Entrevista Andréa Abdala

AIP – ENTREVISTA POR ESCRITO DE ACADÊMICOS PARA O BLOG DA AIP

ENTREVISTADA: 

ACADÊMICA ANDRÉA ABDALA

CADEIRA 23

PATRONO SÁVIO DRUMMOND

Neste mês a AIP apresenta entrevista com a professora, doutora, nutricionista, escritora, poeta, poetrixta Andréa Abdala.

Sua Biografia pode ser lida no menu Biografias, do Blog da Academia.

Quero agradecer à acadêmica por ter aceitado dar esta entrevista exclusiva para o Blog da Academia Internacional Poetrix – AIP.  Agradeço também em nome da Diretoria. 

1) Qual é sua formação acadêmica e como ela influencia na sua escrita?

Sou nutricionista e doutora em Ciências Nutricionais, nunca me vi escrevendo poesia antes da internet. Como profissional de saúde e professora aprendi a lidar com a nuances do ser humano e, talvez, um pouco com as minhas. É provável que a poesia já estivesse presente aí, no cuidado com as pessoas. Na minha família, por parte de pai, tivemos alguns artistas, músicos e pintores. Eu devo ter herdado a sensibilidade deles.

2) Existiu uma motivação para o início da sua carreira literária?

A poesia por si só. Viver uma vida ouvindo Vinícius de Moraes, Tom Jobim, lendo Carlos Drummond, Florbela Espanca... motivações gigantes. Com a internet conheci excelentes grupos de poesia e admiráveis poetas. Passei a ler mais poemas, comprei mais livros, pesquisei mais sobre a vida e a obra dos escritores, ao mesmo tempo iniciava na escrita. Talvez este convívio com generosos escritores no mundo virtual tenha me motivado a escrever sempre mais. Eles apreciavam os meus versos e eu acreditava, e assim fui ficando e me apaixonando mais e mais.

3) Em que gêneros começou a escrever?

Nos diferentes grupos de poesia dos quais participei eu lia muitos poemas livres, sonetos, repentes, contos e grinaldas de trovas; comecei assim, me deixando envolver com a magia e a sonoridade dos versos. Fiz algumas composições em parceria com outros poetas. A troca acontecia por meio de mensagens eletrônicas (os e-mails), era um vício abrir a caixa de mensagens todas as noites, após dia de trabalho e ficar lendo e respondendo poesia.

O poema curto já chamava a minha atenção, de alguma maneira eles exerciam um fascínio maior sobre mim, apesar de saborear (coisa de nutricionista) cada um dos diferentes gêneros apresentados.

Sob a lua da praia da Urca, no Rio de Janeiro, participei do meu primeiro sarau. Inesquecível. Ainda sou tímida, confesso.

4) Cite um conceito do seu livro Nutrição ao Envelhecer, de 2020.

Nutrição no Envelhecer é um projeto que está na sua 3ª. edição. Tudo começou em 2000 com o desenvolvimento da linha de pesquisa concluída no fim do mestrado - Alimentação Saudável Para Idosos - e perdurou com o término do doutorado. A convite da editora Atheneu - RJ, organizei esta obra em parceria com outros nutricionistas especialistas na área.

O livro abrange aspectos dietéticos, práticas alimentares, orientações nutricionais na saúde do idoso e nas doenças crônicas, incluindo  Alzheimer e Parkinson, além de um capítulo intitulado Alimentação com sabor de saúde que reúne diversas receitas saborosas. Muito me orgulha saber que este livro foi um divisor de águas para muitos nutricionistas e profissionais interessados no tema, e que é considerado uma obra de extrema relevância cientifica na nutrição gerontológica. Trabalhar com e para pessoas idosas é muito gratificante. Hoje, na qualidade de Conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas 4ª. Região - RJ e ES, Coordenadora da Câmara Técnica de Nutrição e Saúde do Idoso, debruço-me na área com a mesma vontade de antes.

5) Como conheceu a poesia minimalista – o Poetrix? Desde quando escreve Poetrix?

Eu conheci o Poetrix através de Sara Fazib, poetrixta, que me levou para o Movimento Internacional Poetrix - MIP, em 2000, logo no seu início.

Participei da primeira antologia e de imediato me apaixonei pelo estilo conciso, enxuto e explosivo. Tive alguns Poetrix selecionados como melhores do mês e publicados na II Antologia 2001 - Prêmios Pórticos - Salvador BA. São eles: Nova Edição, Mulher Natureza e Apagão, gênero feminino.

Sim, a poesia no Poetrix é um estopim. Sara Fazib nos deixou vários Poetrix espetaculares, aprendi muito com ela. Por motivos alheios à minha vontade, fiquei pouco tempo por lá, precisei me afastar. Como dizem por aí - o bom filho à casa torna - retornei como se não estivesse deixado vazio o meu lugar no sofá. O Poetrix não sai da gente.

6) O que acha do Movimento Minimalista? Qual o seu legado?

Os Movimentos Minimalistas se caracterizam pela síntese, adequando às necessidades da vida aquilo que é realmente essencial, descartando as futilidades no caminho da realização pessoal. Eu sou um pouco assim. Prática, direta.

Trata-se de adotar um estilo de vida mais simples, mais leve, isento de posses e acúmulos. A poesia minimalista nos remete ao essencial, ao dito e não dito, ao deixar nas entrelinhas. Enxugar do poema palavras que estariam sobrando sem desfocar a poesia.

7) De onde vem sua inspiração para escrever? Como é seu processo criativo? Tem períodos em que não produz? Se sim, como reage?

Minha inspiração vem de temas propostos em um grupo de Poetrix, do qual participo desde 2017. Algumas vezes escrevo sobre fatos, vivências, notícias ou mesmo após a leitura de outros poemas, contos e etc... Falo sobre tudo que considero relevante, apaixonante, triste, instigante, sempre carregado de poesia. Mesmo nos protestos ou nos Poetrix mais irônicos.

Não costumo me demorar no processo de criação, na maioria das vezes o Poetrix vem à minha mente no instante em que escrevo. Normalmente acontece nas manhãs, mas não existem regras. Seria por conta do descanso da mente? Se é que este descanso acontece! Pode surgir enquanto ouço uma música também, no fim da tarde ou mesmo tomando um delicioso café.

Escrevo, minimamente, três Poetrix a cada três dias, sem qualquer misticismo nisso. Pode acontecer, e acontece, de nem todos estarem brilhantes, fato que eu trato hoje com muita naturalidade, sem cobranças e ataques a mim mesma. Escrever bem é para mim um exercício e só se conquista com a prática e a leitura de bons Poetrix, de bons Poetrixtas.

8) Qual é a matéria da sua escrita, isto é, quais assuntos mais abordados?

Atualmente eu escrevo sobre tudo. Esta facilidade, ou quase, se deve aos exercícios praticados nos grupos onde participo, criando Poetrix temáticos. Nem sempre são temas fácies ou agradáveis, tudo é uma questão de treino e sensibilidade.

9) Como se sente sendo acadêmica da Academia Internacional Poetrix – AIP? Por que escolheu Sávio Drummond como seu patrono?

Meu patrono foi proposto pela academia, 

não uma escolha minha.

Não tive o privilégio de conhecer Sávio ((foto ao lado, única imagem disponível) porém, a admiração que tinham por ele chegou a mim, por meio de depoimentos e textos literários compartilhados por Goulart Gomes.

Direi o mesmo do meu discurso: 

Sávio Drummond,  baiano, médico, possui um belo acervo de contos, poesia e Poetrix, além da sua habilidade para desenhar. 

Como desenhista criou caricaturas de amigos e capas dos livros de diversos escritores do Grupo Cultural Pórtico. 

Tratava-se de uma alma liberta, por isso não demorou muito neste plano. 

Após seu falecimento prematuro, Goulart descreveu sobre a maestria do poeta nas artes em geral : 

"Passeava do trágico ao cômico, do lírico ao popular, com muita leveza e propriedade"

10) Como é sua interação nas atividades oficiais da Academia?

Tomei posse na AIP em outubro de 2021 e integrei a diretoria em fevereiro de 2022. Como se pode observar eu vim para somar; sou diretora tesoureira desta gestão. Brincadeiras à parte, procuro exercer minha função com o cuidado e o respeito que a academia merece. O Poetrix deve ser tratado como o protagonista da história, eu estou aqui para servi-lo com muita dedicação. Além disso, auxilio em outras atividades solicitadas pela presidência, sempre quando me sinto confortável e com conhecimento.

11) Qual é a sua opinião sobre as entrevistas que a AIP vem promovendo no seu Blog? Tem alguma sugestão a fazer?

Este é um movimento muito importante para que a sociedade literária, ou não, possa conhecer, e até mesmo interagir com os acadêmicos e com a academia como um todo, não ficando apenas restrito à leitura de seus Poetrix. Sou super a favor da continuidade deste projeto e sugiro, num futuro próximo, a realização de lives/entrevistas no canal da AIP no You Tube.

12) Qual projeto você gostaria de implementar na AIP?

Talvez fortalecer o sarau e dentro das possibilidades, criar revistas literárias e concursos de Poetrix. A Academia é recente, sei que aos poucos teremos muitas novidades. Importante é o apoio e o envolvimento de todos os acadêmicos neste processo.

13) Interage nas redes sociais com sua escrita, especialmente com Poetrix, em quais espaços, nas redes sociais? (whatsapp, facebook, site, blog).

Sim. Tenho o instagram @andrea_abdala_

no facebook me encontram como Andréa Abdala 

https://www.facebook.com/andreaaabdala/ 

e nos grupos de whatsapp com poetrix temáticos.

14) Sobre os grupos de Poetrix em que atua, poderia falar da sua experiência com eles?

São as melhores. A interação que normalmente acontece por lá favorece a busca pelo aprimoramento da escrita do Poetrix. Sou muito favorável à prática das berlindas, aos comentários e aos exercícios nas oficinas. Do grupo Ciranda Poetrix faço parte da diretoria e da comissão de avaliação, são vivências que nos permitem evoluir em todos os sentidos.

15) Qual sua opinião sobre os coletivos literários na internet? E sobre os coletivos femininos?

Vejo como um local de grande aprendizado e aperfeiçoamento, além de possibilitar interação com escritores de várias regiões brasileiras, principalmente. Temos a oportunidade de publicação e de conversas sobre diversos gêneros literários. Propagar o Poetrix para o maior número de pessoas é um dos meus maiores desejos enquanto escritora.

16) Como você encara o papel da Arte na nossa vida, na sociedade, no Brasil e no mundo?

A Arte é tudo... . Não é possível respirar sem Arte. Arte é beleza, encantamento, fuga, leveza e tudo mais que uma pessoa quiser. O sentir é belo. O sentir é primordial.

17) Fale-nos sobre seus livros, lançados recentemente. Qual a sua expectativa sobre eles? Como é vender suas obras?

Eu venho participando de muitas antologias, como coautora, nos últimos anos, Recentemente organizei uma antologia chamada Poesia Minimalista pela  Editora Selo Independente, SP. 

Neste ano, 2022, lancei meu primeiro livro de Poetrix - Minúcias, pelo selo Ciranda Poetrix e a Editora Scortecci. 

Mínúcias reúne Poetrix escritos no grupo virtual Confraria Ciranda Poetrix, entre 2019 a 2021. Espero espalhar o Poetrix por onde eu passar.

Meus livros de Poetrix são presentes, não tenho pretensão de vendê-los.

18) Cite autores que a influenciaram ou que a influenciam.

Muitos... Gosto bastante da poesia de Drummond, Mario Quintana, Paulo Leminski, Silvana Guimarães, dentre outros.

19) Cite um poetrix e outro texto seu dentre os preferidos.

Tarefa complicada. Poetrix é como filho, não tem preferências. Citarei um de que o amigo e poetrixta Pedro Cardoso gosta muito.

ESTAÇÃO DELAS

tempo de colheita

mudas ou não

mulheres florescem

Andréa Abdala

20) Finalmente, existe algo mais que queira acrescentar nessa entrevista?

Eu gostaria de deixar uma mensagem para os novos na escrita do Poetrix. Escrever Poetrix é estudo, poesia, respeito e muito amor. É preciso se sentir poetrixta. Aprendizes seremos sempre e eternos. Temos dias maravilhosos e outros nem tanto, Poetrix lindos e outros quase. O Poetrix surge normalmente sem pressa. Sejam, acima de tudo, apaixonados por ele.

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Entrevista realizada pela Acadêmica Dirce Carneiro, Diretora de Comunicação da AIP. Julho de 2022.