11 de mar. de 2022

Seis Propostas para o Próximo Milênio - por Pedro Cardoso


Tenho dedicado boa parte do meu tempo para escrever sobre o Poetrix, por acreditar que este gênero literário ainda está dando seus primeiros passos, de uma longa jornada. É bom lembrar, ainda assim, que ele foi criado há mais de vinte anos, pelo poeta baiano Goulart Gomes, em um momento de lucidez e ousadia.

O Poetrix tem uma ligação muito forte com as propostas para o próximo Milênio, do escritor cubano Ítalo Calvino. Um dos autores mais importantes da segunda metade do século XX.

Calvino reuniu o conteúdo de cinco Conferências, que faria em Harvard. Através delas, propunha para as próximas gerações a perenidade de determinados valores literários. Listados por ele na seguinte ordem: Leveza, Rapidez, Exatidão, Visibilidade, Multiplicidade e Consistência. Contudo, o autor faleceu antes de escrever o que seria "a última Conferência" da série.

Para auxiliar a compreensão dos novos poetrixtas, vou falar sobre cada uma destas propostas, exemplificando. Conforme a minha concepção:

Formas Múltiplas - por Lílian Maial

 


Formas Múltiplas foram derivações criadas a partir do Poetrix e, por isto, devem seguir as mesmas diretrizes do Poetrix. 
São elas: duplix, triplix e multiplix.

Duplix: é a junção de dois poetrix independentes, mas que se completam, formando um único poema, fazendo sentido e absolutamente compreensível. Separados, cada um é um poetrix completo. Juntos, formam um novo poema. Pode ser feito pelo próprio poetrixta que elaborou o poetrix original, ou por dois poetrixtas. Em termos de posição dos poetrix, pode o original ser colocado à frente ou atrás do segundo poetrix.

Exemplos de Duplix


música // ao longe
aila magalhães // goulart gomes

quando preenche meus vazios // som distante
torno-me eco // em pleno desfiladeiro
canção em pleno voo // rasante


Os poetrix individuais: 

música
aila magalhães

quando preenche meus vazios
torno-me eco
canção em pleno voo

//

ao longe
goulart gomes

som distante
em pleno desfiladeiro
rasante



Vá, idade // ...da (c)alma
marilda confortin // Eliana Mora

dobra os joelhos//não me peça tanto
doma o orgulho//não a mais do que devia;
apazigua minh'alma/: da (c)alma ainda vivo - um dia.


Os poetrix individuais:


Vá, idade
marilda confortin


dobra os joelhos
doma o orgulho
apazigua minh'alma

//

...da (c)alma
Eliana Mora

não me peça tanto
não a mais do que devia;
da (c)alma ainda vivo - um dia.


POR UM FIO // NO HORIZONTE
Mardilê F. Fabre // Lílian Maial

lua virgem // em luares de desejo
balança // ávida de azul
entre o céu e o mar // prata da casa

Os poetrix individuais:


POR UM FIO
Mardilê F. Fabre

lua virgem
balança
entre o céu e o mar

//

NO HORIZONTE
Lílian Maial

em luares de desejo
ávida de azul
prata da casa


Triplix: é a junção de três poetrix independentes (geralmente um poetrix acoplado a um duplix), que se completam, formando um único poema, fazendo sentido e absolutamente compreensível. Separados, cada um é um poetrix completo. Juntos, formam um novo poema. Pode ser feito pelo próprio poetrixta que elaborou o poetrix original, ou por dois ou três poetrixtas. Em termos de posição dos poetrix, pode o original ser colocado à frente, no meio ou atrás.

Exemplos de Triplix


Por um fio // no horizonte // Di(vaga)lume
Mardilê Friedrich Fabre // Lílian Maial // Marcelo Marinho

Lua virgem // em luares de desejo // lusco-fusco
balança // ávida de azul // penumbra
entre o céu e o mar // prata da casa // sonha ser o sol


Os poetrix individuais:

Figuras de Linguagem aplicadas ao Poetrix - por Dirce Carneiro

 

FIGURAS DE LINGUAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA APLICADAS AO POETRIX


As Figuras de Linguagem são recursos da Língua Portuguesa que criam novos significados para as expressões escritas no sentido literal (denotativo), empregadas na linguagem figurativa, o sentido conotativo do texto.

Importante ter bem claro as definições de:

Denotação – sentido literal (o mesmo do dicionário)

Conotação – sentido figurado (novo significado no contexto da escrita)

As principais Figuras de Linguagem são Metáfora, Símile, Analogia, *Metonímia, Perífrase, Sinestesia, Hipérbole, Elipse (ou Zeugma), Silepse, Hipérbato (ou Inversão), Polissíndeto, Antítese, Paradoxo, Gradação (ou Clímax) e Personificação (ou Prosopopeia).

As figuras de linguagem se classificam em:

- semânticas, sintáticas ou de construção, pensamento e sonoras.

- Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das palavras. Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase.

1. Metáfora

A metáfora é figura de linguagem muito utilizada na escrita e no dia a dia.

Na escrita, é um recurso usado para valorizar o texto e se expressar, saindo do lugar comum.

Na metáfora há uma comparação implícita, conceitual, mas sem os elementos comparativos, porque se dá uma perfeita e direta identificação entre o que o escritor tem em mente e a metáfora empregada.

Por exemplo, na frase “Presenciei a luta dos dois homens, eram leões em combate”

Exemplo em poetrix:

HUMANO HERÓI
Dirce Carneiro

Luta cotidiana
vida arena e pouso
leão de dia, à noite paz


2. Símile ou Comparação

A símile, assim como a metáfora, traz em si uma comparação — mas, dessa vez, explícita.

A metáfora é mais subjetiva, pois sugere diretamente uma identidade entre dois seres ou entidades diferentes a partir de uma característica em comum, enquanto a símile apenas aponta que existe uma semelhança específica e objetiva entre os dois elementos comparados.

Como a símile é mais objetiva que a metáfora, ela é uma opção mais segura para ser utilizada em textos com uma linguagem mais técnica.

9 de mar. de 2022

Poetrix de José de Castro

Na foto

sorri Marielle
névoa aqui
turvo os olhos

José de Castro
Antologia 7 [R]EXISTIR

Poetrix de Ronaldo Jacobina

OITO DE MARÇO

Bem te vi: vir
À janela do décimo andar
Cantar um hino feminino

Ronaldo Jacobina
8 de março de todos os anos
a partir de 2009

Poetrix de Lilian Maial

Vigilantes

Mulheres não dormem no escuro
Cuidam que a lua brinque de luz
Tecem bordados de sol na manhã

Lilian Maial
Antologia 7 [R]EXISTIR


Poetrix de Gilvana Machado

MOEDER AFRICANA
(moeder: mãe em africaner)

Navio tumbeiro
Das vestes, acalanto materno...
Bonecas de ninar: abayomi.

Gilvânia Machado
Antologia 7 [R]EXISTIR

Grafitrix de Regina Lyra


 

Poetrix de Marilda Confortin

Ninguém disse pra Ela: Fica em casa!

Alheia à lei
Há uma aliá
Na aleia

Marilda Confortin
Antologia 7 [R]EXISTIR

Grafitrix de Diana Pilatti


Diana Pilatti

Poetrix de Isi Caruso

Primeiro Cortam Sua Palavra

Atam-lhe as mãos
Apagam-lhe as luzes
ReXista

Isi Caruso
Antologia 7 [R]EXISTIR

Grafitrix de Aila Magalhães


 

Poetrix de Dirce Carneiro

FOLIA NO DIVÃ

Enrolada em serpentinas
confetes no ego
voo na fantasia

Dirce Carneiro

Grafitrix de Andréa Abdala




 

Poetrix de Marília Tavernard

Quarentena

Quantas quarentas?
já voaram noventa
e o sol a brilhar

Marília Tavernard
Antologia 7 [R]EXISTIR