ACADÊMICO MARCELO MARQUES
CADEIRA 28 - AIP
Entrevista a Dirce Carneiro
Acadêmica – Cadeira 26
1) Você é paulistano. Que lembranças traz da sua infância e como isso influencia na sua escrita?
Nasci em São Paulo e aos 3 anos minha família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vivi até os 12 anos. Este período na minha infância foi marcado por momentos difíceis, pois minha mãe faleceu quando eu tinha 7 anos e tive que me separar também da minha avó materna que era minha referência, devido a novas uniões e separações do meu pai: morei com duas madrastas bem diferentes em seus ritmos de vida e distante da minha família verdadeira, até que aos 11 anos, pude enfim, voltar a viver com minha avó, ainda no Rio, e, no ano seguinte, retornar com ela a São Paulo, para a casa onde eu nasci.
Sempre gostei muito de ler; aprendi bem cedo e ao ingressar na escola, fui considerado apto para iniciar na 2ª Série.
Lembro-me de que na infância, gostava de ler embalagens e quando saía pela cidade, ficava lendo cartazes nas ruas, os nomes das lojas nas fachadas. Onde eu via letras, lá estava eu lendo os trechos. Era meu passatempo preferido e aos poucos comecei a ler gibis e não demorou para eu me interessar por livros e conhecer os autores de poesias e contos, entre outros gêneros e querer passar as historinhas e fantasias que eu criava para o papel.
2) Interessante a sua formação. Desenho e Letras. Como estas Artes se relacionam na sua Literatura?
Na pré-adolescência, também comecei a ter uma afinidade especial pelas imagens e artes plásticas: Fotos, paisagens, desenhos, etc. e após concluir o ensino médio, estava empolgado para entrar na área de Publicidade e me decidi pelo Curso de Desenho de Comunicação. Trabalhei com Produção de Eventos, em agência de Publicidade, desenvolvimento de textos e roteiros, com artes visuais e depois como Design Gráfico, com criações e propagandas por um tempo.
Porém, nunca abandonei o hábito e o gosto pela leitura e escrita, com encanto especial pela música e Poesia, através das belas composições de grande qualidade dos ícones culturais da época. Decidi, assim, pela Faculdade de Letras, visto ser uma área da qual eu sempre gostei de forma especial e cheguei a trabalhar por um curto período de dois anos na área da Educação.
Na minha Literatura, estas duas vertentes da arte se completam, pois sempre associo a minha escrita com alguma imagem. Isso ajuda muito no meu processo criativo. Uma imagem pode me inspirar a criação escrita, assim como algo que eu tenha escrito, me levar a gerar ou buscar uma imagem adequada para complementar.
3) Que outros aspectos da sua educação e formação interferem no seu processo criativo? Como é seu processo?
A minha educação e formação me levou desde a infância a estar em locais diversificados e com pessoas de diferentes gostos e pensamentos, agradáveis ou não, isto me ensinou a observar bastante e ver o que posso aprender com esta diversidade para aproveitar o melhor possível em busca do meu crescimento.
Em qualquer situação, vale a pena captar cada detalhe do ambiente, para, a partir daí, surgir a inspiração ou algum insight especial que me leve a alguma criação.
Afinal de contas, não há quem negue: de tudo pode nascer a Poesia; dos momentos bons ou difíceis, do que é belo e do que não é. Basta que a mente criativa esteja atenta e disponível para colocar seus dons em prática!
4) Fale-nos do Concurso Literário que você ganhou aos 15 anos. Que legado este fato deixou em sua vida? Que outros concursos ganhou?
Ter vencido este concurso aos 15 anos e poder representar minha escola, foi o passo inicial, que me impulsionou a reunir os escritos guardados só para mim e fui incentivado a divulgá-los. Comecei a ter conhecimento dos Concursos Literários e me inscrever. Também me inscrevi em alguns Movimentos Literários e comunidades poéticas virtuais, compartilhando com outros escritores e, nos anos seguintes, passando a participar de antologias.
Em julho/2000, fui vencedor do I Concurso de Poesias Centro Cultural Aricanduva, com o poema "Amor à Distância".
Em 2011 recebi a proposta de participar como coautor na obra de ficção: “Uma vida em 48 horas” - Projeto no qual participaram 48 autores (um capítulo e um final alternativo por autor) cujo desafio consistia, em ordem sorteada, que cada um desse continuidade ao capítulo anterior, tendo quarenta e oito horas para entregar seus textos: Participei com o “capítulo 24” e um “final alternativo”.
Em 2023, conquistei o 3º lugar na categoria Soneto Nacional/Internacional, participei da antologia do IV Concurso Literário Foed Castro Chamma – promovido pela ALACS (Academia de Letras Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná) com o soneto “Lições das Pedras”.
5) Como conheceu o Poetrix?
No início de 1999 fui membro das comunidades poéticas virtuais "Templo da Poesia" e "Casa dos Escritores", através do YahooGroups e Orkut, com interação em atividades literárias e informações culturais, onde pude conhecer grandes talentos da poesia.
Participei também das listas de discussões "Escritas", "Recanto das Trovas" e “Cantinho do Poeta”, grupo no qual eu participava juntamente com Andréa Abdala, Sara Fazib, Eliana Mora, Lilian Maial, Nathan de Castro, entre outros, começando a partir, daí, o início da minha trajetória no Poetrix, que nos foi apresentado por Goulart Gomes como uma nova proposta de criar poesia, onde amigos e amigas que já escreviam outros gêneros de Poesia, tornaram-se também poetrixtas e, assim como eu, jamais se afastaram desta linguagem poética.
Fui integrante do MIP - Movimento Internacional Poetrix, desde os seus primórdios, tendo escrito meu primeiro Poetrix em 2001.
6) Como foi ser eleito para a AIP? Como tem sido sua participação nas atividades da Academia?
Para mim, foi uma grande alegria ser eleito para AIP, visto que participo do Movimento Poetrixta desde o seu surgimento, tendo acompanhado toda a sua evolução. Ser integrante da AIP é algo que faz parte da minha História Literária.
Atualmente, com o ritmo de vida corrido e escasso tempo para distribuir entre outras atividades, minha participação é bem básica. Busco cumprir as obrigações necessárias e acompanhar pelo grupo e site, o que está sendo realizado em prol do Poetrix, divulgando, sempre que possível, este estilo nos ambientes culturais onde participo.
7) Que projeto gostaria de ver implementado na AIP?
Levar o Poetrix a empresas e escolas, promovendo saraus para divulgar o estilo. Na própria Academia, algo que atraísse mais a participação das pessoas em atividades realmente poéticas, como já foi em tempos anteriores do Movimento Poetrixta. Onde o foco fosse a interação dos membros na criação poética. Mas entendo que isso é mais difícil nos tempos atuais, onde nem todos tem tempo para essa interação.
Apenas como observação, acho que a Academia não deveria se prender exageradamente a muitas formalidades e discussões administrativas que geram um clima pesado para a criação artística. Poderia focar no objetivo da Poesia e criar um ambiente mais inspirador voltado para esse fim.Compreendo as dificuldades de quem está à frente da organização e reconheço que não é algo simples de se administrar.
8) Fale das suas publicações e qual lhe trouxe melhor retorno e prazer.
Desde 1988 até o ano atual de 2025 passei por diversas publicações e estilos. Citaria cada uma com a sua relevância: algumas pelas conquistas em concursos, outras pelo prazer de participar de grupos poéticos e movimentos Literários. Todas tiveram a sua importância por algum motivo distinto e fizeram parte da minha trajetória em algum momento. O livro de Poesias “Todos os sentidos” por ter sido o meu primeiro solo, pode ter representado um maior retorno e prazer, devido a ser minha publicação inicial.
Quanto as publicações de Poetrix, vale destacar a participação na Confraria Ciranda Poetrix, que através da contínua publicação de Coletâneas, proporciona aos seus membros a oportunidade de ter suas criações constantemente publicadas em livros e também ter participado da Antologia Poetrix 9 – 25 anos da AIP, um marco da história poetrixta até o momento.
9) Qual a importância dos Grupos de Poetrix no WhatsApp?
No ritmo do mundo atual, acho de suma importância os grupos de Poetrix no WhatsApp, pois tem se mostrado um dos meios de comunicação mais ágeis, que proporciona a melhor interação para manter a troca de informações de forma dinâmica entre os participantes, inclusive para continuar abrangendo uma boa divulgação e alcançando novos interessados na criação poetrixta.
10) Se fosse para falar da sua visão de mundo, o que diria? Gostaria de falar algo que não foi perguntado?
Quanto a minha visão de mundo, tenho a dizer que já fui mais sonhador com relação à arte e as pessoas. Antes parecia tudo mais autêntico! (ou talvez eu que acreditasse mais em tudo).
Aos poucos, mas de forma rápida, fui vendo o mundo mudar e, talvez, por experiência de vida, vejo outras realidades na vida atual, com valores bem diferentes do que já foi no passado. Mas isso faz parte da evolução: chegam novos tempos, sonhos passam, outros se realizam e nossas vidas seguem em constante transformação.
Porém, confesso que, mesmo controlando a voracidade das expectativas que já tive um dia, sempre haverá em mim um sonhador em silêncio, esperando por um mundo melhor.
Agradeço pela oportunidade da entrevista e deixo os meus fraternos cumprimentos a toda a Academia.
_______________________
AIP, Novembro/2025
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5 comentários:
Parabéns pelas suas excelentes respostas, Marcelo Marques. Muito interessante.
Amigo tão querido... lá se vão, minimamente, 25 anos de parceria. Sou muito fã!
A entrevista retrata o jeito calmo e observador do poeta Marcelo. Uma bela história de vida. Beijo ao entrevistado e à entrevistadora.
Obrigada Marilda
Marcelo Sempre foi meu Companheiro no MIP. Agitamos muitas coisas em São Paulo e continuamos agitando. Mais 25 anos para nós
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