8 de abr. de 2024

Varal de Poetrix - Imagem Ilha Deserta






BALÉ NO HORIZONTE

gaivotas bailam na praia
maestro sol rege
coqueiros fazem coro

Lílian Maial


AMANHECER

Anúncio de novo dia
Ergue-se o todo poderoso
Mania de beleza

Andréa Abdala 


VALSA DO AMANHECER

Adentra o astro radiante
Traje de gala dourado
Natureza em festa, baila

Marilda Confortin


O CURVO TEMPO

dobra-se a paisagem dura
curvam-se senis palmeiras
aves beijam o santo sol

Francisco José


SINGULARIDADES ÍMPARES

Raios solares fortíssimos.
Céu, mar e terra e palmeiras.
Pássaros fazendo festa.

Oswaldo Martins


MOMENTO IDÍLICO

Devaneios ao pôr do sol
memórias tecidas em deslumbramento
sorrisos brotam à toa

Cleusa Piovesan


TODO DIA É SANTO

Mira o horizonte a marejar
Sol descansa seus pés
Mar sonha oceano.

Valéria Pisauro


CARO PLANETA TERRA

parece, mas não amarelo
dou o tom da vida
quero te verdeazul

Sandra Boveto


REFLEXO

A vista é bela
Beleza que não cabe em si
Deslumbre espelha-se nas águas

Dirce Carneiro


POESIA ALÉM

Muito mais que aparência
Beleza presente na composição
Essência divina do conjunto

Marcelo Marques


ALUMBRAMENTO

Coqueiros e pássaros no céu
Pôr de sol brinca de amarelo
De Van Gogh Deus usou o pincel

José de Castro


PÔR DO SOL

Abra a janela, Amor!
Deixa que o Sol se vá…
Lua virá na carona do lusco-fusco

Ronaldo Ribeiro Jacobina


PRIMAVERA

o que se via, não se vê
o jacarandá cresceu
a janela ganhou flores


Pedro Cardoso

OLGA SAVARY

 

NOME COMPLETO DO PATRONO:  OLGA SAVARY

NOME LITERÁRIO:  OLGA SAVARY



DATA DE NASCIMENTO: 21 de maio de 1933

DATA DE FALECIMENTO: 15 de maio de 2020

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 03

FUNDADOR: Ana Mello

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Ana Mello

 

VIDA E OBRA DO PATRONO

    Olga Savary nasceu em Belém, no Pará, em 1933. Era filha única do engenheiro eletricista russo, Bruno Savary e da paraense neta de indígenas, Célia Nobre de Almeida. Enquanto criança, absorveu fortemente os elementos da cultura de sua terra natal, transmitidos pela família materna. Até os três anos, teve a vida dividida entre Belém e Monte Alegre no interior do Pará, cidade de seus avós maternos. Em 1936, seu pai, por motivo de trabalho, leva a família para o Nordeste, onde fixa moradia em Fortaleza.

    Em 1942, os pais de Olga se separaram e ela foi para o Rio de Janeiro onde passou a morar com um tio materno, começando a desenvolver suas habilidades literárias. Aos onze anos passa a redigir um jornalzinho, incentivada por um vizinho, para quem escrevia, sendo remunerada por isso. Sua mãe, no início, recriminava a vocação da filha, pois queria que ela se dedicasse à música, o que Olga detestava. Nesse tempo, ela começa a escrever e a guardar seus escritos em um caderninho preto, que sempre era deixado com o bibliotecário da ABI para que sua mãe não o destruísse.

    Sua convivência com a mãe se torna difícil ao ponto de Olga, aos 16 anos, pensar em ir morar com o pai, desistindo por achar que ainda estaria muito perto da mãe. Contudo, aos 18 anos, Olga volta a Belém, indo morar com parentes e estudando no Colégio Moderno. Posteriormente decide voltar para o Rio, onde começa a alavancar sua carreira de escritora.

    Participou do filme de 1968, “Edu, Coração de Ouro”. Correspondente de diversos periódicos no Brasil e no exterior, organizou várias antologias de poesia. Sua obra também está presente em diversas antologias brasileiras e internacionais, como a Antologia de Poesia da América Latina, editada nos Países Baixos, em 1994, com 18 poetas — inclusive dois prêmios nobel: Pablo Neruda e Octabio Paz.

    Foi poeta, como gostava de ser chamada, contista, romancista, crítica, tradutora e ensaista. Traduziu mais de 40 obras de mestres hispano-americanos, como Borges, Cortázar, Carlos Fuentes, Lorca, Neruda, Octavio Paz, Jorge Seprun e Mario Vargas Llosa e os mestres japoneses do Haicai - Basho, Buson e Issa.

    Foi membro do PEN Club associação mundial de escritores, vinculada à UNESCO, da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI - Associação Brasileira de Imprensa e do Instituto Brasileiro de Cultura Hispânica. Foi presidente do Sindicato de Escritores do Estado do Rio de Janeiro em 1997-1998. Foi também conhecida por ter sido a primeira mulher brasileira a lançar um livro inteiramente dedicado a poemas eróticos.

    Colaborou com vários jornais e revistas do Brasil e do exterior. Teve também alguns de seus poemas musicados pelo compositor e intérprete Madan, Pedro Luiz das Neves (1961 - 2014), como "Çaiçuçáua", "Pele" e "Geminiana".

 

6 de abr. de 2024

MILLÔR FERNANDES

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: MILTON VIOLA FERNANDES

NOME LITERÁRIO: MILLÔR FERNANDES

Millôr Fernandes

 

DATA DE NASCIMENTO: 16/08/1923            

DATA DE FALECIMENTO: 27/03/2012 

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 28

FUNDADOR: Marcelo Marques Ferreira

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Marcelo Marques Ferreira 

 

VIDA E OBRA DO PATRONO



            Millôr Viola Fernandes (1923-2012) nasceu no bairro do Méier, no Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto de 1923. Era filho do engenheiro Francisco Fernandes um imigrante espanhol, e de Maria Viola Fernandes. Deveria ter se chamado Milton, mas a caligrafia do tabelião o fez Millôr.

Millôr Fernandes foi um desenhista, humorista, tradutor, escritor e dramaturgo brasileiro. Conhecido por suas frases provocativas e bem-humoradas, é considerado um dos maiores dramaturgos do país. Era um artista com múltiplas funções. Escreveu colunas de humor para as revistas O Cruzeiro e Veja, para o tabloide O Pasquim e para o Jornal do Brasil.

            Ele ficou órfão de pai quando tinha dois anos de idade. Passou a infância ao lado da mãe e dos irmãos, Hélio, Judith e Ruth, época em que enfrentaram dificuldades financeiras.

            Aos 12 anos, perdeu a mãe e os irmãos se separaram. Millôr foi morar na casa de um tio materno. Com habilidades para o desenho e leitor de histórias em quadrinho, copiava quadro por quadro com perfeição.


Início da carreira


            Incentivado pelo tio Antônio Viola, Millôr levou seus desenhos para o periódico O Jornal, que logo foram publicados lhe rendendo uns trocados.

            Em 1938, com 15 anos, o jovem Millôr ingressou no mercado de trabalho, como office-boy em um consultório médico e na revista O Cruzeiro, de Assis Chateaubriand. Para se aperfeiçoar em sua especialidade além de iniciar seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Nesse ano, foi o vencedor em um concurso de contos da revista A Cigarra, onde passou a trabalhar.

5 de abr. de 2024

Morte Súbita por Valéria Pisauro



MORTE SÚBITA

a palha cobria o telhado
sujeito sujo e difuso - o objeto
pés juntos sugere morte.

Pedro Cardoso




Em MORTE SÚBITA, Pedro Cardoso, apresenta um poetrix de notório predomínio lírico-reflexivo, de interrogação existencial e filosófico, movido por inquietudes voltadas para “o ser e o estar-no-mundo”.

O tema da inconstância do mundo, da instabilidade da vida, da fugacidade de tudo, é constatado a partir do próprio título: a morte súbita - aquela que ocorre de forma abrupta, uma morte imprevisível e inesperada.

O poeta Pedro Cardoso, de forma surpreendente, traça uma relação conjuntiva entre o título e oprimeiro verso “a palha cobria o telhado”, emprestando ao poetrix uma riqueza de recursos imagéticos e metafóricos.

Há um simbolismoem uni-los e sustê-los estruturado no sentimento de vulnerabilidade perante a morte.

O “telhado” se estabelece comoobjeto divisor: limita o espaço, impede a visão do céu e está estruturado em tensões e antinomias entre céu e terra; vida e morte; infinito e finito; condenação e salvação; pecado e perdão.

É importante ressaltar que aparentemente o telhado causa uma sensação de segurança, de aconchego;entretanto, trata-se de uma falsa proteção, pois, não tem resistência, está coberto por palha, reforçando a ideia de fragilidade,de ilusão, de vaidades, que resulta no questionamento do mundo, sobre a precariedade e os desenganos da vida.

A “palha”, dessa forma, justifica-se como referência instável e oscilante, que confere mais sentido à angustiada meditação diante da adversidade do tempo.

Os elementos opostos de abstração (morte) e concretude (palha, telhado) reforçam a ideia de um enigma existencial que permanece sem resolução.

No segundo verso, “sujeito sujo e difuso - o objeto”, alegoriza o homem com suas imperfeições, “sujo e difuso” e ciente de estar se debatendo com seus próprios limites buscando uma saída nem que seja pela dissolução do próprio ser, antecipando o terceiro verso.

Pode-se apreender nesse verso o “racionalismo” evidente na contenção emocional, uma vez que ao começar pela palavra o “sujeito” e ao terminar em “objeto”, o poeta traça um círculo que nos devolve sempre à mesma questão, nunca respondida, numa espécie de “moto perpétuo”, que permanece sempre em essência, não só como possibilidade à procura do ato, mas também como uma fatalidade que o faz permanecer dentro do redemoinho da sua contingência humana.

No terceiro verso, “pés juntos sugere morte”, leva-nos a um desfecho desconcertante com a barreira intransponível da morte, reduzindo-a em silêncio, melancolia e solidão, reflexo da sua própria existência.

A expressão “pés juntos” remete a ideia de complemento de um juramento. Tem origem com a Inquisição, onde uma das torturas empregadas para que o preso se declarasse consistia em amarrar seus pés. A expressão se popularizou e passou a designar a morte, o não mais caminhar, o estático.

O poetrix MORTE SÚBITA, ainda, possui um caráter discursivo ou conceitual, pois pretende comunicar-nos, através de uma argumentação cerrada, antes um “pensamento” acerca de Vida e Morte que um “sentimento” sobre esses extremos.

O referido poetrix não propõe nenhuma transcendência religiosa, nem conciliação imaginária para o sofrimento, pois a ferida aberta da condição humana é a sua temática nuclear. Também, não reflete um sentimento negativista da vida, e, sim, a conscientização da efemeridade de todas as coisas.

Pedro Cardoso, em MORTE SÚBITA,nos presenteia comum poetrix não apenas filosofante, mas, também, uma filosofia poetizada. Cria dentro do poetrix um dinamismo vital, pois ao terminar com a afirmação de “pés juntos sugere morte”, volta ao princípio, que o “sujeito sujo e difuso - o objeto” está à mercê a qualquer momento de uma morte súbita.

Nesse sentido, o poetrix MORTE SÚBITA comunga com a trilogia universal: a esfera material (“sujeito” e “objeto”), o caminho e os obstáculos (“telhado”) e o espiritual (“morte”), e traça uma travessia de expressão lírica da angústia do ser, que se sabendo racional, quer tornar redutíveis a termos poéticos as suas perplexidades de homem e a sua experiência vital, e dela, conclui-se, o Poeta não vê saída.


Por Valéria Pisauro 




4 de abr. de 2024

YOSA BUSON


 

NOME COMPLETO DO PATRONO: Taniguchi Buson

NOME LITERÁRIO: Yosa Buson

Yosa Buson

 

ANO DE NASCIMENTO: 1716

ANO DE FALECIMENTO: 1784

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 07

FUNDADOR: Dreyf Gonçalves

ACADÊMICA ATUAL: Sandra Boveto

 

VIDA E DO PATRONO

 

Yosa Buson é um dos quatro grandes mestres do haicai japonês (haiku). Deu novos ares à poesia japonesa com Matsuo Bashô, Issa Kobayashi e Masaoka Shiki. Nasceu Taniguchi Buson, em Kema, na província de Settsu (atual Osaka), no Japão, em 1716, 22 anos depois da morte de Bashô. Foi um dos mais renomados artistas japoneses do período Edo, conhecido, especialmente, por suas habilidades na pintura e poesia haiku.

Buson mostrou interesse precoce pela arte. Sua paixão o levou a Kyoto, onde estudou pintura com um artista do estilo nanga, uma forma de arte literária japonesa influenciada pela pintura chinesa. Nessa arte, destacam-se as pinturas que fez para o templo da Ilha de Shikoku.

Apesar de inicialmente se dedicar à pintura, Buson, eventualmente, se voltou para a poesia haiku, um gênero que lhe permitiu combinar sua habilidade pictórica com a expressão poética. Sua abordagem única para o haiku, frequentemente, envolvia a fusão de imagens visuais e sensações emocionais, resultando em poemas que refletiam esses aspectos. Sua poesia e sua pintura traduziam sua profunda conexão com a natureza e com a capacidade de capturar momentos fugazes e atmosferas evocativas.

Em 1737, Buson se mudou para Edo (atual Tóquio) para estudar pintura e haiku, na Shômon, escola de Bashô. Durante sua vida, Buson viajou extensivamente pelo Japão, absorvendo as paisagens e as pessoas que encontrava em suas obras de arte. Em 1751, estabeleceu-se em Quioto, como pintor profissional, onde passou a maior parte de sua vida.

Anos depois, mudou-se para Tango, onde viveu, de 1754 a 1757, em um mosteiro budista local, exercitando-se nas práticas meditativas do budismo. Após esse período, regressou a Quioto, onde ficou até o final de sua vida. Foi então que mudou seu nome para Yosa, nome de uma cidade na província de Tango, acredita-se que em memória da mãe, que nasceu nessa região.

Além de sua contribuição para a literatura e as artes visuais, Buson também era um mestre do haiga, uma forma de arte que combinavam haiku e pintura. Seus haigas, muitas vezes apresentavam uma harmonia entre a palavra e a imagem, criando uma experiência estética única para o espectador.

Como oportunidade de observar a riqueza dos haikus de Buson, citam-se abaixo alguns exemplos, com anotações extraídas do Portal Nippo Brasil (nippo.com.br):


Vai-se a primavera
O alaúde nos meus braços
já bem mais pesado.

 

3 de abr. de 2024

Eno Teodoro Wanke

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: Eno Teodoro Wanke

NOME LITERÁRIO: Wanke

Eno Teodoro Wanke

 

DATA DE NASCIMENTO: 23/06/1923            

DATA DE FALECIMENTO 28/05/2001 

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 17

FUNDADOR: Oswaldo Francisco Martins

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Oswaldo Francisco Martins

 

VIDA E OBRA DO PATRONO

 

Filho de Ernesto Francisco Wanke e de Lucilla Klüppel Wanke, Wanke nasceu em Ponta Grossa – PR. Foi alfabetizado na Escola Evangélica Alemã de Ponta Grossa, escola que viria a ser fechado em consequência de ação imposta pelo Estado Novo, tendo então sido transferido para o Liceu de Campos, que pertencia a professora Judith Silveira, que acabou por virar nome de rua na cidade onde nasceu Wanke.

Como aluno ainda estudou no Colégio Regente Feijó, de Ponta Grossa e no Colégio Santa Cruz, da cidade de Castro – PR, tendo no último terminado o Curso Ginasial, onde completou o ginásio. Foi morar em Curitiba – PR em 1948 e ali completou o Curso Científico no Colégio Iguaçu no Colégio Iguaçu. Em 1949 foi bem-sucedido em concurso vestibular para Engenharia Civil, curso que completou em 1953.

Após prestar vestibular, entrou para a Escola de Engenharia Civil da Universidade do Paraná, formando-se em 1953.

Exerceu atividades laborais como engenheiro civil:

– 1954-1955:  Prefeitura de Ponta Grossa como fiscal de construção de uma linha de alta tensão elétrica em Curitiba, da Companhia Força e Luz do Paraná;

– 1957: admitido no curso de Refinação de Petróleo, da Petrobrás, Rio de Janeiro, cujo ingresso se deu via por concurso público, curso que completou com êxito;

– 1958: ingressou na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão, SP, tendo sido morador de Santos – SP por 11 anos contínuos;

– 1969: a partir deste ano e já transferido pela Petrobras para o Rio de Janeiro, desempenhou suas atividades na empresa até sua aposentadoria.

Na seara literária, seus escritos começaram a ser elaborados aos 11 anos de idade. Na construção do seu legado tesouro, Wanke se consagrou por apresentar várias facetas literárias e ter produzido escritos maravilhosos.

Wanke se notabilizou como poeta, trovador, contista, cronista, antologista, biógrafo, dicionarista, ensaísta, historiador, fabulista, prefaciador etc.

Com propriedade afirma a crítica literária que Wanke produziu textos literários que se nos conformam pertencentes aos ricos períodos do classicismo e do modernismo, tendo sido tudo escrito com extrema maestria, sendo muito bem navegado o lirismo, o romantismo e o parnasianismo pelo extraordinário paranaense escritor.

São destaques na obra de Wanke pensamentos humorísticos, esses expressos principalmente em clecs publicados e selecionados por Elmar Joenck, tais como os seguintes:

 

Quando um adjetivo mente, ele, por castigo, vira advérbio;

 Folha que se desprende da árvore não volta nunca mais;

 Melhor perder o trem do que perder a linha;

 O sol nasce para todos. Mas a maioria prefere dormir um pouco mais;

 Um tolo inteligente não fala, que é para não revelar sua condição. 

2 de abr. de 2024

Poetrix de Maria Correia


 

MATSUO BASHÔ

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: Matsuo Munefusa

NOME LITERÁRIO: Matsuo Bashô

Matsuo Bashô


DATA DE NASCIMENTO: 1644

DATA DE FALECIMENTO: 28 de novembro de 1694

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 01

FUNDADOR: Goulart Gomes

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Goulart Gomes

 

VIDA E OBRA DO PATRONO

 

Matsuo Munefusa, conhecido pelo pseudônimo de Bashô, nasceu no Japão em uma família de samurais agricultores, oriundos da classe dos guerreiros, mas deixou o campo aos 23 anos de idade para se dedicar completamente à literatura. Estuda, então, com Kitamura Kigin, que já iniciara a transformação do haicai (um terceto composto de cinco, sete e cinco sílabas), do qual Bashô viria a ser o maior mestre. Em contato com o zen-budismo de Zengin, seu segundo professor, Bashô formou sua própria filosofia. Com a morte de Zengin, em 1667, viajou para Kyoto e, em 1672, para Yedo, hoje Tóquio. 

Em Yedo aperfeiçoou seu conhecimento das regras poéticas. As escolas de poesia existentes, Kofu e Danrin, estavam decadentes, e Bashô criou uma escola própria, chamada Shofu. Pouco a pouco, jovens poetas admiradores da sua poesia e da sua vida contemplativa se reuniram em torno dele. Bashô não tinha domicílio fixo, ia de cidade em cidade, recitando para quem o quisesse ouvir. Estabeleceu-se, por fim, em Fukagawa, perto de Yedo, numa cabana. No seu retiro, aperfeiçoava-se no conhecimento e na prática do zen-budismo. 

Em 1684, tornou-se de novo peregrino.

Bashô costumava registrar cada viagem sua num diário ou em poemas que representavam a sua vida, toda consagrada ao êxtase poético e à contemplação da natureza e da gente simples.

Em 1689 abandonou sua cabana e partiu para o Norte do Japão. Continuou sua vida errante até 1694, em permanente aperfeiçoamento espiritual, enquanto seu estilo ganhava em força de evocação, concisão e simplicidade. Nesse ano, doente, instalou-se em Osaka. Foi enterrado no templo Yoshinakadera.

Bashô ocupa lugar de primeiro plano na literatura do Japão, não só em razão de sua obra, mas também pela sua personalidade exemplar, que serviu de modelo a gerações inteiras de poetas. A originalidade da escola de poesia Shofu era definida por três termos: "sabi", "shiori" e "hosomi". O primeiro aludia à sobriedade que nasce da meditação do poeta diante da natureza; o segundo, à harmonia, regra de ouro da poesia; o terceiro, à tranquilidade atenta que resulta também da contemplação poética. A escola de Bashô recomendava o abandono do formalismo em benefício da própria expressão sincera dos sentimentos e emoções. O haicai atingiu, assim, profunda essência poética e fina sutileza de expressão.


Autor: Goulart Gomes

 

Referência

Enciclopédia Mirador Internacional.

 

1 de abr. de 2024

ANIBAL BEÇA

 

NOME COMPLETO: ANIBAL AUGUSTO FERRO DE MADUREIRA BEÇA NETO

NOME LITERÁRIO: ANIBAL BEÇA

Anibal Beça

 

DATA DE NASCIMENTO: 13.09.1946

DATA DE FALECIMENTO: 24.08.2009

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 09

FUNDADOR: JUDITH DE SOUZA

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: LUCIENE AVANZINI

 

VIDA E OBRA DO PATRONO

 

Anibal Beça nasceu em Manaus (AM) no dia 13 de setembro de 1946, filho de Alfredo Antônio de Magalhães Beça e de Clarice Corrêa Beça, sobrinho neto do escritor Aluísio Azevedo, parentesco herdado da sua avó materna que era sobrinha do escritor. Começou seus estudos em Manaus, e na adolescência foi para Novo Hamburgo (RS) onde estudou no Colégio São Jacó. Teve a alegria de conviver com o poeta Mário Quintana em Porto Alegre.

Anibal Beça foi poeta, jornalista e compositor brasileiro, além de ser considerado o avô do poetrix. Ao voltar para Manaus, trabalhou como repórter, redator e editor em diversos jornais locais. Foi ainda diretor de produção da TV Cultura do Amazonas. Época em que idealizou o suplemento literário “O Muhra”, editado pela própria secretaria.

Anibal Beça é considerado o avô do poetrix. Detalhe importante na história desse terceto fantástico repleto de multiplicidade onde o “mínimo é máximo”. Goulart Gomes, em seu discurso de posse na Academia Internacional Poetrix, discorreu sobre uma conversa que teve com Anibal Bessa, expondo seu desejo de lançar um livro de haikais. ao apresentar o esboço do mesmo, no ano de 1999 e  com vários poemas publicados pelo mundo, resolveu pedi opinião ao escritor Aníbal Beça que tratou de esclarecer e disse:  “pode chamar seus tercetos do que quiser, mas não de haikais”. Provocado, Goulart Gomes criou uma nova linguagem literária, o POETRIX.

Anibal Beça tinha um jeito todo seu de escrever. Gostava criar um conteúdo reflexivo trazendo a condição humana e a preocupação com o sentido da vida, da inconstância do tempo e do amor e seus desencontros. Alguns dos seus poemas já apresentavam versos curtos, buscando uma linguagem econômica. Esse amazonense, influenciado por Luiz Bacellar, tornou-se o segundo haicaista de Manaus e mostrou que o haicai é uma poesia presente de norte a sul do Brasil. Interessante é perceber que seus haicais são tão naturais, que acabam se confundindo com a própria floresta amazônica.

 

“Num piscar de olhos

pestanas batem asas

foi-se a borboleta.”

 

“Folhas abafadas:

desperta o uirapuru

a manhã da selva.”

 

“Cúmulos nimbo –

a última lua azul

se pôs amarela.”

 

“Sob a luz da lua

segue em direção da toca –

tranquilo tatu.”

 

31 de mar. de 2024

MARCOS SALUN

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: MARCOS GIMENES SALUN

NOME LITERÁRIO: MARCOS SALUN

Marcos Salun

 

DATA DE NASCIMENTO: 15 DE SETEMBRO DE 1953

DATA DE FALECIMENTO: 28 DE MAIO DE 2021

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 24

FUNDADOR: FRANCISCO JOSÉ SOARES TORRES

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: FRANCISCO JOSÉ SOARES TORRES

 

VIDA E OBRA DO PATRONO

 

Marcos Gimenes Salun nasceu em 15 de setembro de 1953, no Bairro Ipiranga, em São Paulo. Entrou para o curso de Comunicação Social, formando-se em Jornalismo no ano de 1978 pelas Faculdades Integradas Alcântara Machado (FMU - FIAM). Iniciou suas atividades como free lancer em vários jornais de bairro. Durante muitos anos foi editor e repórter de jornais de empresa. Atuou como co-editor do jornal "O Bandeirante", da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (SOBRAMES), Regional de São Paulo, filiada da SOBRAMES Nacional, que admitia em seu quadro, além de médicos, outros profissionais, como juristas e jornalistas.

Marcos Salun foi o fundador/administrador e editor da Revista Virtual OPINIAS. Organizou e coordenou encontros culturais, jornadas e congressos literários nacionais e internacionais, além de concursos de prosa e poesia. Participou de inúmeras coletâneas e antologias tendo sido também, em muitas delas, seu organizador e editor. Foi premiado em vários certames literários. Tem trabalhos publicados em blogs e sites. Foi membro do Movimento Internacional Poetrix (MIP).

Aposentou-se como jornalista e, segundo suas próprias palavras, "tentando complementar meus parcos proventos da previdência pessoal, visando pelo menos pagar um plano de saúde para mim e esposa e dar conta de despesas básicas".

Marcos era portador de uma doença crônico-degenerativa, a ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) que lhe tirou a vida depois de um ano internado, de maio de 2020 a maio de 2021, período durante o qual seus amigos acompanharam seu martírio pelo Facebook.

Criou uma editora, a Rumo Editorial, onde publicava livros de autores amadores por encomenda dos mesmos. Escreveu em 2020: "No momento atual em que atravessamos uma pandemia, onde o mundo inteiro está sob a terrível ameaça do novo corona vírus, batizado de Covid 19, minha situação não é diferente da tua. Estou apreensivo pelo futuro que nos espera - isso se sobrevivermos".

Marcos foi internado no dia 09 de maio de 2020, mas não pela Covid e sim por causa da ELA. Comunicou-se pelo Facebook até novembro de 2020. A partir daí silenciou, morrendo em maio de 2021.

Talvez antevendo o futuro, ao atingir, no final de 2016 a marca de 55 livros com textos de sua autoria, resolveu agrupar todos os seus escritos numa série de volumes, organizando sua própria produção literária dos últimos 27 anos reunida, incluindo também alguns volumes com textos inéditos devidamente preservados em suas gavetas desde seu tempo de estudante de jornalismo "apenas para que tudo fique bem guardado no tempo". A sua obra foi reunida em 5 volumes. Volume 1: "Para bem existir" (2017); Volume 2: "Pipas no caminho" (2018)", Volume 3; "Janela aberta" (2019); Volume 4: "Cabeça de cachorro" (2020); Volume 5: "Razão e emoção" (2021). O conto "Cabeça de cachorro" que dá título ao volume 4, publicado em março de 2013, foi vencedor do Prêmio Flerts Nebó (2011-2012). Encontra-se à venda no site da Amazon o livro Natal estragado, publicado em 2016 por Rumo Editorial, editora do escritor.


SÁVIO DRUMMOND

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: Hermógenes Sávio de Carvalho Drummond

NOME LITERÁRIO: Sávio Drummond

 

Sávio Drummond

DATA DE NASCIMENTO:1951       

DATA DE FALECIMENTO: 2014

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 23

FUNDADOR:  Andréa Abdala

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Andréa Abdala

 

VIDA E OBRADO PATRONO

 

Sávio Drummond, baiano, médico, possui um belo acervo de contos, poesia e poetrix, além de uma habilidade para desenhar. Como desenhista criou caricaturas de amigos e capas dos livros de diversos escritores do Grupo Cultural Pórtico. Tratava-se de uma alma liberta, por isso não demorou muito neste plano. Após seu falecimento prematuro, Goulart descreveu sobre o poeta: Passeava do trágico ao cômico, do lírico ao popular, com muita leveza e propriedade.

Fui presenteada com um extenso arquivo contendo contos escritos por Sávio, alguns datados de 1995, outros de 2011 e 2012, neles procuro traçar linhas de sua personalidade, estilo, gostos e desgosto.

Sávio habitou num tempo onde a postagem de fotos e selfies não eram tão comuns como nos dias de hoje. A única foto que temos do poeta ainda é desfocada, escondendo pouco de seu rosto, porém delineando o corpo que servia de abrigo para uma alma brilhante, visível nos textos deixados por ele. Sendo assim, eu o apresento em alguns poemas:

 

FADA

 

Corre fada, sara meu mal de amor.

Vem em teus passos de vento assanhar o meu leito,

acalmar meu peito, calar pra sempre esta dor.

Expulsa os fantasmas eternos das muitas noites sem fim.

Ama-me intensamente ou simplesmente, finges que sim.

 

Esse é um poema com acentuado estilo romântico da Segunda Geração em que o poeta explora as emoções exacerbadas e a subjetividade, nele representados pela invocação de uma fada, ser místico, de seus sonhos e da sua imaginação, deixando para trás o que supõe ser uma perversa, talvez, crua, realidade material, de sentimentos idealizados. Por meio do poema o eu lírico faz um pedido a um ser imaginário, ao qual se atribui poderes mágicos, a fim de lhe aplacar as dores causadas pela perda de um amor intenso, que ainda povoa seus pensamentos e o faz sofrer.