ENTREVISTA COM MARÍLIA TAVERNARD, por Goulart Gomes

AIP1: Marília Tavernard, fale-nos um pouco da sua biografia e do seu percurso literário. Como conheceu e aderiu ao poetrix?

Sempre gostei de escrever. Apesar da minha formação acadêmica, Administração de Empresas. Escrevi muito na juventude, poesia romântica, era muito sonhadora. Em 2008, através de um grupo de poesia na Internet, conheci o poeta e amigo Antônio Carlos Menezes que me apresentou ao poetrix. E o Poetrix chegou pra ficar. Nessa época entrei para o grupo yahoo de poetrix (saudades), onde conheci muitos dos atuais acadêmicos. Comecei também a escrever no Recanto das Letras e a participar de diversas antologias de Poetrix, ao todo 15. Ainda não publiquei meu livro solo, porém tenho um pronto que acho que sempre está precisando de mais um ajuste

AIP2: Que temas você prefere abordar em sua obra?

Temas contemporâneos em geral, coisas do nosso dia-a-dia, também temas regionalistas, de amor, da natureza, saudade.

AIP3: Em que fontes você bebeu, para desenvolver a sua arte literária? E quais escritores você jamais leria novamente?

Comecei a ler os grandes poetas no colégio, na época do estudo de literatura. Um bom professor sempre acaba encantando seus alunos e despertando a vontade do novo. Inicialmente poetas como GONÇALVES DIAS, MACHADO DE ASSIS, CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, JOÃO CABRAL DE MELO NETO, CECÍLIA MEIRELES, MÁRIO QUINTANA, FERNANDO PESSOA, PABLO NERUDA, FLORBELA ESPANCA, LEMINSKY, nos inspiram sempre. Li também muitos livros de haicais. Não gostaria de citar algum poeta que não leria mais porque até mesmo os que não nos agradam nos ensinam alguma coisa.

AIP4: Como vê o cenário atual da literatura brasileira, em especial a poesia, atualmente?

Nas últimas décadas novos e promissores poetas surgiram na cena literária brasileira, seja publicando nas redes sociais, em revistas literárias, criando blogs, participando de antologias, sempre em busca da divulgação dos seus trabalhos. Tenho notado também a grande participação em concursos diversos de poesia, prosa, contos e crônicas. Ultimamente participei de 4 antologias temáticas, projetos da SELO EDITORIAL INDEPENDENTE com poesias contemporâneas. Tenho também participado dos Anuários da Poesia Paraense e Antologias de Poetrix da Confraria Ciranda Poetrix como também dos livros virtuais Mostra Poetrix, coordenação dos acadêmicos José de Castro e Diana Pilatti. Tenho também acompanhado o trabalho de outros poetas que divulgam nas escolas tanto poesias, quanto poetrix, o que admiro muito. 

AIP5: Tem algum filme ou romance que você gostaria de mudar o final? Qual? Por que?

SEVEN, OS SETE PECADOS CAPITAIS, um filme que choca desde o princípio, mas o fim é muito cruel.

AIP6: Você tem uma rotina habitual de produção literária ou escreve quando é inspirada, em qualquer momento?

Participo da Confraria Ciranda Poetrix e da Selo Poetrix, sendo assim, escrevo com certa frequência, pois são Cirandas Temáticas com tempo determinado. Pensei que quando me aposentasse fosse poder criar uma rotina habitual de leitura e escrita, mas não tenho conseguido devido a outros afazeres que com a pandemia tiveram que ser assumidos. Escrevo sempre que surge uma intuição, uma inspiração ou quando leio um livro ou vejo alguma imagem que inspire. Algumas vezes quando estou aguardando uma consulta médica acabo escrevendo alguma coisa, pois o tempo de espera algumas vezes se prolonga além do que gostaríamos.

AIP7: Tem algum projeto literário para o futuro? Qual seu sonho em literatura?

Publicar meu livro solo, mas no momento estou sem tempo para realizar este sonho.

AIP8: Acredita que a literatura tem uma função social? Qual seria?

Sim, reflexão critica, cognitiva, catártica e político-social.

AIP9: O escritor está sempre consciente do que faz?

Na maioria das vezes temos reações automáticas. Lendo um artigo a respeito, no periódico eletrônico em Psicologia, o autor nos fala "que a maior parte do que fazemos ou sentimos não é consciente e que respostas imediatas a estímulos internos são oriundos de um conjunto de respostas automáticas herdadas a partir de matrizes biológicas e aperfeiçoadss durante a vida. Ou seja, possuímos um conjunto de programas e funções herdados a partir de nossas matrizes biológicas". Acredito que ao nascermos trazemos conosco uma bagagem e conforme as ocasiões se apresentem gatilhos são acionados. O tema é bastante instigante. Fica para reflexão

AIP10: Quanto a estilo, você considera que já tem um estilo próprio, está desenvolvendo-o ou não se preocupa com isso?

Venho desenvolvendo, aprecio mais o Lírico. Gosto de despertar sentimentos

AIP11: Já teve algum sonho que lhe serviu de inspiração literária? Como foi isso?

Poucos são os sonhos que lembro após acordar. Na maioria das vezes quando estou naquele momento quase pra pegar no sono, vem uma intuição, se não levantar e colocar logo no papel, perco e não adianta tentar lembrar porque não consigo

AIP12: Que você acha do conceito de “lugar de fala”? Você tem algum?

No Brasil, o conceito mais usado de lugar de fala é de compreender de onde vem a voz que fala sobre determinado tema. Muitos confundem o conceito como se só um especialista pudesse falar de determinado assunto. Todo mundo tem lugar de fala. Esse conceito favorece os grupos que tem menos voz ativa nas decisões e rumos da sociedade. Não é censura, mas a busca para a construção de uma sociedade mais igualitária. Djamila Ribeiro fala que "o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas, pois o ponto de vista do falante parte da experiência individual e influencia seu discurso"

AIP13: Entre o título e o ponto final, para você o que é imprescindível em uma obra literária?

Conteúdo e forma. Usar as palavras de modo a expressar seus potencias sonoros, sintáticos e semânticos, que estabeleçam conexão entre leitor e escritor

AIP14: Que contribuições a literatura trouxe para a sua vida pessoal?

Conhecimento, crescimento, conscientização e senso crítico

AIP15: Como vê o Poetrix, no passado, no presente e no futuro?

No passado foi o início de tudo, o encantamento, a busca do aprendizado entre erros e acertos, além da busca do aperfeiçoamento dos poetrixtas. No presente a busca pelo aprimoramento. Considero que o poetrix vem sendo burilado ao longo do tempo e está sempre em evolução. A ACADEMIA INTERNACIONAL POETRIX é um exemplo. No futuro, creio em um grande alcance no meio literário.

AIP16: O que diria a um jovem poeta, que acabou de ler sua entrevista?

Primeiramente muito estudo, dedicação é fundamental, além da leitura de bons autores. Ter uma boa gramática e colocar amor em tudo que escreve. Persistir sempre, pois nos acertos e erros é que vamos aprendendo.