27 de mar. de 2024

ELIANA MORA

 NOME COMPLETO DA PATRONA: ELIANA MORA

NOME LITERÁRIO: ELIANA MORA

Eliana Mora


DATA DE NASCIMENTO: 22/12/1948

DATA DE FALECIMENTO: sem registro

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP: 26


FUNDADOR: DIRCE CARNEIRO


NOME DO ACADÊMICO ATUAL: DIRCE CARNEIRO



VIDA E OBRA

 

Eliana Mora foi muito discreta. Não há muitos detalhes sobre sua vida. Ela foi jornalista, filha de russa e polaco, professora universitária, poeta, especialista na Arte de Dizer, integrou o Movimento Internacional Poetrix - MIP, tendo participado de Antologias do grupo. Seus blogs, seus textos, são de uma beleza de dar saltos e sustos. Espantos diante do belo. É pura Arte, em imagens, letras, obras primas, nas quais ela se inspira.

Na 1ª edição da Antologia Poetrix, de 2002, ela fez uma autobiografia, em que declara que

é adotada pelo Rio de Janeiro. Capricorniana, de 22 de dezembro de 1948, filha de russa e polaco, imigrantes judeus. Seu pai escreveu e musicou muitos poemas. Dizia que ser poeta “é uma coisa que já nasce com a gente”.

A gracinha de menina foi “levada” aos cinco anos a frequentar o Curso  Olavo Bilac “A Arte de Dizer”, pela mãe [“ela tem tanto jeito”].

Como a futura “diva” não sabia ler, decorava as poesias que a mãe lia para ela. E recebeu seu diploma aos 17 anos. É jornalista e tem dois homens [filhos, gente!]

Vez por outra ministra palestras e cursos de interpretação de texto poético.

Seu primeiro livro parece que agora...sai!

No seu Blog, Líriodeserto – como se um lírio nascesse no deserto. No deserto de mim, está escrito, em quem sou eu:

“….no meio do caminho, sudeste, Brasil. Uma mulher que amanheceu a vida com Poesia. E com ela segue pelos entardeceres.”

Do Rio de Janeiro, filha de imigrantes, seu pai dizia que “ser poeta é uma coisa que nasce com a gente”

Eu concordo, tenho sempre dito que ser poeta está no DNA.

 

Exemplo nos poemas a seguir:

 

NÃO EXISTE FÓRMULA

 

...e o som divino a me rondar

talvez para apenas

me mostrar

 

levas de sonho

em acordes flamejantes

a compor a avenida

do poema

 

e eu não sei como explicar

esse simples

teorema

 

tão lindo

intenso

[e subliminar]

 

(Eliana Mora, 05/02/2017)

 

DE CAMINHOS, BUSCAS E RAÍZES

 

De tanto olhar o impossível

a mesma direção

muitas, infinitas vezes

as estátuas de mim

não se transformam mais

no sal da terra

muito menos em raízes

que se grudam em árvores passadas.

 

Buscam mais de mim

aqui - no meu próprio chão.

 

(Eliana Mora, 24/5/201)



EM OBRA DE ARTE E TEXTOS

 

Quais as ‘lentes’ que o artista, em sua inspiração, teria usado nesta obra? Incríveis tons de verde, castanho, tons que poderiam ser sentidos até como escuros, lúgubres, fechados. E o que ele transmite é a beleza de um lago ao final de um dia extremamente belo. Reflexos desta beleza explodem em cada pincelada. Percebi que nos meus pensamentos imaginava com quantas ‘lentes’ temos que contar, para que a vida não nos ‘leve’, apenas. Para que tenhamos liberdade de sonhar com algo maior. Para que nunca precisemos abrir mão de explodir também, em nossos sentimentos e esperanças. [Eliana Mora, 12/2/14] Eliana Mora, 04/11/2019

 

DUPLIX:

 

Vá, idade // ...da (c)alma

marilda confortin // Eliana Mora

 

dobra os joelhos//não me peça tanto

doma o orgulho//não a mais do que devia;

apazigua minh'alma/: da (c)alma ainda vivo - um dia.

 


POETRIX:

 

Uau

(Eliana Mora)

 

secura de lua

de beijo e doçura

se-cura de ti

 

 

nascer

 

(Eliana Mora)

 

a vida quando vem

é colo é oásis

tudo tem suave som de cítara

 

 

teço

 

texturas

de ti

em meus tecidos

 

 

poeminha viscoço

 

em meio a teu visgo

me sinto emplastrada

feliz e cansada

 

concha

 

Fui colocando muito mar

à minha volta

e virei ilha

 

Tu, poeta

 

a fala inquieta

um código meio solar:

pelo tom, fragmento de asteroide...

 

Para o jornal eletrônico Fractoscópio, Eliana deu a seguinte entrevista a Rosy Feros:

Eliana: Nasci aqui no Rio, sou jornalista, maria, faz-tudo e poeta...Para sobreviver a gente faz de tudo um pouco... meu primeiro   livro ainda não saiu, mas está preparado há um bom tempo - e eu vou mudando, mudando...gosto muito de ministrar cursos de interpretação poética. Para todas as idades. Quando eu puder farei isso como voluntária, e será para idosos [como já fiz] O que me aconteceu de muito, mas muito bom este ano foi a parceria com Tania Regina - no Mar de Poesia.

Rosy: Tanto o jornalismo como a literatura são formas de expressar a vida em textos. Para você, que realiza ambos, são duas atividades distintas, ou eles se alimentam mutuamente?

Eliana:  creio que todas as experiências que possamos acumular se entrecruzam em nosso trabalho, em nossa vida. E no caso de meu trabalho, é importante, sim. O mais importante de tudo, a meu ver, é a sensibilidade para captar as coisas [entender é diferente] deste mundo...

Rosy: A internet, por si só, influenciou sua forma de produzir poesia? O uso que você faz de colchetes nos poemas deve-se a isto, é reflexo da influência que a rede está a operar na escrita contemporânea?

Eliana: Não. Foi uma fase, que até está diminuindo, e que surgiu antes de eu estar "freqüentando" o mundo virtual. Aos poucos eu vou colocando em determinadas ocasiões, somente quando sinto muita necessidade de colocá-los, é isso. Nada, em mim, na minha poesia, é - nunca foi - estudado. É assim.

Rosy: Acredita que os escritores ou, mais precisamente, os poetas têm algo a contribuir para as novas formas de escrita a serem desenvolvidas em meios eletrônicos como a internet?

Eliana: Os poetas - a meu ver - têm sempre algo a acrescentar em qualquer plano, a qualquer momento, seja no deserto, seja pela Internet. Mas veja bem - eu disse poeta [de verdade]...Claro que o instrumento propicia procurar elementos novos, atiça a curiosidade. Mas não creio que o Novo ou diferente dependa deste ou daquele instrumento...

Rosy: Tem para si que "ser poeta é uma coisa de nascença"?

Eliana: Sim - eu mesma passei por essa experiência. Meu pai é poeta, inclusive fazia letras de música que foram cantadas pelas "rainhas do rádio" em período áureo da Rádio Nacional, aqui no Rio. Ainda era bem garoto e acabava apanhando do pai -- mas ia... Portanto, eu posso dizer que herdei "ser poeta" . Mas acontece que poderia não ter desenvolvido isso: mas desenvolvi. Ou melhor dizendo: " a coisa me pegou" e eu me deixei ser agarrada por ela...

Rosy: Como professora de interpretação poética, acha que a interpretação bela e eficaz de um texto é algo que pode ser alcançado por qualquer pessoa amante de literatura, ou é dom natural que se desenvolve e se aprimora? O autor de um texto literário é, de fato, a melhor pessoa capaz de interpretá-lo?

Eliana: Não - não acho. Há treinamentos e regras que ajudam - se bem seguidos podem colocar uma pessoa apta a dizer e interpretar poemas, mas o dom ajuda muito. O autor pode até não ser o melhor [seguindo o pensamento] para interpretar seu texto. Ah - também pode ser tímido. Aí a coisa pega... muito do que se vê, em termos de interpretação, é preparar antes a pessoa para falar em público. O fator timidez [em minha experiência] é o que mais "esconde" o autor de dizer seus ou outros poemas. E de se apresentar - até de conviver pessoalmente com outros poetas - e pessoas, em geral.

 

Minha homenagem a Eliana Mora:

 

CHEGADA

(Dirce Carneiro)

 

três versos nas mãos

poesia em buquê

nocaute de emoção

 


Seu livro Mar e Jardim, publicado em 2003,  contém 152 poemas compostos de 1999 a 2002.

É uma poeta do seu tempo. Sua produção encontra-se nas redes sociais, em seu Blog, em revistas e jornais eletrônicos.



Eliana Mora é patrona da cadeira 26 da Academia Internacional Poetrix, inaugurada por Dirce Carneiro. 26 (8) é número cabalístico para infinito.




Autora: Dirce Carneiro






8 comentários:

Marilda Confortin disse...

Que linda vida poética! Muito bom o seu texto sobre a Eliana, Dirce. Dá gosto de ler.
Ela foi uma das melhores dinossauras do Poetrix. Privilégio tê-la como Patrona na AIP.

José de Castro disse...

Gostaria de ter conhecido a Eliana Mora. Temos a afinidade na poesia e no jornalismo. Parabéns, Dirce, tanto pelo texto quanto pelo privilégio de ter uma poeta desse quilate como patrona de sua cadeira...

Dirce Carneiro disse...

Ter uma patrona como Eliana Mora, mulher, poeta, jornalista, mestra, mãe e tudo o mais que não sabemos...enobrece a AIP e muito me responsabiliza. Eliana foi uma mulher do seu tempo, já com seus poemas em Blogs, nas redes, na internete, em Antologias, mais do que em livros solos impressos. Sua Arte levando sua poesia para onde o vento quiser soprar. Como muitos de nós. Gratidão pela oportunidade de homenageá-lá e por fazer parte deste contexto histórico, neste tempo e lugar.

Lílian Maial disse...

Parabéns, Dirce! Eliana era realmente muito discreta. Tive o prazer de conhecê-la pessoalmente e pude constatar a delicadeza e, ao mesmo tempo, firmeza. Seus poemas refletiam apuro e beleza. Muito boa a homenagem e a possibilidade de sua poesia se eternizar.

Andréa Abdala disse...

Eu também tive a alegria de conhecer a Eliana, até em sua casa estive por minutos! Seus poemas me fascinavam, quanto encantamento! Antes do poetrix Eliana nos brindava no Cantinho do Poeta, uma verdadeira escola para mim. Saudades da Li.

Marília Tavernard disse...

Tive a oportunidade de conhecer a poesia de Eliana, uma patrona maravilhosa Dirce, parabéns

Marilda Confortin disse...

Ah! Obrigada por incluir meu Duplix com Eliana, Dirce. Considero o melhor duplix com a minha participação.

Cleusa Piovesan disse...

Um primor a poesia intimista da Eliana Mora! Adorei conhecê-la por meio de sua pesquisa, Dirce!