NOME
COMPLETO DO PATRONO: Eno Teodoro Wanke
NOME
LITERÁRIO: Wanke
Eno Teodoro Wanke |
DATA
DE NASCIMENTO: 23/06/1923
DATA
DE FALECIMENTO 28/05/2001
NÚMERO
DA CADEIRA NA AIP: 17
FUNDADOR:
Oswaldo Francisco Martins
NOME
DO ACADÊMICO ATUAL: Oswaldo Francisco Martins
VIDA
E OBRA DO PATRONO
Filho de Ernesto Francisco Wanke e de Lucilla
Klüppel Wanke, Wanke nasceu em Ponta Grossa – PR. Foi
alfabetizado na Escola
Evangélica Alemã de Ponta Grossa, escola que viria a ser fechado em consequência
de ação imposta pelo Estado Novo, tendo então sido transferido para o Liceu de
Campos, que pertencia a professora Judith Silveira, que acabou por virar nome
de rua na cidade onde nasceu Wanke.
Como aluno ainda estudou no Colégio Regente Feijó, de Ponta Grossa e no
Colégio Santa Cruz, da cidade de Castro – PR, tendo no último terminado o Curso
Ginasial, onde completou o ginásio. Foi morar em Curitiba – PR em 1948 e ali completou o Curso Científico no Colégio Iguaçu
no Colégio Iguaçu. Em 1949 foi bem-sucedido em concurso vestibular para
Engenharia Civil, curso que completou em 1953.
Após prestar vestibular, entrou para a Escola de Engenharia Civil da
Universidade do Paraná, formando-se em 1953.
Exerceu atividades laborais como engenheiro civil:
– 1954-1955: Prefeitura de Ponta Grossa como fiscal de construção de uma linha de
alta tensão elétrica em Curitiba, da Companhia Força e Luz do Paraná;
– 1957: admitido no curso de Refinação de Petróleo, da Petrobrás, Rio de
Janeiro, cujo ingresso se deu via por concurso público, curso que
completou com êxito;
– 1958: ingressou na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão, SP,
tendo sido morador de Santos – SP por 11 anos contínuos;
– 1969: a partir deste ano e já transferido pela Petrobras para o Rio de
Janeiro, desempenhou suas atividades na empresa até sua aposentadoria.
Na seara literária, seus escritos começaram a ser elaborados aos 11 anos
de idade. Na construção do seu legado tesouro, Wanke se consagrou por
apresentar várias facetas literárias e ter produzido escritos maravilhosos.
Wanke se notabilizou como poeta,
trovador, contista, cronista, antologista, biógrafo, dicionarista, ensaísta, historiador,
fabulista, prefaciador etc.
Com propriedade afirma a crítica literária que Wanke produziu textos literários que se nos conformam pertencentes aos ricos períodos do classicismo e do modernismo, tendo sido tudo escrito com extrema maestria, sendo muito bem navegado o lirismo, o romantismo e o parnasianismo pelo extraordinário paranaense escritor.
São destaques na obra de Wanke pensamentos humorísticos, esses expressos principalmente em clecs publicados e selecionados por Elmar Joenck, tais como os seguintes:
Quando um adjetivo mente, ele, por castigo, vira advérbio;
Famosíssimo escrito de Wanke é o
soneto APELO, que contabiliza 160 versões para 95 idiomas e dialetos,
trabalho esse que é considerado o soneto escrito em português mais traduzido
para outros idiomas no mundo:
APELO
Eu venho da lição dos tempos idos
e vejo a guerra no horizonte armada.
Será que os homens bons não fazem nada?
Será que não me prestarão ouvidos?
Eu vejo a Humanidade manejada
em prol dos interesses corrompidos.
É mister acabar com esta espada
suspensa sobre os lares oprimidos!
É preciso ganhar maturidade
no fomento da paz e da verdade,
na supressão do mal e da loucura...
Que a estrutura econômica da guerra
se faça em pó! E que reinem sobre a terra
os frutos do trabalho e da fartura!
Wanke é considerado como
criativo trovador e se que se notabilizou pelo intenso trabalho de propagador e
historiador do Movimento da Trova Brasileira desde 1950.
Trovas antológicas foram
escritas por Wanke trovador. Na rede mundial de computadores abundam excelentes
trovas produzidas por Wanke. Algumas delas foram transpostas para ilustrar este
texto:
Na praia deserta, eu penso
que a imagem da solidão
começa no mar imenso
e finda em meu coração.
O Rio de fevereiro
até no céu se intromete:
– a lua vira pandeiro,
estrelas viram confete.
(1º lugar - Maringá 1970)
Invejo a felicidade
de quem saudoso se diz.
– Quem hoje sente saudade
já foi, um dia, feliz!
Eu li tanto sobre o mal
resultante de beber,
meus amigos, que afinal
decidi deixar de ler...
Se a formiga é atarefada
de fato, quero que explique:
então por que é que a danada
nunca falta a um piquenique?...
Em Hollywood, a uma artista
jamais será permitido
em duas festas ser vista
usando o mesmo... marido!
Cuspiu na parede e quando
lhe chamaram atenção,
mostrou um cartaz rogando:
“Favor não cuspir no chão!”
No Brasil é atropelado
um sujeito, de hora em hora!
"Quê? Verdade?... Mas, coitado!
Por que ele não vai embora?...
Devemos ressaltar que tercetos,
haicais e trovas configuram o lado minimalista da obra de Wanke. Deve-se ainda destacar
que a trova monossilábica de Wanke representa o ínfimo de número total de
sílabas poéticas desses poemas (tercetos e trovas) por óbvio. Centenas de
livros e livrotes (ou livros de poucas ou menos de 49 páginas, conforme bem costumava
dizer Wanke) estão disponibilizados e podem ser consultados em bibliotecas públicas
do país ou estão à venda em sebos nacionais.
É mister ressaltar que Wanke se
empenhou e se destacou na produção e na manutenção e no registro publicado da
trova em geral (literária, popular, latrinária, escabrosa) no Brasil e para
tanto atuou e
organizou e participou ao lado do Trovador Clério José Borges de
Sant’Anna, dos Seminários Nacionais da Trova, no Estado do Espírito Santo,
organizados pelo CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS, de 1981 a 1999. Recebeu o
título de Cidadão Espírito-santense, conferido pela Assembleia Legislativa do
Estado do Espírito Santo. Faleceu a 28 de maio de 2001, deixando livros e
livrotes que ultrapassam 1000 títulos.
Está presente em várias obras de Aparício Fernandes, entre outras:
“NOSSAS TROVAS”, 1973; “NOSSOS POETAS”, 1974; “POETAS DO BRASIL”, 1975;
“ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL”, 1976, 1977, 1978, 1979, 1980 e 1981; “NOSSA
MENSAGEM”, 1977; “ESCRITORES DO BRASIL”, 1979, 1980. Participou também das
“COLETÂNEAS DE TROVAS BRASILEIRAS”, organizadas pelo Trovador Fernandes Vianna,
Recife, PE. Verbete de inúmeras obras literárias, entre outras: ENCICLOPÉDIA DE
LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, edição do
MEC, 1990, edição revista e atualizada por Graça Coutinho e Rita Moutinho
Botelho, em 2001[1].
Wanke foi membro da Academia de Letras dos Campos Gerais, na qual
fundou e ocupou a cadeira de número 25. Deve-se ainda mencionar que a
biblioteca dessa academia tem o nome de Biblioteca Paranista Eno Teodoro Wanke,
tendo sido inaugurada em 20.09.2001, justo no ano em que Wanke veio a óbito.
São notáveis, extensas e
variadas as obras do glorioso paranaense Wanke. A despeito disso, seguem
exemplos pertinentes ao rico legado de mais de 1000 títulos deixados pelo
magistral escritor:
NAS MINHAS HORAS (poesia, 1953);
MICROTROVAS (1961);
OS HOMENS DO PLANETA AZUL (sonetos, 1965);
OS CAMPOS DO NUNCA MAIS (poesia, 1967);
VIA DOLOROSA (sonetos religiosos, 1972);
A TROVA (estudo, 1973);
A TROVA POPULAR (estudo, 1974);
A TROVA LITERÁRIA (estudo, 1976);
REFLEXÕES MAROTINHAS (pensamentos humorísticos, 1981);
REFLEXÕES MAROTINHAS (pensamentos humorísticos, 1981);
VIDA E LUTA DO TROVADO RODOLFO CAVALCANTE (biografia, 1982);
A CARPINTARIA DO VERSO (didática da metrificação, 1982, 1989, 1990 e
1994);
DE ROSAS & DE LÍRIOS (minicontos, 1987);
O ACENDEDOR DE SONETOS (líricos, 1991);
ALMA DO SÉCULO (sonetos, 1991);
FÁBULAS (1993);
ADELMAR TAVARES, UM TROVADOR AO LUAR (biografia, 1997);
ANTOLOGIA DE SONETOS SOBRE A TROVA (1998);
CONTOS BEM-HUMORADOS (1998);
FARIS MICHAELE, O TAPEJARA (biografia, 1999);
ELUCIDÁRIO MÉTRICO (metrificação, 2000);
APARÍCIO FERNANDES, TROVADOR E ANTOLOGISTA (biografia, 2000);
NESTE LUGAR SOLITÁRIO (a trova em grafitos de banheiro, 1988);
ANTOLOGIA DA TROVA ESCABROSA (cobrindo a história do trovismo desde seu
início em 1950, a obra é datada de 1989).
Eno Teodoro Wanke, cerca de um
ano antes de falecer, teve o zelo de promover um verdadeiro levantamento de sua
vida, o fazendo com a ajuda imensurável da autora da obra RADETIC,
Therezinha. Eno Theodoro Wanke, sua vida e sua obra. Rio de Janeiro,
Codpoe, 1900. 254
p.: il.; 21 cm.
Por demais recomendável
é assistir o vídeo de Clério José Borges[2]
com a viúva Irma Wanke, em sua residência no bairro Laranjeiras no Rio de
Janeiro, ocasião em que além das publicações da obra, dos troféus, placas,
medalhas e títulos conquistados por Wanke são mostrados, são também feitas
citações ao casamento de Wanke e às filhas de nome Dorotea e Sofia.
Singela
nota final:
Cerca
de dois meses antes da morte ocorrer, este poetrixta que redige esta biografia,
escreveu uma carta ao Wanke solicitando autorização para publicar o soneto
APELO na Revista da Casa do Poeta Brasileiro em Salvador, no que foi muito
bem-sucedido e o soneto saiu no exemplar dessa publicação naquele mesmo ano.
[1] Disponível
em/; https://academiavirtualbrasileiradetrovadores.blogspot.com/2017/07/.
Acesso em 01/04/2024.
[2] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=siFVYtUwP4Q. Acesso em: 01 abril
2024.
Autor: Oswaldo Martins
4 comentários:
Belíssima trajetória literária!
Que grande escritor! Gostei muito de conhecer, Oswaldo. Parabéns pela pesquisa detalhada e farta. Obrigada!
Esse paranaense, "rei da trova" faz cócegas no coração da gente! Parabéns pelo texto, Oswaldo!
Adorei conhecer um pouco do Wanke! Ele era sonetista, que é uma de minhas paixões! Muito bom o seu desenvolvimento da biografia, Oswaldo! Parabéns!
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