Um dos principais atributos da poesia é a inutilidade. Não fosse isso, ela já estaria extinta por obsolescência.
Tudo já foi escrito e cantado em verso e prosa de todas as maneiras possíveis.
Mas, a revelia dos tempos, da evolução tecnológica e da opinião dos críticos literários que execram os textos ingênuos, todo dia, em algum lugar dessa terra, alguém se depara pela primeira vez com uma lua cheia e solta um “putaqueospariu que coisa mais linda!” ou enche o peito e sem vergonha declama o primeiro versinho que lhe vem a cabeça “não há, ó xente, ó não, luar como este do sertão”[1].
E começa tudo outra vez: nasce um novo poeta rimando amor com dor, criança com esperança, lua com nua, Brasil com anil.