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20 de set. de 2021

Eu e o Poetrix


Escrever Poetrix é, antes de qualquer coisa, um ato de ousadia.
Imagine você... a busca de um bom Poetrix consiste em escrever o mínimo de palavras com o máximo de informações, que possam reproduzir momentos de emoção, tristeza, angústia, felicidade, humor e tantas outras sensações e sentimentos que nós vivemos no truculento dia a dia.

Na arte dos poemas minimalistas, os artigos são quase que dispensáveis, entendo até que tiram a sutileza da mensagem que se quer passar, muitas vezes atropelam os versos e enfraquecem o texto.
Por outro lado, a pontuação ajuda na configuração do susto, do inesperado. Não é à toa que alguns Poetrixtas preferem deixar que, aqueles que os leiam, façam a sua própria pontuação. Tal permissão torna o leitor um aliado especial, principalmente quando se declama o poema, pois cada um tem a sua própria percepção e inflexão sonora.
A pontuação explicita ou não, abre horizontes e pode influenciar os ouvintes para que percorram novos labirintos na interpretação do que está sendo ora declamado.

Outra das minhas preocupações atuais é com a estética do poema.
Como ele será apresentado, qual será o efeito visual de sua "imagem" no papel. Este pode ser mais um atrativo para olhos atentos, algo que desperte no leitor o cuidado de quem escreve.
Essa é, com certeza, mais um complicador para o autor, mais um limitador, no bom sentido.

Beto Quelhas, Poetrixta de São Paulo, sempre buscou esse esmero em seus poemas, mas infelizmente, esse filão não foi seguido por outros Poetrixtas, o que é uma pena!
Nas vezes em que tentei seguir essa direção, algo me fez caminhar para os concretos, onde a figura que se cria é fundamental, mas esta é uma outra trilha, outra direção.

Às vezes me detenho diante de um Poetrix por vários minutos (nenhum deles deve ser lido apressadamente); eles não são leituras simplificadas de uma única ideia, nem tão pouco um poema de uma única frase. Quanto menor for o poema, maior será o risco de não lermos o seu todo e ficarmos apenas no literal. Algumas vezes as palavras oferecem duplo sentido, isto quando não expressa um contraponto, “deliciosa armadilha” literária.

Ainda que tudo isso não bastasse, temos as entrelinhas que escondem os verdadeiros espetáculos, as mais belas imagens, os maiores suspiros. Só o leitor atento consegue apreender o que o poeta escreve nas entranhas dos versos e das palavras.

O bom Poetrixta é aquele que vê o que todos viram, mas que faz daquilo que vê, pela milésima vez, algo novo e belo. Estes são os que detêm o poder da síntese, sem, no entanto, excluir a leveza que o Poetrix pede e exige daqueles que se aventuram neste novo “jeito” de mostrar a poesia.


Viva a poesia!!!

Pedro Cardoso