14 de abr. de 2022

Melhores Poetrix Março/2022

 

1° lugar

INSTANTÂNEO
Dirce Carneiro

Ronrona no colo da dona
lambe lábios das horas
desenham a paz

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2º lugar, empatados

LAR
Diana Pilatti

moro no entre-estrelas
em silêncio, ouço as canções do Abismo
Pasargada sou eu

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CUSTÓDIA
Andréa Abdala

Meu corpo, meu cárcere
Superlotado de incertezas
Minhas presas

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ALÉM DE HOJE
Lorenzo Ferrari

Vontades justificam desejos
Impulsos descarregam ímpeto
Serei vírgula no espaço

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9 de abr. de 2022

Entrevista com o Acadêmico José de Castro


Entrevistado:
Acadêmico José de Castro
Cadeira: 11
Patrono: Paulo Leminski.

Agradeço em meu nome, em nome da Diretoria e toda Academia, ao poeta José de Castro, por ter aceitado dar esta entrevista, exclusiva, para o Blog da AIP.
A biografia completa do poeta pode ser lida no menu Biografias, neste blog.


1) Qual é a sua formação acadêmica e como ela influencia na sua escrita?

Sou Bacharel em Comunicação e mestre em Tecnologia Educacional. No meu curso, na Universidade de Brasília, estudei vários meios de comunicação: jornal, revista, televisão, rádio, cinema e também fotografia. Mas, a escrita sempre foi, e será, a principal arma de qualquer comunicador. Reportagens e matérias em jornais e revistas utilizam-se da palavra escrita e também os roteiros para a mídia audiovisual. Tive uma rica experiência como colunista de humor durante vários anos em jornal. No meu período de mestrado (INPE/CNPq, São José dos Campos/SP), fui roteirista de televisão educativa. Em Natal/RN, exerci o cargo de diretor de televisão e atuei como professor do Departamento de Educação da UFRN, onde criei uma revista científica. Escrevi artigos e editoriais. Também no RN participei do Programa Nacional de Incentivo à Leitura – PROLER, ministrando palestras e oficinas de leitura e escrita. Sinto que a minha opção pelo jornalismo teve grande influência na minha escrita.

2) Considerando que a escrita sempre esteve presente nas suas atividades, como se deu a escolha para a Arte da Literatura?

Fui professor universitário por mais de 20 anos e, em paralelo, exerci funções e cargos relacionados ao jornalismo e à comunicação. As disciplinas que lecionei sempre estiveram relacionadas com os meios de comunicação. Como já afirmei, exerci o colunismo humorístico em jornal durante vários anos, o que me rendeu o livro Quem brinca em serviço – textos de humor (2003). Durante mais de dez anos fui editor e jornalista responsável pela revista Educação em Questão (UFRN), que continua sendo editada até hoje, indexada internacionalmente. Portanto, o ato de escrever sempre foi uma constante em minha vida. Por isso mesmo, no ano de 2002, inaugurei-me como autor de literatura para crianças, uma experiência mágica.
Trava-língua Os caracóis de Carolina do livro infantil UM PATO NO PRATO,
do autor José de Castro

Percebi, tardiamente, que começava a realizar um sonho antigo. Então, somente ao me aposentar das atividades docentes universitárias é que pude me dedicar de corpo e alma a ser escritor. Assumir profissionalmente a literatura foi algo que

5 de abr. de 2022

Grafitrix de José de Castro homenagem a Anthero Monteiro


 

Poetrix de Anthero Monteiro

simpatia

tiro um cigarro na noite
aqui estou
acode o pirilampo

Anthero Monteiro
Antologia Poetrix 5 - 2017

Grafitrix de Dirce Carneiro homenagem a Anthero Monteiro

 


Poetrix de Lorenzo Ferrari homenagem a Anthero Monteiro


NO HORIZONTE INFINITO
(para Anthero Monteiro)

Recostei numa nuvem solitária
Era translúcida passageira
Partiu, pensamentos incompletos...

Lorenzo Ferrari

Poetrix de Lilian Maial homenagem a Anthero Monteiro

(SU)TIL
para Anthero Monteiro

as palavras voam gaivotas
foste grande como um aceno
brisa que improvisa o adeus

Lílian Maial

Poetrix de Francisco José homenagem a Anthero Monteiro

DIA SEM COR
para Anthero Monteiro

desbotado céu parado
nuvem rara dormitava
a cor dei às lágrimas

Francisco José

Comunicado: falecimento do poeta Anthero Monteiro

POETAS NÃO MORREM, ESTREIAM EM OUTROS PANTEÕES


A Academia Internacional Poetrix expressa sua tristeza pelo falecimento de Anthero Monteiro, de Portugal. 
Poeta dos mais atuantes, dos primórdios do Poetrix, participou das Antologias e publicações organizadas desde o nascimento do Poetrix até as mais recentes.
Sua escrita tem a capacidade de envolver, encantar, arrebatar, surpreender todos os que leem seus maravilhosos poemas, minimalistas ou não.
Estamos tristes, ao mesmo tempo agradecidos pelo tempo em que ele esteve conosco.
Nosso conforto é a perenidade da sua inigualável palavra, em poemas imorredouros.
Esteja em paz, querido poeta! Para sempre salve a Poesia!

ressurreição
(Anthero Monteiro)

...e Lázaro chorou não de prazer
mas sim porque sabia
que iria remorrer

Antologia 5 - 2017


ORTOGRAFIA
(Anthero Monteiro)

uma gaivota só
um til sobre a palavra
imensidão
OCASO
(Anthero Monteiro)

Fuga
em Sol
menor
MORTE
(Anthero Monteiro)

uma cadeira vazia na alameda
sentada numa tarde de outono
a olhar o meu ponto de fuga
maré-cheia

vem agora
não tardes: é a hora
de afogarmo-nos

Antologia Poetrix 5 - 2017

QUANDO EU FOR GRANDE
(Anthero Monteiro)

quando eu for grande
quero ser do tamanho de uma brisa
suave leve improvisa

quero ser um olhar de violeta
o verso livre de um poeta
um rouxinol e o seu estribilho

quero ser uma borboleta escondida
a espreitar a vida
da corola de um pampilho

quando for maior muito maior
nem preciso ser mais do que um aceno

enfim quando for grande
quero ser pequeno

O MUNDO PAROU
(Anthero Monteiro)

repentinamente o mundo para de girar
não tarda nada vou ser projetado no espaço
o vento é uma asa congelada as nuvens carros avariados
o mar não mexe os barcos pasmaram

não há qualquer indício de ti
habitas decerto outro planeta
ou o cárcere longínquo de uma torre vigiada
caíste num pego sem fundo
perdeste a direção o sentido os sentidos se não a própria vida
um raio caiu entre nós olhamo-nos como pedras
a lava de um vulcão envolveu-nos para sempre
um silêncio inaudito brada na via láctea

por favor mexe um dedo a ver se tudo recomeça
por favor pestaneja para que o ar se mova
por favor inventa um sorriso para tudo descongelar
por favor põe os teus cabelos a fabricar mais volutas
para que essas espirais sejam o ovo de um ciclone
o olho de um furacão o eclodir de uma grande catástrofe

sim é urgente uma grande catástrofe
porque é preciso recomeçar tudo de novo
mais que soldar o eixo do planeta
impõe-se colar a recordação à realidade
e porem-nos a girar lado a lado
na mesma órbita
————-
in Sulcos da Memória e do Esquecimento,
Porto, Corpos Editora, 2013.

______________
Nota: A biografia do poetrixta Anthero Monteiro pode ser lida, na íntegra, no menu da AIP - Academia Internacional Poetrix

Poetrix de Sandra Boveto

 ?ODRUSBA

olugnâ o atrevni
osseva od eriv
oditnes zaf ebas meuq

Sandra Boveto

Grafitrix de Angela Bretas


 

Poetrixx de Francisco José


PISTOLEIRA NUA

acerta meu coração
ela atira do salão
eu a tiro da rua

Francisco José

Grafitrix de Regina Lyra

 




Poetrix de Dirce Carneiro


À FRANCESA

Às vezes sou águia
pouso como elefante
saio tal gafanhoto

Dirce Carneiro

Grafitrix de Diana Pilatti

 

Diana Pilatti