MACHADO
cortou um membro
lembrou-se de Brás Cubas
havia um verme póstumo
Francisco José
Poucos tiveram suficiente coragem para criticar com vividez o grandiloquente M.
de A., autor de dez romances, 200 contos, 600
crônicas, várias coletâneas de poemas e inúmeras cartas.
Um certo ensaísta e admirador do famoso escritor chegou a dizer, com eufemismo
de crítica, que o autor de "o alienista" sofria do M al de A
bsenteísta.
Como se na verdade fosse portador do M al de A lzheimer, "esquecera"
a própria cor, os pais mortos precocemente, abandonando cedo a madrasta, a
mulata que o criara com tanto desvelo.
Dizia-se nascido em São Cristóvão e não no Morro do Livramento.
Mulato, feio, gago e epiléptico, seus personagens só podiam ser brancos e bem-nascidos.
Era sensível, porém não denunciou a escravidão, preferindo anestesiar-se,
enclausurando-se naquela "casulação do ser no ser que pensa".
Já não conseguia ser o homem M achado de A ssis, mas o arremedo do personagem
de M emorial de A ires, o qual, no primeiro diário de suas memórias do dia 9 de
janeiro de 1888 dizia ter completado um ano que havia voltado da Europa.
Casou-se com uma europeia.
Foi o melhor amigo de um escravagista confesso, tendo sido convidado para ser
padrinho de seu filho M. de A lencar., que alguns afirmaram, depois, ser na verdade o filho de um
adultério, pois a esposa era estéril.
O "bruxo do Cosme velho" sofria na verdade da síndrome do M al de A
gouro.
Francisco José Soares Torres