30 de mar. de 2021

Discurso de posse de Oswaldo Francisco Martins - Cadeira 17

Como no álbum da canção Terral (EDNARDO, 1973), “Eu venho das dunas brancas / Da onde eu queria ficar /”... Dali fui trazido em voo da VARIG em 1976 pela Petrobras para a terra dos soteropolitanos. A mudança aconteceu de forma remunerada e tão só graças à aprovação por concurso público do ainda estudante universitário. Tudo promovido pela petrolífera em convênio com a Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Sim, foi assim que obtive condições materiais para deixar os “mares verdes bravios” de Alencar para acabar definitivamente encantado pela beleza das centenas de igrejas do lugar de todos os santos e de todos os orixás, de tanta beleza na exuberante primeira capital do país. A prova de tal união estável tem então quatro décadas e meio: 1976-2021... Tudo isso ainda parece ter acontecido ontem.

Neste momento não consigo me afastar do pensamento empresarial Odebrecht, com o qual tanto convivi em minha trajetória laboral em busca da própria sobrevivência: entendo que a boa, verdadeira e exitosa arte literária acontece quando ela nasce, cresce e se perpetua. É o caso da consagrada arte minimalista e, em particular, do ainda novíssimo poetrix.

É de muito tempo atrás – desde adolescente – que venho rabiscando versos, sempre guardando-os em cadernos e folhas de papel. Muitos deles foram definitivamente perdidos sem deixar rastro nem sequer na mente do profeta.

A relembrança feita antes incorpora a influência do genitor do confrade, Oswaldo Evandro Carneiro Martins, poeta parnasiano, intelectual eclético, poliglota, com formação superior em Ciências Humanas e Exatas, doutor em Direito, professor universitário, o maior e melhor professor deste que vos fala.

Costumava dizer o genitor que o filho tinha a veia poética, o que naturalmente funcionou como um catalisador de motivação para o interesse do confrade pela poesia e que essa ganhasse força e culminasse no atual estágio literário deste aprendiz de poetrix hoje. Uma coisa é certa: o confrade jamais alcançará seu genitor na criação, na riqueza e na beleza de versos, mas não apenas aí será menor, pois o será também em todos os legados advindos do pai.

Ululante é para quem uma vez tenha tecido e/ou adquirido familiaridade com trovas e sonetos há de guardar decerto intimidade com as estrofações desses escritos quando corretamente versificados. Em particular, na seara dos tercetos, onde também são abrigados haicais e haicus, há presente a forma em três versos que estruturalmente tangencia a do poemeto caracterizado como poetrix.

No princípio, ainda nos anos 2000, ainda sem ter a tipificação completamente definida, o poetrix fora confundido meramente com o terceto e, antes de ter obrigatoriamente título, o novíssimo poemeto já guardava características que o separavam claramente dos poemetos nipônicos tais como a não exigência de temática sobre a Natura, a não obrigatoriedade de rimas nem de métrica nenhuma para os versos, sem estabelecer entanto restrição nenhuma sobre isso.

Traços típicos dos poemetos citados antes foram então constatados no poetrix com significativa frequência. Houve incorporação de tais coincidências e essas ainda acontecem hoje, o que não é difícil de ser verificado na vasta produção de poetrix em todos os meios em que o poemeto está presente atualmente.

Além da vasta produção do vate em sonetos petrarquianos e shakespearianos, trovas, quadras e tercetos, o confrade tem se debruçado na identificação da existência de poetrix embutido em trova (trotrix), em quadra (quatrix); e, também, na possibilidade da existência de trova em poetrix (trixtro) e em quadra (trixqua). Para uma melhor compreensão das interconversões apresentadas aqui é recomendável proceder a leitura do ensaio de OFM Uma nova forma de interação entre poemetos: trotrix, trixtro, quatrix e trixqua. Disponível em:
https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/5768359. Acesso em: 31 jul. 2021.
Na obra solo de estreia em poetrix do autor, Realidades versejadas em poetrix (2002), tomos I e II, constam conjecturas sobre a linguagem literária em poetrix, as quais foram transformadas no artigo Conjecturas sobre a linguagem literária poetrix. (Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-literatura/5775129. Acesso em: 31 jul.2021.)
Algumas das conjecturas tratadas no trabalho citado antes já foram demonstradas e/ou provadas pelo confrade e, pelo que se pode depreender, a futurologia tem se mostrado consistente, fato que se nos revela congruente com a disseminação e a aceitação do poetrix no Brasil e pelo mundo afora.

Mais livros do confrade em poetrix se seguiram: Erotrix (2006), Poetrix (2006), Instantes em poetrix (2009). Outras obras literárias publicadas de OFM são: Desabafo em versos (2006), A caçada matinal e outros contos (2006), Realidades versejadas em sonetos (2007), Crônicas verdadeiras: na pulsão de registrar (2009) e A titulação pelo saber (2009).

Goulart Gomes tem sabido muito bem conduzir e manter o grupo de poetrixta, fato esse que tem funcionado como pilar de sustentação do sucesso do poetrix pelo empenho e pelo intenso poetrixar de vates ao longo dos 22 anos de vida dessa linguagem literária, que não para de crescer em variantes e formas desafiadoras, todas estreitamente dependentes da criatividade dos seus praticantes.

Dentre todas as formas já consolidadas ressaltam-se o duplix e o triplix, pela simples razão de promoverem a interação entre poetrixtas, o que é fundamental para que se mantenham coesos os poetrixtas que confeccionam poetrix em todas as formas ora estabelecidas e consagradas, os quais até se predispõem a novas e inovações formulações a ver com o trabalho poetrix. OFM recomenda uma breve incursão pelo seu ensaio Contribuições ao novíssimo poetrix. (Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/5773551. Acesso em: 31 jul. 2021.); e, também, pelo ensaio Formas poetríxticas: erotrix, concretrix e outras. (Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/5773597. Acesso em: 31 jul. 2021.)

Há o fato de que anos atrás se aprovou, entre os poetrixtas, a Bula poetrix.
(Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/teoria-literaria-sobre-poetrix/7007823. Acesso em: 31 jul. 2021).

Ela recentemente sofreu pertinentes lapidações por competentes e destacados vates, reconhecidos poetrixtas muito hábeis na concepção de excelentes poetrix.

Justamente na Bula poetrix que figuram características apontadas para a confecção de poetrix – de evidente valor literário – e, dessa maneira, ela se presta para consumar a tipificação do poetrix, a qual deve servir de orientação para quem se atrever a compor poetrix.

A evolução do poetrix enquanto linguagem literária se consolidou no país e no mundo. Isso fez muito bem e nutriu o confrade que vos escreve com importantes balizas que, em sendo respeitadas, logicamente devem implicar em evidente ganho de qualidade para a lavra poetríxtica. Aos novatos, a Bula poetrix deve facilitar a iniciação da escrita quando da composição literária em linguagem poetríxtica. À guisa de exemplo pelo confrade sobre tamanho, título, fazer poetríxtico etc se tem o seguinte poetrix:

POETRIX

Um insight
Chama a pena...
Traz um susto.


Salvador, 21/01/2021.

(Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/poetrix/7165153. Acesso em: 31 jul. 2021.)

Na sequência dos fatos anteriores e para dar sustentação à realidade da prática poetríxtica hoje, além das publicações de trabalhos quer individuais ou coletivos de autores de poetrix – para registros literários (sobre o poetrix) – e manter a união dos literatos afeitos ao poetrix, eis que nasce a AIP – Academia Internacional Poetrix, entidade que congrega poetrixtas com trabalhos literários que têm indubitavelmente se constituído em contribuições à prática e à divulgação do poemeto poetrix por intermédio de quaisquer meios de publicização.

Este versejador vem continuadamente aprendendo sobre a escrita em poetrix desde 1999, ano em que o Aníbal Bessa fez despertar a luz do Lampadinha em Goulart Gomes ao comentar via conversa virtual a obra minimalista TRIX, POEMETOS TROPI-KAIS. Desse glorioso insight tido por Goulart brotou o poetrix justo com essa obra em que ele então acreditava apresentar haicais. Naquela mesma ocasião OFM estreava no mundo literário com a obra solo Pedaços de uma existência na Feira do Livro realizada em Salvador em 1999 – momento em que contava com expressivo número de trabalhos literários publicados em obras coletivas igualmente literárias.

Além dos trabalhos avulsos em publicações literárias nacionais, o confrade havia participado de justas literárias diversas conquistando medalhas e certificados como premiação. Tudo isso – publicações e prêmios conquistados em justas literárias – integra o currículo literário do confrade, não cabendo aqui enumerá-los em função da elevada quantidade desses registros, fato esse que se nos mostra incongruente com a extensão pretendida para o presente discurso.

O confrade chega enfim à AIP sendo convidado pelo confrade Goulart Gomes para assumir uma das cadeiras da entidade recém-fundada, depois transformada em Cadeira 17, com o patrono dela sendo de escolha deste acadêmico.

O poetrixta escolheu como patrono o autor do soneto Apelo, o poema mais traduzido do Português para línguas estrangeiras: Eno Teodoro Wanke.

A biografia e a obra literária do patrono da Cadeira 17 da AIP ainda deverão ser motivo de um trabalho futuro do confrade para exposição na página da AIP na rede mundial de computadores.

Todavia não foram os tercetos do belíssimo soneto shakespeariano que definiram o nome do escritor Wanke para patrono do Cadeira 17 da AIP. Trata-se de escolha que se pauta na significativa contribuição wankeana ao movimento literário pela trova no Brasil no século passado, onde o poema entendido como trova (abordado aqui antes) pôs inicialmente o confrade no minimalismo bem antes de abraçar e mergulhar no poetrix.

É mister acrescentar neste momento que a trova literária preserva o rigor da métrica e mantém a forma das rimas (cf. antes abordados), graças à forte atuação das Sessões da União Brasileira de Trovadores (UBT) espalhadas pelo Brasil e junto aos vates e trovadores devotados à discussão e à geração de escritos sobre esse consagrado poema. Informações amiúde sobre a trova podem ser vistos no artigo (de autoria deste confrade) Breve abordagem da trova. (Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-literatura/ 5774616. Acesso em: 31 jul. 2021.)

Interações via internet no domínio do antigo grupo para discussão do poetrix estimularam o confrade a mergulhar na composição em poetrix, compondo uma lavra que atinge algumas dezenas de milhares de poetrix, com mais de três mil desses já postados no site Recanto das Letras, além de publicar cinco livros em poetrix – dentre muitas outras publicações. Recomenda-se aqui uma incursão pelo artigo O poetrix em discussão. (Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-literatura/5775088. Acesso em: 31 jul. 2021.)

Tem-se que o poetrix se encontra em processo de evolução e que a AIP deve ser o palco em que todas as discussões que envolvam a arte minimalista em poetrix e que ela deverá regular as ações envolvendo a participação de poetrixtas em prol do continuado desenvolvimento e/ou aprimoramento da notável e consagrada linguagem literária em poetrix.

Que todos nós caminhemos harmonicamente na AIP de mãos dadas pela criação artístico-literária através da senda poetríxtica!

Oswaldo Francisco Martins

Um comentário:

Dirce Carneiro disse...

Voo da Varig? Oh! poeta voos tantos o levaram tão alto. Prazer em conhecê-lo mais e estarmos junto no motivo Poetrix.