NOME COMPLETO DO PATRONO: MILTON VIOLA FERNANDES
NOME LITERÁRIO: MILLÔR FERNANDES
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Millôr Fernandes |
DATA DE NASCIMENTO: 16/08/1923
DATA DE FALECIMENTO: 27/03/2012
NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 28
FUNDADOR: Marcelo
Marques Ferreira
NOME DO ACADÊMICO ATUAL:
Marcelo Marques Ferreira
VIDA E
OBRA DO PATRONO
Millôr Viola Fernandes (1923-2012) nasceu no bairro do Méier, no Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto de 1923. Era filho do engenheiro Francisco Fernandes um imigrante espanhol, e de Maria Viola Fernandes. Deveria ter se chamado Milton, mas a caligrafia do tabelião o fez Millôr.
Millôr Fernandes foi um
desenhista, humorista, tradutor, escritor e dramaturgo brasileiro. Conhecido
por suas frases provocativas e bem-humoradas, é considerado um dos maiores
dramaturgos do país. Era um artista com múltiplas funções. Escreveu colunas de
humor para as revistas O Cruzeiro e Veja, para o tabloide O Pasquim e para
o Jornal do Brasil.
Aos 12 anos, perdeu a mãe e os irmãos se separaram. Millôr foi morar na casa de um tio materno. Com habilidades para o desenho e leitor de histórias em quadrinho, copiava quadro por quadro com perfeição.
Em 1938, com 15 anos, o jovem Millôr ingressou no mercado de trabalho, como office-boy em um consultório médico e na revista O Cruzeiro, de Assis Chateaubriand. Para se aperfeiçoar em sua especialidade além de iniciar seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Nesse ano, foi o vencedor em um concurso de contos da revista A Cigarra, onde passou a trabalhar.
No ano seguinte, escreveu para o Diário da Noite e se tornou diretor das revistas A Cigarra, O Guri e Detetive. Já em
1942, fez sua primeira tradução: A estirpe do dragão, da escritora americana
Pearl S. Buck (1892-1973). Em 1943, terminou seus estudos no Liceu e retornou à
revista O Cruzeiro.
Cinco anos depois, em 1948, o autor
viajou aos Estados Unidos, onde conheceu Walt Disney (1901-1966). Nesse mesmo
ano, casou-se com Wanda Rubino. Já em 1951, fez uma viagem pelo Brasil, durante
quarenta e cinco dias, em companhia do escritor Fernando Sabino (1923-2004),
com o intuito de conhecerem melhor o país. Em 1952, Millôr viajou para a
Europa, conheceu a Itália e, em seguida, Israel.
A primeira peça teatral do autor — Uma mulher em três atos — estreou em
1953. A partir de então, ele iniciou uma carreira bem-sucedida no teatro.
Também apresentou o programa de televisão Universidade do Méier, na TV
Itacolomi, em 1959. No ano seguinte, sua peça Um elefante no caos estreou após
censura. Com ela, Millôr Fernandes ganhou o prêmio de melhor autor da Comissão
Municipal de Teatro.
O dramaturgo e desenhista conheceu o
Egito, em 1961. Dois anos depois, esteve também em Portugal. Nesse mesmo ano,
abandonou O Cruzeiro e foi trabalhar
no Correio da Manhã. Em 1964, criou a
revista Pif-Paf. No mais, colaborou em vários periódicos durante a sua vida,
tais como: O Jornal, Tribuna da Imprensa,
Veja, O Pasquim, IstoÉ, Jornal do Brasil, O Dia, Folha de S. Paulo, Bundas e O
Estado de S. Paulo.
Da década de 1960 até a sua morte,
ocorrida em 27 de março de 2012, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o teatro foi um
dos principais meios de expressão do artista, mas ele participou também de
programas de televisão.
No início de sua carreira, ele usava pseudônimo, mas,
depois, decidiu assumir o nome Millôr, pois, em sua certidão de nascimento, o
nome Milton ficou com o “t” sem traço, colocado sobre a letra “o”; já o “n”
ficou faltando um pedaço, daí a palavra “Millôr”."
Revista O Cruzeiro
No começo dos anos 40, Millôr começou a assinar a
coluna O Pif-Paf para a revista O Cruzeiro, em parceria com o cartunista
Péricles. Continuou assinando com a alcunha, mesmo durante o período áureo na
revista, entre 1945 e início dos anos 60.
Como desenhista, dividiu o primeiro lugar com o
americano Saul Steinberg, em um concurso realizado na Exposição Internacional
do Museu da Caricatura de Buenos Aires, em 1956.
No ano seguinte, organizou uma exposição individual
com seus desenhos e pinturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Sua coluna O
Pif-Paf, que depois viraria uma revista à parte, mas de vida breve foi
um dos carros chefe da maior publicação nacional do período. Já confiante, em
1962, assumiu seu nome da certidão.
Em 1963, publicou em O Cruzeiro uma versão da história de Adão e Eva, que despertou a
ira religiosa dos leitores e terminou com sua demissão da revista, acusado de
fazer matéria “insultuosa às convicções religiosas do povo brasileiro”.
Além de seu espírito provocador, Millôr tinha uma
grande capacidade de criar aforismos e suas ilustrações estavam repletas de
humor e criatividade:
Revistas Veja e O Pasquim
Em 1968, Millôr passou a publicar seu
trabalho na revista Veja. Nesse mesmo
ano, ajudou a criar O Pasquim, um
tabloide que fustigava a ditadura militar e que, na opinião de Millôr, “se
fosse independente não duraria 100 dias e se durar 100 dias não é independente”.
O jornal durou 8.173 dias.
Em 1970, os responsáveis pela editoria do
tabloide O Pasquim foram presos,
entre eles, Ziraldo, Fortuna, Sérgio Cabral e Paulo Francis, que permaneceram
dois meses na cadeia.
Em 1971, Millôr assumiu a presidência de O Pasquim, que estava submetido à
censura prévia. A liberação do tabloide só veio em 1975.
Millôr insistiu em fazer propaganda política para
Leonel Brizola, então candidato ao governo do Rio de Janeiro, na sua seção da Veja, mas foi demitido em 1982, porém,
voltou a escrever para a revista em 2004, permanecendo até 2009.
Outros trabalhos
Millôr deu o nome de Poste-Escrito ao conjunto de frases, versos, textos inteligentes e
engraçados. A página fez sucesso imediato e acabou por virar uma coluna fixa na
revista e assinava a coluna com o nome de Vão
Gôgo, alcunha que usou durante um longo período.
Foi ainda colunista da revista Isto É, do Jornal do
Brasil, de O Estado de São Paulo, O Dia, o Correio Brasiliense e a Folha de São Paulo. Millôr também
escreveu várias peças teatrais, crônicas e diversos livros.
Millôr Fernandes foi casado com Wanda Rubino entre
1948 e 2012. Com ela teve dois filhos, Ivan e Paula.
Morte
Em 2011 Millôr Fernandes foi vitimado por um AVC, que
lhe deixou bastante debilitado, e que lhe levou a permanecer por um longo
período no hospital.
Millôr Fernandes faleceu em sua casa em Ipanema, Rio
de Janeiro, no dia 27 de março de 2012.
Características
da obra de Millôr Fernandes
Os
textos de Millôr Fernandes, tanto a prosa quanto as peças de teatro, são
caracterizados pelo humor, muitas vezes ácido. A ironia também está presente em
sua obra, marcada por um espírito provocativo, que leva os/as leitores/as e,
também, o público de teatro a refletirem sobre a realidade e sair da zona de
conforto a que todos recorremos em nosso dia a dia.
A
crítica sociopolítica é marcante em sua obra, que também se presta à reflexão
acerca da natureza humana. No texto teatral, em particular, o autor transita
entre a crítica de costumes — algo recorrente em sua dramaturgia — e o discurso
político.
Por
fim, além de ser conhecido por suas comédias sobre o cotidiano carioca, o autor
também enveredou pelo caminho do teatro de resistência, como a crítica define o
espetáculo Liberdade, liberdade, e pelo chamado teatro do absurdo, assim
definida, pela crítica especializada, a peça Um elefante no caos."
Publicações
em prosa
Eva
sem costela: um livro em defesa do homem (1946)
Tempo
e contratempo (1949)
Lições
de um ignorante (1963)
Fábulas
fabulosas (1964)
Esta é
a verdadeira história do Paraíso (1972)
Trinta
anos de mim mesmo (1972)
Livro
vermelho dos pensamentos de Millôr (1973)
Compozissõis
imfãtis (1975)
Livro
branco do humor (1975)
Devora-me
ou te decifro (1976)
Millôr
no Pasquim (1977)
Reflexões
sem dor (1977)
Novas
fábulas fabulosas (1978)
Que
país é este? (1978)
Todo
homem é minha caça (1981)
Diário
da Nova República (1985-1988)
Eros
uma vez (1987)
The
cow went to the swamp ou A vaca foi pro brejo (1988)
Millôr
definitivo: a bíblia do caos (1994)
Crítica
da razão impura ou O primado da ignorância (2002)
100
fábulas fabulosas (2003)
Apresentações
(2004)
Novas
fábulas & Contos fabulosos (2007)
Circo
das palavras (2007)
O
mundo visto daqui: Praça General Osório (2010)
A
entrevista (2011)
Em poesia
Papáverum
Millôr (1967)
Hai-kais
(1968)
Poemas
(1984)
Em
texto teatral
Uma
mulher em três atos (1953)
Do
tamanho de um defunto (1955)
Bonito
como um deus (1955)
Diálogo
da mais perfeita compreensão conjugal (1955)
Um
elefante no caos (1962)
Pif,
tac, zig, pong (1962)
Liberdade,
liberdade (1965) |1|
Pigmaleoa
(1965)
A
viúva imortal (1967)
Computa,
computador, computa (1972)
É...
(1977)
A
história é uma história (1978)
Os
órfãos de Jânio (1979)
O
homem do princípio ao fim (1982)
Duas
tábuas e uma paixão (1982)
A
eterna luta entre o homem e a mulher (1982)
Kaos
(1995) – Nota: escrita em coautoria com Flávio Rangel (1934-1988), a peça pode
ser considerada um musical.
Frases de Millôr Fernandes
"Amor não é coisa para amador."
"O ruim das amizades eternas são os rompimentos definitivos."
"A vida seria muito melhor se não fosse diária."
"Brasília é o desnecessário tornado irreversível."
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Autor: Marcelo Marques Ferreira
Referências
Foto 1
https://s.ebiografia.com/assets/img/authors/mi/ll/millor-fernandes-l.jpg?auto_optimize=low&width=255
Foto 2
https://recantodopoeta.com/storage/2019/04/millor-fernandes-2005-original.jpeg
https://www.ebiografia.com/millor_fernandes/
https://brasilescola.uol.com.br/literatura/millor-fernandes.htm
https://s.ebiografia.com/assets/img/authors/mi/ll/millor-fernandes-l.jpg?auto_optimize=low&width=255
https://recantodopoeta.com/storage/2019/04/millor-fernandes-2005-original.jpeg
4 comentários:
O Millôr era genial! Obrigada pela pesquisa, Marcelo 👏
Para mim que também escrevo humor, Millôr sempre uma referência... Eu tive uma coluna de humor num jornal do Vale Paraibano, em São José dos Campos. Publicava frases e dei o nome de PÓS ESCRITOS à minha coluna. Só tempos depois é que soube que Millôr assinava uma coluna intitulada POSTE ESCRITO. Ele era genial em tudo o que fazia... Parabéns pelo excelente texto, Marcelo.
Bela pesquisa biográfica, Marcelo! Millôr representa nossa literatura de protesto de forma irreverente!
Conheci mais da poesia minimalista com Millor. Sempre apreciei seus poemas! Belo Patrono!!
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