18 de fev. de 2024

Poetrix de Marilda Confortin

 
PARINDO OS DIAS

Podo, quebro, mudo.
Vezes flores, outras não.
Gesto vagos amanhãs.

Marilda Confortin

Poetrix de Oswaldo Martins


NO CLÃ DE GATUNOS VIS

Desrespeito e cretinice.
Lixo e absurdas mentiras.
Burrice por subletrados.

Oswaldo Martins


NA POETRÍXTICA ECLOSÃO

Tem-se o mote de repente.
Na conformação, três versos.
Bula satisfeita: trix!

Oswaldo Martins

15 de fev. de 2024

POETRIX TEMÁTICOS - MÁSCARAS

 

Poetrix Temáticos – Máscaras
 
Curadoria do Projeto: Acadêmicas Luciene Avanzini e Andréa Abdala

 
 BELEZA OCULTA 

dançam luzes e sombras
máscaras vestem mistérios
chove magia no ar 

Luciene Avanzini

 
ESCAPISMO
 
Máscaras tomam esquinas
Identidades resguardadas
Igualdade fugaz
 
Andréa Abdala

 
FANTASIA DIÁRIA
 
Uso máscaras do viver
carnavalizo meus dias
folia na alma
 
Cleusa Piovesan
 

DESMASCARADA
 
Flagrada sem burca
Pena: lavar cadáveres
Um deles, seu marido
 
Marilda Confortin

 
CADA UM VESTE A SUA
 
Chega o Carnaval
Teatro popular
Desfile de máscaras
 
Dirce Carneiro
 

CRUEL VIOLAÇÃO
 
Mascarado na madrugada
instintos selvagens gritam
mais uma vez "ela provocou"
 
Cleusa Piovesan

 
A MÁSCARA CAIU
 
queridinho da vovó
orgulho do papai
...nas páginas policiais
 
Bianca Reis

 
TERCETO SEM FANTASIA
 
Não há Poetrix mascarado
Foi não foi, é não é
Ele dorme, beije-o, ele acorda
 
Dirce Carneiro
 

PERSONA
 
vestia um lindo sorriso
casa família trabalho amigos
décimo andar e salto: sorriso-alívio
       
 Diana Pilatti

 
RITUAL MATINAL
 
o acento acena
retira a máscara de doída
… veste-se de doida
 
Angela Bretas

 
BAILE DE MÁSCARAS
 
Expostos sorrisos e flores
Ocultas lágrimas e espinhos...
Dançam dores e mágoas
 
Marcelo Marques

 
AÇÚCAR
 
olhos lambem a máscara
há gosto no mistério
cara, melo
 
Sandra Boveto

 
MÁSKES
 
olhos - a pares,
eu e ela à luz do dia - seguíamos
desnudos, lembranças do primeiro amor
 
Pedro Cardoso

 
DESMASCARADOS
 
máscaras caem
sorrisos forçados
… más caras
 
Angela Bretas

 
DISFARCE
 
amanhece devagar
o dia trajando luzes e cores
dourados mascaram o tempo
 
Lilian Maial
 
 
IMAGEM
 
Reflexo do espelho sangra
Máscara que não cicatriza
Envelhecer é triste.
 
Valéria Pisauro
 
 
AO NATURAL
 
Viver sem máscaras
Duro desafio
Mundo valoriza o ‘parecer’
 
Marcelo Marques

 
MÁSCARA
 
Por que usá-la?
Nem é Carnaval…
Falsear o caráter?
 
José de Castro

 
FUGAZ
 
encaro o espelho do tempo
- ainda sou eu?
escapo pela fissura da máscara

Diana Pilatti
 
 
ARTEFATO
 
a diferença ofensiva das máscaras:
ora somos homens, por horas mulheres
eis o segredo do figurino!
 
Pedro Cardoso

 
VENEZIANAMENTE
 
permitidas diversões proibidas
persona durante a festa
sem rosto, somos todos e nenhum
 
Lilian Maial

 
ANJO NA TERRA
 
Tirou a máscara.
Ninguém conseguiu mirar.
Brilho de sol ofuscava.
 
José de Castro

 
ESTREITO EFEITO

Personagens mascaradas
Estrangeiro do corpo
Avesso imerso da vaidade.
 
Valéria Pisauro
 
 
MÁSCARA SOCIAL
 
toda plena no Instagram
dores maquiadas
desgostosa do amanhã
 
Bianca Reis
 
INVENTO MÁSCARAS
 
olhos sem rosto
íris cor de arco-íris
um jeito de ouvir
 
Sandra Boveto

 
MÁSCARA VIRTUAL
 
A telinha é espelho
Caras, bocas, sorrisos
Tudo fake
 
Marília Tavernard

 
MASCARADO E MAU CARÁTER
 
Brinca o Carnaval sozinho.
Canta gente e canta música.
De fininho vai pra casa.
 
Oswaldo Martins

 
CONFETES E SERPENTINAS
 
Festejos pelas ruas
Máscaras abrem desfiles
Requebram todas as línguas
 
Andréa Abdala

 
CARNAVAL DOS INVISÍVEIS
 
Crianças de rua
Fantasias, nenhuma
A realidade desfila  nua

Marilda Confortin

 
POLÍTICA MASCARADA
 
fagulhas da verdade
esquemas revelados
ardilosas facetas
 
Angela Ferreira

 
ALEGORIA SELVAGEM
 
Esses valentões de carnaval..
Instinto primata quer briga de rua!
Pagação de mico.
 
Saulo Pessato

 
DE VÉU NA FESTA MOMESCA
 
Palhaço sem máscara
Democracia resiste
Macetar a cascavel
 
Ronaldo Ribeiro Jacobina


CERIMONIAL

no rosto o culto
incorporada ancestralidade
ritual dos deuses

Angela Ferreira

7 de fev. de 2024

Poetrix de Margarida Montejano



EM TEMPOS DE GUERRA 


Negação da vida
Resiliência é a ordem
Esperança e poesia nos salvam


Margarida Montejano

2 de fev. de 2024

Pichação - por Pedro Cardoso



PICHAÇÃO 

No grafite, grito riscado
Murais de palavras habitam
Arte germina no asfalto

(Valéria Pisauro)




Abri, aleatoriamente, a Antologia Poetrix 8 - Infinito. Encontrei, no sobressalto, o poetrix Pichação.

Confesso que o título despertou, em mim, a curiosidade poética. Achei interessante e instigante, uma vez que, essa modalidade é considerada crime no nosso país.

A pichação teve início no final dos anos 1960 em Paris, período da contracultura e das revoluções estudantis.

O grafite surgiu em meados dos anos 1970 na cidade de Nova York, quando jovens começaram a registrar marcas e desenhos nos muros da cidade.

A pichação é diferente do grafite.

Um esclarecimento: enquanto a pichação é feita sem permissão e com intuitos geralmente subversivos, o grafite é feito com autorização e em ambientes artísticos e/ou abertos..., tendo um conceito por trás.

É importante observar, de início, que o poema já nos mostra que se trata de um tema controverso.

O grafite geralmente se veste de mensagens sociais, mas, ainda assim, finca o dedo nas feridas das comunidades. Aflora os problemas intensos, promove uma visão mais apurada da sociedade e dos indivíduos que compartilham os mesmos valores éticos e culturais.

Já a pichação ganha contornos diferentes e bem mais controversos.

A expressão "grito riscado" no primeiro verso, passa a ideia de que o grafite é um desenho feito por extenso: algo comprido, que tende a ser longo. Não deixa de ser um desabafo, cunhado a partir do asfalto, como iremos encontrar depois, já no terceito verso. Sendo possível, inclusive, compreender a ideia de asfalto....tendo duplo sentido: o palpável e o figurado.

"Murais de palavras habitam". Um verso aliciante, parece que foi escrito de trás para a frente. Tem-se a impressão de que foi feito às avessas. O usual seria, palavras habitam murais.

Me fez lembrar a "competência" do ex-governador de São Paulo, que usou avental, máscara e óculos de proteção, para posar de mocinho da mente cinza e apagar, pessoalmente, os desenhos e palavras, que tomavam conta da avenida 23 de Maio.

"Arte germina no asfalto". Um verso onde a poesia transborda, vai além das palavras que o representam.

Finalmente, um poetrix que me fez repetir... E viva a poesia!!!


30 de jan. de 2024

Duplix - Pedro Cardoso e Cleusa Piovesan

DUPLIX 


FOTO Pedro Cardoso  //  AMOR PLATÔNICO Cleusa Piovesan




beijo colado na boca - menina // Ideal de felicidade

lábios de mel - Flor de Lis // desabrocham (des)ilusões

garota presa na moldura // sonho em pinceladas de Münch



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29 de jan. de 2024

ENTREVISTA DE ANGELA BRETAS

 






ANGELA BRETAS

Acadêmica ocupante da cadeira 4 da AIP


Entrevista concedida a Goulart Gomes

1. Fale um pouco sobre você, sua vida pessoal:

 “Sou quem sou, simplesmente mulher não fujo e nem nego… Sou uma mulher temperada, não deixo o sal da vida salgar o meu lado doce”. Além da escrita sou apaixonada por artes visuais, especialmente a fotografia de natureza, tenho um olhar fotográfico e poético, consigo enxergar a beleza em tudo…  Sou irmã, tia, amiga, engraçada, estilosa, curiosa, ativista comunitária, voluntária, pecuarista, dona de casa, esposa, mãe de humanos, de jardins, hortas, plantas, poesias e pets… Nasci e vivi minha infância em Santa Catarina, parte da minha adolescência em Rondônia (família pioneira da região), lá conheci meu esposo, pai dos meus dois filhos Casamos e fomos juntos para os Estados Unidos, no ano de 1985. 

 2. Como se deu sua transição para os EUA? 

Como foi essa aventura que deu certo? Uma longa história que já foi descrita no meu livro Sonho Americano. Lá tive que me adaptar a uma vida completamente diferente, aprender nova língua, me acostumar com o clima, lá passei frio, sofri discriminação, xenofobia, assédio sexual, solidão… mas foi lá também que me tornei mãe, estudei (sou formada em Broadcasting), trabalhei em multinacionais, aprendi novos costumes, escrevi meus primeiros poetrix, publiquei livros, coordenei antologias, fui colunista social, repórter investigativa… Ufaaa! Nem acredito o tanto que já fiz, cansei só de lembrar. Atualmente possuo dupla cidadania, brasileira/americana e divido minha vida entre o aqui e o lá… Lá chamo de Flórida, onde residi por mais de duas décadas. Aqui no Brasil, em Rondônia, onde vivo, resido na zona rural. Duas residências paralelas e completamente distintas, que fazem parte da minha vida e me tornam o que sou, onde encontro inspiração para escrever.

 3. Como foi o seu início na literatura? 

Desde sempre gostei de escrever e de jornalismo. Com o passar dos anos e a mudança para outro país, a literatura e a leitura passaram a se tornar mais presentes na minha vida. Estando fora do Brasil e tendo que aprender outra língua me apeguei a leituras de livros em inglês. Assim que cheguei nos EUA fui para Massachusetts, Boston. Lá necessitava usar o metrô para me locomover e constatei admirada que a maioria dos presentes possuía um livro nas mãos, uma era em que não havia celulares e os americanos viviam mergulhados em leituras. O ar tinha cheiro de livros, de cultura, diariamente me via cercada por estudantes da Harvard, MIT, entre outros, que usavam o mesmo trajeto diário. Naquela cidade (Boston) há também uma das melhores e mais antigas bibliotecas do país (Copley Square). Lá eu tinha acesso a milhares de livros, gostava de ir lá e me perder entre livros e mais livros nos jardins seculares do local. Assim, foi como, no início aprendi parte do meu inglês. Posteriormente, já na Flórida, consegui uma bolsa de estudos e me formei.  Comecei lendo livros de história dos EUA, queria aprender tudo sobre aquele país. Depois passei a ler os clássicos de Shakespeare, li vários do Stephen King e as poesias de Mark Twain, Edgar Alan Poe, entre outros. Um dia fui comprar um casaco de frio em um brechó, em Boston, possuía somente vinte dólares no bolso. Achei o casaco, que custava quinze dólares, e ao me dirigir ao caixa avistei uma máquina de escrever, destas antigas, pesadas, de ferro. Esta máquina custava os vinte dólares. Desisti do casaco, optei pela máquina de datilografia. Recordo que carreguei aquela máquina pelas ruas geladas de uma manhã de inverno. Usava uma camiseta de mangas curtas. Entretanto, não senti frio. Abraçada à máquina sabia que ali iniciava a escrita da minha história de vida. Seria minha terapia, deixaria um diário de minha rotina. E assim nasceram as primeiras poesias, em Boston, escritas nesta máquina. Várias delas foram publicadas em meu livro de verso e prosa “Conversando com as Estrelas”. Posteriormente este diário foi adaptado para um conto, com a inclusão de narrativas de outros imigrantes que, assim como eu, estavam em busca do “sonho americano”, título do meu livro de contos, também publicado e divulgado nos EUA. Frutos desta máquina adquirida em um brechó.  Após alguns anos em Boston, a comunidade brasileira foi crescendo e foi fundado um jornal comunitário “Brazilian Times”. Fui colunista deste jornal por duas décadas, escrevendo desde a história dos EUA, para que os novos imigrantes pudessem conhecer também um pouco sobre o novo país. Dicas de passeios, de serviços comunitários e, é claro, com um espaço para a poesia, principalmente o poetrix. Nestas três décadas, em Massachusetts e Flórida, publiquei três livros e fui curadora e idealizadora das antologias “Brava Gente Brasileira em Terras Estrangeiras“ volumes 1 e 2. Antologias escritas exclusivamente por imigrantes brasileiros residentes no exterior. Fundei uma biblioteca comunitária. Promovi encontros lítero-culturais, concursos de poesia… enfim, levantei a bandeira do hábito da escrita aos brasileiros no exterior. Com orgulho recebi inúmeras condecorações internacionais, participei de encontros literários e bienais nos Estados Unidos, Japão e Itália. Recentemente fui empossada como “Imortal vitalícia / Doutora Honoris Causa” da ALB - Academia de Letras do Brasil - SP, por ter contribuído com a divulgação e propagação da literatura brasileira em terras estrangeiras. 

28 de jan. de 2024

PROJETO POETRIX 2024









O projeto Poesia nossa de todo dia visa incentivar a leitura e a escrita de textos poéticos por meio de uma prática diária: a escrita do Poetrix, gênero poético minimalista, criado por Goulart Gomes, em 1999, sendo um gênero praticado, com assiduidade, pela Academia Internacional Poetrix (AIP) e pela Confraria Ciranda Poetrix, duas instituições comprometidas em fomentar as produções poéticas contemporâneas.

Neste ano de 2024, as atividades de leitura e produção de Poetrix serão aplicadas com os 9o Anos, de Ensino Fundamental II e 1o Ano, de Ensino Médio, que já possuem um conhecimento básico sobre a linguagem dos textos literários e sobre alguns recursos: figuras de linguagem, ambiguidade e intertextualidade, trabalhados em anos anteriores. A biblioteca da escola possui algumas obras sobre o Poetrix, que serão levadas à sala de aula para que os alunos conheçam o gênero e observem sua estrutura.

O direcionamento das produções terá como base as Diretrizes para a escrita de um bom Poetrix da AIP. Cada aluno receberá uma agenda personalizada com o nome do projeto, e a proposta é que eles escrevam um Poetrix por dia, até nos dias em que não terei aulas com a turma. Eles escreverão no caderno, antes de transcreverem para a agenda, porque o trabalho com escrita precisa de tempo de escrita, de revisão, e de avaliação, para que contemple o que o texto literário exige e siga as regras de composição do gênero poético Poetrix.

Em fevereiro, será ministrada uma oficina sobre a composição do Poetrix, via plataforma Meet, que contará com a distribuição de um xérox das Diretrizes Poetrix a cada aluno, e com o apoio de alguns integrantes da AIP e da Confraria Ciranda Poetrix, para que os alunos conheçam os poetrixtas que já se dedicam a tempo na composição e possam dar instruções mis claras e dicas relevantes.

Cleusa Piovesan 
Cadeira 27


27 de jan. de 2024

Poetrix de Marilda Confortin



Até que Demo nos u(r)na

Alianças de arame farpado
Emendas cerzidas à saliva
Casamento de aparência

Marilda Confortin

-.-.-.

ENDEREÇO

Contorne meus lábios
Siga minha língua
Bem-vindo ao céu

Marilda Confortin

-.-.-.

TODAY I SING THE BLUES

Vivo no presente
Ouço o passado
Alexa, toque Aretha

Marilda Confortin