7 de fev. de 2024

Poetrix de Margarida Montejano



EM TEMPOS DE GUERRA 


Negação da vida
Resiliência é a ordem
Esperança e poesia nos salvam


Margarida Montejano

2 de fev. de 2024

Pichação - por Pedro Cardoso



PICHAÇÃO 

No grafite, grito riscado
Murais de palavras habitam
Arte germina no asfalto

(Valéria Pisauro)




Abri, aleatoriamente, a Antologia Poetrix 8 - Infinito. Encontrei, no sobressalto, o poetrix Pichação.

Confesso que o título despertou, em mim, a curiosidade poética. Achei interessante e instigante, uma vez que, essa modalidade é considerada crime no nosso país.

A pichação teve início no final dos anos 1960 em Paris, período da contracultura e das revoluções estudantis.

O grafite surgiu em meados dos anos 1970 na cidade de Nova York, quando jovens começaram a registrar marcas e desenhos nos muros da cidade.

A pichação é diferente do grafite.

Um esclarecimento: enquanto a pichação é feita sem permissão e com intuitos geralmente subversivos, o grafite é feito com autorização e em ambientes artísticos e/ou abertos..., tendo um conceito por trás.

É importante observar, de início, que o poema já nos mostra que se trata de um tema controverso.

O grafite geralmente se veste de mensagens sociais, mas, ainda assim, finca o dedo nas feridas das comunidades. Aflora os problemas intensos, promove uma visão mais apurada da sociedade e dos indivíduos que compartilham os mesmos valores éticos e culturais.

Já a pichação ganha contornos diferentes e bem mais controversos.

A expressão "grito riscado" no primeiro verso, passa a ideia de que o grafite é um desenho feito por extenso: algo comprido, que tende a ser longo. Não deixa de ser um desabafo, cunhado a partir do asfalto, como iremos encontrar depois, já no terceito verso. Sendo possível, inclusive, compreender a ideia de asfalto....tendo duplo sentido: o palpável e o figurado.

"Murais de palavras habitam". Um verso aliciante, parece que foi escrito de trás para a frente. Tem-se a impressão de que foi feito às avessas. O usual seria, palavras habitam murais.

Me fez lembrar a "competência" do ex-governador de São Paulo, que usou avental, máscara e óculos de proteção, para posar de mocinho da mente cinza e apagar, pessoalmente, os desenhos e palavras, que tomavam conta da avenida 23 de Maio.

"Arte germina no asfalto". Um verso onde a poesia transborda, vai além das palavras que o representam.

Finalmente, um poetrix que me fez repetir... E viva a poesia!!!


30 de jan. de 2024

Duplix - Pedro Cardoso e Cleusa Piovesan

DUPLIX 


FOTO Pedro Cardoso  //  AMOR PLATÔNICO Cleusa Piovesan




beijo colado na boca - menina // Ideal de felicidade

lábios de mel - Flor de Lis // desabrocham (des)ilusões

garota presa na moldura // sonho em pinceladas de Münch



------------------------------

29 de jan. de 2024

ENTREVISTA DE ANGELA BRETAS

 






ANGELA BRETAS

Acadêmica ocupante da cadeira 4 da AIP


Entrevista concedida a Goulart Gomes

1. Fale um pouco sobre você, sua vida pessoal:

 “Sou quem sou, simplesmente mulher não fujo e nem nego… Sou uma mulher temperada, não deixo o sal da vida salgar o meu lado doce”. Além da escrita sou apaixonada por artes visuais, especialmente a fotografia de natureza, tenho um olhar fotográfico e poético, consigo enxergar a beleza em tudo…  Sou irmã, tia, amiga, engraçada, estilosa, curiosa, ativista comunitária, voluntária, pecuarista, dona de casa, esposa, mãe de humanos, de jardins, hortas, plantas, poesias e pets… Nasci e vivi minha infância em Santa Catarina, parte da minha adolescência em Rondônia (família pioneira da região), lá conheci meu esposo, pai dos meus dois filhos Casamos e fomos juntos para os Estados Unidos, no ano de 1985. 

 2. Como se deu sua transição para os EUA? 

Como foi essa aventura que deu certo? Uma longa história que já foi descrita no meu livro Sonho Americano. Lá tive que me adaptar a uma vida completamente diferente, aprender nova língua, me acostumar com o clima, lá passei frio, sofri discriminação, xenofobia, assédio sexual, solidão… mas foi lá também que me tornei mãe, estudei (sou formada em Broadcasting), trabalhei em multinacionais, aprendi novos costumes, escrevi meus primeiros poetrix, publiquei livros, coordenei antologias, fui colunista social, repórter investigativa… Ufaaa! Nem acredito o tanto que já fiz, cansei só de lembrar. Atualmente possuo dupla cidadania, brasileira/americana e divido minha vida entre o aqui e o lá… Lá chamo de Flórida, onde residi por mais de duas décadas. Aqui no Brasil, em Rondônia, onde vivo, resido na zona rural. Duas residências paralelas e completamente distintas, que fazem parte da minha vida e me tornam o que sou, onde encontro inspiração para escrever.

 3. Como foi o seu início na literatura? 

Desde sempre gostei de escrever e de jornalismo. Com o passar dos anos e a mudança para outro país, a literatura e a leitura passaram a se tornar mais presentes na minha vida. Estando fora do Brasil e tendo que aprender outra língua me apeguei a leituras de livros em inglês. Assim que cheguei nos EUA fui para Massachusetts, Boston. Lá necessitava usar o metrô para me locomover e constatei admirada que a maioria dos presentes possuía um livro nas mãos, uma era em que não havia celulares e os americanos viviam mergulhados em leituras. O ar tinha cheiro de livros, de cultura, diariamente me via cercada por estudantes da Harvard, MIT, entre outros, que usavam o mesmo trajeto diário. Naquela cidade (Boston) há também uma das melhores e mais antigas bibliotecas do país (Copley Square). Lá eu tinha acesso a milhares de livros, gostava de ir lá e me perder entre livros e mais livros nos jardins seculares do local. Assim, foi como, no início aprendi parte do meu inglês. Posteriormente, já na Flórida, consegui uma bolsa de estudos e me formei.  Comecei lendo livros de história dos EUA, queria aprender tudo sobre aquele país. Depois passei a ler os clássicos de Shakespeare, li vários do Stephen King e as poesias de Mark Twain, Edgar Alan Poe, entre outros. Um dia fui comprar um casaco de frio em um brechó, em Boston, possuía somente vinte dólares no bolso. Achei o casaco, que custava quinze dólares, e ao me dirigir ao caixa avistei uma máquina de escrever, destas antigas, pesadas, de ferro. Esta máquina custava os vinte dólares. Desisti do casaco, optei pela máquina de datilografia. Recordo que carreguei aquela máquina pelas ruas geladas de uma manhã de inverno. Usava uma camiseta de mangas curtas. Entretanto, não senti frio. Abraçada à máquina sabia que ali iniciava a escrita da minha história de vida. Seria minha terapia, deixaria um diário de minha rotina. E assim nasceram as primeiras poesias, em Boston, escritas nesta máquina. Várias delas foram publicadas em meu livro de verso e prosa “Conversando com as Estrelas”. Posteriormente este diário foi adaptado para um conto, com a inclusão de narrativas de outros imigrantes que, assim como eu, estavam em busca do “sonho americano”, título do meu livro de contos, também publicado e divulgado nos EUA. Frutos desta máquina adquirida em um brechó.  Após alguns anos em Boston, a comunidade brasileira foi crescendo e foi fundado um jornal comunitário “Brazilian Times”. Fui colunista deste jornal por duas décadas, escrevendo desde a história dos EUA, para que os novos imigrantes pudessem conhecer também um pouco sobre o novo país. Dicas de passeios, de serviços comunitários e, é claro, com um espaço para a poesia, principalmente o poetrix. Nestas três décadas, em Massachusetts e Flórida, publiquei três livros e fui curadora e idealizadora das antologias “Brava Gente Brasileira em Terras Estrangeiras“ volumes 1 e 2. Antologias escritas exclusivamente por imigrantes brasileiros residentes no exterior. Fundei uma biblioteca comunitária. Promovi encontros lítero-culturais, concursos de poesia… enfim, levantei a bandeira do hábito da escrita aos brasileiros no exterior. Com orgulho recebi inúmeras condecorações internacionais, participei de encontros literários e bienais nos Estados Unidos, Japão e Itália. Recentemente fui empossada como “Imortal vitalícia / Doutora Honoris Causa” da ALB - Academia de Letras do Brasil - SP, por ter contribuído com a divulgação e propagação da literatura brasileira em terras estrangeiras. 

28 de jan. de 2024

PROJETO POETRIX 2024









O projeto Poesia nossa de todo dia visa incentivar a leitura e a escrita de textos poéticos por meio de uma prática diária: a escrita do Poetrix, gênero poético minimalista, criado por Goulart Gomes, em 1999, sendo um gênero praticado, com assiduidade, pela Academia Internacional Poetrix (AIP) e pela Confraria Ciranda Poetrix, duas instituições comprometidas em fomentar as produções poéticas contemporâneas.

Neste ano de 2024, as atividades de leitura e produção de Poetrix serão aplicadas com os 9o Anos, de Ensino Fundamental II e 1o Ano, de Ensino Médio, que já possuem um conhecimento básico sobre a linguagem dos textos literários e sobre alguns recursos: figuras de linguagem, ambiguidade e intertextualidade, trabalhados em anos anteriores. A biblioteca da escola possui algumas obras sobre o Poetrix, que serão levadas à sala de aula para que os alunos conheçam o gênero e observem sua estrutura.

O direcionamento das produções terá como base as Diretrizes para a escrita de um bom Poetrix da AIP. Cada aluno receberá uma agenda personalizada com o nome do projeto, e a proposta é que eles escrevam um Poetrix por dia, até nos dias em que não terei aulas com a turma. Eles escreverão no caderno, antes de transcreverem para a agenda, porque o trabalho com escrita precisa de tempo de escrita, de revisão, e de avaliação, para que contemple o que o texto literário exige e siga as regras de composição do gênero poético Poetrix.

Em fevereiro, será ministrada uma oficina sobre a composição do Poetrix, via plataforma Meet, que contará com a distribuição de um xérox das Diretrizes Poetrix a cada aluno, e com o apoio de alguns integrantes da AIP e da Confraria Ciranda Poetrix, para que os alunos conheçam os poetrixtas que já se dedicam a tempo na composição e possam dar instruções mis claras e dicas relevantes.

Cleusa Piovesan 
Cadeira 27


27 de jan. de 2024

Poetrix de Marilda Confortin



Até que Demo nos u(r)na

Alianças de arame farpado
Emendas cerzidas à saliva
Casamento de aparência

Marilda Confortin

-.-.-.

ENDEREÇO

Contorne meus lábios
Siga minha língua
Bem-vindo ao céu

Marilda Confortin

-.-.-.

TODAY I SING THE BLUES

Vivo no presente
Ouço o passado
Alexa, toque Aretha

Marilda Confortin


Poetrix de Pedro Cardoso



Colombo

deserto - alto mar - santa
maria, pinta e niña - caravelas
Salvador, Dalí, não as viu

Pedro Cardoso


Embaçados

olhos esmaecidos - nus
eu e ela, frente e verso
desejei, apenas, roçar os seios

Pedro Cardoso


Foto

beijo colado na boca - menina
lábios de mel - Flor de Lis
garota presa na moldura

Pedro Cardoso

26 de jan. de 2024

Grafitrix Marília Tavernard


 

Poetrix de Ana Mello


 CONFORTO

não foi preciso tanto
poesia - um só grão
calou-se o pranto

Ana Mello

Poetrix de Marcelo Marques


MINHAS TATUAGENS

Pinturas de sangue
Feridas passadas
Cicatrizes do tempo

Marcelo Marques


EMOÇÕES DE POETA

Razões não domino
Busco inspirações
Entrego meus versos

Marcelo Marques


FLOR-PALAVRA

Cultivada semente avançou
Além do grito, voz floriu...
Deixou de ser muda

Marcelo Marques

25 de jan. de 2024

GRAFITRIX DE ANGELA BRETAS

 



Poetrix de Diana Pilatti

 
VELEIRO

Sereia solitária. 
Céu: Vitrais de incertezas.
-Sou passageira.

   Diana Pilatti


 LIMÍTROFE

caminho pelo mundo
todas as mulheres que fui sorriem
abismo mágico 

   Diana Pilatti

24 de jan. de 2024

Poetrix de Saulo Pessato


Manhãs europeias

Saudades passarinhas:
bem-te-vis quero-quero...
Vai ficar querendo!


Silepse

nós homens
problema de gênero
inúmeros

Saulo Pessato 

Poetrix de Claudio Trindade



CASÓRIO EM PERIGO

vestido esvoaçante
brancura virginal reflete
pisa em falso, lama respinga

Claudio Trindade


POETA EM TRANSE

constrói fantasias
sonha de olhos abertos
respinga versos

Claudio Trindade


OMBRO AMIGO

mínimos detalhes
conhece o passado
... virgindade

Claudio Trindade


CHOVEM EMOÇÕES

rios de lama
morros despenam
tempestade de lágrimas

Claudio Trindade