16 de out. de 2025

Eu e o Poetrix de Dirce Carneiro

 EU E O POETRIX 

(Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26) 

 

Porque atraiu-me, dedico-me e escrevo Poetrix? 

A proposta acenou-me como desafio.  

Num mundo da velocidade, em que, muitas vezes, a pressa anula o intervalo entre o enunciado da mensagem e o seu fim – o raciocínio, o Poetrix, para mim, se apresentou como forma poética a romper essa bolha de clips rápidos e alienantes. 

Já disse, em outras ocasiões, que o Poetrix une o clássico e o moderno-contemporâneo, contemplando uma das mais interessantes combinações culturais. 

Clássica, porque traz, na forma, fixa, a exigência de 30 sílabas poéticas no terceto, não se considerando o título nesta contagem. 

Moderno-contemporâneo, porque no seu conteúdo, livre, cabem todos os universos de assuntos que habitam a imaginação dos poetas. 

Assim, para meu estilo dissertativo, fui desafiada a sintetizar enunciados poéticos e visões de mundo, tendo a profundidade e a máxima poeticidade (possível a cada autor), como atributos capazes de impactar o leitor. 

Um, entre outros desafios, se apresenta neste fazer poetrixta: a independência dos versos. Muito já se falou sobre isso. Não me alongarei no básico da questão. 

Só menciono a tendência de se compor tercetos sem oração (sem verbo) como artifício para fugir do chamado fatiamento. 

Em debate, sempre frutífero, com um estudioso de Língua Portuguesa e outros idiomas, que justificava a ausência de verbos nos seus poemas, veio ao contexto a citação “No princípio era o verbo” 

Sim, disse-lhe eu: 

 - O verbo estava oculto, existia no conceito, como ideia, mas na hora de se comunicar, ele se “fez carne”, materializou-se, mostrou a face do que pairava sobre a criação: 

O criador do mundo queria se comunicar, mandar sua mensagem. 

O poetrixta quer se comunicar, numa mensagem de versos com enunciados completos. 

Sem engessamentos. Nada é absoluto. 

Às vezes, também nos comunicamos apenas com gestos, olhares, algo em suspenso e/ou secreto e até mesmo símbolos. 

Clássico-moderno-contemporâneo. É o Poetrix. Certinho na forma, ousado, atrevido, lírico, poético e imprevisível no conteúdo. Tudo o que um poeta pode ser com as palavras. 

____________ 

Dirce Carneiro 

Acadêmica AIP Cadeira 26 

Outubro/25 

 

3 comentários:

José de Castro disse...

Concordo, Dirce. O poetrix é uma forma revolucionária dentro das formas fixas... Com poucos versos, poucas palavras, pode expressar o máximo de conteúdo... E, ainda por cima, nos surpreender e encantar. O poetrix um pequeno notável que nos traz grandes possibilidades expressionais...

Dirce Carneiro disse...

Grata pelo comentário poeta José de Castro. Poetrix é o miúdo profundo.

Dirce Carneiro disse...

Gratificante este meu texto ter sido aprovado para publicação aqui no blog.