8 de jan. de 2024

Discurso de Posse de Marcelo Marques


É com imensa alegria que hoje venho saudar à Diretoria, através da qual estendo meus cumprimentos a todos os acadêmicos que aqui já estavam, aos membros ingressantes, que assim como eu, passam a partir de agora a fazer parte da Academia Internacional Poetrix, bem como aos demais leitores a quem minhas palavras alcançarem.


“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu”. (Eclesiastes 3:1)

Inicio meu discurso de posse com este versículo, pois creio que tudo tem momento certo e sempre é tempo de agradecer.

Primeiramente a Deus, pela vida, por tudo que me tem concedido constantemente através da existência e a quem intercede a Ele por mim.

Aos meus pais, pelo meu nascimento, pela minha família e em especial à minha avó Odette Marques Castanheira, in memoriam, que com muito esforço proporcionou a minha educação e me ensinou o bom caminho a ser seguido nos desafios e escolhas da vida.

Carinhosamente, com imenso amor, à minha querida esposa Josy, com quem compartilho lutas e vitórias da minha vida, por sua generosidade no incentivo constante e compreensão em todos os momentos.

Enfim, a todas as pessoas que colaboram de alguma forma na construção de quem sou e passo a ser a cada momento, muito obrigado!

Nasci na capital de São Paulo, em 26/02/1972 e quando eu tinha três anos de idade, minha família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vivi a infância. Minha mãe faleceu quando eu tinha sete anos, até que na pré-adolescência, aos 12 anos, retornei a São Paulo com minha avó materna, e voltei a viver na casa onde nasci.

Desde criança, tenho prazer na leitura, comecei lendo embalagens, letreiros de lojas e placas pelas ruas, antes de ingressar na escola e depois disso, passei a ler os autores de poesias, contos, entre outros. Gostava muito de estudar e fazer cursos, o que me despertou interesse pelas pesquisas e pela criatividade, dedicando-me também ao desenho, pintura e às artes plásticas em geral. Tive encanto especial pela leitura e pelas letras das belas composições musicais da época, através de tantos ícones culturais, sempre achei minhas respostas na música e na poesia.

Inicialmente profissional da área administrativa, entre 1995-1998, fiz o curso técnico e me formei em Desenho de Comunicação (ETEC), trabalhei com produção de eventos, propaganda e criação publicitária, no desenvolvimento de textos, roteiros, comunicação visual, produção artística em geral e depois com criações gráficas. Em 2014, me formei na Universidade de Letras Português-Inglês (UNICSUL), e trabalhei durante um curto período de dois anos na área da Educação, passando em seguida a trabalhar na área judicial da Previdência Pública Estadual de São Paulo (SPPREV). Em 2019, concluí a pós-graduaçãolato sensu em Direito Previdenciário (UniDBSCO).

No início, eu não valorizava devidamente o que escrevia; considerava apenas como desabafos íntimos que eu guardava para reler nos momentos de solidão. Aos 13 anos, na 8ª série, ao participar de um concurso escolar de redação e ganhar o 1º lugar, fui muito incentivado a prosseguir escrevendo.

Dois anos depois, participei de outro concurso no Ensino Médio, que selecionou os melhores trabalhos da rede estadual de ensino, sobre o tema “Segurança”. Tendo vencido o concurso, meu poema foi escolhido para representar a minha escola. Assim, tive o primeiro poema publicado na Coletânea Estudantil de 1988. A partir daí, comecei a organizar os meus escritos e a divulgá-los, iniciando com a participação em concursos e ingressando em alguns movimentos literários.

Integrante do Movimento SAMPOESIA, publiquei em 1995 o poema "Raízes". Em 1996, participei da Antologia VI Palavras de Poetas, com os poemas "Nosso Planeta" e "Recordações". Em 1999, participei do Painel Brasileiro de Novos Talentos 2, com o poema "Virtudes Escondidas".


Tendo sido vencedor do I Concurso de Poesias Centro Cultural Aricanduva, em julho/2000, com o poema "Amor à Distância", obtive a publicação em coletânea do concurso, além do "Certificado de Poeta Vencedor" e do "Troféu Centro Cultural Aricanduva".

Em 2001, participei da 1ª Antologia Cantinho do Poeta, com os poemas "Os Sons da Vida", "Últimos momentos", "Do jeito que eu te quero" e "Companheira...". Em 2004, do livro São Paulo em Prosa & Verso, com o poema "São Paulo de todos os Povos". Em 2006, das antologias do II Prêmio Litteris de Cultura: Amar é tão bom, com poema homônimo e Tudo é Poesia com o poema "Feitos Inteiros".

Em 2011, recebi a proposta de participar como coautor na obra de ficção: Uma vida em 48 horas, projeto no qual participaram 48 autores (um capítulo e um final alternativo por autor), que em ordem sorteada, cada um dava continuidade ao capítulo anterior, tendo 48 horas para entregar seus textos. Participei com o “capítulo 24” e um “final alternativo”.

Em 2012, publiquei o livro solo de poesias Todos os Sentidos.

Em 2023, tendo conquistado o 3º lugar na categoria Soneto Nacional/Internacional, participei da antologia do IV Concurso Literário Foed Castro Chamma – promovido pela Academia de Letras Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná – ALACS, com o soneto “Lições das Pedras”.

Minhas publicações de Poetrix tiveram início em 2002, na Antologia Poetrix – MIP e em seguida com as seguintes publicações:

• Em 2011– 501 Poetrix Para ler antes do Amanhecer;
• Em 2017 – Antologia Poetrix 5;
• Em 2019 – Poetrix 20 anos – Antologia 6;
• Em 2020 – Coletânea Ciranda Poetrix;
• Em 2021 – II Coletânea Ciranda Poetrix – Poetrix: 22 anos de arte poética;
• Em 2022 – III Coletânea Ciranda Poetrix – Ecos e Gritos;
• Em 2022 – Antologia Poetrix 8 – Infinito;
• Em 2022 – Pérolas Poetrix;
• Em 2022 – participei da Antologia Poesia Minimalista com os Poetrix “Poemas infindos”, “Terra molhada”, “Céu” e “Profunda mente no divã”


Também em 2022, publiquei o meu primeiro livro solo de Poetrix, O breve verbo.

Descobri a Poesia na Internet, no início de 1999, quando fui membro das comunidades poéticas virtuais "Templo da Poesia" e "Casa dos Escritores", também através do Yahoogroups e Orkut, com trocas de informações culturais, interação em atividades literárias, quando conheci pessoas muito especiais e grandes talentos da poesia.

Havia também as chamadas listas de discussões "Escritas", "Recanto das Trovas" e “Cantinho do Poeta”, grupo no qual eu participava com Andréa Abdala, Sara Fazib, Eliana Mora, Lílian Maial, Nathan de Castro, entre outros, sendo a partir daí o início da minha trajetória no poetrix, que nos chegava como uma nova proposta de criar poesia, através da qual muitos amigos e amigas enriqueceram o título de poetas e poetisas, tornando-se também poetrixtas que, assim como eu, desde então, jamais se afastaram desta linguagem poética. Inclusive, há alguns que estão presentes nesta Academia e com os quais me uno agora na continuidade da História Poetrixta.

Atualmente, faço parte da Confraria Ciranda Poetrix e fui integrante do Movimento Internacional Poetrix – MIP, desde os seus primórdios: tenho grande satisfação em ser considerado um dos “Trixsauros” (Dinossauros do Poetrix), tendo escrito meu primeiro Poetrix em 2001, no qual tentei definir o gênero poético que acabava de conhecer:

POETRIX

Três versos construídos,
Com ousadia e jeito:
E o Poetrix é feito!

Marcelo Marques

Sei que hoje estes versos teriam que ser atualizados, para se encaixar como Poetrix, pois presenciei sua passagem por todas as transformações que foram ocorrendo, pelas reformulações e aperfeiçoamentos até as atuais diretrizes. Mas vejo que esta definição se mantém atual, visto que na construção do Poetrix sempre será necessário haver “ousadia e jeito”, somados a muita inspiração!

Acompanhei nesta jornada poética a diversidade de formatos que surgiram: Duplix, Triplix, Multiplix, Grafitrix, entre outros, sendo que destes citados, gostaria de enfatizar os Duplix que, de forma especial, por um período, foram frequentes nas minhas inspirações e interações poetrixtas. Inicialmente pensado por Tê Soares e Pedro Cardoso, cito uma lembrança que tive a honra de partilhar a autoria com um de seus idealizadores:

Ilusão // Desilusão

a guerra é uma farsa; // as almas disfarçam;
vencidos e vencedores // sofrem mais dores
choram as mortes // e pensam que são fortes


Pedro Cardoso (DF) // Marcelo Marques (SP)

Agradeço ao poeta Goulart Gomes pelo início do Poetrix e pela fundação da AIP e agora como membro efetivo eleito, passo a ocupar com muito orgulho a cadeira 28 nesta Academia, tendo como patrono o autor Millôr Fernandes.

Millôr Fernandes, nome artístico de Milton Viola Fernandes, foi um renomado escritor, humorista, desenhista, tradutor e jornalista brasileiro, nascido em 1923 e falecido em 2012. Ele é reconhecido por sua contribuição multifacetada para a cultura brasileira, sendo um dos mais influentes artistas do país.

No período em que cursei Desenho de Comunicação, ao lidar com a criação de desenhos, caricaturas e por gostar de escrever, muito me identifiquei com Millôr Fernandes, com as charges, ilustrações e cartuns que complementavam suas ideias e textos, muitas vezes abordando questões políticas e sociais com um olhar satírico.

Nos anos 1950, lançou a revista Pif-Paf, que combinava humor, desenhos e textos satíricos e também foi um dos fundadores do semanário O Pasquim, importante periódico brasileiro das décadas de 1960 e 1970. Conhecido pelo seu humor ácido e desenhos irônicos, sua participação foi fundamental para o engajamento político e social da época, bem como para a liberdade de expressão no Brasil.

Sua produção abrange uma vasta gama de gêneros, incluindo peças teatrais, crônicas, contos, desenhos, traduções e colaborações em diversos veículos de comunicação. Sua obra é marcada pelo humor inteligente, pela crítica social e por reflexões profundas sobre a condição humana.

Em suma, a influência de Millôr Fernandes sobre os escritores foi específica, abrangendo desde questões estilísticas até posturas éticas e políticas na escrita. Sua capacidade de abordar assuntos sérios com humor e sua defesa intransigente da liberdade de expressão continua a inspirar e influenciar gerações de escritores no Brasil e fora.

Outro aspecto importante de sua carreira foi sua atuação como tradutor. Millôr traduziu obras de grandes autores estrangeiros, como Shakespeare, Molière e Sófocles, contribuindo para a difusão e compreensão desses clássicos entre nós.

Em diversos momentos de sua produção poética, demonstrou uma orientação para a abordagem minimalista. Seus poemas frequentemente apresentam uma linguagem concisa, direta e uma capacidade singular de transmitir emoções e reflexões profundas com poucas palavras, recorrendo à simplicidade de estruturas para criar um impacto significativo nos leitores.

Mesmo sendo mais conhecido por sua atuação como cronista e humorista, sua incursão na poesia minimalista demonstra suas aberturas e habilidades em explorar diferentes formas literárias. No panorama literário brasileiro ressalta sua capacidade de transmitir muito com o mínimo, revelando sua maestria no uso da linguagem e na expressão artística. Cito agora uma “poeminha curto de nostalgia”, que está no seu livro Trinta anos de mim mesmo (Editora Nórdica – 1974):

Quem diria?

A história que meu filho estuda
Eu lia
Nos jornais do dia

Escrito na década de 1970, podemos ver aqui um exemplo da sua contribuição para o minimalismo, quase 30 anos antes do surgimento do nosso Poetrix.

Embora na minha caminhada poética eu já me sinta parte da história do Poetrix, pretendo ter a satisfação de mantê-lo consolidado na minha própria história, continuando esse aprendizado ao me unir a vocês a partir de agora, como membro efetivo desta Academia, para prosseguirmos juntos nesta jornada em prol do Poetrix: este mínimo que amamos ao máximo!

Por vocês aqui me receberem neste momento, aceitem meu abraço e a minha fraternal gratidão!

Marcelo Marques


4 comentários:

Boveto Sandra disse...

Parabéns, Marcelo, pelas realizações e conquistas, especialmente esta de tornar-se acadêmico da AIP.
Abraços.

Marília Tavernard disse...

Parabéns Marcelo pela linda trajetória. Muito bom ter você para somar junto a AIP.

Andréa Abdala disse...

Sempre admirável! É muito bom ter você aqui.

Marilda Confortin disse...

Bem vindo, Marcelo! Sucesso!