30 de mar. de 2024

EDUARDO GALEANO

 

NOME COMPLETO DO PATRONO: Eduardo Hughes Galeano

NOME LITERÁRIO: Eduardo Galeano

Eduardo Galeano

  

DATA DE NASCIMENTO: 3 de setembro de 1940              

DATA DE FALECIMENTO: 13 de abril de 2015

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 21

FUNDADOR: Rosa Pena

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Claudio Rogério Trindade

 

VIDA E OBRA DO PATRONO


O Poeta Uruguaio Eduardo Hughes Galeano nasceu em Montevidéu, Uruguai, no dia 3 de setembro de 1940. Descendente de uma família de classe média, pensava em se tornar jogador de futebol, mas percebeu que não tinha habilidade, porém, escreveu muito sobre o esporte. Acabou exercendo trabalhos diferenciados, como caixa de banco e datilógrafo.

`         Galeano firmou-se na imprensa na década de 60 quando se tornou editor do jornal “Marcha”. Nos anos 70, com o regime militar no Uruguai, Galeano é perseguido pela publicação do livro “As Veias Abertas da América Latina” (mais precisamente em 1971). foi preso em 73 e posteriormente exilou-se na Argentina. Em 76 mudou-se para Espanha, onde ficou até 1985, quando o Uruguai se redemocratizou. Morou em Montevidéu onde lançou diversos livros. Eduardo Galeano possui mais de 40 livros publicados, onde trinta deles são traduzidos para cerca de vinte idiomas. É autor de diversas frases marcantes e muitos pensamentos de impacto. Entre eles:

Quando as palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.

Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.

 

É nessa ‘máquina de pensar’ que está o futuro da escrita. O pensar é fundamental para termos no leitor alguém que traga novas fórmulas, novos caminhos, nova maneira de ver o mundo e de condução individual e coletiva. A escrita é um fator único, sem ela não teremos como entender o que ocorreu no passado. Não é só no televisivo que depositamos os fatos, no ato de escrever destacamos o momento mais exato na história. Ah, se não fossem os primeiros desenhos rupestres, feitos pelos antigos moradores das cavernas, o que sobraria para entendermos o antes, o depois e o agora?

Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara.


Eduardo Galeano em 1984.





Uma das citações mais memoráveis de Galeano é “as pessoas estavam na cadeia para que os presos pudessem ser livres", se referindo ao regime militar (1973-1985) de seu país.





O Livro dos Abraços é uma coleção de histórias curtas e muitas vezes líricas, apresentando as visões de Galeano em relação a temas diversos como emoções, arte, política e valores. A obra também oferece uma crítica mordaz à sociedade capitalista moderna, com o autor defendendo aquilo que acredita ser uma mentalidade ideal à sociedade. Para Jay Parini, do suplemento literário do The New York Times, é talvez a obra mais ousada do autor.

Como ávido fã de futebol, Galeano escreveu O futebol ao sol e à sombra, que revisa a trajetória histórica do jogo. O autor o compara com uma performance teatral e com a guerra; critica sua aliança profana com corporações globais ao mesmo tempo em que ataca intelectuais de esquerda que rejeitam o jogo e seu apelo às massas por motivos ideológicos. Nessa obra, Galeano narra a final da Copa de 1950, Rio de Janeiro, que entrou para a história do futebol como Maracanazo, a virada do Uruguai por 2 a 1 na Seleção Brasileira em pleno Maracanã.

Em seu livro mais recente, Espelhos, o autor tem o intuito de recontar episódios que a história oficial camuflou. Galeano se define como um escritor que remexe no lixão da história mundial.

Apesar da clara inspiração e relevância histórica de suas obras, Galeano negava o caráter meramente histórico destas, comentando que é "um autor obcecado com a lembrança, com a lembrança do passado da América e, sobretudo, da América Latina, uma terra intimamente condenada à amnésia”.

Além de livros, Galeano também escrevia artigos para publicações estadunidenses de esquerda como The ProgressiveNew InternationalistMonthly Review e The Nation.

Para celebrar a vitória de Tabaré Vázquez e da Frente Ampla nas eleições de 2004, - a primeira eleição de um governo de esquerda na história uruguaia -, Galeano escreveu um artigo intitulado "Onde as pessoas votaram contra o medo", no qual afirma que a população de seu país finalmente usou o "bom senso" para parar de ser "traída" pelos partidos Colorado e Nacional.

Em 2006, Galeano se juntou a outras artistas renomados como Gabriel Garcia Márquez, Mario Benedetti, Ernesto Sábato, Thiago de Mello e Pablo Milanés na assinatura da Proclamação de Independência de Porto Rico do Congresso Latino Americano e Caribenho.

No início de 2007, Galeano ficou seriamente doente, mas recuperou-se, após uma bem-sucedida cirurgia em Montevidéu.


Eduardo Galeano, em 2008
Em uma entrevista ao jornal Zero Hora, disse o seguinte sobre a vitória de Barack Obama nas eleições de 2008: "Agora, ele entra na Casa Branca, que será a sua casa. Tomara que não esqueça que a Casa Branca foi construída por escravos negros. Chegou a hora dos Estados Unidos se libertarem da sua pesada herança racista".


Em vídeo, de 2013, compartilha algumas de suas experiências pessoais para falar sobre a importância da solidariedade, de aprender a viver sem medo e da virtude de saber ganhar e perder. "Para se levantar, é preciso saber cair" (em espanhol com legendas em inglês).

Galeano foi internado dia 10 de abril e morreu próximo das 9h em 13 de abril de 2015, em Montevidéu, de câncer no mediastino, após o tumor provocar metástase.

 

Livros Publicados:

Los días siguientes (1963); Su majestad el fútbol (1968); As veias abertas da América Latina (1971)(P); Crónicas latinoamericanas (1972); Vagamundo (1973)(P); La cancion de nosotros (1975); Días y noches de amor y de guerra (1978)(P); Voces de nuestro tiempo (1981); Memória do fogo - trilogia - (1982-1986)(P); A Pedra Arde (1983); Aventuras de los jóvenes dioses (1984); Contraseña (1985); El tigre azul y otros artículos (1988); O Livro dos Abraços (1989)(P); Nós Dizemos Não (1989); América Latina para entenderte mejor (1990); Palabras: antología personal (1990); An Uncertain Grace com Fred Ritchin, fotos de Sebastião Salgado (1990); Ser como ellos y otros artículos (1992); Amares (1993); Las palabas andantes (1993)(P); O futebol ao sol e à sombra (1995)(P); Ser como eles (1997)(P); Mulheres (1997)(P); Patas arriba: la escuela del mundo al revés (1998)(P); Bocas del Tiempo (2004)(P); O Teatro do Bem e do Mal (2002)(P); Espelhos - uma quase história universal (2008)(P); Espelhos. Uma história quase universal (2008) (P); Os Filhos dos Dias (2012) (P).

(P): editados em português

 

Prêmios:

 Em duas ocasiões foi premiado pela Casa de las Américas e pelo Ministério da Cultura do Uruguai. Ele recebeu o American Book Award da Universidade de Washington por sua trilogia Memories of Fire (Memória do Fogo), e os prêmios italianos Mare Nostrum e Pellegrino Artusi por toda a sua obra. Foi o primeiro escritor a receber o Prémio Aloa e também inaugurou o Prémio Liberdade Cultural, atribuído pela Fundação Lannam, e o Prémio Comunicação Solidária, da cidade espanhola de Córdoba. Em 2005, Eduardo Galeano aceitou o convite para integrar o comitê consultivo da Telesur, uma emissora de televisão pan-latino-americana com sede em Caracas, na Venezuela. Em 2006, Eduardo Galeano ganhou o Prêmio Internacional de Direitos Humanos através da Global Exchange, instituição humanitária americana. Em julho de 2008, os países membros do Mercosul o declararam "primeiro cidadão ilustre".

 

Referências:


FRAZÃO, Dilva. Eduardo Galeano – Escritor Uruguaio. E biografia. 04 set. 2023. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/eduardo_galeano/>. Acesso em: 20 nov. 2023.

MELLO, Michele de. 50 anos de Veias Abertas da América Latina: “um livro para entender a vida e o mundo". Brasil de Fato. 24 abr. 2021. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2021/04/24/50-anos-de-veias-abertas-da-america-latina-um-livro-para-entender-a-vida-e-o-mundo>. Acesso em 20 nov. 2023.

MORAES, Camila. Eduardo Galeano, o eterno caçador de histórias. El País Brasil, 13 abr. 2016. São Paulo. Disponível em: 
 <https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/13/cultura/1460558448_983667.html>; Acesso em: 17 mar. 2024. PENSADOR. Disponível em: <https://www.pensador.com/autor/eduardo_galeano/>. Acesso em: 20 nov. 2023.

URUGUAI e América Latina se despedem de Eduardo Galeano. Pop & Arte/G1. 15 abr. 2015. Disponível em: 
<https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2015/04/uruguai-e-america-latina-se-despedem-de-eduardo-galeano-20150414191504639588.html>. Acesso em: 17 mar. 2024.

 

Autor: Claudio Trindade 

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu amo o Galeano, Cláudio! Um autor dos mais críticos da América Latina, que teve a ousadia de sangrias suas "venas abiertas"! Você trouxe importante contribuição para que ele seja conhecido pelas novas gerações! Parabéns!

Marilda Confortin disse...

Gostei de saber mais sobre Galeano. Eu só sabia que era um historiador. Valeu pela pesquisa, Cláudio.

Andréa Abdala disse...

Belo patrono! Obrigada pela apresentação, Claudio!