28 de mar. de 2021

Discurso de posse de Lorenzo Ferrarri

Discurso de Posse de Lorenzo Ferrari na AIP - Academia Internacional Poetrix, Cadeira 13.


Um herói
 
Amor Sublime 
@ Jesus Cristo

“Ame o seu
Próximo como
A si mesmo”
               Mateus 22:37-39
 
Abro meu discurso de posse da cadeira treze com o primeiro herói da minha vida, Jesus Cristo. Logo eu, que nasci em berço judaico, sendo pagão para os moldes católicos. Nunca fui batizado, e até hoje não muito religioso encantei-me com suas palavras.  Este poetrix, adaptado foi escrito em três versos mesmo na Bíblia, e só faltou o título que tomei a liberdade de fazê-lo para demonstrar que o poetrix é bem mais antigo que se imagina... E a grande mensagem sobre o amor perdura na minha vida como meu mantra sagrado.
Com o passar dos anos fui conhecer meu segundo grande herói: Leonardo Da Vinci.

Móbile
@Leonardo da Vinci

“Todo pequeno movimento
Feito por um objeto no ar, é mantido
Pelo seu ímpeto. ”

Conheci nos tempos de colégio quando já escrevia meus primeiros poemas. Da Vinci me encantou pelo seu conhecimento em diversas áreas e pela sua busca incansável do porquê das coisas, do saber, do entender.... Foi a segunda mensagem que recebi na minha vida: o conhecimento é infindável e devemos ter a humildade de reconhecer que nunca vamos aprender tudo, mas que devemos sim sempre estarmos em aprendizado...

Já na adolescência fui conhecer meu terceiro grande herói: Hermann Hesse. No seu grande livro, Sidartha, sobre a vida de Buda podemos extrair

Vida
@Hermann Hesse

“Buscar significa: ter um objetivo.
Mas encontrar significa: ser livre,
Estar aberto, não ter objetivo. ”
 
Hermann Hesse chegou na leva dos ganhadores de Prêmio Nobel de Literatura (1946).  Naquela época já tinha certeza que queria ser um escritor e tinha como meta ler vários ganhadores do Prêmio Nobel. Acabei descobrindo Luigi Pirandello (1934), William Faulkner (1949), Ernest Hemingway (1954), Albert Camus (1957), Jean-Paul-Sartre (1964), Samuel Beckett (1969), Pablo Neruda (1971), Octavio Paz (1990), José Saramago (1998) entre outros. Na época eu era co-editor de um jornal chamado Café Literário, e publiquei vários números resgatando os ganhadores do Nobel de Literatura.
Claro que existiam autores que não foram laureados e acho até injustamente. Um dos meus preferidos Milan Kundera. Mais tarde descobri um autor que considero o maior de todos, meu patrono, Italo Calvino.

Escrever
@Italo Calvino

“Escrever é sempre esconder algo
De modo que mais tarde
Seja descoberto”

Italo Calvino para mim foi a revolução na literatura. Ele mesmo, um autor que nasceu por acaso em Cuba. Seus pais, italianos estavam de passagem pelo país. Nasceu e acabou retornando para a Itália. Se formou em Letras, iniciou o curso de Agronomia, mas abandonou o curso e foi participar da resistência ao fascismo durante a Segunda Grande Guerra. Depois da guerra conheceu diversos militantes comunistas, passou a trabalhar no jornal comunista L’Unità e na editora Einaudie. Foi membro do Partido Comunista Italiano até 1956 tendo se desfiliado em 1957. A sua carta de renúncia ficou famosa em 1957.

Sua primeira obra foi Il Sentiero Dei Nidi Di Ragno (A Trilha dos Ninhos de Aranha, no Brasil, e O atalho dos Ninhos de Aranha em Portugal), publicada em 1947. Uma de suas obras mais conhecidas é Le Città Invisibili (As Cidades Invisíveis), de 1972 tendo como personagens Marco Polo e Kublain Klan.
Calvino morreu em Siena, Itália, em 19 de setembro de 1985.
Tem uma literatura sincera, leve, delicada e ágil. Fui conhecer pela sua trilogia de realismo fantástico:

 -Il Visconde Dimezzato  (1952) (BR: O Visconde Partido ao Meio;  Teorema, 1986)
-Il Barone Rampante (1957) (BR: O Barão Nas Árvores - Companhia das Letras);
-Il Cavaliere Inesistente (1959), BR: O cavaleiro inexistente, São Paulo: Companhia das Letras, 2004)

Li os três livros num só volume que a Companhia das Letras vendia em uma determinada época. "O Barão nas Árvores" era uma subversão do pensamento e ele ali já dava dicas de porquê deveríamos ler os clássicos que ele iria lançar em 1991.

E como na vida tudo se encaixa e existe uma lógica, a última obra de Italo Calvino foi: "Seis Propostas Para Um Novo Milênio": a leveza, a rapidez, a exatidão, a visibilidade, a multiplicidade e a consistência que são seis virtudes que apenas a literatura pode salvar, sendo hoje a base da Bula Poetrix. Foi uma Declaração de ética, mais que de poética a ser usada nas conferências que Calvino preparou para a Universidade Harvard, e não chegou a terminar, no final do século XX, e nem chegou a proferir.

Por esta época, Goulart Gomes lançava as bases do poetrix na Bienal do Livro em Salvador, Bahia, mais precisamente no dia 26 de setembro de 1999.

Pessoix
@Goulart Gomes

“Um terço de mim delira
Um terço de mim pondera
Outro terço: ah! Quem dera!”
 
Considero herói? Sim de certa forma.  Apesar de ter nascido em um estado de grandes escritores nacionais não se encontrava no centro comercial literário que é o eixo São Paulo- Rio de Janeiro. Sozinho apresentou a base, o que hoje milhares de escritores seguem, sendo o "motivo" da nossa academia.

Vim a conhecer o poetrix através de João Augusto Sampaio, escritor baiano também, grande amigo de Goulart que promovia encontros literários no rio Vermelho, bairro boêmio de Salvador, no início do ano 2000.  Ele falou sobre o poetrix e me deixou encantado com a leveza, a rapidez, a pseudo simplicidade deste novo estilo.

Nossos encontros eram virtuais através de "yahoo groups". Na verdade, o poetrix já nasceu moderno e tecnológico. Virtualmente fui conhecendo novos "heróis": Adriana Zapparoli, Aila Magalhães, Ana Peluso, Andrea Abdala, Angela Bretas, Anísio Lage, Anthero Monteiro, Antonio Carlos Menezes, Beto Quelhas, Ceci Pinheiro, Djalma Filho, Eliana Moura, Goulart Gomes, Hércio Afonso, Judith de Souza, Jussara Midlej, Kalos Scissorhands, Kátia Marchese, Lilian Maial, Marcelo Marques, Márcia Maia, Martinho Branco, Maura Alexandre, Oswaldo F. Martins, Paula Andrade,  Pedro Cardoso, Ricardo Alfaya, Rosa Clement, Sara Fazib e Sonia Godoy. Todos estes participantes da primeira Antologia Poetrix que ajudei a produzir e que lançamos numa cafeteria aqui em São Paulo, em 2002. Todos estes hoje conhecidos como "Dinossauros do Poetrix”.

Woyzeck
@lorenzo

“Num ponto qualquer...
Mais um ser humano atua
A vida ; ato único”
            Livro Lua de Câncer 1989 ed. Scortecci

Hoje, considero-me também um herói. Sigo o mantra poetrix. Ajudei novos autores editar livros, ministrei cursos e palestras sobre o poetrix, sendo que uma destas palestras foi antológica: quando no Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo em 2003, apresentei um poetrix feito de letras e números que a plateia perplexa de mais de trezentas pessoas, veio abaixo dizendo que não podia ser considerada literatura e que o poetrix estava fadado a se acabar.

Tanto não acabou que temos mais de dezenas de livros publicados. Temos no Recanto das Letras mais de cento e sessenta mil poetrix, e atualmente, no Grupo Ciranda Poetrix, onde sou um dos coordenadores, temos perto de cinquenta mil poetrix, produzidos em um pouco mais de dois anos de existência.

O poetrix por si só é herói. Segue vivo. Segue forte e cada vez indo mais longe.

Não se pode viver sem heróis.

Cultive o seu!

LORENZO FERRARI

2 comentários:

Dirce Carneiro disse...

Lendo os discursos e conhecendo melhor os acadêmicos. Que o Mestre o abençoe.

Beth Iacomini disse...

Gigante do Poetrix, parabéns!