21 de mai. de 2023

Processo Criativo Lorenzo Ferrari

 

Meu processo criativo de escrever Poetrix

Lorenzo Ferrari


Antes de mais nada temos que situar dois momentos: O momento antes das diretrizes poetrix, e o momento atual. Como escrevo poetrix desde 2000, inclusive escrevi poetrix sem títulos que inicialmente não se exigia o título, não vou nem colocar como era o processo anteriormente.

Em 2022 aprovamos as diretrizes e por causa delas fomos obrigados a tomarmos alguns cuidados. Como também faço parte da Confraria Ciranda Poetrix há mais de cinco anos, tenho escrito apenas poetrix temáticos. Isso posto vamos ao meu processo criativo.

A primeira coisa para escrever é saber sobre o quê escrever. Qual é o tema? Antes de iniciar, eu penso como o tema vai ser abordado, de que forma, qual minha visão e o que de novo posso acrescentar sobre aquele tema. Escrevo um esboço, e a ideia principal.

Nesse momento pode sair um poetrix completo ou não. Na verdade, quase nunca sai, pois, o título deixo para escrever por último, depois que os três versos estão praticamente prontos. O

Poetrix fica de molho, pode durar de alguns minutos até dias. Se a ideia está quase pronta eu retomo ao poetrix quase no mesmo instante que o esbocei. Se não, aguardo mais um pouco.

Na segunda retomada eu vejo se o poetrix não tem rima pobre, se não passou de trinta sílabas poéticas na contagem total dos três versos, se existe algum fatiamento, se possui figura de linguagem. Sempre busco algum elemento surpresa que pode ser na forma de escrever, na mensagem passada, no inusitado ou mesmo nas questões de atualidade, mas sempre pensando que o poetrix vai ser lido no futuro e que não pode ser uma fração de instante da história humana.

Gosto de usar o não dito de forma inteligente. Isso pode ser visto nos meus poetrix pela precisão do uso das palavras, ou pela busca do entender mais prolongado. Poetrix para ser bom não tem que ser engolido de uma bocada só. Se eu consegui fazer o leitor voltar a reler valeu a pena ter sido escrito.

Passado todo este processo, sigo a etapa seguinte, colocar um título que resuma de forma sutil o que foi escrito nos três versos. E este título tem que chamar atenção, tem que dar vontade ao leitor de ler os três versos. Parece um paradoxo, porque o título foi escrito depois, mas ele tem que servir para ler os três versos. Não gosto de usar o título como um verso a mais. Apesar de isso não ser proibido, não acho que enobrece o poetrix.

Depois de todos estes processos faço a leitura em voz alta para “ouvir” a sonoridade do poetrix. Perceber o ritmo, e ver se tem musicalidade.

Por último deixo-o em descanso mais um pouco. Entrando na etapa final, faço a leitura como se eu fosse um leitor, como se eu não o tivesse escrito. Leio o título e penso: Me chamou atenção? Deu vontade de ler o resto? Se deu contínuo. Se não reformulo tudo. Leio os três versos e presto atenção. O que mais me chamou atenção: Foi a construção? Foi a surpresa? Foi a(s) figura(s) de linguagem? E o principal, a mensagem está alcançável? Entendi o que foi escrito?

Se passou por tudo isso, coloco a público.

Poetrix apesar de ser uma peça pequena é concentrado. Precisa dizer muito com pouco e justamente por causa do seu tamanho, ele chama muito a atenção, tanto de forma positiva como negativa. Gosto de escrever sempre positivamente. Espero que tenha ajudado a entender como vivo com este pequeno notável.


9 comentários:

José de Castro disse...

Achei interessante a trajetória desenvolvida para se obter um poetrix. Parecem-me salvaguardas para evitar um poetrix "atravessado" ou de má qualidade. Ler, reler, lapidar. É uma boa estratégia. Parabéns.

Dirce Carneiro disse...

Uma trajetória comum a muitos que escrevem poetrix, mas a experiência da criação é particular, única de cada autor. Eu, pessoalmente, gosto de deixar a avaliação para leitores e críticos.

Andréa Abdala disse...

Gostei muito do seu texto e da forma como conduz a sua criação. Confesso ser mais afoita, rs. Parabéns pelo cuidado e pela delicadeza que trata a escrita do Poetrix.

Pedro Cardoso disse...

Grande Lorenzo, seu processo criativo é um exemplo para mim. Valeu meu querido irmão!!! E viva a poesia!!!!

Kika disse...

Muito bacana Lorenzo, gostei muito do seu processo de lapidação de um poetrix. Identifiquei-me com algumas coisas, inclusive o de deixar o título por último, o que muitas vezes demora pra ser criado.
Acredito que é isso, o mais importante é o carinho e a dedicação com o processo de criação de nossos filhotes. Kika

Anônimo disse...

Não é fácil construir um verdadeiro poetrix!
Vejo muita gente escrevendo um período com três frases dependentes, ou seja, uma oração fatiada em três frases.

Marília Tavernard disse...

Processo criativo cuidadoso e um incentivo para os que escrevem. Parabéns amigo.

Lílian Maial disse...

Lorenzo tem nas veias glóbulos vermelhos, brancos, plaquetas e poetrix!

Luciene Avanzini disse...

Perfeito! Muito importante essa forma ir temperando e maturando o poetrix! Parabéns Lorenzo!