NOME COMPLETO DO
PATRONO: Paulo Leminski Filho
NOME LITERÁRIO DO
PATRONO: Paulo Leminski
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Paulo Leminsky |
DATA DE NASCIMENTO DO PATRONO: 24/08/1944, Curitiba/PR
DATA DE FALECIMENTO DO
PATRONO: 07/06/1989, Curitiba/PR
CADEIRA NÚMERO: 11
FUNDADOR DA CADEIRA:
José de Castro
OCUPANTE ATUAL: José de
Castro
VIDA E OBRA DE
PAULO LEMINSKI
O
nome completo de Paulo Leminski é Paulo Leminski Filho. Nasceu em 24 de agosto
de 1944, em Curitiba/PR. Era filho de Paulo Leminski, militar de origem
polonesa, e Áurea Pereira Mendes, de descendência africana.
Com
12 anos, Leminski ingressou no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde
estudou latim, teologia, filosofia e literatura clássica. Em 1963, abandonou o
Mosteiro, e nesse mesmo ano foi para Belo Horizonte onde participou da Semana
Nacional de Poesia de Vanguarda, quando conheceu Décio Pignatari, Haroldo de
Campos e Augusto de Campos, criadores da Poesia Concreta.
Antes
disso, em 1961, casou-se com a artista plástica Neiva Maria de Sousa, da qual
se separou em 1968. Nesse mesmo ano,
casou-se com a poeta Alice Ruiz, com quem teve três filhos: um menino (Miguel
Ângelo), que faleceu aos dez anos e duas meninas: Áurea Alice Leminski
(homenagem à sua mãe e à esposa) e Estrela Ruiz Leminski.
Em
1964, publicou seu primeiro poema na revista “Invenção”, editada pelos
concretistas. Nesse mesmo ano, assumiu o cargo de professor de História e
Redação em cursinhos pré-vestibulares.
Em
1966, obteve o primeiro lugar em um concurso popular de poesia moderna. De 1969
a 1970, decidiu morar no Rio de Janeiro, retornando a Curitiba para se tornar
diretor de criação e redator de publicidade e TV.
Publicou
textos em revistas alternativas, antológicas do tempo marginal, como “Muda”,
“Código” e “Qorpo Estranho”, publicações que consagraram grande
parte da produção dos anos 1970.
Em
1975, Paulo Leminski iniciou sua trajetória de “escritor maldito” com o romance
“Catatau”, por ele classificado como prosa experimentalista. A obra é
uma espécie de alegoria tropicalista que gerou críticas não muito favoráveis.
Chegou a publicar mais um romance, intitulado “Agora é que são elas”.
Leminski
foi jornalista, escritor e poeta de vanguarda, ensaísta, crítico literário,
tradutor, professor, além músico e letrista. Considerava-se um designer de
texto.
Dominava
seis idiomas: latim, grego, japonês, inglês, francês e espanhol. Traduziu
diversas obras de autores e personalidades como John Fante, Lawrence
Ferlinguetti, James Joyce, John Lennon, Samuel Beckett, Petronio (Satyricon,
traduzida do latim), além de ter traduzido um livro sobre poesia egípcia
antiga. Publicou alguns ensaios literários e biografias de Cruz e Souza, Matsuo
Bashô, Jesus, Trotski e Edgar Allan Poe.
Escreveu
dois livros infantojuvenis. Em 1986, veio o livro “Guerra dentro da gente”,
definido pelo próprio autor como uma fábula em que os milagres são frequentes,
nos quais “existem armas para acabar com todas as armas.” Este livro foi
ilustrado pelo chileno Gonzalo Cárcamo. Em 1989, publicou “A lua foi ao
cinema”.
Leminski
teve mais de uma dezena de livros de poemas publicados, incluindo-se o “Quarenta
clics em Curitiba. Poesia e fotografia”, “Polonaises”, “Não fosse
isso e era menos/não fosse tanto e era quase”, “Tripas”, “Caprichos
e relaxos”, dentre outros. Em 2013, numa edição comemorativa a “Leminski 70
anos”, a Companhia das Letras publicou o livro “Toda Poesia”, reunindo
sua produção poética.
Ganhou
um prêmio Jabuti de Poesia, no ano de 1995, com o livro “Metaformose, uma viagem pelo imaginário grego”,
(terceiro lugar), por ele classificado como prosa poética.
Como
letrista e músico, desfrutou de parcerias diversas em gravações de Caetano
Veloso, Ney Matogrosso, A Cor do Som, Paulinho Boca de Cantor, Moraes Moreira,
Itamar Assunção, Arnaldo Antunes, José Miguel Wisnik, dentre outros. Colecionou
uma bela discografia, com inúmeras gravações de suas letras e músicas, que vão
de 1981 até 2007, continuando a ser gravado mesmo depois de sua passagem para
outro plano.
O
cineasta Werner Schumann realizou filme-documentário sobre Leminski, em 1985,
intitulado “Ervilha da Fantasia”. Nesse documentário, Leminski fala sobre
cinema, literatura, poesia, psicanálise e apresenta a sua obra.
Numa
série de vídeos curtos “Leminski na Vanguarda, Paulo Leminski, Ocupação”, de
Renato Barbieri (1988) são apresentados vários momentos do autor. Leminski fez
uma performance do harakiri cometido, aos 45 anos, por Yukio Mishima, novelista
e dramaturgo japonês. Leminski também faria sua passagem aos 45 anos. Nesses
vídeos faz performance de Franz Kafka e em outro trecho declama um dos seus
poemas: “Eu ontem, tive a impressão que Deus quis falar comigo. Não lhe dei
ouvidos. Quem sou eu para falar com Deus? Ele que cuide dos seus assuntos, eu
cuido dos meus.”
No
dia 07 de junho de 1989, um ano depois de gravar esses vídeos, Leminski
faleceria em Curitiba em consequência do agravamento de uma cirrose hepática
que o acompanhou por vários anos. A Rede Minas, em 2012, exibiu um especial
sobre ele.
Existe
mais de uma dezena de estudos sobre a sua obra, principalmente monografias,
dissertações de mestrado e teses de doutorado de autores diversos, e estudos
publicados pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, entre outros.
Há
uma biografia de Leminski, escrita por Toninho Vaz, intitulada “O bandido que
sabia Latim”, livro publicado pela Record, em 2001. Existe, também, uma
Fundação Paulo Leminski.
É
considerado um dos revolucionários do haicai no Brasil, e da poesia
minimalista, tendo recebido influência literária de autores orientais, como
Bashô , além dos ocidentais Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de
Campos, e também de Helena Kolody, pioneira do haicai no Brasil.
Paulo
Leminski é um nome emblemático e significativo para o movimento minimalista,
além de toda a contribuição que deixou para a literatura brasileira. Dele se
diz que habitou a fronteira entre o erudito e o pop. Ele mesmo se definia como
“punk parnasiano” ou “dadaísta clássico”, conforme confidenciou um dos seus
parceiros de música, José Miguel Wisnik.
POEMAS
DE PAULO LEMINSKI
a
água que me chama
em mim deságua
a
chama que me mágua
------
duas folhas na sandália
o outono
também quer andar
------
a
estrela cadente
me caiu ainda quente
na
palma da mão
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nada me demove
ainda vou ser
o pai dos irmãos karamazov
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por um fio
o
fio foi-se
o
fio da foice
------
a vida varia
o que valia menos
passa a valer mais
quando desvaria
------
a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa
------
OBRAS DE PAULO LEMINSKI
Catatau
(1975) — romance.
Quarenta clics em Curitiba (1976) — poesia.
Polonaises (1980) — poesia.
Não fosse isso e era menos/ não fosse tanto e era quase (1980) — poesia.
Tripas (1980) — poesia.
Caprichos e relaxos (1983) — poesia.
Agora é que são elas (1984) — romance.
Um milhão de coisas (1985) — poesia.
Guerra dentro da gente (1986) — infantojuvenil.
Distraídos venceremos (1987) — poesia.
A lua foi ao cinema (1989) — infantojuvenil.
Vida (1990) — biografias.
La vie en close (1991) — poesia.
O ex-estranho (1996) — poesia.
Toda poesia (2013) — poesia.
Links para se conhecer mais sobre Paulo Leminski:
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/paulo-leminski.htm
https://www.ebiografia.com/paulo_leminski/
https://www.pensador.com/autor/paulo_leminski/
https://www.revistabula.com/385-os-15-melhores-poemas-de-paulo-leminski/
http://www.educacao.video.pr.gov.br/?video=6387 (Especial Paulo Leminski – Parte 1)
http://www.educacao.video.pr.gov.br/?video=6388 (Especial Paulo Leminski – Parte 2)
http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/espacos-culturais/casa-da-leitura-paulo-leminski/
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/parana/paulo_lemiski.html
Autor: José de Castro
7 comentários:
Surpreendente! Aprecio muito as obras de Leminski. Exímio Patrono!
Grande Patrono da Cadeira 11 ocupada brilhantemente pelo poeta José de Castro, cuja homenagem se fez à altura de Paulo Leminski, até hoje inspirador de tercetos e desafia a criatividade daqueles desejosos de seguir seus passos na Poesia.
Obrigado, Andréa Abdala e Dirce Carneiro. É um imenso prazer para mim estar aqui nesta espaço acadêmico na alegre companhia de vocês... Juntos podemos também dignificar a produção poética minimalista como fazia Paulo Leminski. Um afetuoso abraço, queridas amigas...
Sempre admirei Paulo Leminski como escritor, poeta, haicaista e tercetista, como também admiro o curitibano Alvaro Posselt, atualmente. Parabéns, José de Castro pelo excelente tratamento dado a seu patrono na AIP.
Uma homenagem maravilhosa. Todo poeta deve ler Leminski. Parabéns poeta José de Castro.
Ótima pesquisa, José. Ler Paulo sempre tem alguma novidade. Esse "polaco" era um artista plural.
Nosso "Polaco Loko Paka" paranaense fez história na Literatura e deixou-nos um legado de estilo ímpar. Bela biografia!
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