Guilherme de Andrade e Almeida nasceu em Campinas – São Paulo no dia 24 de julho de 1890 e faleceu em 11 de julho de 1969. Filho de Estevam de Almeida, jurista e professor de Direito e de Angelina de Andrade também formada em 1912.
Foi um poeta brasileiro e o primeiro modernista a frequentar a Academia Brasileira de Letras. Ocupou a cadeira n.º 15. Era membro da Academia Paulista de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do Instituto de Coimbra e do Seminário de Estudos Galegos de Santiago de Compostela. Foi também advogado, jornalista e tradutor. Sua estreia na poesia ocorreu em 1917 com a publicação do livro “Nós”, onde há apenas sonetos. Hábil manejador de versos e sonetista exímio, ele recebeu fortes influências de Olavo Bilac e do português Antônio Nobre.
Participou da Revolução Constitucionalista de São Paulo, foi obrigado a se exilar do país. Viajou pela Europa, fixando-se por longo tempo em Portugal. Quando regressou ao Brasil, retomou à atividade literária e traduziu treze livros de poesia. A crítica ressaltava a excelência de suas traduções. Era um refinado humanista, sabia grego, latim e muito da cultura renascentista. Publicou 26 livros de poesia.
Hoje voltas-me o rosto, se ao teu lado
passo. E eu, baixo os meus olhos se te avisto.
E assim fazemos, como se com isto,
pudéssemos varrer nosso passado.
Passo, esquecido de te olhar - coitado!
Vai – coitada! esquecida de que existo:
Como se nunca me tivesses visto,
como se eu sempre não te houvesse amado!
Se, às vezes, sem querer, nos entrevemos,
se, quando passo, teu olhar me alcança,
se meus olhos te alcançam, quando vais,
Ah! Só Deus sabe e só nós dois sabemos!
Volta-nos sempre a pálida lembrança.
daqueles tempos que não voltam mais!
A partir de 1929, com Simplicidade, Almeida encerra definitivamente sua fase modernista; o tom e a linguagem decadentistas, além do domínio da métrica portuguesa, voltam a predominar em sua obra. Neste período, o poeta entra em contato com a forma oriental do haikai. Trata-se de poemas condensados, compostos apenas de três versos que abordam, comumente, questões como a espiritualidade, a natureza e a fugacidade do tempo. Almeida estuda detidamente esta forma poética e torna-se o primeiro poeta brasileiro a elaborar haikais e foi o responsável pela sua divulgação no Brasil.
Em 1958, foi coroado o quarto "Príncipe dos Poetas Brasileiros" (depois de Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano). A essência de sua poesia é o ritmo “no sentir, no pensar, no dizer”. Dominou amplamente os processos rítmicos e verbais, bem como o verso livre, explorando os recursos da língua, a onomatopeia, as assonâncias e aliterações. Na época heroica da campanha modernista, soube seguir diretrizes muito nítidas e conscientes, sem se deixar possuir pela tendência à exaltação nacionalista. Nos poemas de simplicidade, publicado em 1929, retornou às suas matrizes iniciais, à perfeição formal desprezada pelos outros, mas não recaiu no parnasianismo, porque continuou privilegiando a renovação de temas e linguagem. Sobressaiu sempre o artista do verso, que o poeta Manuel Bandeira considerou o maior em língua portuguesa.
Nós (1917); A Dança das Horas (1919); Messidor (1919); Livro de Horas de Sóror Dolorosa (1920); Era Uma Vez (1922); A Flauta que Eu Perdi (Canções Gregas) (1924); Natalika, prosa (1924); A Flor que Foi um Homem (1925); Encantamento (1925); Meu (1925); Raça (1925); Simplicidade (1929); Gente de Cinema, prosa (1929); Você (1931); Carta à Minha Noiva (1931); Cartas que Eu Não Mandei (1932); O Meu Portugal, prosa (1933); Acaso (1939); Cartas do Meu Amor (1941); Poesia Vária (1947); Histórias, Talvez..., prosa (1948); O Anjo de Sal (1951); Acalanto de Bartira (1954); Camoniana (1956); Pequeno Cancioneiro, (1957); Rua (1961); Cosmópolis, prosa (1962); Rosamor (1965); Os Sonetos de Guilherme de Almeida (1968)
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