26 de jun. de 2024

Poetrix de Cleusa Piovesan


AMOR JUNINO 

Nosso arraiá é no roça-roça
sou só baba-de-moça 
você, de moleque sempre em pé 


SORTE DE QUEM NÃO CA_U_SOU 

Há o azar de um dia treze
ah, Antônio, caiu do andor 
calote em velhos in_fiéis 


INCERTA PERSPECTIVA
 
Viagem pelo futuro sombrio 
visão desfocada sob a alienação 
juventude é incógnita 


ESPETÁCULO DAS CATARATAS DO IGUAÇU 

Sinestesia deslumbrante
olhos e boca abertos
arrebatamento de emoções
 
Cleusa Piovesan

Poetrix de Lílian Maial



NAMORADOS


tive alguns entre bipolares, compulsivos, psicopatas
eu sou da saúde
tenho um dedo podre…


RACHADINHA


não regateio ou minto
o que não vejo eu sinto
teu desejo em mim abunda



PLano PERVERSO

incentivam a pedofilia e a barbárie
crianças parindo e murchando
adultos punindo e babando

lilian maial

Poetrix em dobro - Marilda Confortin e Lílian Maial



Na morada


Mi casa es tu casa
Reparto prato e quarto
O corpo me pertence

Marilda Confortin



Má Morada

mi casa és su casa
mi cuerpo es mi cuerpo es mi cuerpo
só entre quando convidado

Lílian Maial

25 de jun. de 2024

Poetrix de Dirce Carneiro


 FALTA COMBINAR COM O CORAÇÃO 

Namorar, noivar, casar
Comandos da era analógica 
Agora é tudo  dígito-virtual



 NOVA ORDEM SENTIMENTAL 

Namorado...o que é isso?
Fora de moda, ficante é da hora
Bobeou a fila anda


NÃO INVENTARAM DOR MODERNA

Brinco com os modismos
Coração aqui bate à antiga
Ainda dói amor que acaba


 STATUS

Ele sol, eu lua
Paralelas no tempo
Quem sabe em outra vida...


Dirce Carneiro

Poetrix de Lorenzo Ferrari


CÉREBRO A TODA VOLTA
 
Destelhadas seguem ideias
Embaralham-se vórtices de lembranças
Tufos de desejos em toda parte



SEMPRE O MESMO REFRÃO 

Todos sons ecoam 
Tua presença se faz sentir
Melodia, teu memorando em mim


ENCONTREI A JANELA ABERTA 

Dormirei no teu sofá hoje
Sonharei teus sonhos
Farei poesia contigo


LUZ PENDURADA 

Vestir-se de raciocínio concluído
Pensamentos secam em varais
Somos sombras de nós mesmos


Lorenzo Ferrari

24 de jun. de 2024

Varal de Poetrix - Estupro e o Aborto



SILÊNCIO

Grita
Calado escuta ...
Sem resposta

Lorenzo Ferrari


JUSTIÇA DO ESTUPRO

Meu corpo julgado
Meu íntimo deflorado
Mãos sujas de sangue

Andréa Abdala


CONCEPÇÕES

ambos são para o gozo
ela não é puro prazer
és tu pra dor?

Francisco José


MARCAS ETERNAS

Infância deita-se na cama
Violência toma-se corpo
Sangue que não se lava.


Valéria Pisauro


PL ano PEDÓFILO

ninguém vê criança como mãe
ela brinca de boneca, ela é filha
barriga inchada é lombriga

lilian maial


ESTUPRA_DOR

(Não ao PL 1904)

Palavra feia, horrorosa
Bem pior o significado
Suplício de inocentes


José de Castro

DESPROVIDOS DE ÚTERO PRIMORDIAL

Hipocrisia legisla
Depois dão-lhes maioridade penal
Vida é no útero e além

Dirce Carneiro


ESTUPRO É LEGAL


Sem útero, legisla-se sobre ele
bancada machista e misógina
violência que se pro_cria

Cleusa Piovesan


DONOS DO ÚTERO

o mundo é assim, menina
primeiro, um monstro
depois um pê-éle pró-ele

Sandra Boveto


SÓ PiLantra

Humanos ou monstros
Crime em votação
ImPLodir os indecentes

Marilia Tavernard


CONGRESSISTAS CRIMINOSOS

Canalhice revelada
Sexual abuso em foco…
Condenação de mulheres

Oswaldo Martins


Poetrix de Claudio Trindade

 

VIDA CANSATIVA
perder os sentidos
anulação do ser
olhar a beleza das coisas

Claudio Trindade


RESPOSTAS PAUSADAS
conversas paralelas
colher verbetes
pedras na língua


ATENÇÃO AOS PASSOS
                    
caminhada plana
calçado apropriado
espinho no pé


PEDRA FERRO
arquitetura básica
basalto jurássico
da rocha ao metal

19 de jun. de 2024

17 de jun. de 2024

Poetrix de Oswaldo Martins


TRAZ-NOS LÓGICAS RESPOSTAS

Um mundo imerso em mentiras
Ao ser tendo vida vã...
A todos o horror chega

Oswaldo Martins


VÍCIO DELETÉRIO MATA?

Nobre lógica destrata
Nunca a graça traz, formata
Bondadoso ser destrata

Oswaldo Martins


EVOLUÇÃO GRAMATICAL

Feio que dói!…
Fei que dói!…
Fake dói!

Oswaldo Martins


FAKE NEWS POR GENTE MÁ

Coisas da extrema-direita
Horror, ódio, covardia
Projeto de lei foi morto

 Oswaldo Martins

14 de jun. de 2024

Mulher em Gestação por Andréa Abdala

 


MULHER EM GESTAÇÃO


cinco dias no mês eu sangro
faço arte, faço vida
fora isso, nunca mais


lilian maial

 

 

Eu sou uma admiradora da poesia de Lílian e isso vem de alguns anos atrás quando nos conhecemos através de grupos literários no vasto mundo sem fronteiras chamado de mundo virtual. Seus poemas são expressivos, fortes, certeiros e falam mesmo quando pedimos silêncio, eles tomam espaços, são gigantes.

Mulher em gestação é uma pequena amostra da força da poetisa em apenas três versos. O título já nos surpreende. Ele fala da mulher gestante, como também, da mulher em construção, a mulher que é concebida por nós, em nossos ventres, a cada dia de existência.

A mulher se diferencia do homem em pequenos e grandes detalhes, alguns importantes outros sem nenhuma importância, no entanto, existe algo que é só dela, homem nenhum experimenta, é algo sublime, divino, mágico, intimamente surpreendente, a gestação. E para isso é preciso sangrar de verdade, sangue vermelho vivo, sangue que expressa dor e vaidade, sangue de cor, da força e delicadeza.

No primeiro verso - Cinco dias do mês eu sangro.  São dias onde a expressão feminina alcança seu ápice e sua glória, não desmerecendo os outros vinte e cinco ou seis. Somente as mulheres compreendem o significado da menstruação em suas vidas e como este rubro período causa impacto sobre suas identidades, sobre seus títulos de nobreza. E sangra, fazendo arte, fazendo vida. A plenitude do prazer e da reprodução habita o corpo feminino e nele encontra acolhida. São hormônios, ovários, útero, trompas, bocas, lábios... pura arte!

A mulher se enche de beleza tal qual uma obra prima, sim, uma obra da natureza no seu sentido mais puro. A mulher se encontra disponível à gestação, amando e brigando.  

No verso final, fora isso, nunca mais. A princípio eu pensei em falência, queda, desistência, um final triste. Por algum motivo ou vários, aquela gestação teria sido única, não haveria mais barrigas, fetos, embriões, vida sendo reproduzida. É provável que a autora tenha pensado nesse contexto, nos trazendo a dor e o lamento, um final não esperado para um título de grande expressão e significados.  O elemento surpresa do poetrix. Um susto triste.

Uma nova leitura pode ser feita, não seria o terceiro verso um ato de resistência?. Não sangro mais, nunca mais!... Não sofreremos com os ataques impiedosos aos nossos corpos, aos nossos modos, aos nossos desejos. Basta deste sangue ralo, sem cor e ternura.

É muito forte e agradável ler Lílian Maial.

 

Andréa Abdala

Acadêmica AIP – cadeira 23

 

13 de jun. de 2024

Grafitrix de Luciene Avanzini

 


Poetrix de Pedro Cardoso


De noite

queria ser Flor
passarinho já fui
morrer não faz sentido

Pedro Cardoso


À coisa

coisa!
coisa com coisa
uma coisa não é uma coisa feia

Pedro Cardoso


 Descampado

o louco grita
mulher diz que não escuta
juntos seguem a trilha

Pedro Cardoso


Devastação

arde um rio na mata
folhas ressequidas queimam
madeira verde chora

Pedro Cardoso

11 de jun. de 2024