24 de fev. de 2024

Interação Poética - Andréa Abdala e José de Castro




 


Este é um grafitrix com G maiúsculo e com A maiúsculo também, de Autoral e de Andréa Abdala. 

São vários os “A” que me levam a dizer: Amei! O grafitrix é Maiúsculo pela grandeza e simplicidade contidos na ideia metalinguística: a janela sendo o veículo para falar do que os seus "olhos" veem naquela manhã. Ela é a própria moldura para evidenciar a mensagem poética construída nos versos. 

Há uma integração e diálogo plenos, desde a imagem até a leveza metafórica de um verde que "agasalha o sol"; não só isso, mas aponta para algo mais sutil construído na metáfora seguinte: "sementeira de um sorriso", o que, por si só, nos alegra o coração. 

Interessante observar que o grafitrix é duplamente autoral pelo fato de a poeta ser também quem captou a imagem numa foto muito expressiva, que nos mostra o contraste entre os tons do interior do quarto e a claridade lá de fora; e, ao mesmo tempo, denota o leve balanço da cortina do quarto ao vento. Todos esses elementos visuais e textuais dialogam. 

O texto resultou em um poetrix que nos leva a uma fruição superior, a uma grandeza singela que emociona. Aqui, tudo é poesia, texto e imagem. Parabéns, Andréa Abdala. Obrigado por tão singular presente. 

Forte abraço. José de Castro, cadeira 11 AIP.


23 de fev. de 2024

Poetrix de Claudio Trindade


SENTIMENTOS OCULTOS

máscara a fuga de si
ofuscado brilho
vida soterrada

Claudio Trindade


VERSOS MASCARADOS

desfilam estrofes
significados ocultos
alegria de máscara 

Claudio Trindade


A MÁSCARA MASCARA

momentos de ilusão
luz interna
tristeza do palhaço

Claudio Trindade

18 de fev. de 2024

Poetrix de Marilda Confortin

 
PARINDO OS DIAS

Podo, quebro, mudo.
Vezes flores, outras não.
Gesto vagos amanhãs.

Marilda Confortin

Poetrix de Oswaldo Martins


NO CLÃ DE GATUNOS VIS

Desrespeito e cretinice.
Lixo e absurdas mentiras.
Burrice por subletrados.

Oswaldo Martins


NA POETRÍXTICA ECLOSÃO

Tem-se o mote de repente.
Na conformação, três versos.
Bula satisfeita: trix!

Oswaldo Martins

15 de fev. de 2024

POETRIX TEMÁTICOS - MÁSCARAS

 

Poetrix Temáticos – Máscaras
 
Curadoria do Projeto: Acadêmicas Luciene Avanzini e Andréa Abdala

 
 BELEZA OCULTA 

dançam luzes e sombras
máscaras vestem mistérios
chove magia no ar 

Luciene Avanzini

 
ESCAPISMO
 
Máscaras tomam esquinas
Identidades resguardadas
Igualdade fugaz
 
Andréa Abdala

 
FANTASIA DIÁRIA
 
Uso máscaras do viver
carnavalizo meus dias
folia na alma
 
Cleusa Piovesan
 

DESMASCARADA
 
Flagrada sem burca
Pena: lavar cadáveres
Um deles, seu marido
 
Marilda Confortin

 
CADA UM VESTE A SUA
 
Chega o Carnaval
Teatro popular
Desfile de máscaras
 
Dirce Carneiro
 

CRUEL VIOLAÇÃO
 
Mascarado na madrugada
instintos selvagens gritam
mais uma vez "ela provocou"
 
Cleusa Piovesan

 
A MÁSCARA CAIU
 
queridinho da vovó
orgulho do papai
...nas páginas policiais
 
Bianca Reis

 
TERCETO SEM FANTASIA
 
Não há Poetrix mascarado
Foi não foi, é não é
Ele dorme, beije-o, ele acorda
 
Dirce Carneiro
 

PERSONA
 
vestia um lindo sorriso
casa família trabalho amigos
décimo andar e salto: sorriso-alívio
       
 Diana Pilatti

 
RITUAL MATINAL
 
o acento acena
retira a máscara de doída
… veste-se de doida
 
Angela Bretas

 
BAILE DE MÁSCARAS
 
Expostos sorrisos e flores
Ocultas lágrimas e espinhos...
Dançam dores e mágoas
 
Marcelo Marques

 
AÇÚCAR
 
olhos lambem a máscara
há gosto no mistério
cara, melo
 
Sandra Boveto

 
MÁSKES
 
olhos - a pares,
eu e ela à luz do dia - seguíamos
desnudos, lembranças do primeiro amor
 
Pedro Cardoso

 
DESMASCARADOS
 
máscaras caem
sorrisos forçados
… más caras
 
Angela Bretas

 
DISFARCE
 
amanhece devagar
o dia trajando luzes e cores
dourados mascaram o tempo
 
Lilian Maial
 
 
IMAGEM
 
Reflexo do espelho sangra
Máscara que não cicatriza
Envelhecer é triste.
 
Valéria Pisauro
 
 
AO NATURAL
 
Viver sem máscaras
Duro desafio
Mundo valoriza o ‘parecer’
 
Marcelo Marques

 
MÁSCARA
 
Por que usá-la?
Nem é Carnaval…
Falsear o caráter?
 
José de Castro

 
FUGAZ
 
encaro o espelho do tempo
- ainda sou eu?
escapo pela fissura da máscara

Diana Pilatti
 
 
ARTEFATO
 
a diferença ofensiva das máscaras:
ora somos homens, por horas mulheres
eis o segredo do figurino!
 
Pedro Cardoso

 
VENEZIANAMENTE
 
permitidas diversões proibidas
persona durante a festa
sem rosto, somos todos e nenhum
 
Lilian Maial

 
ANJO NA TERRA
 
Tirou a máscara.
Ninguém conseguiu mirar.
Brilho de sol ofuscava.
 
José de Castro

 
ESTREITO EFEITO

Personagens mascaradas
Estrangeiro do corpo
Avesso imerso da vaidade.
 
Valéria Pisauro
 
 
MÁSCARA SOCIAL
 
toda plena no Instagram
dores maquiadas
desgostosa do amanhã
 
Bianca Reis
 
INVENTO MÁSCARAS
 
olhos sem rosto
íris cor de arco-íris
um jeito de ouvir
 
Sandra Boveto

 
MÁSCARA VIRTUAL
 
A telinha é espelho
Caras, bocas, sorrisos
Tudo fake
 
Marília Tavernard

 
MASCARADO E MAU CARÁTER
 
Brinca o Carnaval sozinho.
Canta gente e canta música.
De fininho vai pra casa.
 
Oswaldo Martins

 
CONFETES E SERPENTINAS
 
Festejos pelas ruas
Máscaras abrem desfiles
Requebram todas as línguas
 
Andréa Abdala

 
CARNAVAL DOS INVISÍVEIS
 
Crianças de rua
Fantasias, nenhuma
A realidade desfila  nua

Marilda Confortin

 
POLÍTICA MASCARADA
 
fagulhas da verdade
esquemas revelados
ardilosas facetas
 
Angela Ferreira

 
ALEGORIA SELVAGEM
 
Esses valentões de carnaval..
Instinto primata quer briga de rua!
Pagação de mico.
 
Saulo Pessato

 
DE VÉU NA FESTA MOMESCA
 
Palhaço sem máscara
Democracia resiste
Macetar a cascavel
 
Ronaldo Ribeiro Jacobina


CERIMONIAL

no rosto o culto
incorporada ancestralidade
ritual dos deuses

Angela Ferreira

7 de fev. de 2024

Poetrix de Margarida Montejano



EM TEMPOS DE GUERRA 


Negação da vida
Resiliência é a ordem
Esperança e poesia nos salvam


Margarida Montejano

2 de fev. de 2024

Pichação - por Pedro Cardoso



PICHAÇÃO 

No grafite, grito riscado
Murais de palavras habitam
Arte germina no asfalto

(Valéria Pisauro)




Abri, aleatoriamente, a Antologia Poetrix 8 - Infinito. Encontrei, no sobressalto, o poetrix Pichação.

Confesso que o título despertou, em mim, a curiosidade poética. Achei interessante e instigante, uma vez que, essa modalidade é considerada crime no nosso país.

A pichação teve início no final dos anos 1960 em Paris, período da contracultura e das revoluções estudantis.

O grafite surgiu em meados dos anos 1970 na cidade de Nova York, quando jovens começaram a registrar marcas e desenhos nos muros da cidade.

A pichação é diferente do grafite.

Um esclarecimento: enquanto a pichação é feita sem permissão e com intuitos geralmente subversivos, o grafite é feito com autorização e em ambientes artísticos e/ou abertos..., tendo um conceito por trás.

É importante observar, de início, que o poema já nos mostra que se trata de um tema controverso.

O grafite geralmente se veste de mensagens sociais, mas, ainda assim, finca o dedo nas feridas das comunidades. Aflora os problemas intensos, promove uma visão mais apurada da sociedade e dos indivíduos que compartilham os mesmos valores éticos e culturais.

Já a pichação ganha contornos diferentes e bem mais controversos.

A expressão "grito riscado" no primeiro verso, passa a ideia de que o grafite é um desenho feito por extenso: algo comprido, que tende a ser longo. Não deixa de ser um desabafo, cunhado a partir do asfalto, como iremos encontrar depois, já no terceito verso. Sendo possível, inclusive, compreender a ideia de asfalto....tendo duplo sentido: o palpável e o figurado.

"Murais de palavras habitam". Um verso aliciante, parece que foi escrito de trás para a frente. Tem-se a impressão de que foi feito às avessas. O usual seria, palavras habitam murais.

Me fez lembrar a "competência" do ex-governador de São Paulo, que usou avental, máscara e óculos de proteção, para posar de mocinho da mente cinza e apagar, pessoalmente, os desenhos e palavras, que tomavam conta da avenida 23 de Maio.

"Arte germina no asfalto". Um verso onde a poesia transborda, vai além das palavras que o representam.

Finalmente, um poetrix que me fez repetir... E viva a poesia!!!


30 de jan. de 2024

Duplix - Pedro Cardoso e Cleusa Piovesan

DUPLIX 


FOTO Pedro Cardoso  //  AMOR PLATÔNICO Cleusa Piovesan




beijo colado na boca - menina // Ideal de felicidade

lábios de mel - Flor de Lis // desabrocham (des)ilusões

garota presa na moldura // sonho em pinceladas de Münch



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