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2 de abr. de 2024

MATSUO BASHÔ

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: Matsuo Munefusa

NOME LITERÁRIO: Matsuo Bashô

Matsuo Bashô


DATA DE NASCIMENTO: 1644

DATA DE FALECIMENTO: 28 de novembro de 1694

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 01

FUNDADOR: Goulart Gomes

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Goulart Gomes

 

VIDA E OBRA DO PATRONO

 

Matsuo Munefusa, conhecido pelo pseudônimo de Bashô, nasceu no Japão em uma família de samurais agricultores, oriundos da classe dos guerreiros, mas deixou o campo aos 23 anos de idade para se dedicar completamente à literatura. Estuda, então, com Kitamura Kigin, que já iniciara a transformação do haicai (um terceto composto de cinco, sete e cinco sílabas), do qual Bashô viria a ser o maior mestre. Em contato com o zen-budismo de Zengin, seu segundo professor, Bashô formou sua própria filosofia. Com a morte de Zengin, em 1667, viajou para Kyoto e, em 1672, para Yedo, hoje Tóquio. 

Em Yedo aperfeiçoou seu conhecimento das regras poéticas. As escolas de poesia existentes, Kofu e Danrin, estavam decadentes, e Bashô criou uma escola própria, chamada Shofu. Pouco a pouco, jovens poetas admiradores da sua poesia e da sua vida contemplativa se reuniram em torno dele. Bashô não tinha domicílio fixo, ia de cidade em cidade, recitando para quem o quisesse ouvir. Estabeleceu-se, por fim, em Fukagawa, perto de Yedo, numa cabana. No seu retiro, aperfeiçoava-se no conhecimento e na prática do zen-budismo. 

Em 1684, tornou-se de novo peregrino.

Bashô costumava registrar cada viagem sua num diário ou em poemas que representavam a sua vida, toda consagrada ao êxtase poético e à contemplação da natureza e da gente simples.

Em 1689 abandonou sua cabana e partiu para o Norte do Japão. Continuou sua vida errante até 1694, em permanente aperfeiçoamento espiritual, enquanto seu estilo ganhava em força de evocação, concisão e simplicidade. Nesse ano, doente, instalou-se em Osaka. Foi enterrado no templo Yoshinakadera.

Bashô ocupa lugar de primeiro plano na literatura do Japão, não só em razão de sua obra, mas também pela sua personalidade exemplar, que serviu de modelo a gerações inteiras de poetas. A originalidade da escola de poesia Shofu era definida por três termos: "sabi", "shiori" e "hosomi". O primeiro aludia à sobriedade que nasce da meditação do poeta diante da natureza; o segundo, à harmonia, regra de ouro da poesia; o terceiro, à tranquilidade atenta que resulta também da contemplação poética. A escola de Bashô recomendava o abandono do formalismo em benefício da própria expressão sincera dos sentimentos e emoções. O haicai atingiu, assim, profunda essência poética e fina sutileza de expressão.


Autor: Goulart Gomes

 

Referência

Enciclopédia Mirador Internacional.

 

1 de set. de 2023

PRÊMIO AIP DE LITERATURA 2023



Encerradas as inscrições para o PRÊMIO AIP DE LITERATURA 2023, contamos com 25 inscrições validadas, nas quatro categorias, conforme abaixo. A Comissão Julgadora terá até o dia 31 de outubro de 2023 para apresentar os vencedores.



CATEGORIA A: LIVRO DE POETRIX


1) Nas patas dos Gatos, Ana Mello

2) Projetando Poesia, Ana Mello

3) Minúcias, Andréa Abdala

4) Poetrix 22, Lorenzo Ferrari

5) Pílulas Poéticas, Cleusa Piovesan

6) O Breve Verbo, Marcelo Marques

7) Terceto Fantástico, Chico Zé

8) Na Vida Poetrix, Cláudio Trindade

9) Poetrix Em Flor, Leonia Sá

10) Poetrix On The Rocks, de Gilvânia Machado

11) Equilátero, Lilian Maial



CATEGORIA B: LIVRO QUE CONTENHA POETRIX


1) Mínima Poesia, Rita Queiroz

2) Mínimo animal poeta, Ricardo Mainieri

3) Absinto, Marcos Antonio Campos

4) VertiginosaMente, Letícia Sottoriva

5) Inquietações, Zenair Borin

6) Frida, Paçoca e o Poeta, Ronaldo Ribeiro Jacobina

7) Flor de Algodão, Gilvânia Machado

8) Poetrix e poemas avulsos, Fábio Carvalho



CATEGORIA 3: COLETÂNEA POETRIX


1) POETRIX - 22 ANOS DE ARTE POÉTICA - Organizador: Lorenzo Ferrari

2) Obra: ECOS E GRITOS - Organizador: Lorenzo Ferrari

3) Obra: PÉROLAS POETRIX - Organizador: Lorenzo Ferrari



CATEGORIA 4: ENSAIO


1. As Representações Fantásticas do Feminino no Poetrix Sul-Mato-Grossense: Análise e Discussão Acerca da Poética de Tânia Souza, Diana Pilatti e Joseane Francisco. Autoras: Adrianna Alberti, Coautora Melly Fatima Goes Sena.

2) “Vamos todos cirandar”: o poetrix em uma prática de letramento literário no ensino médio"
Autora: Bruna da Costa Luz.

3) Um humano num pálido ponto azul
Autor: Fernando Castilho.

10 de nov. de 2022

FLIPELÔ 2022 - PARTICIPAÇÃO DO POETRIX

FLIPELÔ 2022
Foto: Divulgação e texto (adaptado) Google
A Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) aconteceu entre os dias 1 e 6 de novembro. Pelo sexto ano consecutivo a Fundação Casa de Jorge Amado em correalização com o Sesc, promove o evento. A nova edição do evento homenageou o legado do autor Jorge Amado por meio dos personagens que mostram a diversidade da Bahia.

O evento contou com programação gratuita ao público.

Na noite de abertura, um show exclusivo de Zezé Mota, no Palco FLIPELÔ, no Largo do Pelourinho. Durante os outros cinco dias uma ampla programação composta por mesas de debates, bate-papos com crianças, jovens e adultos sobre os mais variados tipos de literatura, lançamentos de livros, saraus de poesia, slams e uma rica programação infantil com contação de histórias e diversas atividades lúdicas.

Houve também exposições, apresentações teatrais e musicais promovidos no Teatro Sesc Pelourinho, Palco FLIPELÔ, no Largo do Pelourinho, e nos palcos do Cruzeiro de São Francisco e Praça da Sé, além do Santo Jazz, no coreto do Largo do Santo Antônio Além do Carmo.
Programadas também apresentações de Xangai, Juliana Ribeiro, Vânia Abreu e Gerônimo Santana e dos espetáculos Compadre de Ogum e Circuito Jorge Amado. Estão confirmadas as participações de escritores de projeção internacional como Ailton Krenak, Itamar Vieira Jr., Kalaf Epalanga (Angola), Maria Fernanda Elia Maglio e José Luis Peixoto (Portugal).

Intitulado “Mabel Velloso”, o espaço infantil funcionou no Terreiro de Jesus, a partir do dia 2 de novembro, com apresentações musicais, contação de histórias e animações culturais.

A Flipelô ainda conou com outros espaços como a Casa das Editoras Baianas, Vila Literária, Espaço Sustentabilidade, Flipelô Mais, Vitrine Flipelô, além das rotas gastronômica, das artes e dos museus.

A programação completa pode ser acessada por meio do site oficial da Flipelô.



PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DO POETRIX NA FLIPELÔ

FIAT LUX!
FRANCISCO JOSÉ SOARES TORRES

Foi lançada a pedra filosofal do Poetrix: a Antologia Poetrix 8 - Infinito.

Infinito ainda é o tempo que ata as pontas do espaço-curvo no minimalismo, ao um só momento gigante e quântico, bóson e férmion, unindo materialidades e virtualidades, dinossauros e contemporâneos.

Os Quatro Ventos sopraram à Bahia. Não foram ventos contrários, mas favoráveis, e não vieram apenas dos quatro cantos, mas de todo o infinito...

Trazidos por quatro poetrixtas (Goulart, Pedro, Chico e Dêja), soprados também por uma Rosa (Morena) dos ventos, todos representantes, nesse e_vento, de uma geração de poetrixtas.

Na Flipelô, o Pelourinho foi mais que um subúrbio da Via Láctea, fazendo de Salvador um universo-ilha da própria galáxia, porque o centro do universo da poesia minimalista.

E o Poetrix se fez luz no infinito.


GOULART GOMES


Tenho o maior orgulho de ter organizado essa antologia, com @AILA MAG Aila Magalhães. Não foi fácil, passamos por várias dificuldades, mas ela saiu. Em março, com o apoio de @LORENZO Ferrari, fizemos o lançamento em SP e dia 3, relançaremos na Flipelô. Quando, um dia, meus netos me perguntarem o que eu fiz nos tempos do fascismo, eu poderei responder, com orgulho!


GOULART GOMES E PEDRO CARDOSO


Juntos, escreveram o livro de poetrix Poemas Encolhidos, também lançado na Flipelô, onde receberam escritores convidados da Bahia e de  outros estados da federação, como Rosa Morena, Francisco José Soares Torres com esposa e filha e Djalma Filho (fotos abaixo)



FOTOS





4 de out. de 2022

Entrevista com acadêmico Goulart Gomes


AIP – ENTREVISTA POR ESCRITO DE ACADÊMICOS PARA O BLOG

ENTREVISTADO: ACADÊMICO GOULART GOMES
CADEIRA: 1
PATRONO: MATSUO BASHÔ

Neste mês a AIP apresenta entrevista com o historiador, poeta, poetrixta, Goulart Gomes, criador do Poetrix.

Sua biografia, bem como seu discurso de posse, podem ser lidos no menu Biografias, e Discursos do Blog da Academia.

Primeiramente, quero agradecer ao acadêmico por ter aceitado dar esta entrevista, exclusiva, para o Blog da Academia Internacional Poetrix – AIP. 

Agradeço também em nome da Diretoria.

1) Como a sua formação acadêmica se conecta à sua produção literária?

R: Minha trajetória literária teve início em 1985, mas somente em 2003 concluí uma formação acadêmica relacionada à literatura, que foi uma especialização em Literatura Brasileira, pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL). Esse curso promoveu uma guinada na minha produção literária. Foi a partir dali que comecei a trabalhar cada vez mais com a prosa e os ensaios e menos com a poesia. Como o poetrix foi criado em 1999, essa formação não influenciou a sua origem

2) A Bahia, seu estado natal e onde você reside, influencia seu trabalho literário?

28 de mai. de 2022

Poetrix de Goulart Gomes


miserê

rios de dinheiro para os ricos
os pobres às margens, flácidas
miserere nobis

Goulart Gomes
Antologia [R]EXISTIR
pg. 90

23 de abr. de 2022

Poetrix de Goulart Gomes


NOTRÍXIAS 1: RUBRALUA
Poetal Click21, 4/5/2004. 14h10min
Eclipse vai tingir a Lua de vermelho nesta terça

Sempre alva
noiva nua
a lua também menstrua...

Goulart Gomes
Do livro Minimal, 2007 - pg. 57

27 de jan. de 2022

Divulgação: Revista Poetrix nº 9

 

https://revistapoetrix.com.br/wp-content/uploads/2022/01/revistaciranda9-1.pdf

Já está disponível para leitura gratuita a 9ª edição da Revista Poetrix, da Confraria Ciranda Poetrix, homenageando o centenário da Semana de Arte Moderna. 

Nesta edição, a coluna AIP é do criador do Poetrix, Goulart Gomes e o entrevistado é o acadêmico Lorenzo Ferrari.  

Muita informação, muito Poetrix. Uma bela revista digital para ler e ver. 

Parabéns aos editores, diagramadores e poetrixtas participantes

26 de set. de 2021

Certidão de nascimento do Poetrix

 

Registro histórico do lançamento do livro Poemetos Tropi-kais, de Goulart Gomes, em 26/09/1999 que marcou a data de nascimento do  POETRIX! 


clique para ampliar



 

6 de set. de 2021

Live com Goulart Gomes

 DIVULGAÇÃO

O grupo Concriz, convida os poetas Goulart Gomes (Conselheiro da AIP) e Edmar Vieira para uma live, hoje, segunda-feira, 08/09/21 às 20 horas.

Haverá sorteio de livros dos autores





24 de ago. de 2021

Duplix

 

Elementares // Apaixonados
(Aila Magalhães // Regina Lyra)

Amantes improváveis, // conscientes
fogo e água // da paixão
a(s)cendendo céu noturno // em noite enluarada



música // ao longe
(aila magalhães // goulart gomes

quando preenche meus vazios // som distante
torno-me eco // em pleno desfiladeiro
canção em pleno voo // rasante

13 de mai. de 2021

12 de abr. de 2021

Dez dicas para um bom Poetrix, por Goulart Gomes


1. EVITE AS ORAÇÕES COORDENADAS. Um poetrix não é uma frase fatiada em três partes. Vamos tomar um exemplo:

TELEFONEMA

passei a noite em casa
esperando que ela ligasse
mas ela não ligou

Isso não é um poetrix, é a primeira oração de um texto! Está simplesmente horrível! Mas, notemos como ele poderia ficar bem melhor, se a idéia fosse expressada de outra forma:  

TELEFONEMA

noite em branco
telefone mudo
até o amanhecer


2. EXPLORE O PODER DO TÍTULO. Uma das grandes vantagens do poetrix é a existência do título, o que não há no hai-kai. Por vezes, ele pode ganhar uma característica de “verbete”, sendo definido pela estrofe. Suprimam o título e observem diferença que faz:

SEMÁFORO

pensei ser outra lua
olho verde contra o céu
fugaz, no meio da rua

Outro trunfo é que o título não entra na contagem de sílabas. Assim, alternativas criativas podem ser formuladas. Num exercício “exagerado” desta possibilidade, uso como exemplo:

ESTUDO SOCIOANTROPOLÓGICO DE UM COMUM CIDADÃO LATINOAMERICANO DE CLASSE SOCIAL DESFAVORECIDA, À LUZ DA NOVA ORDEM MUNDIAL, IMPACTADA PELA GEOPOLÍTICA DO PETRÓLEO, NUM ENFOQUE MÍSTICO-TRANSCENDENTAL, CORROBORADO PELOS IDEAIS FREUDIANOS-LENINISTAS, SEM ASPIRAÇÕES EPICURISTAS

nasceu
cresceu
desencarnou

3. MINIMALIZE. Corte tudo o que está sobrando. Escrever um poetrix é lapidar um diamante. Nenhum texto fica pronto “de primeira”. É preciso, sempre, trabalhá-lo. Literatura é 10% inspiração e 90% transpiração. Com o poetrix, apesar de pequeno, não é diferente. Exemplo:

ANTES:

DRAGÃO

com a cabeça no ar
e com os pés no chão
é um homem? não, um dragão

DEPOIS:

DRAGÃO

cabeça no ar
e pés no chão
homem? dragão

4. PESQUISE. Enriqueça o seu texto com informações pertinentes. Vejam este poetrix:

XENOGLOSSIA

na Planície de Sine-Ar
decifrar tua língua
em minha Torre de Babel

Após ter a idéia, fui à Bíblia obter mais informações sobre a Torre de Babel. Lá descobri que ela foi supostamente erguida na planície de Sinear. Em latim, “sine” quer dizer sem. A informação caiu perfeitamente: a língua, a torre, alguém “sem ar”... Uma pequena informação pode fazer uma grande diferença.

5. NÃO CONFUNDA POETRIX COM HAI-KAI. Para isso, é importante conhecer, também, os fundamentos do hai-kai. Para começar: se o tema do seu poetrix é a Natureza, desconfie. Pode ser que nasça um hai-kai, e não um poetrix.

6. UTILIZE FIGURAS DE LINGUAGEM. Em todas as formas poéticas, o uso de figuras de linguagem, metáforas, tropos e imagens enriquecem bastante o texto. Por vezes, é necessário “substantivá-lo”.

QUANDO A MARÉ ENCHER

Verdi no azul do mar
tocardo forró no piano
pra Netuno e Yemanjá

7. ACABE COM AS CONJUNÇÕES ADVERSATIVAS: Mas, Contudo, Porém, Todavia, Não Obstante, Entretanto, No entanto, geralmente não servem para nada em um poetrix, assim como a conjunção explicativa Pois.

8. NÃO FORCE RIMAS. Poetrix não é soneto. Às vezes pode-se dispensar completamente uma rima, utilizando-se bem o ritmo, a sonoridade e a riqueza semântica das palavras.

9. POETRIX NÃO É PROVÉRBIO. Muito menos, frase de pára-choque de caminhão. Evite coisas como (blargh!):

ARROCHA

mulher e parafuso:
comigo
é no aperto

(Só um texto explicativo, mesmo, para me fazer criar uma “coisa destas”! Que sacrifícios a gente não faz pela Literatura!)


10. O NÃO-DITO FALA MAIS QUE O DITO. Não pense que seu leitor é burro. Não dê tudo “mastigado”. Faça com que seu texto “dialogue” com o leitor, permita que ele faça sua própria “viagem” nas palavras:

ÁCIDO

a água furou a pedra
moinhos de amsterdã
a manhã será mais bela

HOLOKAWSTO

há o que não houve
retalhos de nylon
cogumelo atônito

E, para finalizar, não esqueça: O POETRIX é um poema composto de título e uma estrofe de três versos (terceto) com um máximo de trinta sílabas métricas.


Por Goulart Gomes

Fonte: https://poetrix.net.br/visualizar.php?idt=273564
Postado em 25/10/2006

5 de abr. de 2021

HOMENAGEM À SÁVIO DRUMMOND, por Goulart Gomes

 SÁVIO DRUMMOND, por Goulart Gomes

Fonte: Antologia 6  MIP - Editora Rumo Editorial, 2019


Sávio Drummond é um dos mais completos multiartistas que eu já conheci. E digo É, por que acredito que, onde quer que ele esteja, continua a produzir magnificamente, como sempre fez.

Médico por profissão, nascido em Salvador, a 22-04-1971, aproximamo-nos primeiramente não pela arte, mas pelo trabalho. Colegas na mesma empresa, tomei conhecimento dos desenhos e textos que ele produzia, no âmbito da medicina do trabalho. Logo percebemos que tínhamos muito em comum.

Sávio desenhava muito bem, elaborou a capa dos livros de diversos escritores do Grupo Cultural Pórtico. Fez várias caricaturas minhas, gostava de “sacanear” os amigos, colocando-os em situações irônicas, em seus desenhos. Este seu perfil “gozador” também se estendia aos seus demais talentos, em contos, crônicas, poetrix e poesias. Mas, o que mais me surpreendia era como ele conseguia escrever bem tanto o trágico quanto o cômico, tanto o lírico quanto o popular.

3 de abr. de 2021

POETRIX: o Salto, o Susto e a Semântica - de Goular Gomes


"...penso no poetrix perfeito como um pequeno projétil
que nos atinge direto num órgão vital" (Sara Fazib)

Há quem veja as artes minimalistas – entre elas, o Poetrix – como artes menores. Como se fosse possível medir o valor de todas as pedras preciosas por seus tamanhos. Um cristal grande vale menos que um pequeno diamante e mesmo dois diamantes de igual tamanho podem ser avaliados diferentemente. Existem poetrix que valem mais que extensos poemas como, também, muitos deles não precisariam terem sido escritos. Dentre os vários elementos que podem aumentar ou diminuir os "quilates" de um poetrix, eu gostaria de falar, neste artigo, sobre três deles: o Salto, o Susto e a Semântica.

A cena é recorrente, o cinema hollywoodiano dela usa e abusa: o herói (ou vilão) está em fuga. Em sua perseguição, o inimigo. Após inúmeras infrutíferas tentativas de escape, surge o obstáculo: um abismo, uma ponte quebrada, o teto de um edifício, uma estrada inacabada. O que fazer? Morrer ou morrer? O protagonista da cena escolhe o risco. “A possibilidade de arriscar é que nos faz homens”, segundo o poeta baiano Damário Dacruz. Salta... para a salvação. O mesmo acontece com alguns poetrix. Por ser um texto breve, isso não quer dizer que ele deva ser lido com brevidade. É preciso querer-se captar as suas nuances, as pequenas particularidades de cada palavra, desde o título e a cada verso. Ele também tem o seu ritmo e intensidade próprios, possibilitados pela livre distribuição das sílabas em cada linha, conquanto não venham a ultrapassar o máximo de trinta sílabas. Existem poetrix que encaminham-se lentamente para o seu final como quem irá desencarnar por morte natural e, de repente, o Salto! Observem como isso foi bem elaborado por Sara Fazib (SP) no poetrix CARA METADE:

melhor par não faria
eu e essa minha falta
de companhia

ou em SONSAS, de Lílian Maial:

Estrelas
não dizem a verdade.
Elas piscam.

e ainda em GRÁVIDA, de Pedro Cardoso (DF):

No corpo da menina
a barriga cresce
como uma boca faminta

O Salto, no poetrix, subverte. O texto dialoga consigo mesmo, opõe-se, contrapõe-se, quase nega-se e, nessa dialética, ressuscita.

LinguaJá, meu mais recente livro de poesias, tem como subtítulo "O Território Inimigo", numa alusão ao nosso idioma, campo minado no qual o escritor tem que saber pisar com artimanhas. Voltemos ao filme no exato momento do salto do nosso (anti)herói. Stop! Imagem congelada. Agora solte, devagar, como num filme de John Woo. O leitor/telespectador, nesse curto espaço de tempo, viverá a brevidade da expectativa, mesmo sabendo, de antemão, o que acontecerá: ou ele cairá são e salvo, do outro lado, ou se espatifará. Mas, se não acontecer nem uma coisa nem outra? Se, digamos, o personagem simplesmente desaparecer no ar, teletransportado por alguma Ciência ou Magia? Eis o Susto. Nem, sempre, porém, quem deseja assustar atinge o seu intento. Sempre existem aqueles que “já viram de tudo” e “não se impressionam com mais nada”. Como os koans zenbudistas, que para alguns podem ser instrumentos de iluminação e para outros meras historietas sem graça, a intensidade do Susto depende muito mais de quem o recebe do que de quem o proporciona. Com o Susto, o poetrixta pretende surpreender, ainda que nem sempre o consiga. Um dois poetrix que mais me “assustaram” chama-se HEROESIA, também de Sara Fazib (que transformou-se num belíssimo grafitrix ilustrado pela poetisa Silvana Guimarães, disponível em www.poetrix.org):

de joelhos, reverente
provo a Tua presença
sarça ardente

Outro bom exemplo é NOVA EDIÇÃO, de Andréa Abdala:

conto da carochinha,
mulher de verdade
não goza de mentirinha

Foi também o que intentei fazer com o poetrix PESSOIX, inspirado em poemas de Fernando Pessoa e Ferreira Gullar:

um terço de mim, delira
um terço de mim, pondera
outro terço, ah!, quem dera

Eu estava utilizando o exemplo da fuga no cinema hollywoodiano, onde uma fuga é apenas uma fuga, não há nada por trás dela, seja a pé, de moto, carro ou caminhão. Mas não podemos dizer o mesmo quando tratamos do cinema europeu, onde tudo pode não ser simplesmente o que aparenta. Nele, uma cena de fuga pode estar metaforicamente simbolizando uma perda ou busca de identidade, uma inadequação social, um estado psicológico... ou patológico. Uma fuga, como a outra, mas dentro de um novo contexto idealizado. O poeta Gilberto Gil, na letra da música METÁFORA diz que “uma lata existe para conter algo, mas quando o poeta diz ‘lata’, pode estar querendo dizer o incontível.” Quando o poetrixta explora inteligentemente a riqueza semântica de algumas palavras, seja metaforizando, fazendo trocadilhos ou utilizando figuras de linguagem, o poetrix vai muito além das três linhas, ganhando uma vastidão de possibilidades. Quando Djalma Filho (BA), em LUSCO-FUSCO diz:

deitada,
quase apagada,
a noite armadilha

ele está fazendo isso. A palavra “armadilha” consegue deixar de ser um substantivo para tornar-se verbo, como suas sinônimas tocaia/tocaiar e emboscada/emboscar, permitindo outras (re)leituras do poetrix. A mesma coisa ocorre com estes dois poetrix meus, onde as palavras “mama”, “filho da mãe”, “presente” e “torres”, “rock”, “xeques”, “xadrez” permitem várias interpretações:

MAMA

aninho-me em teu ventre
filho da mãe
roubo-te o presente


TERRORISMO

as duas torres caem
nenhum rock, réquiem
xeques no xadrez

Poderão objetar: “sim, Goulart, isto tudo é muito singular; qualquer texto literário cresce quando conta com esses elementos” e eu “vos direi, no entanto”: para o poetrix, a menor (em tamanho) das linguagens poéticas, “crescer” é fundamental!

Machado de Assis, na apresentação do seu livro VÁRIAS HISTÓRIAS diz, com relação aos contos:

"O tamanho não é o que faz mal a este gênero de histórias, é naturalmente a qualidade; mas há sempre uma qualidade nos contos, que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos."

Isto é válido para o poetrix em relação à poesia, assim como o inverso também é verdadeiro: se tais elementos – Susto, Salto e Semântica – são importantes no texto longo, mas ainda o são no poetrix, onde não há tempo ou espaço para corrigir erros.

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(meus agradecimentos aos cúmplices: Ana Cristina Carvalho e Sara Fazib pelas "dicas" que contribuíram para a elaboração deste texto; a Damário Dacruz pela autorização para inclusão da sua citação e a Machado de Assis, por ser tão genial!)

Goulart Gomes
in: https://www.goulartgomes.com/visualizar.php?idt=409724

31 de mar. de 2021

PARA VIVER UM BOM POETRIX, por Goulart Gomes

PARA VIVER UM BOM POETRIX
(Goulart Gomes, parafraseando Vinicius de Moraes)


Para viver um bom poetrix, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e algum risco - para viver um bom poetrix.

Para viver um bom poetrix, mister é ser um poeta só daquela inspiração; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.

Para viver um bom poetrix, primeiro é preciso sagrar-se poetrixta e ser de sua idéia por inteiro - seja lá como for. Há de fazer do corpo uma morada onde clausure-se a musa amada e postar-se de fora com uma caneta - para viver um bom poetrix.