9 de abr. de 2024

AUGUSTO DOS ANJOS

 

NOME COMPLETO: AUGUSTO DE CARVALHO RODRIGUES DOS ANJOS

NOME LITERÁRIO: AUGUSTO DOS ANJOS

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos

 

DATA DE NASCIMENTO: 20/04/1984

DATA DE FALECIMENTO: 12/11/1914

NÚMERO DA CADEIRA NA AIP:  22

FUNDADOR:  Saulo Pessato

ACADÊMICA ATUAL: Saulo Pessato

 

VIDA E OBRA DO PATRONO

 

        Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho Pau d´Arco, Cruz do Espírito Santo, Paraíba, no dia 20 de abril de 1884. Filho de Córdula Carvalho Rodrigues dos Anjos, Alexandre Rodrigues dos Anjos

     Começou seus estudos no Liceu Paraibano e escreveu seus primeiros poemas em 1901, aos 17 anos, no jornal local “O Comércio”.

     Em 1903, entrou na Faculdade de Direito do Recife, formando-se em 1907. Na faculdade conheceu o “cientificismo” da chamada “Escola de Recife”, onde se destacava o afro-sergipano Tobias Barreto. Formou em direito, mas nunca exerceu a advocacia. Ingressou não magistério secundário, como professor de Literatura no Liceu paraibano, onde foi aluno.

     Estou os autores clássicos do positivismo, do materialismo mecanicista e do evolucionismo, com destaque para Comte, Haeckel, Darwin e Spencer, que foram determinantes em sua visão de mundo e em sua poesia. Some-se a isso a influência do filosofo alemão Schopenhauer, com seu pessimismo, cuja salvação estaria na criação artística, sobretudo na poesia. “Somente a Arte, esculpida a humana mágoa / Abranda as rochas rígidas, torna água / Todo o fogo telúrico profundo” (“Monólogo de uma Sombra”. Anjos, s/d, p. 16). Um exemplo foi sua “visão da natureza como um processo recorrente e interminável de geração e destruição orgânica.” (Pires, s/d).

     Casou-se em 1910 com Ester Fialho, e tiveram dois filhos: Guilherme Augusto Fialho dos AnjosGlória Fialho Rodrigues dos Anjos. Nesse ano de casamento afastou-se do Liceu Paraibano, mudando-se para a capital federal, sendo professor de Geografia na Escola Normal do Rio de Janeiro e do internato do Colégio Pedro II. Com problemas de saúde se mudou para Leopoldina em Minas Gerais, sendo diretor do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira. Com quatro meses de sua chegada a cidade mineira, em 12 de novembro de 1914, ele piorou de sua pneumonia e se encantou.com 30 anos de idade.


     O poeta Ferreira Gullar dividiu sua obra poética em três fases: a de 1901 a 1905, caracterizada por uma linguagem simbolista, com reminiscência parnasianas e românticas e com uma “falta de domínio expressivo”. A segunda, de 1906 a 1910, fase de sua maturidade poética, caracterizada pela “forma poética da experiência existencial cotidiana”. A terceira, 1910 a 1914, demonstra uma preocupação filosófica e a predominância do soneto.

     Seu único livro publicado em vida foi “Eu”, em 1912, com poemas da fase simbolista e de sua maturidade. Em sua poética há “uma comovente simpatia por seres e coisas e uma extraordinária capacidade de transfiguração verbal”

 Fig. 2. Capa do livro “Eu / Outra Poesia” de Augusto dos Anjos.

Fonte: Foto do Autor da biografia breve

    

Augusto foi resgatado, de volta aos braços dos Anjos da crítica contemporânea, que identificou nele um dos primeiros autores da morbidade poética, “na recusa do falso sentimento e da retórica, na assunção do cotidiano e sua ‘sordidez’ enquanto matérias-primas da poesia”.

 

Fig. 3. Augusto dos Anjos


       Augusto dos Anjos é o Patrono da Cadeira n. 22 na Academia Internacional Poetrix, cujo Membro titular é Saulo Pessato. Em seu discurso de posse, ele cita trecho de um poema de seu patrono:

 

Com um pouco de saliva quotidiana

Mostro meu nojo à Natureza Humana.

A podridão me serve de Evangelho…

Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques

e o animal inferior que urra no
s bosques

é com certeza meu irmão mais velho

(Anjos, Augusto. Eu / Outra Poesia, “Monólogo de uma Sombra”, p. 16).





        Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Ferreira Gullar, já referido acima, prefere identificá-lo como pré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas.

        Pessato destaca que Augusto dos Anjos estava impossibilitado de se filiar a qualquer escola, então ele “fez do Eu a sua própria; e é na escola dos excluídos que quaisquer dos excluídos fazem escola”:

Como um fantasma que se refugia

na solidão da natureza morta,

por trás dos túmulos, um dia,

eu fui refugiar-me à tua porta!

(Anjos, Augusto. Eu / Outra Poesia, “Solitário”, p. 46).




        Saulo Pessato foi aprovado para a cadeira n. 22 da Academia Internacional Poetrix, sob as asas do anjo Augusto, tendo sido bem acolhido pelos confrades e confreiras:

 Para minha surpresa e contentamento, não apenas seus passageiros ajudaram-me com as bagagens, apresentaram-me o carro e o percurso, mas o próprio maquinista, idealizador da viagem, ofereceu-me no bilhete uma cadeira definitiva: a de número 22 desta Academia Internacional Poetrix. Com o gesto, pude sentir algo pouco sentido na vida: a alegria de fazer parte (Pessato, 2020).
  
        Para concluir retiro um terceto dos últimos versos do poema “Vencedor” de Augusto dos Anjos (s/d., p. 106):



Vieram todos, por fim; ao todo uns cem...

E não pode domá-lo, enfim, ninguém,

Que ninguém doma um coração de poeta!



Referências

 

ANJOS, Augusto dos. Eu/Outra Poesia. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

AUGUSTO dos Anjos. São Paulo, jul. 2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos.   Acesso em: 05 abr. 2024.

PESSATO, Saulo. Discurso de posse na Academia Internacional Poetrix, Cadeira 22. São Paulo, 5 jul. 2020.

PIRES, Álvaro Roberto M. O Autor e sua obra. In: ANJOS, Augusto dos. Eu / Outra Poesia. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

 

 

 

Ronaldo Ribeiro Jacobina

Titular da Cadeira 25 – Patrono Júlio Afrânio Peixoto

Academia Internacional Poetrix

 

3 comentários:

Marilda Confortin disse...

Muito bom, Jacobina! Gosto muito de Augusto dos Anjos e de Saulo. Você homenageou os dois nesse texto. Parabéns!

Dirce Carneiro disse...

Augusto dos Anjos, após um período de apagamento na história literária, foi redescoberto pelos amantes da Literatura, que lêem e admiram sua Poesia.Parabéns ao acadêmico Ronaldo Jacobina, pelo texto em homenagem ao Patrono da Cadeira 22 da AIP, ocupada atualmente por Saulo Pessato

Andréa Abdala disse...

Grande trajetória deste poeta que nos tira do lugar comum!...

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