1 de mar. de 2024

MARIO QUINTANA



NOME COMPLETO: MARIO DE MIRANDA QUINTANA

NOME LITERÁRIO: MARIO QUINTANA

Mario Quintana - foto: Dulce Helfer


DATA DE NASCIMENTO: 30/07/1906
DATA DE FALECIMENTO: 05/05/1994
NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 14
FUNDADORA: Marilda Confortin
ACADÊMICO ATUAL: Marilda Confortin


VIDA E OBRA

 

Mario Quintana, sem acento no nome nem na ABL, nasceu prematuramente em Alegrete, RS, cidade que em 1968 homenageou-o com uma placa de bronze na praça. Por achar que poderia ser um equívoco, ele próprio ou qualquer outra pessoa, querer eternizar um poema seu, convenceu as autoridades a gravarem na placa apenas uma frase irônica de sua autoria: “Um engano em bronze é um engano eterno”

Terceiro filho do farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda Quintana e neto de médicos. O pai lia poemas em voz alta nos serões e a mãe, educada no Uruguai, também, mas preferia poemas em língua espanhola.

Quintana aprendeu a ler aos seis anos de idade, soletrando as manchetes do Correio do Povo, jornal onde futuramente seria contratado como colunista da página de Cultura. E já na tenra idade, teve noções de francês e espanhol. 

A LUTA

Quando eu era pequenino
Atirava rimas ao poema como ossos a um cãozinho…
Eu cresci. Ele cresceu.
Agora… Quem é ele e quem sou eu, que não mais nos conhecemos?
Quando, agora, a sós ficamos, nous hurlons de nous trouver ensemble:
Quase que nos devoramos…
Mas vem a aurora apagadora de lampiões
E vem, pé ante pé, a hora burguesa e triste do café
(Pelas encostas do tempo soluçam rimas de outrora…)
E fica tudo para o próximo
Round!

(Mario Quintana, Antologia poética)

 

Na adolescência, Quintana vai morar em Porto Alegre e é matriculado no Colégio Militar, cuja qualidade de ensino, lá pelos idos de 1920, era considerada a mais exigente e refinada. Mas, o futuro poeta só se interessava por português, história e francês e, por isso, foi reprovado nas demais disciplinas.

29 de fev. de 2024

JÚLIO AFRÂNIO PEIXOTO

 

NOME COMPLETO: JÚLIO AFRÂNIO PEIXOTO

NOME LITERÁRIO: AFRÂNIO PEIXOTO

MESTRE DE HIGIENE E MEDICINA LEGAL. ESCRITOR TALENTOSO

PAI DO HAICAI NO BRASIL

Fonte: Jacobina, 2010

DATA DE NASCIMENTO: 17/12/1876

DATA DE FALECIMENTO 12/01/1947

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 25

FUNDADOR: Ronaldo Ribeiro Jacobina

ACADÊMICO ATUAL: Ronaldo Ribeiro Jacobina


VIDA E OBRA DO PATRONO  

 

      Júlio Afrânio Peixoto nasceu em Lençóis, nas Lavras Diamantinas, Bahia, em 17 de dezembro de 1876.  Filho de Virgínia de Morais Peixoto e do capitão Francisco Afrânio Peixoto. Criado no interior da Bahia, cujos cenários constituem a situação de muitos dos seus romances, sua formação intelectual se fez em Salvador, onde se diplomou em Medicina, em 1897 (81ª turma), como aluno laureado. Sua tese inaugural, “Epilepsia e crime” (Meirelles et al., 2004), despertou grande interesse nos meios científicos do país e do exterior.

      Iniciou sua carreira docente como Preparador de Medicina Legal na Faculdade de Medicina da Bahia. Logo depois o político baiano José Joaquim Seabra, Ministro da Justiça e Negócios Interiores, o convidou para atuar na capital federal. Juliano Moreira, seu mestre querido, agora colega professor, já tinha se transferido para a capital federal, Ambos, que já se encontravam no Rio de Janeiro desde final de 1902, pediram exoneração das funções docentes na Fameb, que foi concedida em 1903 (Faculdade..., 1903, p. 431).

      O primeiro vínculo na capital federal foi o de inspetor de Saúde Pública (1902) e depois, a convite do diretor e amigo, Juliano Moreira, foi auxiliara na diretoria do Hospital Nacional de Alienados (1904). Entre 1904 e 1906, viajou por vários países da Europa, sobretudo na França, com o propósito de ali aperfeiçoar seus conhecimentos no campo de sua especialidade, aliando também a curiosidade de arte e turismo ao interesse do estudo. Nessa primeira viagem à Europa travou conhecimento, a bordo, com a família de Alberto de Faria, da qual viria a fazer parte, sete anos depois, ao casar-se com Francisca de Faria Peixoto. Sobre sua experiência de estudos no Instituto Pasteur, em Paris, segundo Prof. Carlos Lacaz, ele “sempre se referia ao que ali ganhou na força do método, como elemento fundamental na sua formação científica” (Lacaz, 1963, p.40).

    Após concurso, em 1906, foi nomeado professor de Medicina Legal e Higiene da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1907) e assumiu os cargos de professor extraordinário da Faculdade de Medicina (1911). Quando da morte de Euclides da Cunha (1909), foi Afrânio Peixoto quem examinou o corpo do escritor assassinado e assinou o laudo.

28 de fev. de 2024

Poetrix em dupla - Antônio Carlos Menezes e Marcelo Marques



QUANDO A POESIA É UM SEGREDO


Surge em silêncio
No coração o medo
A paixão que dói

Antônio Carlos Menezes



PRINCÍPIO, MEIO E FIM

Verbo inicial
Existência presente
Frutos da eternidade

Marcelo Marques


26 de fev. de 2024

Equilibrista - por Pedro Cardoso

Equilibrista

bêbado na escuridão
afasta estrelas com as mãos
sopra o sol... e apaga

(Francisco José)

Em tempo...confesso que fiquei na dúvida se este poema é ou não uma frase fatiada. Mas não importa. Sigo com as minhas análises.
Depois da implementação das Novas Diretrizes da Academia Internacional Poetrix - AIP para se fazer um bom Poetrix, passei a ver o terceto com outros olhos, virei a chave - duas voltas completas. 
Penso que ele ficou mais elitizado, mais ousado e mais trabalhoso.

Tenho garimpado tercetos que me afrontam, e que, me fazem pensar. Refletir sobre tudo o que foi lido e o que não foi dito.

O poema Equilibrista está calcado em uma palavra chave: BÊBADO. 
Ela nos oferece dois significados distintos:

1º) Refere-se ao cidadão habituado a beber frequentemente, o alcoolista.
2º) No sentido figurado, retrata o indivíduo que está inebriado de fortes emoções.
Equilibrista. Uma palavra interessante: aquele ou quem exibe extrema habilidade e destreza de movimentos do corpo.
O título, à primeira vista, parece contrastar com o primeiro verso "bêbado na escuridão". 
Fiquei matutando de um lado ao outro tentando encontrar uma saída para as minhas hipóteses de leituras.

O segundo verso veio para me socorrer "afasta estrelas com as mãos". Uma metáfora bonita! Diria rica, se isto é possível!
É flagrante imaginar que o cidadão segue caminhando fora do compasso, quase a trote. Vai como se estivesse nadando de braçadas nos becos do negrume.    

O terceiro verso "sopra o sol..." é muito bonito! Indica que o sujeito cambaleou até o dia amanhecer. Que ele queria, por tudo, que o sol não nascesse, por isso, bafeja.
"e apaga", no final do verso, nos brinda com um duplo sentido importante: primeiro ele queria que o sol apagasse com o seu sopro. Depois, o cidadão esmoreceu, de vez. Caindo sem sustentação sobre as pernas. Ou seja: apagou geral.
Outra interpretação que o poetrix pode sugerir é no sentido figurado.
Retrata um indivíduo que está inebriado de fortes emoções.
Dá para imaginar um ser humano solitário, que caminha de um lado para o outro, no ermo da noite, à espera do momento exato em que o Sol vai aparecer no horizonte... eufórico, assopra de mentirinha, se entrega à mansidão do dia que está nascendo - simplesmente... fecha os olhos - apaga!

E viva a poesia!!!

24 de fev. de 2024

Interação Poética - Andréa Abdala e José de Castro




 


Este é um grafitrix com G maiúsculo e com A maiúsculo também, de Autoral e de Andréa Abdala. 

São vários os “A” que me levam a dizer: Amei! O grafitrix é Maiúsculo pela grandeza e simplicidade contidos na ideia metalinguística: a janela sendo o veículo para falar do que os seus "olhos" veem naquela manhã. Ela é a própria moldura para evidenciar a mensagem poética construída nos versos. 

Há uma integração e diálogo plenos, desde a imagem até a leveza metafórica de um verde que "agasalha o sol"; não só isso, mas aponta para algo mais sutil construído na metáfora seguinte: "sementeira de um sorriso", o que, por si só, nos alegra o coração. 

Interessante observar que o grafitrix é duplamente autoral pelo fato de a poeta ser também quem captou a imagem numa foto muito expressiva, que nos mostra o contraste entre os tons do interior do quarto e a claridade lá de fora; e, ao mesmo tempo, denota o leve balanço da cortina do quarto ao vento. Todos esses elementos visuais e textuais dialogam. 

O texto resultou em um poetrix que nos leva a uma fruição superior, a uma grandeza singela que emociona. Aqui, tudo é poesia, texto e imagem. Parabéns, Andréa Abdala. Obrigado por tão singular presente. 

Forte abraço. José de Castro, cadeira 11 AIP.


23 de fev. de 2024

Poetrix de Claudio Trindade


SENTIMENTOS OCULTOS

máscara a fuga de si
ofuscado brilho
vida soterrada

Claudio Trindade


VERSOS MASCARADOS

desfilam estrofes
significados ocultos
alegria de máscara 

Claudio Trindade


A MÁSCARA MASCARA

momentos de ilusão
luz interna
tristeza do palhaço

Claudio Trindade

18 de fev. de 2024

Poetrix de Marilda Confortin

 
PARINDO OS DIAS

Podo, quebro, mudo.
Vezes flores, outras não.
Gesto vagos amanhãs.

Marilda Confortin

Poetrix de Oswaldo Martins


NO CLÃ DE GATUNOS VIS

Desrespeito e cretinice.
Lixo e absurdas mentiras.
Burrice por subletrados.

Oswaldo Martins


NA POETRÍXTICA ECLOSÃO

Tem-se o mote de repente.
Na conformação, três versos.
Bula satisfeita: trix!

Oswaldo Martins

15 de fev. de 2024

POETRIX TEMÁTICOS - MÁSCARAS

 

Poetrix Temáticos – Máscaras
 
Curadoria do Projeto: Acadêmicas Luciene Avanzini e Andréa Abdala

 
 BELEZA OCULTA 

dançam luzes e sombras
máscaras vestem mistérios
chove magia no ar 

Luciene Avanzini

 
ESCAPISMO
 
Máscaras tomam esquinas
Identidades resguardadas
Igualdade fugaz
 
Andréa Abdala

 
FANTASIA DIÁRIA
 
Uso máscaras do viver
carnavalizo meus dias
folia na alma
 
Cleusa Piovesan
 

DESMASCARADA
 
Flagrada sem burca
Pena: lavar cadáveres
Um deles, seu marido
 
Marilda Confortin

 
CADA UM VESTE A SUA
 
Chega o Carnaval
Teatro popular
Desfile de máscaras
 
Dirce Carneiro
 

CRUEL VIOLAÇÃO
 
Mascarado na madrugada
instintos selvagens gritam
mais uma vez "ela provocou"
 
Cleusa Piovesan

 
A MÁSCARA CAIU
 
queridinho da vovó
orgulho do papai
...nas páginas policiais
 
Bianca Reis

 
TERCETO SEM FANTASIA
 
Não há Poetrix mascarado
Foi não foi, é não é
Ele dorme, beije-o, ele acorda
 
Dirce Carneiro
 

PERSONA
 
vestia um lindo sorriso
casa família trabalho amigos
décimo andar e salto: sorriso-alívio
       
 Diana Pilatti

 
RITUAL MATINAL
 
o acento acena
retira a máscara de doída
… veste-se de doida
 
Angela Bretas

 
BAILE DE MÁSCARAS
 
Expostos sorrisos e flores
Ocultas lágrimas e espinhos...
Dançam dores e mágoas
 
Marcelo Marques

 
AÇÚCAR
 
olhos lambem a máscara
há gosto no mistério
cara, melo
 
Sandra Boveto

 
MÁSKES
 
olhos - a pares,
eu e ela à luz do dia - seguíamos
desnudos, lembranças do primeiro amor
 
Pedro Cardoso

 
DESMASCARADOS
 
máscaras caem
sorrisos forçados
… más caras
 
Angela Bretas

 
DISFARCE
 
amanhece devagar
o dia trajando luzes e cores
dourados mascaram o tempo
 
Lilian Maial
 
 
IMAGEM
 
Reflexo do espelho sangra
Máscara que não cicatriza
Envelhecer é triste.
 
Valéria Pisauro
 
 
AO NATURAL
 
Viver sem máscaras
Duro desafio
Mundo valoriza o ‘parecer’
 
Marcelo Marques

 
MÁSCARA
 
Por que usá-la?
Nem é Carnaval…
Falsear o caráter?
 
José de Castro

 
FUGAZ
 
encaro o espelho do tempo
- ainda sou eu?
escapo pela fissura da máscara

Diana Pilatti
 
 
ARTEFATO
 
a diferença ofensiva das máscaras:
ora somos homens, por horas mulheres
eis o segredo do figurino!
 
Pedro Cardoso

 
VENEZIANAMENTE
 
permitidas diversões proibidas
persona durante a festa
sem rosto, somos todos e nenhum
 
Lilian Maial

 
ANJO NA TERRA
 
Tirou a máscara.
Ninguém conseguiu mirar.
Brilho de sol ofuscava.
 
José de Castro

 
ESTREITO EFEITO

Personagens mascaradas
Estrangeiro do corpo
Avesso imerso da vaidade.
 
Valéria Pisauro
 
 
MÁSCARA SOCIAL
 
toda plena no Instagram
dores maquiadas
desgostosa do amanhã
 
Bianca Reis
 
INVENTO MÁSCARAS
 
olhos sem rosto
íris cor de arco-íris
um jeito de ouvir
 
Sandra Boveto

 
MÁSCARA VIRTUAL
 
A telinha é espelho
Caras, bocas, sorrisos
Tudo fake
 
Marília Tavernard

 
MASCARADO E MAU CARÁTER
 
Brinca o Carnaval sozinho.
Canta gente e canta música.
De fininho vai pra casa.
 
Oswaldo Martins

 
CONFETES E SERPENTINAS
 
Festejos pelas ruas
Máscaras abrem desfiles
Requebram todas as línguas
 
Andréa Abdala

 
CARNAVAL DOS INVISÍVEIS
 
Crianças de rua
Fantasias, nenhuma
A realidade desfila  nua

Marilda Confortin

 
POLÍTICA MASCARADA
 
fagulhas da verdade
esquemas revelados
ardilosas facetas
 
Angela Ferreira

 
ALEGORIA SELVAGEM
 
Esses valentões de carnaval..
Instinto primata quer briga de rua!
Pagação de mico.
 
Saulo Pessato

 
DE VÉU NA FESTA MOMESCA
 
Palhaço sem máscara
Democracia resiste
Macetar a cascavel
 
Ronaldo Ribeiro Jacobina


CERIMONIAL

no rosto o culto
incorporada ancestralidade
ritual dos deuses

Angela Ferreira