26 de mai. de 2025

Poetrix de Marilda Confortin


 QUIETUDES

Harmonia requer silêncios
Pausas entre notas musicais
Poesia brota em vãos

Marilda Confortin

Poetrix de Marília Tavernard

 
MEU INTERIOR

Acumulo saudades
Brotam momentos felizes
Tua presença sempre viva


FUGA

O presente maltrata
Vivo no passado distante
Saudades do que já passou


INQUIETAÇÃO
 
Meu silêncio é barulhento
Meu sotaque traduz minha mudez
Sou hiperativo

Marilia Tavernard

23 de mai. de 2025

Poetrix de Dirce Carneiro


QUÃO BELO É MAIO

Outona-se em maio
Há chegadas e partidas
Folhas voam e renascem


MULHER DIACRÔNICA

De Eva a Maria do Sim
As faces da mulher
Perfeita tradução não há


SÍNDROME DE CINDERELA

Ela sonha
Vestido branco, flor de laranjeira
Lá vai Maria, nave da fantasia

Dirce Carneiro

20 de mai. de 2025

Poetrix de Oswaldo Martins


GULOSEIMAS PELO LEITO

pra comer com chantili
têm quentíssimos suspiros
trazem múltiplos prazeres!  


CAMINHOS OU DESCAMINHOS?

tragam seres desumanos
têm demônios... veros cãezinhos...  
– quantos vermes tão mundanos!


SONHO DE DOMINAÇÃO

tem origem na burrice
traz desnaturada ação
manifesta idiotice


PARA O MENTECAPTO EM CRIME

manifestos são desprezos
'tão as sendas da prisão
pá de cal terá no fim

Oswaldo Martins

Poetrix de Angela Ferreira


DESAFINADA MELODIA

agudo som do desamparo
solução baixa tom 
grave, a omissão


INTELIGÊNCIA EMOCIONAL EM GUERRA

bombardeiam informações
fundamentalismo genial
anjos aos céus


SINESTESIA

ouço o mar, danço 
água leva peso
sal da terra revigora

Angela Ferreira

19 de mai. de 2025

Poetrix de Luciene Avanzini


OCEANOs de MIM

no olhar fugaz, lágrimas do amanhã 
nado nas sombras das dúvidas 
braçadas respingam promessas


MÁSCARAS DA NOITE
 
Cortinas dançam na brisa silenciosa 
olhos brilhantes sussurram mistérios 
sombras pintam nossos segredos

Luciene Avanzini

Poetrix de Lorenzo Ferrari


 KANT AO LUAR 

Tempo sem espaço
O novo de novo
Infinito é te amar sempre

Lorenzo Ferrari

28 de abr. de 2025

MITOPOETRIX - Joaquim Dolz


 OS MITOPOETRIX DE XIMO 

Ximo Dolz (Prof. Joaquim Dolz*) 

 

Ximo não sabe nada ou muito pouco dos povos indígenas do Brasil. Escreve de longe como um jogo para aprender.  

Os povos indígenas do Brasil guardam, em suas línguas, rituais e mitos, uma das mais antigas formas de compreender o mundo. Cada ser, cada rio, cada árvore e cada espírito tem voz, tem presença e memória. As narrativas orais que atravessam gerações não são apenas histórias: são mapas de sabedoria, códigos éticos e formas de estar no mundo em profunda relação com a natureza. 

Este pequeno conjunto de poemas nasce do desejo de escutar essas vozes ancestrais, as vozes da floresta, e de transformá-las em linguagem poética, acessível, respeitosa e simbólica. Aqui se reúnem personagens míticos de diferentes etnias, como os Guarani, Tupinambá, Yanomami, Tukano, Kayapó e outros povos originários que resistem e recriam suas tradições em meio a desafios antigos e novos. 

Para escrever os Poetrix, teve que se documentar.  

Tupã, Maíra, Boiúna, Yebá Bëló, Omama… Cada nome carrega consigo uma força: a criação, o mistério, o equilíbrio, a cura, o desafio. Ao transformar esses mitos em versos, este trabalho não pretende “traduzi-los”, mas sim ecoar, com humildade e poesia, a sabedoria viva dos primeiros povos do Brasil. 

 Ximo Dolz 

(Prof. Joaquim Dolz - Universidade de Genebra - Suíça) 

 

 

 

 MITOPOETRIX INDÍGENA 

 

eco das vozes da floresta 

universo esquecido 

ser um com a natureza 

 


RIO AMAZONAS 

 

não só água ouço 

cantam mitos esquecidos 

memória nas curvas do tempo 

  

 

DEUS TUPà

 

é vento, é raio, é trovão 

vive sem viver em nós 

mistério em cada som 

  

 

YEBÁ BËLÓ 

 

experiência ancestral 

saber de vovó que tece o mundo 

fios de tempo ritual 

  

  

VOZES INDÍGENAS PERSISTEM 

 

Kuat brilhou o primeiro dia 

Jakaira soprou minha cura 

Karai acendeu meu verbo 

 

 

 

MITOPOETRIX FINAL 

 

o mito não passou, respira 

a floresta não dorme, escuta 

quero dançar a vida 

 

Ximo Dolz 


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_*Ximo Dolz, nome poético do Professor Joaquim Dolz, pesquisador e professor da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra – Suíça. Professor de Didática de línguas e formação de professores. Codiretor, do Grupo de Pesquisa e Análise do Francês Língua Materna (GRAFE). Tem pesquisas sobre o Ensino de Línguas em contexto multilíngue; Didática de gêneros orais e escritos: Análise das interações didáticas e objetos de ensino e Formação de alunos em uma perspectiva didática. É autor de estudos diversos no assunto, entre os quais, seu livro, Gêneros Orais e Escritos na Escola, junto com Scheneuly, é um marco na área. Desde 2023 Ximo Dolz se interessou pela forma minimalista de Poesia, não só como objeto de pesquisa e estudo, mas também como praticante do Poetrix, forma usada para compor os poemas desta série. É membro do Grupo Selo Poetrix, a partir da data citada, onde aprendeu e agora até ensina e debate sobre este gênero textual criado no Brasil. Tem poemas publicados no Blog da Academia Internacional Poetrix – AIP. 

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Organização – revisão Dirce Carneiro

Cadeira 26 da Academia Internacional Poetrix