6 de ago. de 2024

Poetrix de Dirce Carneiro


BATUTA

Maestro encerra o som
O encanto veste as faces
Clap, clap, clap, clap


CORRENTES IMATERIAIS

Liberdade se vive
Há prisões internas
Gente amarrada ao pé da mesa


HISTORIAS COSTURADAS

Um menino nasce da Virgem
Missão-resgate de humanos
Didática caverna de Platão 


QUANDO A FELICIDADE BATE

Dim-dom, tum-tum-tum
A face cora, ganha tom
Abre-se a porta, timbum!
 
Dirce Carneiro

4 de ago. de 2024

Poetrix de Sandra Boveto


DESFEITA

sublimei, pó que sou
o vento não tem culpa
fui mais leve que o tempo



NEVOEIRO

quantos anos por segundo
tento olhar para frente
todo futuro é presente



CALOS SEM SANGUE

tempo natimorto
a eternidade pariu tarde
ando sobre os cacos das horas

Sandra Boveto


31 de jul. de 2024

Poetrix de José de Castro



O ARCO-ÍRIS NA VISÃO POÉTICA DE JOSÉ DE CASTRO




VISÃO SUBLIME


Paira no céu arco de chuva
Bebe-me os olhos
Deslumbres de água e luz


CANÇÃO DE ARCO-ÍRIS

Sinfonia ao longe
Sete notas, sete cores
Uma clave de sol, outra de chuva


NA BALANÇA

Gramaturas parcas de luar
Arco-íris, leveza de sonho
Intangíveis cores a brunir


ISMÁLIA NA TORRE A SONHAR

Queria a chuva, queria o sol
Cavalgou um arco-íris
No lusco-fusco se evolou


José de Castro

Poetrix de Oswaldo Martins



NULIDADE POÉTICA

Sem beleza e sem tema
Sem ter pé nem cabeça
Vacante valor: nada!


BELA MENTE EM BOM PENSAR

Tem saudade eterna em sonhos
Nuvem falta e mundo claro
Fina agulha atinge um ponto…


PLENA ESCURIDÃO NO CÉU

Black out, breu e mais nada aqui
Longe pulsam luzes brancas
Vates choram via versos



VIDA EM MÚSICAS MARCANTES

Focada no passado bom
Fortalecida lembrança
Catalisada saudade



DESAFIOS DO SER HUMANO

Jovem, pesa a juventude
Velho, juventude e idade
Lógica do pensamento



LOGO DEUS O DESTRONOU...

Há mitômano, ladrão...
Há longa corrida folha...
Há nos crimes provas veras.


Oswaldo Martins


28 de jul. de 2024

Poetrix de Valéria Pisauro


DESMATAMENTO 

Árvores sem ritmos
Sons de serras
Orquestra desafinada.


SAPATINHO DE CRISTAL

Salto alto desgasta calçadas
Lua ilumina cinderelas
Cafetão enriquece.


FINITUDE

Degredo dos ponteiros
Mão infinda divisa
Foice cega atravessa.


MADAME BOVARY

Da infelicidade à infidelidade
Completude no Outro 
Culpa da literatura.

Valéria Pisauro

Poetrix de Cláudio Trindade


PEDRAS 

frio interior
amarrada em dores
pulsam diamantes


ABRAÇO

coração cromado
arames tecem laços
corpos brilham


LABIRINTO 

mente poluída
cérebro viciado
viajo em gotas


TEMPO COMPLEXO 

confusão emocional
olhar interno
cuidar de si

Cláudio Trindade

24 de jul. de 2024

Poetrix de Bianca Reis


SOB O LUAR DO SERTÃO 

Maria, toda Bonita
amassos, beijos
Lampião aceso


DEU(S) AO VIVO E A (7) CORES 
 
a chuva desceu
o sol se exibiu
pintou poesia no céu

Bianca Reis

Poetrix de Cleusa Piovesan

 
ESPETÁCULOS DIÁRIOS 

Aurora rasga o véu celeste 
meu mundo ganha brilho 
crepúsculo me a_guarda

 
(TRI)ANGULAR PEDRA POÉTICA 

Topo e base minimalistas 
rolam ideias no recheio 
entrelinhavos em três versos


CÁRCERES PRIVADOS
 
Janelas espiam ruas perigosas
muros roubam a visão da vida
marginais em liberdade 


MULHERES: DE COR EM COR... 
 
São as novas Chapeuzinhos
não são princesas; são livres 
vivenciam "contos de fodas"

Cleusa Piovesan 

Poetrix de Marilda Confortin


PICUINHAS

bateria por um triz
sem energia
poupo-me


DIVÓRCIO NO JARDIM

Tapete geado na grama
O cravo briga com a rosa
Camélia é a nova dama

Marilda Confortin

17 de jul. de 2024

Poetrix de Pedro Cardoso


O VENTO

eu o sei
você o sabe
(ele, pouco sabe de nós)

Pedro Cardoso

Poetrix de Marilda Confortin


MEU SOL DE INVERNO

Abraço que aninha
Pelo macio cobertor 
Teu beijo, dopamina

 
EQUIDADE NA DESIGUALDADE

Mulheres, homens, lgbtetc
Mesma raça, diferentes
Igual a tudo na natureza

Marilda Confortin

12 de jul. de 2024

Poetrix de Oswaldo Martins



BELO E FÁTICO AMOR


Prazerosa vibração
Contra morte e solidão
Sob a proteção divina


CONGRESSISTAS CRIMINOSOS


Canalhice revelada
Sexual abuso em foco…
Condenação de mulheres


CAPITAL HAVANA (IN)JUSTA(!?)


Com explícita pobreza
De nativa fome morta
Tem mandantes, tem mandados


MUITA CHUVA, CHUVA MUITA


Dilúvio sem ter autor
Chão sob plena escuridão
Desastres prenunciados



Oswaldo Martins

7 de jul. de 2024

Haicai e Poetrix por Francisco José

Haicai e Poetrix 


O Haicai teve suas origens no waka (poema japonês), no século VIII e começou a ser escrito no Japão em 712. O waka se subdividia nos estilos: kata-uta, chôka e tanka. O kata-uta (meio-poema), que tinha o ritmo silábico 5-7-7 era composto como uma resposta a um destinatário (daí o termo "meio poema"). Ainda no século VIII surge o estilo chôka (poema longo) em que se adiciona uma estrofe dupla (5-7) à estrofe tripla do kata-uta, passando ao estilo silábico (5-7; 5-7-7). No século IX surge o tanka, com distribuição silábica diferente (5-7; 5-7; 7) evoluindo três séculos mais tarde para uma forma bipartida (5-7-5; 7-7), cuja primeira parte é usada até hoje. Dois ou mais poetas passam a fazer poemas em cadeia (estilo renga), separando-se em dois estilos opostos: o ushin-renga (renga sério, ligado à elite literária) e o renga "ligeiro" (praticado por poetas do povo). Essas práticas deram origem a duas escolas distintas: Teimon (fundada por Matsunaga Teitoku) seguindo os critérios rígidos e Danrin (criada por Nishiyama Sôin), seguindo o critério informal. No século XVII Matsuo Bashô, que era ligado às duas correntes, funda sua própria escola (Shômon) nascendo o haikai (com versos no estilo 5-7-5) que chegou até nós. No início do século XX o haikai chega ao Brasil e poetas como Guilherme de Almeida "abrasileiram" o haicai raiz, modificando-o e criando o haicai Guilhermino. Assim é que outros poetas como Paulo Leminski e Milôr Fernandes entram também nessa moda, criando seus haicais "personalizados". Vale lembrar que Kobayashi Issa (1763-1827), um dos maiores poetas do haicai japonês já acentuava a presença do eu, em contraposição aos preceitos de Bashô, mas é um eu lírico afirmativo, que se "dissolve" nos limites do não-eu. 

Em 1999, na Bienal da Bahia, um poeta baiano, Goulart Gomes, intenta criar os haicais "goulardianos" no livro "Haikais tropi-kais". O crítico literário Aníbal Bessa percebe que Goulart não estava escrevendo haicais, mas havia criado um novo gênero poético inspirado no haicai... Nasce, no ano 2000, um movimento amplo constituído por poetas do Brasil e outros países, o Movimento Internacional Poetrix (MIP) para estudar, desenvolver e divulgar o novo gênero de poesia, que passara a se chamar Poetrix. Em 2020 é fundada a Academia Internacional Poetrix (AIP), hoje composta por poetrixtas de vários países, como Brasil, Portugal, Estados Unidos e Itália, como exemplos.


Por - Francisco José Soares Torres 
AIP - Cadeira 24



Na foto abaixo: Angela Bretas, Francisco José, Pedro Cardoso, Lorenzo Ferrari, Marilda Confortin [apresentadora], Marília Tavernard, José de Castro, Gilvânia Machado, Dirce Carneiro e Bianca Reis. Participaram ainda: Goulart Gomes [criador do Poetrix], Andréa Abdala [presidente da AIP], Lílian Maial, Luciene Avanzini, todos membros da AIP e Margarida Montejano (convidada). Foto compartilhada por Angela Bretas .