11 de mar. de 2024

TÊ SOARES

 NOME COMPLETO: Terezinha P. S. Sayago Soares

NOME LITERÁRIO: Tê Soares

Tê Soares


DATA DE NASCIMENTO: 15/11/1952, em São Paulo/SP

DATA DE FALECIMENTO: 23/04/2023, em Brasília/DF

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 27

FUNDADOR: Cleusa Piovesan

NOME DO ACADÊMICO ATUAL: Cleusa Piovesan

 

VIDA E OBRA

 

Apresentação

Para resgatarmos uma memória, individual ou coletiva, vamos falar de Tê Soares? Quem é essa poetrixta, cuja presença no universo do Poetrix se tornou tão importante, e foi para outro plano de existência tão cedo? Tê Soares possuía Graduação em Letras e em Pedagogia, na Universidade do Distrito Federal (UDF), atuou como professora e coordenadora pedagógica, no Centro Educacional Leonardo da Vinci, em Brasília.  E também era corretora das provas do ENEM.

A relevância de escrever esta biografia é fazer o resgate do legado de uma poeta, que sobrevive à dualidade tempo e espaço, porque sua obra perpassa o tempo e ocupa um novo espaço, o espaço da memória, que resgata pessoas e fatos, edita-os, atualiza-os, e, assim, recriam-se, por meio da intertextualidade, novos olhares sobre os registros históricos, numa realidade ultra e interdimensional, que só a poesia pode explicar.

Na primeira pesquisa, já me deparei com uma frase que me chamou a atenção, com a qual minhas ideias também coadunam ... é maravilhoso ter intimidade suficiente com as palavras para brincar com elas, além de ser pura arte...[1]. E houve outras conexões com o fazer poético  de Tê Soares que me instigaram a pesquisar seus escritos.

Na mensagem de despedida de Pedro Cardoso a Tê Soares, há um Poetrix dela que, mais tarde, percebi, como se conectava comigo, numa sintonia poética, além da realidade concreta. Este poema – 1º Lugar nos I Jogos Florais “Palavras e Música”, Chamusca – Portugal – me conecta a Tê:

 

FUGAZ[2]

 

Cama desarrumada,

liberdade para as borboletas

estampadas nos lençóis...

 

Falar de ter Soares não é fácil, pois ela tinha uma vida muito reservada e seus Poetrix estão espalhados apenas em arquivos avulsos, aos quais apenas seus amigos da literatura têm acesso, sendo difícil falar expor a amplitude de sua poesia. Talvez as palavras de Clarice Lispector expliquem o eu poético de Tê Soares, quando diz de si "O que escrevo agora não é para ninguém: é diretamente para o próprio escrever, esse escrever consome o escrever. Este meu livro da noite me nutre de melodia cantabile. O que escrevo é autonomamente real[3]”. O que me resta é fazer um trabalho meticuloso para que nada se perca e consiga registrar quão grande é o legado de Tê Soares, na composição do Poetrix, uma vez que ela também despertou minha veia poética, e compus um Poetrix em homenagem a ela, registrando um encontro entre almas sensíveis, perpassando os limites do tempo e da realidade:

 

PESQUISA POÉTICA

 

Uma mulher à sombra das imagens

outra mulher com candeeiro na alma

ambas iluminadas pela poesia

 

Tecerei algumas análises a respeito dos poucos Poetrix que encontrei, explorando a relação imagem texto em que a poetrixta era uma exímia artesã. Há também a análise de alguns Duplix, e de alguns Triplix, ampliações do Poetrix, em que Tê Soares teve parceria na criação de novo gênero, a partir do Poetrix.

Há nas composições da autora, nos Poetrix selecionados para esta apresentação, um corte temporal de uma década entre cada grupo de poemas aqui expostos, o que não compromete a qualidade de sua escrita, porque sendo o primeiro grupo de 2001, outro de 2012, e os mais atuais, de 2022. Pode-se contatar que a Tê Soares tem uma poesia atemporal, o que demonstra que foi uma poeta da contemporaneidade – viveu em seu tempo, entendeu e agregou aspectos do passado, magistralmente.

A simplicidade é marca registrada dos Poetrix de Tê Soares, porque, na observação do cotidiano, ela consegue extrair a magia da poesia, e ampliar seus significados para além do concreto, extrapolando em poucas palavras o que se levaria horas para entender ou explicar. E o lema desse gênero literário, criado por Goulart Gomes, em 1999, "o mínimo é o máximo", é seguido à risca pela autora.

A concisão que Tê emprega nos versos dos Poetrix sintetiza a preocupação com o fazer poético, seguindo os preceitos das Diretrizes da AIP[4] para compor um bom Poetrix, cujos pilares se encontram fundamentados na “independência sintática de cada verso, diversidade vocabular, elemento surpresa, concisão e síntese, linguagem poética”.  Não basta criar três versos e distribuí-los em 30 sílabas poéticas. É preciso extrema reflexão para se "dizer o máximo com o mínimo de palavras", e nessa arte Tê Soares era uma exímia criadora de encantamentos poéticos.

A evocação de imagens que suscita de seus poemas nos remete a uma poeta extremamente sensitiva, a quem a inquietação sobre a própria existência a faz desvelar-se em cada verso. Eis alguns Poetrix, de 2021, que comprovam toda a sinestesia empregada em sua composição!

 

Estética (Tê Soares) 07/2003

 

Das muitas cicatrizes,

algumas, tão bem feitas,

já são tatuagens.

 

A técnica de distribuir uma frase de sentido completo entre os três versos é recorrente na poética de Tê, e facilita o entendimento do leitor uma vez que a poesia, na maioria das vezes, mostra-se fragmentada, o que dispersa o entendimento, razão pela qual muitas pessoas dizem "não leio poesia porque não entendo". De fato, a distribuição do texto na vertical, as lacunas que o leitor tem de preencher ao ler poesia, a linguagem figurada, tornam, muitas vezes, complexo o seu entendimento. Tê tem consciência disso e em seus Poetrix, quase sempre, ela se utiliza do recurso poético enjambement, como pode ser observado no Poetrix Estética.

Poucos Poetrix da autora foram publicados. Os dois poemas, a seguir, escritos para a Antologia Poetrix. Movimento Internacional Poetrixta (MIP)[5] seguem a mesma estratégia do enjambement, o que confere simplicidade à poética de Tê Soares, ao mesmo tempo que desconstrói o que se espera de um poema que, normalmente, não é narrativo.

 

...AMÉM! ...

 

ave palavra, cheia de graça

bendito é o fruto do teu ventre

que me traz, sempre, um pão pra comer.

 

O Poetrix, ... Amém..., ao mesmo tempo que é uma oração, uma súplica, é um agradecimento, é um paradoxo, e traz a intertextualidade com o texto bíblico. Apresenta uma temática que converge com a condição do ser humano de estar em busca do espiritual, uma conexão com Deus, que pode ter diferentes simbologias, de acordo com a fé de cada um. Tê conecta-se com o leitor por meio da imagem de suas ações cotidianas em relação à expressividade da fé.

Na simplicidade das composições de Tê Soares, podemos visualizar pessoas e fatos, de modo que a evocação das imagens que cada Poetrix apresenta, despertam um click imediato e a cena se apresenta, holograficamente. Outro exemplo é o poema a seguir:

 

JURAS

no dorso amante,

a mão ausente

é dor só.

 

Esse Poetrix também contém um paradoxo, e conta uma história. É possível perceber que ao mesmo tempo em que faz promessas demostra a dor pela perda, que pode ser interpretada como a condição de luto pela ausência do/a amado/a falecido/a, ou pelo rompimento de uma relação, possibilitando, também, uma interpretação ambígua. Em ambas, a promessa é de não esquecimento, por meio da sinestesia e do eufemismo, e da ambiguidade no último verso “é dor só; uma dor solitária ou apenas dor? Essa preocupação com a utilização de mecanismos da poesia, faz dela uma mestra na composição do Poetrix, que lhe deu a liberdade de criar, sem as marcas da formalidade.

 

1. A criação do Duplix: experimentação poética

 

Tê Soares é co-criadora do Duplix, uma ampliação do Poetrix, juntamente com Pedro Cardoso, numa parceria poética que captou as possibilidades que a linguagem literária nos proporciona, pois, juntando dois Poetrix independentes, eles perceberam que ambos se entrelaçavam, criando um novo poema. Esse conceito foi ampliado para o Triplix e, posteriormente, para o Multiplix, ou seja, a parceria de autores com uma composição individual, cuja temática apresenta um sentido em comum. Sendo possível a junção, cria-se nova composição poética, faz-se uma brincadeira com a linguagem, que nos mostra que em poesia nada é estanque, sempre há possibilidades de ir além de o que está dito e, até é possível, explorar os interditos sugeridos pela inspiração e pela intencionalidade de cada autor.

Pedro Cardoso e Tê Soares entraram em consenso de que a melhor definição para o Duplix e o Triplix foi a que Goulart Gomes, criador do Poetrix deu: O duplix é uma viagem! Realmente, é muito empolgante entrar na poesia "alheia" e tomar conta dela, criando algo novo. Esse pensamento coaduna com a afirmação de Pignatari (2004, p. 116), que afirma que “as artes da literatura entram em nova conjunção cíclica, em que o verbal é recuperado pelo não-verbal, de modo a revelar novos extratos e novas virtualidades de sua própria natureza – em novas criações e criações novas”.

Só é possível entendermos a grandiosidade da obra de Tê Soares, por meio da memória prodigiosa de Pedro Cardoso e dos registros que ele guarda de suas composições com a amiga, compartilhados comigo por meio de contato pelo WhatsApp.

Sendo Tê Soares uma poeta que mantinha sua vida literária restrita a poucos contatos com outros autores do universo Poetrix, garimpar sua trajetória na literatura dependeram do auxílio das pessoas que com ela conviveram. Sem esse auxílio, não poderíamos conhecer Tê Soares, essa autora que nos instiga a “pensar o mundo” por meio da semiótica e sua relação signo/significado, uma vez que não dá para ler um Poetrix seu sem criar uma imagem mental que o represente.

Pedro Cardoso também se recordou da primeira vez em que falou do Duplix, em 23/11/01, e disse que “o Duplix é um “casamento de ideias” que pode ser aperfeiçoado em muito, acho que ele ainda está nascendo, muitas ideias podem ser implementadas para que desenvolva”, e complementou “o Duplix veio para fortalecer os laços de amizade entre nós”. Ele e Tê compuseram um Duplix que representa o quão é importante a sintonia entre os autores para que o Duplix apresente qualidade literária, não apenas uma junção aleatória.

 

DUPLIX Pedro Cardoso //FELIZ Tê Soares

 

é uma parceria//uma alegria

um gozo a dois//um sonho do depois

sem mais nem porque//como porto, cais em você...

 

A conexão entre esses dois poetrixtas, brinda-nos com um Duplix composto por rimas. A composição de um bom Poetrix, as rimas não são obrigatórias, e quase não ocorrem, uma vez que outros recursos são privilegiados, principalmente, o uso de figurações, ambiguidades e intertextualidade, o que lhe confere complexidade, mesmo sendo composto com apenas um título e três versos, mas a junção, no Duplix de Pedro Cardoso e Tê Soares, primou pelo ritmo e musicalidade, sem comprometer a beleza dos versos.

Nos Poetrix de Tê Soares, percebe-se que o uso de poucos verbos de ação, porque ela envolve as ações do eu lírico com verbos nominais, extraindo-lhes as emoções que desencadeiam o sentido completo do poema por meio de circunstâncias sugeridas por outras classes gramaticais, como pode ser percebido nos poemas Fugaz, Juras, ...Amém!..., Estética, Imaginação.

 

2. Novas parcerias poéticas e a ampliação do Duplix para o Triplix

 

A poesia não é um fenômeno estanque, por isso, de tempos em tempos, novas formas poéticas vão se agregando às já existentes e sugerindo novas possibilidades de expressão literária. O Triplix surgiu da ampliação do Poetrix, composto por dois autores, para a composição em trio. A conexão entre os autores é estabelecida por meio da temática e por meio da conjunção que pode ser estabelecida entre as composições.

Pode-se perceber, claramente que o Poetrix dela, composto há 20 anos, segue o recurso do enjambement, enquanto os meus, na atualidade, privilegiam a conexão entre os versos pela independência dos versos e pela conexão implícita de sentidos entre eles.

A poesia conecta seres que têm uma paixão em comum, e isso o filme Sociedade dos poetas mortos (1989), estrelado por Robin Williams fez tanto sucesso. É preciso ler, ouvir e assimilar o legado dos que partiram.

Outro Triplix que vale a pena registrar é este de Tê Soares, em parceria com a poeta mineira Nana Merij e Pedro Cardoso, composto em 13/08/01:

DESFOLHARES Nana Merij // FOLHAS MORTAS Pedro Cardoso // ARES E COMPORTAS Tê Soares                                   

 

Apago sobras,// de um amor distante// de agora em diante

De dor e mágoa.//guardo as cicatrizes...// quiçá sejam águas  sob as marquises

Folhas mortas.// escondidas em meu coração// a lavar trancas e portas, sonhos

 

            E este, de cunho erótico, que não encontrei a data de composição, mas suponho que seja da mesma época do anterior:

 

REVOLUÇÃO Maria José Limeira // TRAIÇÃO Pedro Cardoso / TESÃO Tê Soares

 

Você chegou de repente.// Buliu o meu corpo// cravou-me os dentes

Nenhum aviso me deu.// fugiu como uma vadia// e partiu com a mão vazia

Me subverteu...//na escuridão da noite// levando dois desejos: o meu e o teu...

 

Por encontrar tanta preciosidade poética, conhecer, estudar, analisar, aprofundar-me na obra de Tê Soares permitiu que eu me conectasse a ela, numa experiência poética transcendental, porque vivi a possibilidade de visitar um outro mundo, um universo poético que se conecta ao meu e ao de outrem, porque está impregnado de versos que conecta nossa essência de humanidade.

Tê Soares nos apresenta uma poesia autêntica, embebida de subjetividade, de exacerbação de sentimentos, de emoções que nos remetem às nossas vivências, por isso, o que ela escreveu vem ao encontro de ideologias e de idiossincrasias que se conectam com o senso de humanidade de muitos outros poetas e mantém viva a chama de sua existência terrena.

 

3. A arte da sedução na poética de Tê Soares

 

Tê Soares também se aventurou na escrita de poesia erótica, como já foi possível perceber no Triplix composto por Tê Soares com Maria José Limeira e Pedro Cardoso. E, se considerarmos que os poemas a seguir foram escritos em 2001, podemos perceber que a poetrixta expõe ao público uma poesia libertária, uma vez que as mulheres, ao adentrarem o espaço da literatura erótica também estão expostas, porque é difícil para o leitor diferenciar a voz do eu lírico com a voz da autoria.

O Poetrix Fugaz despertou a veia poética erótica de Pedro Cardoso que, aprofundando o jogo de sentidos e imagens que o poema carrega, compôs não um, mas dois Duplix com Tê, ampliando a conexão entre as duas criações poéticas, além de ampliar as interpretações que o poema sugere, alterando a ordem de colocação de cada Poetrix.

 

Fugaz Tê Soares (DF)//Amante Pedro Cardoso (DF)

 

Cama desarrumada,//corpos jogados,

liberdade para as borboletas//agora somos

estampadas nos lençóis...//carcaça de nós...

 

Amante Pedro Cardoso (DF)//Fugaz Tê Soares (DF)

 

corpos jogados,//cama desarrumada,

agora somos//liberdade para as borboletas

carcaça de nós...//estampadas nos lençóis...

 

A ousadia da autora foi além de alguns escritos, pois vários poemas apresentam o erotismo em sua beleza e despertam, além da imaginação, muito falatório, porque falar de sexualidade desvela um baú de desejos contidos, à luz de uma sociedade que vive nas trevas do preconceito e que faz com que esse viés da literatura seja explorado por poucos autores. Tê ousou. E o eu lírico de seus Poetrix eróticos revelou-nos toda sua sensibilidade com tema tão melindroso, muito mais restrito à imaginação e à prática clandestina do que às “vias de fato”.

IMAGINAÇÃO

 

em meu seio tímido

um sexo solidário

me desorganiza. E agora?

 

Esse poema de Tê Soares fez eco na imaginação do poeta Djalma Filho e ambos, unindo suas composições, criaram um maravilhoso Duplix, composto em 13/08/01, permeado de sedução e dos interditos do erotismo, numa sintonia que faz a cadência do ato sexual se tornar uma dança, na qual os parceiros se conectam, entrelaçando corpos e extravasando a emoção.

 

EJACULAÇÃO Djalma Filho//IMAGINAÇÃO Tê Soares

 

Tua boca úmida//em meu seio tímido

entre pernas solitárias//um sexo solidário

molha meu colo.//me desorganiza. E agora?

 

As imagens que o poema erótico suscita despertam no leitor toda a magia do desejo que se realiza e se esvai, deixando o eu lírico com as emoções à deriva.    

Analisando a composição formal, a junção dos dois poemas tem o uso de proparoxítonas nos dois primeiros versos, de paroxítonas nos demais versos, conferindo musicalidade à declamação. O uso das proparoxítonas, que representam uma regra fixa de acentuação em Língua Portuguesa, tem a função de demarcar certa apreensão e até mesmo, certa retração ou timidez, diante de o que, supostamente, seria “proibido” expor, mas, em seguida, ao fazer uso das paroxítonas no final dos versos seguintes, o eu lírico solta as amarras do desejo contido e é despertado para o gozo, sem mais pudores formais, inclusive, abolindo as rimas.

O enlace poético entre os Poetrix de Djalma e de Tê Soares também sugere uma sintonia literária entre os autores, uma vez que a composição solo possibilita que o autor se expresse subjetivamente, sem comprometimento com a velocidade de o que diz, enquanto a escrita em conjunto exige que os autores confiem, não apenas seus conhecimentos sobre a linguagem poética, mas também que entrem em sintonia com as ideias e reflexões que o poema suscita, além de si mesmos.

Outro Duplix de teor erótico, agora composto por Tê Soares com Aila Magalhães podem dar margem ao leitor incauto a questionar a sexualidade das autoras, desconhecendo que a poesia não tem ”sexo”, tem um sujeito poético que se expressa nas mais variadas identidades.

 

VIRTUAL Aila Magalhães//FACTUAL Tê Soares

 

Respiro teus cheiros//reviro seus pelos

Desgusto teus sabores// com a volúpia dos seus odores

Gozo teu invisível amor...//de noite - dia inteiro sem o sol se pôr

 

. Esse instigante Duplix, composto por duas mulheres libertárias, é de uma sexualidade e sensualidade extravasantes, que pode, sim, representar uma relação homossexual, o que corrobora com a ideia de que as autoras, livres de preconceito, conseguiram expressar o amor universal, não apenas uma relação corporal, fisiológica.

Enfim, constata-se que a arte da sedução foi muito bem elaborada por Tê Soares e suas parcerias poéticas, porque atravessaram o “deserto do erotismo” e demonstraram afinidades autorais e concepções de escrita em comum, além da proficiência na abordagem do tema, para muitos, um tabu.

 

4. Conclusão

 

Aventurar-me na escrita da biografia uma autora que, praticamente, vivia no anonimato foi um desafio, mas encarei-o como uma nova perspectiva de aprendizagem e, realmente, o foi, além de me propiciar conhecer os meandros da escrita de Tê Soares, tive o grato prazer de me conectar com Pedro Cardoso, não apenas virtualmente, mas poeticamente, e ressignificar sua poética por meio dos meandros da memória. 

Ao desvelar a riqueza dos Poetrix compostos por Tê Soares, posso apresentar ao público a simplicidade e o comprometimento dela com a arte poética, por meio da publicação de alguns de seus Poetrix (alguns nunca publicados) e das análises que teci, destacando não apenas os recursos poéticos que ela utilizava, mas a relação semiótica que ela imprimia em sua composição, ampliando, assim, o sentido de cada poema.

Descobrir as peculiaridades de composição da obra de Tê Soares, fez-me perceber seu estilo próprio, que se caracteriza, principalmente, pelo uso do enjambement e pelo pouco uso dos verbos de ação, preferindo os verbos de estado. Esses recursos denotam o conhecimento de linguagem da autora e sua preocupação, além da própria inspiração, com o fazer poético, suas significações e a expressividade das emoções.

 

É um prazer apresentar-lhes um vislumbre da poética de Tê Soares!

Cleusa Piovesan

 



[3]LISPECTOR, Clarice. Um sopro de vida: pulsações. Rocco Digital, out/2020, p. 53.

 [4] https://www.academiapoetrix.org/p/diretrizes-da-academia.html

 [5] [5] GOMES, Goulart (Organização) Antologia Poetrix. Movimento Internacional Poetrixta (MIP), p. 111, 2012.


7 comentários:

Cleusa Piovesan disse...

Foi uma garimpagem de dois meses! Gratidão ao querido Pedro Cardoso, sem o qual eu pouco saberia sobre Tê Soares e não faria esse resgate de sua bela poética!

Pedro Cardoso disse...

Obrigado Cleusa!!!!!E viva a poesia!!!

Marilda Confortin disse...

Muito bom, Cleusa! Uma pesquisa e tanto! Estou adorando ler a história de nossos patronos, contada por poetas

Andréa Abdala disse...

Bela apresentação, Cleusa! Tê Soares merece este destaque!

Boveto Sandra disse...

Parabéns, Cleusa! Que bela apresentação... um trabalho detalhado e primoroso.

Marília Tavernard disse...

Parabéns Cleusa pelo trabalho apresentado, um pouco de Tê para todos.

Marcelo Marques disse...

Parabéns Cleusa pela bela apresentação! Obrigado por nos trazer a trajetória poética da nossa querida Tê Soares e sua grande importância para a história do Poetrix!