28 de jan. de 2025
Poetrix de Luciene Avanzini
ECOS DA LIBERTAÇÃO
no peito, um pássaro aprisionado
grilhões desfeitos rompem a aurora
sorrisos desnudos dançam libertos
DARKNESS
na noite intensa, me escondo
na luz fugidia, me esfarelo
na sombra mascarada, deliro
MÁSCARA PROFUNDA
rasga o tempo em silêncios
despe almas em fragmentos
olhares ocultam verdades
Luciene Avanzini
Poetrix de José de Castro
CASULO
No inverno, recolho-me
Poesia me abriga
Dormem as palavras
ETERNITUDE
Outonos e verões vão e vêm
Invernos passam
Poesia primavera
OUTRAS ÁGUAS
Um dia, fui rio
Hoje, palavras me navegam
Sou poesia
VIDA BOÊMIA
Tu vinhas
Eu te trago
Nus, embebedamo-nos
José de Castro
27 de jan. de 2025
Duplix Andréa Abdala e Claudio Trindade
A ESCRITA QUE SOU // LETRAS E TINTAS
Grafites falam à alma // aquarela desenha vida
Confessam-me as palavras // segredos coloridos
Pingam emoções no papel // dançam versos aos olhos
Andréa Abdala e Claudio Trindade
24 de jan. de 2025
E Nunca Mais... por José de Castro
E NUNCA MAIS...
Por José de Castro
Ela era a mais linda mulher que eu jamais vira em minha vida. Como num sonho, contemplei-a deslocando-se etérea como um anjo, a desfilar toda a sua graça pela praia. Ondas preguiçosas lambiam seus pés, seus cabelos voavam à brisa daquele fim de tarde. Um halo de luz dançava nos seus longos caracóis dourados.
Aquela mulher era tudo o que um homem sonhou ou imaginou. Tudo o que um homem espera contemplar em uma mulher. E algo mais. Trazia um ar enigmático, um quê de princesa e fada.
Como o vento, passou. Deixou apenas aquela imagem nítida, marcada para sempre na minha retina. Nunca mais a vi. Até hoje, ainda fico pensando: teria sido realidade ou sonho?
Por isso, volto àquela praia quase todos os finais de tarde, sempre naquele mesmo horário. Quem sabe os desígnios que o destino me reserva? A esperança, dizem, é a última que morre.
Eu só não entendo uma coisa: por que eu não tive coragem de abordá-la, de dizer um “olá, boa-tarde... Posso caminhar um pouco ao seu lado?”
Ah, se arrependimento matasse! Mas, fazer o quê? Penso que tive medo de desfazer a magia daquele instante. Na verdade, eu não queria descobrir ou perceber algo que não combinasse com o mistério que a envolvia.
É isso: eu não quis estragar o encanto que me alumbrava naquele momento. Assim, poderia guardá-la intacta em minha mente, como num cofre para sempre selado: uma deusa sem mácula, um anjo de beleza infinita desfilando ao pôr do sol, uma recordação perfeita, feito uma dama eternizada numa tela de Édouard Manet.
José de Castro, cadeira 11 AIP
Poetrix de Valéria Pisauro
POVO ACORDADO
Orvalham interjeições
Coro azul agridoce ecoa
Resistência em um só tom.
ESPERANÇA SEM FIM
Rasgo calendários
Asas cortadas não voam
Sem sigilo, resisto.
CAMINHOS ESTREITOS
Ano Velho dobra o pio
Sol cavalga em claves
Passado é fardo na garupa.
METAMORFOSE
Novo ciclo transforma
Forma transborda
Re_nova_ação.
Valéria Pisauro
Poetrix de Oswaldo Martins
FOME? – NUNCA EM VIDA NOSSA!
tem o povo um Deus-colosso...
nossa glória, História nossa
bom Natal sem fila do osso!
FALO RETO OU MESMO TORTO
firme? - nada, um mata-anelo!
nunca aporta em quente porto
corpo? - tem sarado e belo!
Oswaldo Martins
20 de jan. de 2025
Poetrix de Dirce Carneiro
OURO DE FERNANDA
Olhamos o alto de Torres
Contemplamos a Arte
É cinema, a tela da vez
AQUI-PRESENTE!
Olho passado
Esperançava futuro
Sempre foi agora
À SOMBRA DOS PEQUIZEIROS
Janeiro é recomeço
Criança veio à luz
Vida sob signo de pequi
Dirce Carneiro
Poetrix de Angela Ferreira
FOLIA DOS REIS NA CÂMARA MUNICIPAL
máscaras, bandeiras, fuxicos
olhares tortos, desacordos
dançam cadeiras, latrinas e o povo
6 DE JANEIRO
folia de reis, alegria
festiva data comemorativa
vida, eterno presente
RAIO DE LUZ
infinito tom vermelho solar
de ouro o globo reluz
Brasil, sobrenome Torres
Angela Ferreira
18 de jan. de 2025
Poetrix de Sandra Boveto
FASTIO DAS FALAS
o silêncio me ecoa
falo na entrelinha da voz
que a lucidez me ouça
LEITO DA NOITE
ferida por lâminas cegas de luzes
cortantes são os dias
o escuro cuida e cura
Sandra Boveto
16 de jan. de 2025
Poetrix de Goulart Gomes
O sabor do ouro
delta, Vênus ou Esfinge
fértil Nilo
fios, do ventre ao mamilo
O gosto do silêncio
o vento uiva na fresta
olhos tateiam a sombra
inverno interno
O aroma dos acordes
ouço os toques
deslizo pelas cordas
solo
Goulart Gomes
Do livro: Antologia Poetrix 9 - 25 Anos, 2024