14 de ago. de 2023
Poetrix de Oswaldo Martins
NAUFRÁGIO DO ESQUECIMENTO
Faz-nos esquecer má gente.
Condenado com lamento…
- Falsidade tão somente!
Oswaldo Martins
11 de ago. de 2023
Carta entre Amigos - Pedro Cardoso
Brasília, 05/05/23
Oi Marilda!
Recebi seu e-mail, hoje pela manhã, como se fosse uma carta, que prazer! Nem pude esperar que o sol se debruçasse no costado do muro, para que eu pudesse lhe responder. É sempre uma alegria enorme falar com você sobre tudo e, também, sobre nada.
Não podemos nos esquecer das nossas conversas ferrenhas sobre a poesia e, principalmente, dos nossos embates calorosos sobre o poetrix: esse bichinho mimado, cheio de garras e três cabeças quentes, que tanto nos faz pensar e dialogar, com seus concisos e malucos versos. Às vezes são tão densos que precisamos lê-los e relê-los, inúmeras vezes, para podermos entender o que foi dito e o que ficou escondido nas abas das entrelinhas. Este último que você me mandou, foi uma grata surpresa, me fez pensar como leitor e não como um escritor. Foi assim que nos vi diante dele - ombro a ombro. Mas vamos em frente, marchando firmes e fortes, sem perder a cadência poética das palavras.
Confesso que esperei ansioso por sua resposta ontem, como havíamos combinado, mas imaginei mesmo que você estava ocupada com as flores do seu delicioso jardim. O meu, como já lhe falei de outras vezes, tem uma Flor especial: não murcha, nem perde o cheiro... um verdadeiro encanto!
Ouvir de você: "Desculpe não ter cumprido com a promessa de responder tua carta ontem. Terminei muito tarde a minha lida de jardinagem. Chegou a noite, eu estava exausta e só queria tirar a terra que estava em todos os cantos do meu corpo. Mas, antes de dormir eu li. Emocionei. Já disse em outras ocasiões que o Poetrix para mim, tornou-se um estilo de vida. Ele ampliou o meu modo de entender e praticar o minimalismo.", foi encantador!
Fiquei feliz demais ao ver que você destacou uma parte, tão importante para mim, da minha própria fala:: "Através da arte minimalista o autor instiga o leitor a viver melhor, a se desapegar das coisas inúteis e fúteis - um verdadeiro descarte! Essa forma de expressão busca despertar um olhar mais acurado para os prazeres que o consumo desenfreado da vida moderna não consegue comprar. Para mim, a essência do minimalismo pode ser resumida em uma única frase do poeta Mario Quintana: "Eu moro em mim mesmo". "
Já no final do e-mail, você arrematou: "Nesse parágrafo, você escreveu o que eu gostaria de ter escrito. Perfeito! Eu só não sou minimalista com as folhagens do meu jardim. Mas, as jararacas, aranhas e gambás me deram um ultimato. Pratiquei o descarte do excesso. Vou me contentar com a mata nativa que mora depois do meu muro.".
Falarmos mais o quê?! Não é mesmo, minha amiga/irmã, dos versos e da prosa?!
Adorei o seu poetrix, incrível!
Vou repetí-lo, aqui, para que você o leia, em voz alta, para as suas flores, elas vão gostar de ouvi-lo em uníssono.
8 de ago. de 2023
Poetrix Ilustrados - Por Marilda Confortin
GRAFITRIX
Desde que conheci o Poetrix, tenho visto vários tipos de Poetrix ilustrados. Não sei quem cunhou o termo “Grafitrix”. Não encontrei nenhuma teoria sobre o assunto.
Existem estudos, artigos e cursos aprofundando a complexidade da fusão imagem-texto, mas, neste ensaio, só vou falar da minha opinião pessoal sobre os Poemas denominados por nós de Grafitrix. Também não vou analisar aqui se os poemas atendem as Diretrizes atuais da AIP. O foco é a relação imagem-texto.
Vou separar os Grafitrix em dois grupos: 1) Os que me incomodam visualmente; 2) os que são classificados como Grafitrix só porque foram salvos como imagem e no terceiro tópico irei discorrer sobre os desafios de um bom grafitrix.
1) Os que me incomodam visualmente:
Os poluídos: Grafitrix que utilizam imagens com muita informação. Em casos assim, o poetrix é um elemento secundário, além de ser um péssimo exemplo para nós, minimalistas. Nosso negócio é a poesia. Ela deve ser o destaque, o foco principal do Grafitrix. Por mais maravilhosa que seja a imagem, quando mal utilizada, como no caso hipotético abaixo, ela literalmente mata o poema.
Os vaidosos: São Grafitrix cuja imagem é a fotografia do próprio autor. Pode ser útil num convite
6 de ago. de 2023
5 de ago. de 2023
1 de ago. de 2023
Videotrix de Diana Pilatti
Pródiga
à casa retorno
fogão a lenha aquecendo saudades
inverno sem rimas
Diana Pilatti
29 de jul. de 2023
Processo Criativo por Dirce Carneiro
POIESIS- PROCESSO CRIATIVO
Acadêmica Dirce Carneiro
Cadeira 26
AIP
Primeiro um lampejo, depois sentar, imagem do Pensador de Rodin, a luz, por onde começar. Mãos à obra. Sempre vale a pena tentar,insistir,pesquisar, estudar, lançar mão do nosso repertório, arcabouço particular, fruto do que somos. Uma obra tem muito da cosmologia de cada autor. Sua história, profissão, cultura.
Tenho períodos de branco, quando o impulso criador foge e isso afeta não só o ato de escrever, mas outras áreas da vida. Nesses períodos lanço mão de disciplina maior e proponho-me a escrevinhar sobre algum assunto. Mais que nunca, as habilidades aprendidas para a escrita são auxílio e recursos inestimáveis.
Sobre um período do dia preferido, eu gostava da noite, mais a madrugada, mas isto está mudando. Primordialmente, preciso de quietude, concentração e desligamento das preocupações ao redor. Isto para escrever, trabalhar a escrita. Porque poeta, observadora do mundo, eu sou o tempo todo, está no DNA.
Dito isso, como surge um texto?
15 de jul. de 2023
Coluna Literária - À LUZ DA POESIA - por Pedro Cardoso
Um grilo em casa
melodia verde
cricrila a vida e eu canto
pequena esperança na parede
Lilian Maial
Estou sempre à procura de poetrix que me façam pensar e querer falar sobre eles. Que me encantem também e fustiguem minha cabeça inquieta e barulhenta. Hoje me vejo diante deste poetrix da poeta Lílian Maial. Eu o li e reli, algumas vezes, tentando escarafunchar suas linhas e entrelinhas. Ora de frente para trás, ora de trás para a frente. Um vaivém de deleite, nem sempre silencioso.
Minhas leituras são fatiadas.
Primeiro leio o título. Tento decifrar o que ele quer me dizer no todo. Reflito sobre as possibilidades que vão surgindo em minhas alucinações. Esqueço, a princípio, a leitura literal do texto. Para mim é o que menos importa, de início.
Vislumbrei duas premissas interessantes. Esta é uma característica marcante no poetrix: permitir várias interpretações.
Primeira: Um grilo em casa. Ele pode ser um problema, uma preocupação ou um transtorno. Isto é um fato corriqueiro em nossas vidas do dia a dia. Fiquei com ele manquitolando em minha austeridade por alguns instantes preciosos.
Segunda: Um grilo em casa. Um inseto, um pequeno animal que traz significados mais comumente ligados à boa sorte em qualquer área de nossas vidas. Representa o salto, carrega uma mensagem de mudança, revelando a necessidade de se mover, caminhar, pular em outras direções.
Pois bem, parto então para o primeiro verso que diz: "melodia verde".
Ele está diretamente ligado ao segundo e terceiro versos. Essa conexão já nos passa a informação de que o bicho não é um qualquer, mas sim, um grilo verde barulhento.
Já no segundo verso, é importante observar o que a autora diz: "e eu canto".
Sinto como se ela estivesse dizendo que "louva_a_deus" com o seu canto, em uníssono com o cricrilar do Esperança.
Não se contenta apenas com o "canto" dele. Vai além do esperado.
O terceiro verso, para mim, é o mais significativo.
A expressão "pequena esperança" é bacana. Se o leitor não estiver atento, não vai entender nada de nada, vai remar, remar e morrer na trincheira da poesia.
Ela está falando de um animal bem pequeno. Na verdade, quando entra em casa, de livre e espontânea vontade, mesmo que seja diminuto, ele pode simbolizar, para nós, prosperidade para a vida.
É intrigante observar que a autora é uma profissional da saúde, que vive e trabalha em uma metrópole. Uma cidadã urbana por excelência. Porém, o que ela nos descreve pode ser mais associado às pessoas que vivem em comunidades rurais ou em pequenos povoados.
Chego a inferir que, como o grilo que pula, ela está dando um salto triplo do urbano para o bucólico.
Quem sabe, até em busca de uma vida mais tranquila e pacata.
Assim sendo, ouso dizer que este é um poetrix extremamente simbólico.
PS: Este poetrix me fez lembrar do "putzgrila". Tão usado na minha juventude. Expressão que surgiu com o jornal O Pasquim, um dos símbolos da contracultura da época.
E viva a poesia!!!
Pedro Cardoso
13 de jul. de 2023
Poetrix de Rita Queiroz
DO OUTRO LADO DO RIO
Na solidão, abraço o vento
Sinto os respingos uivarem
Águas fogem para a foz
Rita Queiroz
BANHO DE LUA
Raios aquecem a alma
Delírios plantam desejos
Bandolins me energizam
Rita Queiroz
AO PÉ DO OUVIDO
Estrelas flutuam na lua
Enamorados, bailamos
Sussurros dizem tudo
Rita Queiroz
10 de jul. de 2023
Poetrix de José de Castro
SOPRO DA MEMÓRIA
histórias, mil e uma
contos da carochinha
inda hoje, infância conversa comigo
José de Castro
GOTAS DE INFÂNCIA
barquinhos na chuva
braçadas no rio
águas na lembrança
José de Castro
NO FIO DA LAMPARINA
a luz bruxuleava
olhos ardiam
leitura a querosene
José de Castro
DEPOIS DA CHUVA
alarido de crianças
na rua, pés descalços
correria – catar tanajuras
José de Castro
ARTES DE MENINO
pão na caneca de café
mergulho gostoso
delícia que não volta mais
José de Castro