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1 de abr. de 2021

Poetrix

 LIVE IS LIFE

Conversas com versos
Risos e rimas com Gil
Mix Brasil

(Mimotrix de Marilda Confortim para Gilvânia Machado rsrs)

Poetrix

Stela


Nas fissuras da palavras
Fios descascados
Poemas, eletrochoques.


(Poetrix de Gilvânia Machado, dedicado à Estela do Patrocínio)

31 de mar. de 2021

Poetrix

Estranhamentos

Escavo silêncios.
Dentro do poema,
Desvazio-me.

(Gilvânia Machado)

30 de mar. de 2021

Discurso de posse de Gilvânia Machado - cadeira 8 AIP


MARESSÊNCIA

Trago um mar
Na solidão, cato conchas
Descubro-me pérola

(Gilvânia Machado)



OS TRISTES

Em seus caramujos,
os tristes sonham silêncios.
Que ausência os habita?

(Helena Kolody)



Ilustres confrades e confreiras da Academia Internacional Poetrix, para mim é uma grande honra fazer parte dessa instituição literária.

Quando recebi o convite para ser membro, ocupando a cadeira número oito e a escolher um patrono ou patrona, não hesitei em nenhum momento quando pensei na poeta minimalista paranaense Helena Kolody.

A escolha se deu por várias razões. Primeiro o fato de ela ser a pioneira na escrita de poemas minimalistas no Brasil

Outro motivo que orientou a minha escolha foi a identificação da cosmovisão poética da autora marcada por uma inquietação existencialista. Isso pude constatar ao ler seus poemas e também pesquisar a fortuna crítica da autora. Os estudiosos, na sua grande maioria, afirmam que a inquietação é um dos eixos temáticos de sua obra poética vistos como um questionamento da linguagem e como uma agitação interior do sujeito que, voltado para si mesmo, busca sua origem e transcendência.

Nesse “desassossego”, são temas constantes a solidão, o tempo, a contemplação, a permanência, a memória, a ausência, a transitoriedade da vida. Os estudiosos também apontam uma visão ora marcada pelo encanto da vida, em que a poeta celebra a existência, ora pelo desencanto.

Portanto, a presença do amor, do desejo, da religiosidade na busca do absoluto, da totalidade em contraposição à transitoriedade da vida, são formas de transcender por meio da escrita. Escrever é preencher vazios, ausências, aquietar os desassossegos da alma. Diante dessa consciência, apesar da nostalgia, da saudade de um futuro, a poeta insiste em viver com alegria e sabedoria, vivenciar o momento presente: carpe diem!

No que diz respeito à forma literária, Helena Kolody, como toda poeta minimalista, primava pela concisão dos versos, aparando as arestas, cortando tudo o que era desnecessário até chegar ao poema-pedra lapidado. Tanta intensidade em poucos versos. Tudo isso a faz uma grande poeta. Dizer o máximo com o mínimo na mais perfeita essência da poesia minimalista.

Dentre as diversas formas poéticas minimalistas, Helena Kolody, além de haicais, escreveu dísticos, tercetos, quadras, epigramas e tankas.

Atualmente, faço parte do Movimento Nacional do Mulherio das Letras, que começou em João Pessoa, na Paraíba, e ganhou o mundo. Hoje, temos o Movimento do Mulherio em Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, Estados Unidos. E uma das bandeiras do Movimento é dar visibilidade às mulheres escritoras, ler mais as autoras. E quando falamos na poesia minimalista quem mais se destacam são os homens, desde Afrânio Peixoto, Guilherme de Almeida, Millôr Fernandes a Paulo Leminski. As poetas minimalistas não têm tanta visibilidade. No Brasil, além da pioneira Helena Kolody, há outras grandes poetas minimalistas que não alcançaram notoriedade devida pelo seu grande talento. Isso corrobora a luta atual do Movimento do Mulherio das Letras que está ganhando o mundo.

Para mim, o ato de escrever também é preencher silêncios, lacunas, vazios, ausências. E embora sabendo da efemeridade da vida, celebrar a existência é a palavra de ordem. Viver o momento presente como uma dádiva divina, da natureza. Além disso, na poesia a forma minimalista me seduz.

Como afirmou o teórico Todorov, se me perguntarem por que amo a Literatura, a minha resposta é a mesma dele: “Porque ela me ajuda viver”.

Traduzir a condição humana de forma transfigurada poeticamente é um presente divino. No ato de criar há o sopro da inspiração e o suor do burilar. É preciso se debruçar sobre o que se escreve. Saber o que dizer, ter voz própria para não ser mero eco. Cada vez mais, o ato de escrever está se tornando uma necessidade vital para continuar vivendo. No mundo há beleza, cores e perfumes. No entanto, há os desvalidos, os excluídos que não conseguem mais sentir isso por estarem acorrentados aos seus demônios interiores; outros, por serem vítimas de um sistema excludente, de um mundo intolerante que julga as pessoas pela cor, etnia, orientação sexual, classe econômica. A literatura é também uma bandeira em prol dos excluídos, é uma centelha no meio da escuridão. O Sol nasceu para todos. É isso que literatas e literatos têm que defender. A Terra é de todos, ser feliz é um direito de todos!

Por tudo isso sou poeta, sou escritora. Não é um mero penduricalho, título de status, poder. Se eu pensasse assim, minha literatura não passaria pelo processo de humanização e nem tocaria a sensibilidade das pessoas na sua pluralidade. Ao contrário, estaria a serviço do meu ego, a serviço dos opressores e não dos oprimidos. Escrever é um modo de ser e estar no mundo e eu desejo que isso seja da forma mais bela e humana, tanto em forma como em conteúdo!

Agradeço imensamente a Deus essa minha inclinação para as letras, ao meu avô Manuel Targino, que, com seu exemplo de leitor ávido e contador de histórias, despertou em mim o desejo de adentrar no universo mágico da literatura. Minhas memórias afetivas com meus avós são inundadas de poesia. Lembro que ele, agricultor, tinha uma plantação de algodão. Eu, ainda criança, pegava um bisaco e com minha avó íamos colher algodão. Ficava deslumbrada com a beleza da flor do algodão. Quando se afastavam, via os cabelos branquinhos que, muitas vezes, confundiam-se com a brancura do algodão. Eu não sabia que esses eram os primeiros fios tecidos da minha história, os primeiros fios das minhas memórias afetivas.

Nesse momento memorável que é se tornar membro de uma Academia literária, não poderia deixar de agradecer aos meus pais que investiram nos meus estudos e, mesmo quando passei um longo período sem estudar, hospitalizada, eles me presenteavam com o que eu mais amava: livros. Eram os livros meus companheiros de reclusão, longe da escola, dos outros pré-adolescentes.

Agradeço aos mestres do Curso de Letras, profissionais em que eu sentia a Literatura pulsar na veia. Todos ali estavam exercendo o ofício por paixão, por escolha. Cursar Letras, fazer mestrado em Literatura foram também escolhas que eu fiz movida pela paixão! Não foi à toa que passei em primeiro lugar no Curso de Letras.

Outro momento muito significativo foi conhecer e interagir com poetas e escritores. Alguns deles não posso deixar de citar: Goulart Gomes, o inventor dessa bela forma minimalista: o Poetrix. Uma pessoa talentosa, generosa, que acreditou no meu trabalho como organizadora de antologias poéticas e sempre me convidou a participar das coletâneas que ele organizava.

Outro poeta, e também grande parceiro literário, é José de Castro. Moramos no mesmo estado, mas nos conhecemos virtualmente através do Recanto das Letras. Foi ele que me apresentou o poetrix. E eu, tão apaixonada pela forma poética, lancei a fagulha, a centelha incendiando o Rio Grande do Norte. E, generosamente, Castro aceitou o meu convite para fazer parte das antologias Fagulhas Poéticas I e II. Além dele, talentosos poetrixtas de várias partes do Brasil vieram compor as antologias. E, assim, a centelha, como uma pira olímpica, foi percorrendo várias partes do Brasil. São conquistas, alegrias que a Literatura nos traz.

Aproveito o ensejo e agradeço às demais instituições que me acolheram como poeta e escritora: a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte – SPVA/RN; a Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares – ALAMP; a União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte – UBE-RN, o Movimento Nacional do Mulherio das Letras. Todos eles constituem uma irmandade literária.

    Para finalizar o meu discurso, cito um poetrix de minha autoria:

Estranhamentos

Escavo silêncios.
Dentro do poema,
Desvazio-me.


É isso: poesia é para causar espantos, estranhamentos. É incorporação. Mexer com os nossos sentidos. Virar-nos pelo avesso, desvaziar-nos! Preencher-nos! Redimensionar o nosso olhar. Tornar-nos mais humanos. É um Sopro. Luz! Fiat lux!

Gratidão, gratidão à Academia Internacional Poetrix!

Gilvânia Machado


29 de mar. de 2021

Biografia de Gilvânia Machado

Gilvânia Machado

CADEIRA 8
PATRONO: Helena Kolody
FUNDADOR: Gilvânia Machado
ATUAL: Gilvânia Machado
DATA DE INGRESSO: 5 de julho de 2020

Gilvânia Rodrigues Machado, natural de Natal-RN é mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professora, poeta, escritora, organizadora de antologias, feminista e ativista cultural. Membro da Academia de Poetrix, ocupando a cadeira 8, tendo como patrona Helena Kolody.

Publicou diversos contos, poemas e artigos em revistas, jornais, e coletâneas no Brasil, Portugal e Suíça.  Organizou três antologias: Aprendizes de Poeta, Fagulhas Poéticas I e II; pela editora Literata – São Paulo. Em 2014, lançou seu livro solo de poetrix, Rendas & Fendas, na Bienal Internacional do Livro de São Paulo.  Fez parte da Comissão de avaliação de diversos concursos nacionais e internacionais como as “Olimpíadas de Língua Portuguesa” e “Concurso Internacional de Poetrix”.

Prêmio Destaque Nacional no Concurso Novos Poetas. Fez parte da Comissão Editorial da coletânea de crônicas e contos da UBE (RN). Membro e diretora do Conselho Consultivo e da Comissão Editorial  da União Brasileira de Escritores do RN – UBE-RN. Membro da Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares – ALAMP.   

Engajada no Movimento Nacional Mulherio das Letras. Faz parte da Comissão de articulação do Mullherio das Letras Zila Mamedde.