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10 de nov. de 2022

FLIPELÔ 2022 - PARTICIPAÇÃO DO POETRIX

FLIPELÔ 2022
Foto: Divulgação e texto (adaptado) Google
A Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) aconteceu entre os dias 1 e 6 de novembro. Pelo sexto ano consecutivo a Fundação Casa de Jorge Amado em correalização com o Sesc, promove o evento. A nova edição do evento homenageou o legado do autor Jorge Amado por meio dos personagens que mostram a diversidade da Bahia.

O evento contou com programação gratuita ao público.

Na noite de abertura, um show exclusivo de Zezé Mota, no Palco FLIPELÔ, no Largo do Pelourinho. Durante os outros cinco dias uma ampla programação composta por mesas de debates, bate-papos com crianças, jovens e adultos sobre os mais variados tipos de literatura, lançamentos de livros, saraus de poesia, slams e uma rica programação infantil com contação de histórias e diversas atividades lúdicas.

Houve também exposições, apresentações teatrais e musicais promovidos no Teatro Sesc Pelourinho, Palco FLIPELÔ, no Largo do Pelourinho, e nos palcos do Cruzeiro de São Francisco e Praça da Sé, além do Santo Jazz, no coreto do Largo do Santo Antônio Além do Carmo.
Programadas também apresentações de Xangai, Juliana Ribeiro, Vânia Abreu e Gerônimo Santana e dos espetáculos Compadre de Ogum e Circuito Jorge Amado. Estão confirmadas as participações de escritores de projeção internacional como Ailton Krenak, Itamar Vieira Jr., Kalaf Epalanga (Angola), Maria Fernanda Elia Maglio e José Luis Peixoto (Portugal).

Intitulado “Mabel Velloso”, o espaço infantil funcionou no Terreiro de Jesus, a partir do dia 2 de novembro, com apresentações musicais, contação de histórias e animações culturais.

A Flipelô ainda conou com outros espaços como a Casa das Editoras Baianas, Vila Literária, Espaço Sustentabilidade, Flipelô Mais, Vitrine Flipelô, além das rotas gastronômica, das artes e dos museus.

A programação completa pode ser acessada por meio do site oficial da Flipelô.



PARTICIPAÇÃO ESPECIAL DO POETRIX NA FLIPELÔ

FIAT LUX!
FRANCISCO JOSÉ SOARES TORRES

Foi lançada a pedra filosofal do Poetrix: a Antologia Poetrix 8 - Infinito.

Infinito ainda é o tempo que ata as pontas do espaço-curvo no minimalismo, ao um só momento gigante e quântico, bóson e férmion, unindo materialidades e virtualidades, dinossauros e contemporâneos.

Os Quatro Ventos sopraram à Bahia. Não foram ventos contrários, mas favoráveis, e não vieram apenas dos quatro cantos, mas de todo o infinito...

Trazidos por quatro poetrixtas (Goulart, Pedro, Chico e Dêja), soprados também por uma Rosa (Morena) dos ventos, todos representantes, nesse e_vento, de uma geração de poetrixtas.

Na Flipelô, o Pelourinho foi mais que um subúrbio da Via Láctea, fazendo de Salvador um universo-ilha da própria galáxia, porque o centro do universo da poesia minimalista.

E o Poetrix se fez luz no infinito.


GOULART GOMES


Tenho o maior orgulho de ter organizado essa antologia, com @AILA MAG Aila Magalhães. Não foi fácil, passamos por várias dificuldades, mas ela saiu. Em março, com o apoio de @LORENZO Ferrari, fizemos o lançamento em SP e dia 3, relançaremos na Flipelô. Quando, um dia, meus netos me perguntarem o que eu fiz nos tempos do fascismo, eu poderei responder, com orgulho!


GOULART GOMES E PEDRO CARDOSO


Juntos, escreveram o livro de poetrix Poemas Encolhidos, também lançado na Flipelô, onde receberam escritores convidados da Bahia e de  outros estados da federação, como Rosa Morena, Francisco José Soares Torres com esposa e filha e Djalma Filho (fotos abaixo)



FOTOS





Poetrix de Francisco José

ENDIREITANDO VEREDAS

ando caminhos
rego manhãs
colho tardes em mim

Francisco José

18 de ago. de 2022

Entrevista com Acadêmico - Francisco José

 AIP - ENTREVISTA POR ESCRITO DE ACADÊMICOS PARA O BLOG DA AIP

ENTREVISTADO:
ACADÊMICO: FRANCISCO JOSÉ SOARES TORRES
CADEIRA: 24
PATRONO: MARCOS GIMENES SALUN

Neste mês apresentamos a entrevista com o médico, escritor e poeta, Acadêmico Francisco José Soares Torres.

Sua Biografia completa pode ser lida no menu Biografias, do Blog da Academia. Seu discurso de posse também está disponível na sua página pessoal neste Blog.

Primeiramente, quero agradecer ao acadêmico por ter aceitado dar esta entrevista, exclusiva, para o Blog da Academia Internacional Poetrix – AIP. Agradeço também em nome da Diretoria.

1) Fale-nos um pouco de você: onde nasceu, sua infância, que lembranças guarda com sua família, o que é prazeroso recordar.

Nasci no dia 12 de novembro de 1956. Nesta data, meus pais estavam em Crateús, Ceará, para onde haviam se dirigido a fim de que minha mãe me desse à luz e de onde retornaríamos em seguida, a Buriti dos Montes, Piauí. Fui batizado na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim tendo como padrinho de batismo, São Francisco de Assis.
De volta para casa, cercada por areia cristalina, brincava no quintal aberto, empurrando com as mãos cepos de madeira de lei como se fossem carros e trotando vértebras de bois com os dedos indicador e médio escarranchados na curvatura desses ossos, como se fossem lombos de gado da fazenda.
Então, elevava os olhos para os morros que cercavam Buriti dos Montes, imaginando o que haveria para além daqueles cumes envoltos em mistério e magia. Em minha imaginária máquina do tempo, vejo minha avó carregando uma lata d’água protegendo a cabeça com uma rodilha de pano e meu avô, depois de embrenhar-se por breves momentos, no mato, voltar com um feixe de lenha nas costas atirando-o com estrupido no chão para hábil destroçá-lo com o machado, lenhando a madeira em cavacos para acender o café da manhã; minha mãe abrir os mourões da porteira do curral a fim de ordenhar as vacas leiteiras, deixando, no interior do cercado, do lado de fora, os machos e se dirigindo até uma fôrma rústica de madeira para prensar o queijo de coalho, sendo que metade do leite era recolhida em tigelas de Agnes para ser bebido mugido; revejo meu pai à luz de lamparina, fazendo deslizar, entre as palmas das mãos, um frasco de penicilina com o pó liofilizado, enquanto a seringa de vidro, a agulha de metal e o êmbolo da injeção fervilhavam na água, flambados por uma chama azul, alimentada com álcool, para aplicar no deltoide de minha avó, que estava morrendo: naquele momento, desejei ser médico. Em cima da mesa de madeira mal talhada, o café borbulhava na água que desmanchava um pedaço de rapadura para adoçá-lo. Logo que levantávamos da mesa, começava um sarau de poesia...

2) Você nasceu num berço literário. Sua mãe recitava poesia para você dormir. Outros membros da família também cultivavam a arte. Fale-nos sobre isso.

Minha mãe me embalava numa rede para dormir, declamando de cor versos da literatura de cordel, principalmente os cadernos do poeta José Camelo de Melo Resende: O Romance do Pavão Misterioso, Pedrinho e Julinha, Coco Verde e Melancia, O Valor da Mulher, Entre o Amor e a Espada, e Os Três Cavalos Encantados e seus Três Irmãos, que meu pai trazia de Crateús, de onde chegava com os alforjes da sela do cavalo recheados de boa leitura. Um tio poeta me incentivava a ler em voz alta, depois do jantar, à luz de uma vela feita de sebo de carneiro, embebida em azeite, num pires, em verso e prosa, tudo o que existia na pequena biblioteca da família. Meu pai era repentista e sobrinho-neto de um conhecido poeta da região, o qual era cego.

3) Como médico, a Literatura, enquanto Arte, interage com a Medicina, no seu caso?

Gosto muito de Mitologia: o centauro Quíron , nascido na Tessália, no Norte da Grécia, era médico ...

Nasci no Sertão dos Inhamuns, leste do Piauí, terra de gente que não come barro, uma região infestada por cascavéis que elevavam na ponta da cauda o chocalho, de onde tiravam as notas do prelúdio de um breve canto de morte, onde a luta por sobrevivência era difícil e transcorria numa era de devastação e miséria, tornando a maioria das pessoas rudes e práticas e comumente não formava habitantes com índole de artista, mas gerou uma família que se tornou o oásis poético desse rincão duro e seco, cantando sua terra e sua gente de forma simples e delicada, espalhando por toda a região um singelo canto. Que ninguém se aproximasse demais dos poetas, esse era o recado que dava a vida real. Mas como carregava a síndrome do mal dos poèts maudits comigo, fiz Medicina para curar um pouco a mim mesmo também. Durante longos anos dedicados ao exercício de uma das mais belas das artes, pensei que estivesse “curado”: engano fatal! Paulatinamente, aquela miíase que havia sido implantada e permanecia em estado latente em meu corpo, após um longo período de incubação volta, atingindo-me com toda sua “virulência”, infectando-me “gravemente”. Assim, entre sonhos e