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4 de dez. de 2022

Entrevista com Pedro Cardoso

 AIP - ENTREVISTA POR ESCRITO DE ACADÊMICOS PARA O BLOG DA AIP

Entrevistado: Acadêmico Pedro Cardoso
Cadeira: 18
Patrona: Sonia Godoy

A biografia e discurso de posse do poetrixta Pedro Cardoso podem ser lidos acessando o menu Biografias e Discursos da AIP.

Primeiramente, agradeço ao acadêmico Pedro Cardoso por esta entrevista, exclusiva, para o Blog da nossa Academia.

Agradeço também em nome da Diretoria.

1) Nascer em Minas define um modo de ser? Quais as lembranças que guarda da sua infância? Gostaria de falar sobre seus pais – origem, perfis, legado?

 Acredito que sim. Sou como quase todos os mineiros, meio desconfiado, meio calado. Às vezes falo Uai, às vezes, "na estação",  falo: "pega os trens que a coisa vem aí".
Nasci em um município muito pequeno que se chama Bambuí (foto à direita).
 A cidade está localizada no Centro-Oeste de Minas Gerais e faz parte da região da Serra da Canastra. Mas logo me mudei para Goiânia. Porém, a ascendência mineira nunca me deixou, está grudada em mim. Sempre que posso procuro minhas raízes, seja na comida ou na fala.
Ser mineiro é apreciar o nascer do sol todas as manhãs, é ouvir o cantar dos sabiás no entardecer, é ouvir o mugir do gado à beira do curral, é sentir o despertar do tempo e o amanhecer da vida que sempre floresce. É ter simplicidade e pureza na alma.

1.2 Quais as lembranças que guarda da sua infância?

Preciso dizer que minha infância e adolescência foram até os 24 anos de idade, quando comecei a trabalhar no Serviço Público Federal. Até então, vivia para jogar futebol e soltar pipa nos dias mais ensolarados. Devo dizer que brigava demais, cheguei a quebrar o nariz por três vezes.
Nas horas vagas dava aulas particulares de matemática, geralmente para crianças e adolescentes. Era bom demais! Tenho saudade daqueles meninos de outrora.  

1.3 Gostaria de falar sobre seus pais – origem, perfis, legado?

Falar dos meus pais me emociona. Meu pai apenas terminou o segundo grau, meu Herói, que me levava para o seu trabalho no cano de uma bicicleta Harley, de cor preta e pneu faixa branca.

Minha mãe não terminou o primário, mas deixou três livros publicados. Sempre contando suas histórias, da infância à velhice.

Ela teve 13 filhos, de parto normal e em casa, com parteira. 

Todos estão vivos e formados com nível superior.

Em tempo

falar de minha mãe
é algo grandioso para mim,
é quase uma insanidade
defini-la? não é o caso!
não há uma única palavra,
que eu possa dizer neste momento,
que a descreva com total fidelidade.
suas virtudes, ora findas e mortas,
ficaram registradas nas paredes do meu Ser
como lembranças difíceis de serem apagadas.
hoje é um dia paranoico para as minhas verdades,
me doem os ossos, as carnes e metade da alma,
me sinto um menino desnudo,
é como se um nó desatasse as minhas mãos,
me deixasse solto e só.
talvez não devesse revelar estes sentimentos,
eles fazem parte do que há de mais sagrado em mim,
melhor seria que eu chorasse com meus irmãos,
com os amigos e os parentes.
cada pá de terra despejada,
foi como se enterrassem com ela
os meus sonhos
os meus encantos
a minha concretude.
Mãe!
penso que sou um filho insano,
confesso que rezei por sua morte nestes últimos dias,
horas infindáveis... vil solidão!
porém uma parte de mim é luto
a outra, quase na sua totalidade, é gratidão.
não sou o mais bonito dos seus filhos,
nem o mais forte ou rico
posto que, só desejei ser um Fingidor,
um poeta dos versos livres.
leve os meus sonhos,
os meus pesadelos
as minhas vísceras
para onde for
e que Deus a tenha
como a mais bela rima dos meus poemas

2) O que lhe atraiu para a escrita, desde quando escreve e porquê?

Sempre tive vontade de escrever. Mas sempre achei muito difícil, os versos viviam brigando em minha cabeça, uma loucura!