem ficarmos presos ao passado; ao mesmo tempo, sem muita preocupação com o futuro; o ideal é viver o momento e desfrutar cada instante em plenitude. Além disso, ter a capacidade de se reinventar.

4 de jun. de 2024

Trilha do Outono - Cleusa Piovesan



NA TRILHA DA POETICIDADE DO OUTONO: UM

PERCURSO PELOS POETRIX DE JOSÉ DE CASTRO



Por Cleusa Piovesan, AIP, Cadeira número 27.





Os “Seis Poetrix para o Outono”, de José de Castro, chamaram minha atenção pela intertextualidade que percebi em relação a outros poemas, a textos e obras de autores e de artistas renomados, e também a obras da mitologia. Por isso decidi vasculhar minha memória literária para entrelaçar os fios poéticos que me auxiliassem a interpretar, artisticamente, os poemas desse autor.

Os seis poetrix que analiso dialogam com obras de vários autores que admiro e que demarcam meu lugar como estudiosa das artes em geral, razão pela qual atrevo-me a escrever esta crítica literária.

Aqui apresento as minhas conjecturas, que podem não se coadunar com as de outrem, porque a poesia é assim, desconstrói nosso “horizonte de expectativas" e alinha-se com o que nos apresenta sentido, relacionada a nossas vivências e experiências, algo subjetivo.

Como poeta posso dizer que se um poetrix não for explorado com um olhar poético, vendo além das aparências, extrapolando a concretude do texto, não há como extrair reflexões ou mesmo interpretá-lo em sua gama de significações, por se tratar de um gênero minimalista em que poucas palavras têm de condensar um vasto universo semântico.



SOPRO DE OUTONO


Pouco importa
Abraço o descaminho
Sigo o vento, folha morta



No poema “Sopro de Outono”, José de Castro me reportou a Walt Wittmann que contempla “regatos correndo pelo outono” (no seu poema “Regatos de Outono”, do livro “Folhas de Relva”).Aqui, os outonos correm através de imagens que evocam um dia em que as folhas voam e criam um tapete multicolor a enfeitar os caminhos. Indeciso, o eu lírico solta-se ao sabor do vento e segue sem rumo, à espera do destino traçado desde seu primeiro sopro de vida.

Também há intertexto com o "sopro divino" que, segundo algumas doutrinas religiosas, representa a gênesis de nossa existência. E José de Castro retrata "as duas pontas da vida" ao encerrar o poetrix com a expressão "folha morta". Os versos ainda me reportam ao personagem Bentinho, o Dom Casmurro, de Machado de Assis, em sua inútil tentativa de purgar-se dos erros e das decepções do seu passado. O estilo do autor revela-se a cada verso, compostos com a intencionalidade de evocar diálogos poéticos, permitindo aos leitores uma multiplicidade de interpretações, fazendo alusão a verso de Paul Verlaine, em “Canção de Outono”.

29 de mai. de 2024

Poetrix de José de Castro


SOPRO DE OUTONO

Pouco importa
Abraço o descaminho 
Sigo o vento, folha morta 

José de Castro


FIANDEIRO

Desfio as tranças do outono 
Monótono o dia escorre
Coleciono fios de neve 

José de Castro


NAVEGOS

Águas lépidas
Folhas_barquinho seguem 
Na pele do rio, outono.

José de Castro


OUTONO DOS VERSOS

Argonauta poetrix 
Navego imensidões 
Rio das estrelas

José de Castro 


28 de abr. de 2024

Poetrix de José de Castro



UM DIA, UM RIO

Minha infância, barco sem rumo
O destino, porto de vento
Onde o meu cais?

José de Castro



JORNADA

Desertos enfrentei
Sol, areia, solidão e vento
Poesia, meu oásis

José de Castro



PREMONIÇÃO

Pressinto a cor do destino
Dores, antevejo todas
Amor, fuga maior em sol menor

José de Castro



DESEJO SECRETO

Abraçar a eternidade
Fluir no tempo
Em silêncio, dormir.

José de Castro


22 de mar. de 2024

PAULO LEMINSKI

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: Paulo Leminski Filho

NOME LITERÁRIO DO PATRONO: Paulo Leminski

 

Paulo Leminsky


DATA DE NASCIMENTO DO PATRONO: 24/08/1944, Curitiba/PR

DATA DE FALECIMENTO DO PATRONO: 07/06/1989, Curitiba/PR

CADEIRA NÚMERO: 11

FUNDADOR DA CADEIRA: José de Castro

OCUPANTE ATUAL: José de Castro

 

VIDA E OBRA DE PAULO LEMINSKI

 

          O nome completo de Paulo Leminski é Paulo Leminski Filho. Nasceu em 24 de agosto de 1944, em Curitiba/PR. Era filho de Paulo Leminski, militar de origem polonesa, e Áurea Pereira Mendes, de descendência africana.

          Com 12 anos, Leminski ingressou no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde estudou latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963, abandonou o Mosteiro, e nesse mesmo ano foi para Belo Horizonte onde participou da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, quando conheceu Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos, criadores da Poesia Concreta.

          Antes disso, em 1961, casou-se com a artista plástica Neiva Maria de Sousa, da qual se separou em 1968.  Nesse mesmo ano, casou-se com a poeta Alice Ruiz, com quem teve três filhos: um menino (Miguel Ângelo), que faleceu aos dez anos e duas meninas: Áurea Alice Leminski (homenagem à sua mãe e à esposa) e Estrela Ruiz Leminski.

          Em 1964, publicou seu primeiro poema na revista “Invenção”, editada pelos concretistas. Nesse mesmo ano, assumiu o cargo de professor de História e Redação em cursinhos pré-vestibulares.

          Em 1966, obteve o primeiro lugar em um concurso popular de poesia moderna. De 1969 a 1970, decidiu morar no Rio de Janeiro, retornando a Curitiba para se tornar diretor de criação e redator de publicidade e TV.

          Publicou textos em revistas alternativas, antológicas do tempo marginal, como “Muda”, “Código” e “Qorpo Estranho”, publicações que consagraram grande parte da produção dos anos 1970.

          Em 1975, Paulo Leminski iniciou sua trajetória de “escritor maldito” com o romance “Catatau”, por ele classificado como prosa experimentalista. A obra é uma espécie de alegoria tropicalista que gerou críticas não muito favoráveis. Chegou a publicar mais um romance, intitulado “Agora é que são elas”.

          Leminski foi jornalista, escritor e poeta de vanguarda, ensaísta, crítico literário, tradutor, professor, além músico e letrista. Considerava-se um designer de texto.

          Dominava seis idiomas: latim, grego, japonês, inglês, francês e espanhol. Traduziu diversas obras de autores e personalidades como John Fante, Lawrence Ferlinguetti, James Joyce, John Lennon, Samuel Beckett, Petronio (Satyricon, traduzida do latim), além de ter traduzido um livro sobre poesia egípcia antiga. Publicou alguns ensaios literários e biografias de Cruz e Souza, Matsuo Bashô, Jesus, Trotski e Edgar Allan Poe.