23 de set. de 2021

SUI GENERIS // NO DIA A DIA - duplix

SUI GENERIS       //      NO DIA A DIA


entretanto         //       a vida nos traz

       tantos        //       versos e rima  

entre     //       nós


Lílian Maial     //     Hércio Afonso

Poetrix de Diana Pilatti

 

saudade


na minha janela
só o frio me beija
e um gole de café


(Diana Pilatti)

Poetrix, Francisco José S Torres


RELAÇÃO RETRÔ


Ela em casa: mora
Eu no banco: juro
No amor a_credito

(Francisco José Soares Torres)

Poetrix de Marcelo Marques

R A I Z


Plantei sementes
Enterrei-me em versos...
Vi nascer de mim


Marcelo Marques (Marks)

Poetrix, Andréa Abdala



Vagando em beijos


Respiração ofegante
No ritmo dos trilhos
Tua estação me convida

(Andréa Abdala)

Poetrix, Ronaldo Jacobina


NU DIVÃ

Id ao divã devagar
Vã tentativa
De voar

(Ronaldo Ribeiro Jacobina)

Poetrix - Rita Queiroz


ALÉM DO HORIZONTE

Mares singram saudades
Latentes desejos
De eternidades

(Rita Queiroz)

Poetrix Marcos A Campos



BANDOLIM

Meninos músicos
Executam as Bachianas
Em movimento de fuga

(Marcos A Campos)

Poetrix Sandra Boveto

 

UMA TAÇA QUE CAI


sangra no chão
cacos de certezas ecoam
Sandras em vão

(Sandra Boveto)

Poetrix Dirce Carneiro


CÉU INTERIOR

Solto pipas
céu da esperança
dou linhas de versos

(Dirce Carneiro)

Poetrix André Figueira

 



O SOM DA SOLIDÃO

Perdemos o ritmo
soul só
melodias e noites

(André Figueira)

20 de set. de 2021

Eu e o Poetrix


Escrever Poetrix é, antes de qualquer coisa, um ato de ousadia.
Imagine você... a busca de um bom Poetrix consiste em escrever o mínimo de palavras com o máximo de informações, que possam reproduzir momentos de emoção, tristeza, angústia, felicidade, humor e tantas outras sensações e sentimentos que nós vivemos no truculento dia a dia.

Na arte dos poemas minimalistas, os artigos são quase que dispensáveis, entendo até que tiram a sutileza da mensagem que se quer passar, muitas vezes atropelam os versos e enfraquecem o texto.
Por outro lado, a pontuação ajuda na configuração do susto, do inesperado. Não é à toa que alguns Poetrixtas preferem deixar que, aqueles que os leiam, façam a sua própria pontuação. Tal permissão torna o leitor um aliado especial, principalmente quando se declama o poema, pois cada um tem a sua própria percepção e inflexão sonora.
A pontuação explicita ou não, abre horizontes e pode influenciar os ouvintes para que percorram novos labirintos na interpretação do que está sendo ora declamado.

Outra das minhas preocupações atuais é com a estética do poema.
Como ele será apresentado, qual será o efeito visual de sua "imagem" no papel. Este pode ser mais um atrativo para olhos atentos, algo que desperte no leitor o cuidado de quem escreve.
Essa é, com certeza, mais um complicador para o autor, mais um limitador, no bom sentido.

Beto Quelhas, Poetrixta de São Paulo, sempre buscou esse esmero em seus poemas, mas infelizmente, esse filão não foi seguido por outros Poetrixtas, o que é uma pena!
Nas vezes em que tentei seguir essa direção, algo me fez caminhar para os concretos, onde a figura que se cria é fundamental, mas esta é uma outra trilha, outra direção.

Às vezes me detenho diante de um Poetrix por vários minutos (nenhum deles deve ser lido apressadamente); eles não são leituras simplificadas de uma única ideia, nem tão pouco um poema de uma única frase. Quanto menor for o poema, maior será o risco de não lermos o seu todo e ficarmos apenas no literal. Algumas vezes as palavras oferecem duplo sentido, isto quando não expressa um contraponto, “deliciosa armadilha” literária.

Ainda que tudo isso não bastasse, temos as entrelinhas que escondem os verdadeiros espetáculos, as mais belas imagens, os maiores suspiros. Só o leitor atento consegue apreender o que o poeta escreve nas entranhas dos versos e das palavras.

O bom Poetrixta é aquele que vê o que todos viram, mas que faz daquilo que vê, pela milésima vez, algo novo e belo. Estes são os que detêm o poder da síntese, sem, no entanto, excluir a leveza que o Poetrix pede e exige daqueles que se aventuram neste novo “jeito” de mostrar a poesia.


Viva a poesia!!!

Pedro Cardoso

17 de set. de 2021

 BECO SEM SAÍDA


no meio-fio
o copo e o corpo
...vazios

(Bianca Reis)

 

COMBINAÇÃO


minha pele alva
sobre tua pele escura
amor à luz da lua.

Ricardo Mainieri

15 de set. de 2021


Melhores Poetrix (entre Acadêmicos) Agosto 2001


1º lugar: empatados: CHIADO DO POVO, de Lorenzo Giuliano Ferrari, e QUERO-QUERO, de José de Castro:


CHIADO DO POVO

no piar de um sábio sabia
existe um tempo de falar vazio...
ruído talvez do tempo
(Lorenzo Ferrari)


QUERO-QUERO

pássaro criança manoel
ser ave poesia miúda
leveza bicando o céu
(José de Castro)



2º lugar: Empatados: SURPRESA, de Pedro Cardoso, PRIMEIRA SESSÃO, de Regina Lyra e ENTRE_MENTES, de Aila Mag:


SURPRESA

trago no ombro a sacola
desgastada!
seus beijos estão intactos
(Pedro Cardoso)



PRIMEIRA SESSÃO

amanhã te quero
desejo no ato
encontro no cinema
(Regina Lyra)


ENTRE_MENTES

olhos, ouvidos, bocas
frestas de meias verdades...
veja, ouça, cuspa!
(Aila Magalhães)