23 de out. de 2025

POetrix de Cleusa Piovesan


GRAÇA SUSPENSA 

Passo leve
altos voos
vida... de garça 


 BLINDAGEM

Parlamentar... é pra lamentar!
deputados, de putaria em putaria...
o diabo veste terno e gravata


PASSANDO A BOIADA 

Na surdina, muita pilantragem
Congresso não representa o povo
o diabo e suas arti_manhas...


"AOS MESTRES, COM CARINHO" 

Professam fé na vida 
educam com o coração 
sua sapiência não é artificial 

Cleusa Piovesan

Poetrix de Marcelo Marques


 PRESAS DA VIDA

Choro aos berros no início 
Existir por instinto
Lágrimas silenciosas no final

 
 FINITUDES PARADOXAIS 

Ciclos em renovação
Fins são novos recomeços
Opostos se completam

Marcelo Marques

22 de out. de 2025

Poetrix de Valéria Pisauro


SONS DE CHEIROS

Claves de rosas em coral
Sopranos de fragrâncias ao vivo
Espinhos são tenores.


MATURIDADE

Floresço invernos
Não conto primaveras
Reformo meu jardim.


MEU HORÁRIO, MINHAS REGRAS

Sol desperta violento
Dourado invade o quarto
Fecho as cortinas.


PERSONAS

Epelho fragmenta a imagem
Vaidade corta-se por inteiro
Cacos recolhem vidas.

Valéria Pisauro

Poetrix de Dirce Carneiro


SALA DE AULA

Palavras gravadas na lousa
Saber escrito na mente
Cenas impagáveis 


AURORA-OCASO

Manhã, tarde, noite
Um dia é vida inteira
Tempo-metáfora 


AS CIRANDAS DA INFÂNCIA 

Não eram brincadeiras
Tinham muito de treino
A inocência não lia


ESPINHOS DO JARDIM

Etarismo, capacitismo, ismos
Questões nos desafiam
Achar o poema, todavia

Dirce Carneiro

19 de out. de 2025

Poetrix de Sandra Boveto

 
PEIXES NA REDE

fisgados pelo ódio
cardume sem direção
liberdade não oferece proteção


JORGE

desceu do cavalo 
deu a espada ao dragão
a lua que conte outra

Sandra Boveto

Poetrix de Andréa Abdala


CENÁRIO DA GUERRA

Festa aos amores vindos 
Sorrisos lacrimejados
Cansaços nos abraços 


 LEMBRANÇAS DO CATIVEIRO 

Cheiro da própria morte 
Marcas da cova nas mãos 
Peso insuportável da guerra


RELICÁRIO DA GUERRA 

Há um definhar de esperança 
Secura de corpos ausentes 
Lágrimas fracassadas 

Andréa Abdala

Grafitrix Marilda Confortin

 





Poetrix de Luciene Avanzini


 RITUAL DO VENTO
 
cores cantam no fio estendido
o vento dança com lençóis brancos
o vazio veste luzes apagadas


ECO DE ABSTINÊNCIA 

memória em retalhos se desfaz
luz que não vê seu crepúsculo
copo vazio transborda o nada


VERTIGEM DO SER
 
incendeio águas quietas no meu peito
mar revolto dorme em minhas veias
silêncio grita ao espelho

Luciene Avanzini

16 de out. de 2025

Eu e o Poetrix de Dirce Carneiro

 EU E O POETRIX 

(Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26) 

 

Porque atraiu-me, dedico-me e escrevo Poetrix? 

A proposta acenou-me como desafio.  

Num mundo da velocidade, em que, muitas vezes, a pressa anula o intervalo entre o enunciado da mensagem e o seu fim – o raciocínio, o Poetrix, para mim, se apresentou como forma poética a romper essa bolha de clips rápidos e alienantes. 

Já disse, em outras ocasiões, que o Poetrix une o clássico e o moderno-contemporâneo, contemplando uma das mais interessantes combinações culturais. 

Clássica, porque traz, na forma, fixa, a exigência de 30 sílabas poéticas no terceto, não se considerando o título nesta contagem. 

Moderno-contemporâneo, porque no seu conteúdo, livre, cabem todos os universos de assuntos que habitam a imaginação dos poetas. 

Assim, para meu estilo dissertativo, fui desafiada a sintetizar enunciados poéticos e visões de mundo, tendo a profundidade e a máxima poeticidade (possível a cada autor), como atributos capazes de impactar o leitor. 

Um, entre outros desafios, se apresenta neste fazer poetrixta: a independência dos versos. Muito já se falou sobre isso. Não me alongarei no básico da questão. 

Só menciono a tendência de se compor tercetos sem oração (sem verbo) como artifício para fugir do chamado fatiamento. 

Em debate, sempre frutífero, com um estudioso de Língua Portuguesa e outros idiomas, que justificava a ausência de verbos nos seus poemas, veio ao contexto a citação “No princípio era o verbo” 

Sim, disse-lhe eu: 

 - O verbo estava oculto, existia no conceito, como ideia, mas na hora de se comunicar, ele se “fez carne”, materializou-se, mostrou a face do que pairava sobre a criação: 

O criador do mundo queria se comunicar, mandar sua mensagem. 

O poetrixta quer se comunicar, numa mensagem de versos com enunciados completos. 

Sem engessamentos. Nada é absoluto. 

Às vezes, também nos comunicamos apenas com gestos, olhares, algo em suspenso e/ou secreto e até mesmo símbolos. 

Clássico-moderno-contemporâneo. É o Poetrix. Certinho na forma, ousado, atrevido, lírico, poético e imprevisível no conteúdo. Tudo o que um poeta pode ser com as palavras. 

____________ 

Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26 

Outubro/25 

 

5 de out. de 2025

Poetrix de Lorenzo Ferrari



SELVAGEM LIVRE 

Olhos riscam horizontes
Instinto fareja o invisível
Natureza ruge em mim


DELITO CRAVADO

Punho veste silêncio
Vergonha não é vítima
Culpado é quem cala


SERES INVERSOS

Vivem de costas ao espelho
Sombras não se reconhecem
Reflexo mente verdades


Lorenzo Ferrari 

2 de out. de 2025

Poetrix Angela Ferreira


 HEDIONDO

abruptamente a abordagem
satisfação do erro
sorriso estampa violência


 RÓTULOS 

nada de procriação
amores quantos interessam
feliz quem se libera

 Angela Ferreira

Poetrix de Oswaldo Martins


 TODO LINDO E BOM PRESENTE

tem no cheiro o verde prado
par vibrante e quente sente
quando em versos gera fado


 SERES FRACOS VIRAM PRESAS

vitimados labutando
vivem mortos por empresas
vêm o tempo lhes matando


DUAS CORES POR TIÃO

deslumbrante competência
preto e branco sobre tudo
simpatia pelo simples


POÇO EM CHAMAS, FOGO EM CHORO

poço de Petróleo ardendo
consciência posta em foto
sentimento de fraqueza 

Oswaldo Martins

27 de set. de 2025

Poetrix de José de Castro

 

PELO CAMINHO 

Tudo é pedra, poeira e pó
De repente, tudo é palavra 
Poetrix alcatifa o meu chão


LYRICAL SOUNDS

Sonolento, sussurra o soneto 
Traquinas, trombeteia a trova
Primoroso, poesia o poetrix


NO PREGUIÇAR DA NOITE 

Insinua-se um rondel 
Pisca-me um soneto 
Beijo na boca, só poetrix


E NA BAHIA? 

Surgiu o samba? 
Inventou-se a preguiça? 
Não, nasceu o Poetrix. 

José de Castro