NOME COMPLETO DO PATRONO: Hermógenes Sávio de Carvalho Drummond
NOME
LITERÁRIO: Sávio Drummond
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Sávio Drummond |
DATA DE NASCIMENTO:1951
DATA
DE FALECIMENTO: 2014
NÚMERO
DA CADEIRA NA AIP: 23
FUNDADOR: Andréa Abdala
NOME
DO ACADÊMICO ATUAL: Andréa Abdala
VIDA E OBRADO PATRONO
Sávio
Drummond, baiano, médico, possui um belo acervo de contos, poesia e poetrix,
além de uma habilidade para desenhar. Como desenhista criou caricaturas de
amigos e capas dos livros de diversos escritores do Grupo Cultural Pórtico.
Tratava-se de uma alma liberta, por isso não demorou muito neste plano. Após
seu falecimento prematuro, Goulart descreveu sobre o poeta: Passeava do
trágico ao cômico, do lírico ao popular, com muita leveza e propriedade.
Fui
presenteada com um extenso arquivo contendo contos escritos por Sávio, alguns
datados de 1995, outros de 2011 e 2012, neles procuro traçar linhas de sua
personalidade, estilo, gostos e desgosto.
Sávio
habitou num tempo onde a postagem de fotos e selfies
não eram tão comuns como nos dias de hoje. A única foto que temos do poeta
ainda é desfocada, escondendo pouco de seu rosto, porém delineando o corpo que
servia de abrigo para uma alma brilhante, visível nos textos deixados por ele. Sendo
assim, eu o apresento em alguns poemas:
FADA
Corre fada, sara meu mal de
amor.
Vem em teus passos de vento assanhar o meu leito,
acalmar meu peito, calar pra sempre esta dor.
Expulsa os fantasmas eternos das muitas noites sem
fim.
Ama-me intensamente ou simplesmente, finges que
sim.
Esse é um poema com acentuado
estilo romântico da Segunda Geração em que o poeta explora as emoções
exacerbadas e a subjetividade, nele representados pela invocação de uma fada,
ser místico, de seus sonhos e da sua imaginação, deixando para trás o que supõe
ser uma perversa, talvez, crua, realidade material, de sentimentos idealizados.
Por meio do poema o eu lírico faz um pedido a um ser imaginário, ao qual se
atribui poderes mágicos, a fim de lhe aplacar as dores causadas pela perda de
um amor intenso, que ainda povoa seus pensamentos e o faz sofrer.
ANJO
Se o amor tomasse forma
teria que ter o teu jeito.
Teria os cabelos negros
e muita dor no peito.
Às vezes penso que não existes
assim em teu olhar de mel.
Pois se estás aqui comigo
deve estar faltando anjo no céu.
Em Anjo, o poeta também usa a
temática da Segunda Geração do Romantismo: um amor idealizado, a mulher
sonhada, projetada, mas inatingível, primando pela sonoridade das palavras e a
musicalidade dos versos demonstrando seu cuidado com o labor poético. Esses
recursos contribuem para a estética da obra, além de nos permitir enxergar um
eu lírico apaixonado, comparando a mulher amada a um anjo.
Poetrix
de Sávio Drummond
antropofágico
quando te
fores
leva contigo
meus olhos,
já que levastes
as cores.
ferohormônio
pressinto-te
no ar,
farejo-te no
vento,
qual bicho ao
relento
pergunta
pergunto-me
deste criança:
o que resta ao
homem,
quando acaba a
esperança?
O amor e a paixão estão presentes nos poetrix que
acabamos de ler. Há em antropofágico
um certo tom de melancolia e uma sensação de saudade que permeiam muitas obras
românticas, refletindo um sentimento de perda ou insatisfação com o presente.
A poesia romântica frequentemente recorre a imagens
simbólicas e metáforas para transmitir emoções e ideias complexas. Percebe-se
nos versos de Sávio a valorização da expressão do eu interior e da
subjetividade.
No e-book
Patronos, publicado pela Academia em 2023, encontram-se poetrix de minha
autoria, compostos em homenagem a Sávio. Aqui estão:
NAS ASAS DE SÁVIO DRUMMOND
Misturou-se
às tintas
Coloriu
risos e palavras
Um
coração caricato
MOSAICO
Nele
cabiam riscos
Dele
brotavam versos
Na
alma assinava – médico
SALVE, SÁVIO!
Amou
a fada, adolescente
Amor
de anjo licencioso
Foi
abraçado no paraíso
Finalizo por aqui esta singela apresentação sabendo que deixei um pouco deste estimado e grandioso Patrono na companhia de vocês. Sinto-me muito feliz por ser ele quem me prestigia e que me apresenta aos leitores e admiradores do poetrix através da AIP. Termino minha narrativa com um texto de Sávio Drummond na coletânea de contos, presente de Goulart Gomes, em pdf, sem capa ou mesmo título.
Ao leitor
Segundo a milenar sabedoria chinesa, todo homem deve plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho, para justificar sua existência.
Plantar uma arvore? Plantei várias. No meu jardim, dois Jambeiros frondosos, abrigam dezenas de harmoniosos e barulhentos pássaros, que me acordam todas as manhãs.
Ter um filho? Tive uma filha, meu mais belo poema.
Quer dizer, que já justifiquei minha existência e posso morrer?
Que nada. Enquanto houver desocupados como você pra ler o que escrevo, vou levando...
REFERÊNCIAS:
Arquivo particular de Goulart Gomes;
Antologias Tempoema (Ed. Pórtico, 1995);
Anuário Pórtico, 1997;
Antologia 501 Poetrix, 2021;
Antologia Poetrix 1, 2002.
Autora: Andréa Abdala
3 comentários:
O meu Patrono não poderia ser outro. Admirável!
Puxa! Fiquei emocionada com a apresentação do Sávio. Pena que não o conheci pessoalmente... correria o risco de eu me apaixonar.
Adorei a carta ao leitor. E o que são esses poetrix que Andréa escolheu! Geniais.
Parabéns pelo texto e pelos poetrix em sua homenagem!
Os Poetrix compostos por Andréa resumem a temática do Patrono Sávio Drummond, um romântico, que longe de se ausentar da realidade, penso eu, mergulham nela, a ponto de ressignificá-la em mundos interiores criados na imaginação, na arte, tornando a vida possível de ser vivida no tempo dado pelo destino.
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