Boa noite, Poetas, Poetrixtas, Confrades, Confreiras, Amigos e Amigas!
É um prazer imenso em estar com vocês nesta noite de festa e de inauguração de um novo tempo literário para mim e para outros quatro poetas: Rita, Ximo, Carmem e Soroka! Sinto-me feliz em estrear ao lado de pessoas tão potentes na arte da escrita!
Apresento-me a todas e a todos com emoção, alegria e, ao mesmo tempo, ansiosa com a responsabilidade que nos pesa em relação à AIP. Mas desafios são tentadores!
Eu sou Margarida Montejano, uma catadora de sentidos e palavras! Feminista e atenta ao cotidiano, reflito e escrevo, sobre a história das mulheres ao longo dos séculos e busco traçar um paralelo entre passado e presente no sentido de entender as metáforas, enigmas e senhas que nossas ancestrais nos deixaram. Escrevo desde a adolescência, mas foi na pandemia que minha escrita ganhou corpo. Sou autora do livro de contos,“Fio de Prata”; do livro de poemas e fotos “Chão Ancestral”; e dos livros infantojuvenis “A Poeta e a Flor” e “A Poeta e a Sabiá”, todos de engajamento feminino. E tenho, no prelo, o livro de contos, “O Silêncio da Loba”, a ser lançado no início de 2026.
Escrevo para a revista literária Voo Livre e para o blog Feminário Conexões. Participo de vários grupos, dentre eles: Selo Poetrix e Confraria Ciranda Poetrix, além de diversas coletâneas e dos principais eventos literários que ocorrem no Brasil.
Sou doutora em Educação e atuo como funcionária pública em Campinas. Moro em Paulínia/SP.
Sobre a origem da minha escrita
Penso que minha memória poética tem origem noutras vidas e, desde muito cedo, meu olhar busca encontrar uma pista. As situações do cotidiano clamam por serem escritas. Exemplo disso é quando vejo a vida ameaçada. Para mim, a escrita é um convite para que não desistamos de entender a realidade a fim de que possamos modificá-la e melhorá-la.
E é dessa forma que a escrita de memória dos corpos, mentes e vivências femininas me acham e me habitam. Escrevo movida pela indignação do que hoje, em pleno século XXI, vivemos. O massacre cotidiano à vida de mulheres não pode ser banalizado e normalizado e, para mim, a escrita é espaço e instrumento de denúncia.
Sobre o Poetrix e eu...
Como poeta, contista e, há aproximadamente três anos, escritora de Poetrix, assumo minha admiração por esta modalidade literária brasileira, de gênero poético, criada por Goulart Gomes.
O que me levou a concorrer a uma vaga nesta Academia tem a ver com o que o Poetrix fez comigo. De uma prática de poemas e textos longos para dizer algo simples, o Poetrix mostrou-me que eu sou capaz de ser sintética, objetiva, leve, audaciosa e artística na produção de textos literários. Que suas regras, ao mesmo tempo que limitam o tempo e o espaço, dão ao poeta a liberdade de dizer, fluir e voar. Sua singularidade me ensina que é possível surpreender, impactar e encantar em três versos.
Aprendi a gostar de Poetrix a partir do desafio de uma artesã das palavras, a querida poeta e escritora, Valéria Pisauro, e passei a produzir meus versos mínimos. Hoje, ouso me construir nessa arte que sempre me seduz. Obrigada, Valéria por me apresentar o Poetrix e por me desafiar à leveza! Valeu! Grata também aos amigos Poetrixtas que me ensinam, estimulam e comigo caminham!
Finalmente, sob a bênção da minha Patrona...
Aldrava me auxilia a bater à porta!
Peço licença à patrona da cadeira 29, a poeta MARDILÊ FRIEDRICH FABRE, para aqui tomar assento e sentir sua energia pulsante em versos. Peço vênia para realçar a presença dela nesta noite e dizer de sua imortalidade, pois sei que está conosco, no vento e no eco das palavras, quando fazemos poesia. E, por falar nisso, ao ler e estudar a poesia de Mardilê, deparei-me com o seu significativo Poetrix “VELA”, que assim diz: “Vela violácea, vermelha / viceja vencendo o vácuo, / vagarosamente vela a vida.” Sim, poesia que vela e que se faz possibilidade de voo, colo, abraço e esperança.
E é assim, minhas confreiras e meus confrades, que recebo o carinho de Mardilê noutro Poetrix intitulado “ACALENTO”, que me abraça, abençoa e acolhe, preparando-me para esta conceituada Academia: “Afetuoso abraço,/ abençoado abrigo,/ agradável acolhida.”
Como rastros ancestrais de seu legado, Mardilê, hoje agradeço à Academia Internacional Poetrix a oportunidade de conhecê-la por meio da escrita e apresentá-la como minha Patrona neste importante espaço de literatura. Que eu possa fazer jus a ela!
Mardilê Friedrich Fabre nasceu em Cachoeira do Sul (RS), em 1938, e faleceu em outubro de 2018. Detentora de um vasto currículo e de experiências múltiplas nas áreas de educação e literatura, Mardilê, licenciada em Letras Neolatinas, viveu uma carreira literária profícua, marcada por reconhecimentos nacional e internacional. Ela foi laureada com diversas distinções, incluindo prêmios da Academia de Letras e Artes de Fortaleza, da Sociedade Cultural da Ilha da Madeira e da Abrasa (Viena, Áustria).
Dona de uma sensibilidade ímpar, sua escrita versátil abrange vários gêneros literários. Publicou livros de poemas e ensaios, além de uma produção vasta de crônicas, contos, poemas livres e formas minimalistas como o Haicai, o Tanka, a Aldravia e o Poetrix.
Como forma de respeito, relembro trechos de uma descrição da própria autora sobre si:
“Sou um indivíduo com qualidades e defeitos que aprendeu, no decorrer da vida, a respeitar e amar os outros indivíduos com suas qualidades e seus defeitos. Faço trabalhos voluntários, sou revisora de textos, amo ler, ir ao cinema, ao teatro, a museus, a espetáculos de dança (qualquer tipo), ouvir de avião e de elevador... Sou fiel aos amigos e aos amores... Como todo o mundo, gosto de ser incentivada. Gosto de jogar conversa fora com os amigos... Gosto de passear à beira mar, à tardinha… Sou capricorniana, legítima representante do signo: tenaz, teimosa, persistente, amante das artes e por aí vai... os capricornianos sabem... e os que convivem com eles também. Sou tanto e não sou nada. Quem sou?
E, como ela diz, Sou a ave que voa no sonho/ Sou o vento que canta risonho/ Sou o riacho que renova a alegria/ Sou o sol que nasce cada dia/ Sou a lua que prateia as flores ... Por aí vai se misturando à natureza, à alegria, ao afeto e à simplicidade da vida...
Que a poética de Mardilê me inspire e nos inspire a continuar pela literatura, abrindo caminhos, denunciando injustiças e anunciando esperanças, porque, como ela escreve numa potente aldravia, “submergem em versos nossos sonhos iguais”. E assim, que num sonho coletivo, possamos, por meio da Academia Internacional Poetrix, fazer, da poesia de ontem e de hoje, um caminho em direção a um futuro de êxito.
Sob a bênção de nossas e nossos Poetas imortais, um forte abraço a todos e a todas!
Muito obrigada.
4 comentários:
Alegria, alegria em recebê-la aqui na Academia. Sua preseça de poeta comprometida com as bandeiras da mulher, com certeza, contribuirão para enriquecer a AIP. Grande abraço, amiga poeta. Faça daqui uma de suas casas...
Grata, Poeta! Sigamos juntos com mais dadas, guiados pela Poesia ♥️
*mãos
Prazer conhecê-la melhor, Margarida. Muito bom contar com sua presença aqui. Bem-vinda 😘
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