19 de out. de 2025

Poetrix de Luciene Avanzini


 RITUAL DO VENTO
 
cores cantam no fio estendido
o vento dança com lençóis brancos
o vazio veste luzes apagadas


ECO DE ABSTINÊNCIA 

memória em retalhos se desfaz
luz que não vê seu crepúsculo
copo vazio transborda o nada


VERTIGEM DO SER
 
incendeio águas quietas no meu peito
mar revolto dorme em minhas veias
silêncio grita ao espelho

Luciene Avanzini

16 de out. de 2025

Eu e o Poetrix de Dirce Carneiro

 EU E O POETRIX 

(Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26) 

 

Porque atraiu-me, dedico-me e escrevo Poetrix? 

A proposta acenou-me como desafio.  

Num mundo da velocidade, em que, muitas vezes, a pressa anula o intervalo entre o enunciado da mensagem e o seu fim – o raciocínio, o Poetrix, para mim, se apresentou como forma poética a romper essa bolha de clips rápidos e alienantes. 

Já disse, em outras ocasiões, que o Poetrix une o clássico e o moderno-contemporâneo, contemplando uma das mais interessantes combinações culturais. 

Clássica, porque traz, na forma, fixa, a exigência de 30 sílabas poéticas no terceto, não se considerando o título nesta contagem. 

Moderno-contemporâneo, porque no seu conteúdo, livre, cabem todos os universos de assuntos que habitam a imaginação dos poetas. 

Assim, para meu estilo dissertativo, fui desafiada a sintetizar enunciados poéticos e visões de mundo, tendo a profundidade e a máxima poeticidade (possível a cada autor), como atributos capazes de impactar o leitor. 

Um, entre outros desafios, se apresenta neste fazer poetrixta: a independência dos versos. Muito já se falou sobre isso. Não me alongarei no básico da questão. 

Só menciono a tendência de se compor tercetos sem oração (sem verbo) como artifício para fugir do chamado fatiamento. 

Em debate, sempre frutífero, com um estudioso de Língua Portuguesa e outros idiomas, que justificava a ausência de verbos nos seus poemas, veio ao contexto a citação “No princípio era o verbo” 

Sim, disse-lhe eu: 

 - O verbo estava oculto, existia no conceito, como ideia, mas na hora de se comunicar, ele se “fez carne”, materializou-se, mostrou a face do que pairava sobre a criação: 

O criador do mundo queria se comunicar, mandar sua mensagem. 

O poetrixta quer se comunicar, numa mensagem de versos com enunciados completos. 

Sem engessamentos. Nada é absoluto. 

Às vezes, também nos comunicamos apenas com gestos, olhares, algo em suspenso e/ou secreto e até mesmo símbolos. 

Clássico-moderno-contemporâneo. É o Poetrix. Certinho na forma, ousado, atrevido, lírico, poético e imprevisível no conteúdo. Tudo o que um poeta pode ser com as palavras. 

____________ 

Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26 

Outubro/25 

 

5 de out. de 2025

Poetrix de Lorenzo Ferrari



SELVAGEM LIVRE 

Olhos riscam horizontes
Instinto fareja o invisível
Natureza ruge em mim


DELITO CRAVADO

Punho veste silêncio
Vergonha não é vítima
Culpado é quem cala


SERES INVERSOS

Vivem de costas ao espelho
Sombras não se reconhecem
Reflexo mente verdades


Lorenzo Ferrari 

2 de out. de 2025

Poetrix Angela Ferreira


 HEDIONDO

abruptamente a abordagem
satisfação do erro
sorriso estampa violência


 RÓTULOS 

nada de procriação
amores quantos interessam
feliz quem se libera

 Angela Ferreira

Poetrix de Oswaldo Martins


 TODO LINDO E BOM PRESENTE

tem no cheiro o verde prado
par vibrante e quente sente
quando em versos gera fado


 SERES FRACOS VIRAM PRESAS

vitimados labutando
vivem mortos por empresas
vêm o tempo lhes matando


DUAS CORES POR TIÃO

deslumbrante competência
preto e branco sobre tudo
simpatia pelo simples


POÇO EM CHAMAS, FOGO EM CHORO

poço de Petróleo ardendo
consciência posta em foto
sentimento de fraqueza 

Oswaldo Martins

27 de set. de 2025

Poetrix de José de Castro

 

PELO CAMINHO 

Tudo é pedra, poeira e pó
De repente, tudo é palavra 
Poetrix alcatifa o meu chão


LYRICAL SOUNDS

Sonolento, sussurra o soneto 
Traquinas, trombeteia a trova
Primoroso, poesia o poetrix


NO PREGUIÇAR DA NOITE 

Insinua-se um rondel 
Pisca-me um soneto 
Beijo na boca, só poetrix


E NA BAHIA? 

Surgiu o samba? 
Inventou-se a preguiça? 
Não, nasceu o Poetrix. 

José de Castro

26 de set. de 2025

RESULTADO DO CONCURSO LITERÁRIO DE POETRIX "ANTHERO MONTEIRO" - 2025

DIVULGAÇÃO DO RESULTADO DO CONCURSO LITERÁRIO DE POETRIX "ANTHERO MONTEIRO" - 2025



É com imensa alegria que a Academia Internacional de Poetrix (AIP) agradece a todos os participantes inscritos no Concurso Literário de Poetrix “Anthero Monteiro” – AIP 2025. A confiança depositada em nosso trabalho fortalece a missão de valorizar e difundir o Poetrix, incentivando novos poetrixtas e celebrando a criatividade poética.

Estendemos nosso sincero agradecimento à Diretoria da AIP e à Comissão Especial Julgadora, cujo empenho, dedicação e olhar criterioso foram fundamentais para a realização deste concurso, garantindo a lisura, a qualidade e a seriedade do processo avaliativo.

Parabenizamos calorosamente cada vencedor, assim como todos os participantes que, com sensibilidade e talento, contribuíram para o sucesso desta edição. Que esta conquista inspire novas criações e fortaleça ainda mais o movimento Poetrix em âmbito nacional e internacional.

Com grande satisfação, anunciamos os vencedores do Concurso Literário de Poetrix “Anthero Monteiro” – AIP 2025, nas duas modalidades: Adulto Nacional e Talento Jovem Nacional.








21 de set. de 2025

Grafitrix de Valéria Pisauro


 

Grafitrix de Andrea Abdala

 


Poetrix de Valéria Pisauro


 POETRIX

Geografia da página nua
Concisos trisal prematuros
Clímax infinito ao findar.


CAMINHO DA ESCOLA

Na mochila, livros e futuro
Bala certeira rompe o amanhã
Comunidade silencia.

DESENREDO

Verso se fez verbo
Vidas pretéritas, intransitivas
Futuro sem conjugação. 

Valéria Pisauro

Poetrix de Dirce Carneiro


VÃO 

Erguem-se muros
Arames farpados ameaçam 
Grafite fere a tirania


DESABAFO

Qual o seu lugar 
A margem é abrigo
O feio é vômito social

Dirce Carneiro

Poetrix de Sandra Boveto


 LABIRINTO DE SONHOS

seus espectros ainda vagam
sono é novelo frágil
há saída pelos olhos


PIRILAMPOS PERMITEM A ESCURIDÃO 

a luz conduz o olhar
cuidado! holofotes mentem
um vaga-lume me trouxe aqui

Sandra Boveto