noi
não fora esse olhar
de tamanha noite
como experimentar estrelas?
Elementares // Apaixonados
Matisses
caleidoscópios, multidões;
sozinhez, um estalo que seja:
ando por aí à cata de espantos
All that lonely people
sob a luz do entardecer
trens superlotados
invisibilidades
Hoje só é possível porque foi-se o ontem.
Tudo é transitório, desfazimento, e por mais que doa ou pareça doer, também passará.
Quisera ter conhecido Manoel de Barros e perdido passos ao seu lado pelas margens de um rio.
Imagino quantos descoisamentos ele poderia ter me revelado.
Na impossibilidade desse desejo, faço-o cúmplice de meus descompletares.
Manoel de Barros
Descobrir Manoel de Barros foi assombroso, foi como olhar dentro de mim.
Quando o leio, é como se estivesse lendo algo escrito para mim, sinto-me encontrando um amigo de velhos tempos. Não poderia escolher um Patrono que não ele.
Ser poeta não é divino, sublime, nem nada. Penso que ser poeta é mais um não-ser, o que exige o trabalho de desfazimentos.É difícil praticar desfazimentos, mas isso não precisa ser preocupante. Na verdade, quanto maior a pre-ocupação, menos a poesia sairá de trás da orelha, do bico da chaleira ou de dentro de uma nuvem.
Bem, o primeiro beijo sempre haverá de preocupar - e muito - o que não quer dizer que não possa ser poético, porque pode, já que começa por fazer-se e vira tudo que nem sabemos, como lagarta que voa, folha molhada de orvalho, concha que gestou pérola, o primeiro respiro de uma criança ou um raio de sol nadando em um lago .
Poetrix é poema de desfazimentos. Furtar dos versos as desnecessidades e oferecer em troca pegadas que não se sabe aonde chegarão, silhueta nua na sombra da parede, buraco de fechadura de onde escapa luz.
Estou aprendendo desfazeres. Há 20 anos.
Neste tempo de ligeirezas, percebi-me por vezes em um estado de não-ser, que somente a poesia ou sonhos orgásticos podem proporcionar, mas vocês sabem, ambos são como nuvens em uma linda manhã de outono, chegando e partindo sem aviso ou cerimônia.
Então vou seguindo por aí, especulando horizontes e veredas, e vez por outra dou de cara com fiapinhos de espantos largados ao pé de um tamarindeiro - Devires.
Não é segredo que tenho um caso - com o Poetrix - Um grande caso de amor!
Conheci-o através do Pedro Cardoso que à distância cutucou minha curiosidade, bem forte, creio, ou quem sabe fez-se essência do próprio nome e bateu-me na cabeça. Digo-lhe que não doeu, mas rachou, e escorreu um poetrix, o primeiro de muitos. Serei sempre grata pela cutucada e ensinamentos, querido Pedro!
Aquilae
Depois veio o João Goulart Gomes, o GG. Confesso ter sentido um pouco de medo.
GG era cheio de pequenas graças escondidas por trás dos óculos, enfeitava palavras com belezuras de tirar o fôlego, inventadas ali, na hora.
Aila Magalhães |
CADEIRA 02
PATRONO: Manoel de Barros
FUNDADOR: Aila Magalhães
ATUAL: Aila Magalhães
DATA DE INGRESSO: 5 de julho de 2020
Aila Magalhães, nasceu em um subúrbio de Fortaleza (Ce), em uma casa com quintal grande e muitas árvores.
De temperamento tímido, ler e desenhar eram atividades favoritas.
Estudando sempre em escolas públicas, chegou à universidade aos dezesseis anos, tendo escolhido Ciências Sociais, Letras e posteriormente Administração, Geografia e Direito, não concluído por divergências em relação ao Código Penal.
Petroleira por 14 anos, demitiu-se para atuar na educação, inicialmente como professora de língua estrangeira - Inglês e depois como Diretora Escolar, Superintendente e Assessora Técnica da Seduc-Ce. Pretende aposentar-se ainda em 2020.
Residiu em Boston (USA) como bolsista da Fulbright, estudando na Boston University.
É especialista em Avaliação da Educação e Administração Escolar e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Casada há 38 anos, tem 3 filhos, uma filha, três netas e um neto.
Participou de todas as antologias Poetrix e outras publicações em em gêneros diversos.